Amor à distância

Uma das mais lindas histórias de amor que conheço é a dos avós do meu marido. E pensar que essa relação precisou superar a distância por mais de 3 anos. Mesmo separados, o amor foi nutrido por cartas e cartões-postais, que naquela época costumavam chegar ao destinatário depois de dias viajando…  Como hoje é Dia dos Namorados no Brasil preparei este post para os apaixonados que moram em países diferentes, com relatos de casais que precisaram enfrentar a distância.  E ainda bem que hoje existe FaceTime, WhatsApp e Skype para ajudar a matar a saudade!

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Cartões-postais dos anos 30 com emocionantes declarações de amor

Para começar, vou resumir a história dos nonnos, que é inspiradora. Eles se conheceram em Roma nos anos 30, onde ambos estavam morando na época. A família da nonna Maria havia deixado a Emília-Romanha em busca de melhor oportunidade de trabalho. E o nonno Bruno estava ali a trabalho, pois era Marechal Carabineiri (Polícia Militar aqui na Itália). Depois de pouco tempo de namoro precisaram se separar pois o nonno deveria trabalhar em Bolzano, no norte do país.  E aí começaram as centenas de correspondências, que sustentaram a relação a à distância por mais de 3 anos.  Era uma época em que ela não podia viajar sozinha para encontrá-lo. Só depois do casamento. Mas aí outro empecilho. De acordo com o regulamento do exército, ele só podia casar depois que completasse 28 anos.  Pois um dia após seu 28º aniversario ele deu entrada nos papéis para o casamento. Que durou toda a eternidade.  E sempre houve na relação amor, carinho e companheirismo. Me lembro que quando os conheci estava passando aqui na Itália a novela Terranostra e eles costumavam assistir televisão sentados na poltrona, de mãos dadas.  Nos últimos anos de vida, a nonna já não estava bem de saúde e não reconhecia bem as pessoas. Mas sabia que a pessoa que sempre lhe esteve perto era importante e nunca faltou entre eles demonstração de afeto e cumplicidade. O nonno morreu quando eu estava grávida do meu primeiro filho, há 8 anos. A nonna morreu há quase 2 anos, com 100 anos.

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A ideia de escrever este post surgiu recentemente quando eu estava na casa da minha sogra e ela me mostrou as cartas e os cartões-postais que seus pais trocavam, que são esses que ilustram o post.  Mas até que ponto um relacionamento à distância pode dar certo? Eu mesma namorei por quase 6 meses à distância (com algumas viagens para amenizar a saudade) pois conheci meu marido em 2002 no Brasil e na época ele ainda morava na Suíça e estava se organizando para morar no Brasil por causa do trabalho.

 

Aos depoimentos: 

 

Conversei com algumas brasileiras que narram aqui as experiências de namoro à distancia. A brasileira Adriana L. S. tem uma relação com um italiano da Sicília que começou no Brasil. Eles se conheceram há quase 7 anos. “Estávamos terminados mas agora reatamos à distância. Ele acabou comigo faz 2 anos, mesmo a gente se gostando muito, pois ele não suportava a distância e a dependência de tantas viagens. Nunca perdemos contato e agora que ele sabe que estou indo morar na Itália, ele pediu para voltar. Depois veremos como isso pode ficar, pois ele mora em Messina e eu vou morar em Gênova.  No início será assim,  mas ao menos estaremos no mesmo país”.

Adriana acha que pode dar certo um relacionamento à distância se existe possibilidade de estarem juntos no futuro. “De início se vive a relação e vê no que pode dar, depois tem que tomar decisões. É necessário conviver no dia a dia para ver se além do amor,  o relacionamento é bom. Ocorre que muitos que namoram à distância partem logo para o casamento. Acho importante viver um pouco junto porque as diferenças culturais pesam, além da personalidade. Acho que os italianos ficam muito bem com as brasileiras, mas nós devemos compreender algumas diferenças culturais, como por exemplo o quanto o italiano é direto e às vezes indelicado, também esquentado. O brasileiro tem temperamento com mais bom humor e simpatia, e esse jeito italiano pode chocar muito. Por outro lado os italianos são mais abertos, românticos, mais cúmplices. O peso do valor da família é maior e são excelentes pais. As pessoas são diferentes no mundo todo e não se pode generalizar, mas algumas diferenças culturais existem e devemos ver no dia a dia como é a relação.”

 

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Manuela, Federico e a filha Lavinia (foto divulgação)

A jornalista Manuela Andrade mora em Milão e é casada há 5 anos com o italiano Federico.  Eles se conheceram pela internet em 2004 e o namoro começou depois do primeiro encontro, no Rio, poucos meses depois.  “Namoramos à distancia pouco tempo, por cerca de seis meses, e nos falávamos diariamente, pelo MSN e por telefone”.  Para Manuela,  as maiores dificuldades que encontrou desde que veio morar aqui é a saudade dos amigos e da família. “Foi sem dúvida a parte mais difícil da mudança. Também sofri um pouco com os dias frios e cinzentos do meu primeiro inverno aqui, sou muito meteopática!”

 

Outra história de amor que precisou superar a distância é a de Rafaela (nome fictício) e do italiano Luca. Sem querer se identificar, ela aceitou compartilhar  aqui no blog a sua trajetória e as dificuldades que enfrentou logo quando chegou aqui na Itália.
Rafaela conheceu o marido há 8 anos, no Orkut,  numa comunidade de futebol, uma paixão em comum e o namoro começou 2 anos depois. “Quando falamos dos nossos sentimentos e assumimos um compromisso, ainda era virtual. Depois ele foi ao Brasil me conhecer pessoalmente. E namoramos à distância ainda mais 7 meses. A gente se falava por telefone diariamente. No primeiro mês paguei uma conta altíssima de telefone. Depois aprendi e fiz um plano internacional e ligava toda noite. E ele tinha um plano de celular que permitia enviar SMS e fazer ligações grátis”.
Rafaela trabalhava no Brasil como assistente em um consultório médico e não titubeou para vim morar aqui. “Eu arrisquei! Foi inclusive a minha primeira viagem de avião. A primeira vez que vim era verão aqui, foi tudo maravilhoso! As pessoas são mais receptivas nessa época do ano. Foi tudo um sonho! Eu, como muita gente que vem morar na Europa, pensei que o frio seria meu maior problema. Mas isso eu tirei de letra,  comprei roupas adequadas logo que cheguei. Como minha cidade é muito pequena , a população às vezes é um pouco cruel.  A minha maior dificuldade foi me acostumar com todos os olhares de curiosidade e preconceito. Sofri por um tempo no início e até me isolei. Cheguei a não sair de casa com medo das pessoas. Rezava pedindo proteção na porta de casa antes de sair.  Com o tempo e apoio do meu marido fui percebendo que o ser humano sempre vai pensar diferente um do outro e tenho que conviver com isso. A intolerância é o mal do mundo. Mas eu não posso ficar dentro de casa chorando e a vida passando lá fora.Hoje sou muito feliz aqui! E ambientada. Aqui eu não trabalho, já fiz alguns serviços de limpeza algumas vezes. Emprego eu não tenho mas trabalho nunca falta pra quem quer trabalhar. No início é complicado sim recomeçar. É tudo novo.”
Rafaela dá alguns conselhos para quem tem uma relação com uma pessoa de outro país: “ter muita atenção e paciência. Muita atenção aos sinais. Você vai perceber pelo comportamento do outro se é um sentimento verdadeiro ou não. E paciência. Este conselho é para quem já passou da fase de saber se a pessoa com quem você está se relacionando à distância é uma pessoa séria ou não. Tenha paciência e cuidado com seus sonhos e objetivos! “
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A pernambucana Shirlei e o italiano Franco, da cidade vêneta de Castelfranco (foto divulgação)

A brasileira Shirlei Barreto namora com Franco desde 2015. Eles se conheceram na véspera do reveillon de 2015 de forma inusitada: num posto de gasolina em Recife,  quando ela estava com uma amiga lanchando e ele procurava sinal de Wi-fi. Trocaram olhares, a amiga fez de cupido mas quando começaram a conversar e ela percebeu que ele não era brasileiro, acabou desanimando. “Acho que tive medo, vergonha, não sei ao certo! O fato é que ele muito habilidoso prendeu minha atenção e trocamos telefone. No dia seguinte, 31/12/14, marcamos de tomar café no shopping. O mundo corria para comemorar o novo ano e nós só sabíamos conversar e conversar.  Nos despedimos mas nos 5 dias seguintes não nos desgrudamos mais, até que por um motivo absolutamente sem lógica, provavelmente diferença cultural muito forte e temperamentos idem, a gente brigou.  Ele voltou para a Itália e durante 4 meses não nos falamos mais”. Por muita insistência dele eles voltaram a se falar e ela decidiu lhe dar uma chance e veio passar um período aqui na Itália: “foram dias lindos, intensos, divertidos, difíceis também porque novamente as diferenças pesaram muito… Mas voltei ao  Brasil sabendo que havia deixado meu namorado, nos falamos todos os dias por whatsapp, tem sido assim até agora.

Depois disso ele foi outra vez ao Brasil em outubro do ano passado, ficou hospedado na casa dela e conheceu toda a família. Em dezembro foi a vez dela conhecer a família dele na Italia, onde passaram Natal e Ano Novo juntos. E olhem que legal: desde sexta ele está no Brasil,  depois de 5 meses separados, e vão curtir inclusive a data de hoje juntinhos!

E quando estão separados o que “salva”, segundo Shirlei, é  o WhatsApp, que diz que a maior dificuldade que encontra com a distância é lidar com o ciúme. “É dificílimo!!! É a pior parte de toda esta história. Já acabamos 2 vezes por causa de ciúmes, ele tem muito ciúme quando está perto e não demonstra nenhum ciúme à distância. E eu sou justamente o inverso. Não sei se tem uma fórmula para relacionamento assim, mas eu vou engolindo mesmo, procuro não fazer cobranças loucas, vamos sublimando as inseguranças e nos prendendo ao que sentimos um pelo outro. Vivemos sonhando com o dia do nosso reencontro, e isso é o que nos mantem juntos. Agora decidimos conversar sobre tudo isso, e sobre o que vamos fazer de nossas vidas. Porque para ambos, já chegou o limite.
Shirlei dá alguns conselhos para quem namora à distância, aqui vão:  só ficar na relação se amar muito, se apesar de tudo esta pessoa ainda for “aquela” com quem você deseja estar; evitar desconfianças combinada com cobranças; enviar fotos , videos , música, mimos, cartas etc.,  para construir uma memória afetiva,  fazer planos juntos;  investir na comunicação;  investir em reencontros e não ter medo de tentar. Shirlei, acho que você despertou a curiosidade em todos nós. Mande notícias para contar as cenas dos próximos capítulos, rs. Boa sorte!
E muito amor na vida de todos!!! 
O post de hoje estreia uma serie de entrevistas com brasileiras que moram aqui na Itália e que vão dividir suas experiências falando sobre trabalho, vida na Itália, maternidade e muitos outros assuntos. Vem muita coisa bacana em breve! 
Espero voces também na Fanpage do blog no Facebook.


About

A minha paixão pela comunicação e pelo turismo é herança dos meus pais. Adoro viajar para observar e vivenciar as diversidades culturais. Depois que me formei em Jornalismo, passei longa temporada em Londres, um curto período nos Estados Unidos e atualmente vivo em Florença, com meu marido e nossos dois filhos. Desde 2005 sou retail na Ermenegildo Zegna. Busco sempre ver o lado positivo em todas as coisas e prefiro ter por perto aqueles que, como eu, dão mais valor às pessoas do que às coisas materiais.


'Amor à distância' have 22 comments

  1. 12 de junho de 2016 @ 22:20 Tabita Fernanda

    Oi Denya! Gostei muito de como fez o texto com a minha entrevista. Amei saber das histórias de amor à distância das outras entrevistadas. Descobri coisas em comum com elas lendo todo o texto. Muito lindo o visual do blog, as fotos são lindas. Parabéns , felicidades e sucesso a todos! @brasileitalia

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    • 12 de junho de 2016 @ 22:59 Denya Pandolfi

      Ei Fernanda, obrigada pela sua participação e pela msg carinhosa! São historias lindas e inspiradoras, adorei o teu depoimento. E quando vier à Firenze avise para que possamos nos conhecer pessoalmente. Beijos e volte sempre, Denya

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  2. 12 de junho de 2016 @ 23:53 Patricia

    eu namoro um italiano, estamos namorando há um ano e meio, e ele já veio na minha casa para conhecer a minha família, estamos muito apaixonados.

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    • 13 de junho de 2016 @ 10:31 Denya Pandolfi

      Ciao Patricia, boa sorte pra vocês e muitas felicidades!!!! Beijos e boa semana, Denya

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  3. 13 de junho de 2016 @ 02:40 Juliana

    Olá! Amei ler o artigo e os depoimentos. Eu conheci meu marido aqui e graças a Deus não precisei sofrer com a saudade de amar a distância. Mas ano passado precisei viajar para o Brasil de urgência por motivos familiar e ele não podia ir. Meu Deus 20 dias e eu já estava quase morrendo…Ahahaha ahahaha Ahahaha! Feliz Dia dos Namorados e muito ooo AMOR que houver nessa vida pra todas nós!

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  4. 13 de junho de 2016 @ 05:04 Maria Glória D'Amico

    A história do nonna e da nonna é uma graça. Pelos postais, deu para perceber a elegância das palavras! Adorei!
    Gostei também de conhecer as histórias de amores a distância. Muito interessante.
    Beijocas Denya!

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    • 13 de junho de 2016 @ 10:34 Denya Pandolfi

      Oi Maria Gloria, eu acho mesmo um amor a historia dos nonnos… praticamente uma vida inteira de amor, cumplicidade e companheirismo. Recebi muitas mensagens de pessoas que estão vivendo essa realidade e se identificaram. E que vença o amor! Obrigada pela mensagem e uma linda semana, Denya

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  5. 14 de junho de 2016 @ 17:16 Adriana Campanha Rizzo

    Oi Denya!
    Que delícia poder ler sobre essas histórias de amor, não tem como eu não lembrar da minha com o Pierluigi, Denya! Parabéns pelo texto! Amei a história dos nonni 😉
    baci!!

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    • 14 de junho de 2016 @ 18:52 Denya Pandolfi

      Oi Adriana, obrigada pela mensagem! As histórias são lindas mesmo, também adorei 😉 . Abraço pra vcs e tudo de bom! Denya

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  6. 19 de junho de 2016 @ 17:47 Cristina

    Olá, gostaria de contar aqui a minha historia. Em novembro/15 conheci um português em um site de relacionamentos. Na primeira vez que falei com ele senti algo diferente. Conheci outras pessoas, mas ninguém mexia comigo como ele. Começamos a falar pelo skype. Ele omitiu que vivia com alguém. Então a mulher dele pegou e deu o maior problema, ele me procurou, contou toda a verdade e se afastou. Em fevereiro/16 voltei a ve-lo no mesmo site e mandei uma mensagem brincando com ele. Então ele respondeu imediatamente e pediu para me ver no skype. Naquele dia, ele ficou quase 2 horas me contando tudo sobre cus vida, contou que a união dele já não existia há 4 anos, que dormiam em quartos separados desde então, que ela era muito agressiva, autoritaria e impulsiva e que ela finalmente havia pedido a separação, e que deveria sair da casa dele em breve.
    Desde então nos aproximamos mais, começamos a falar todos os dias e isso foi tomando uma intensidade maior, fomos nos apaixonando e ficavamos mais de 4 horas por dia conectados conversando e namorando. Não falhava nenhum dia.
    Presenciei muitos escandalos da mulher dele, xingamentos, ela era realmente um estopim, estressada e neurotica. Algumas vezes queria quebrar o computador dele, invadia o quarto, chegavav a se estapear. Era muito tenso. Ao mesmo tempo que ela o agredia, humilhava, xingava, não queria perder, pois ele sustentava ela.
    Ao mesmo tempo ele não podia colocar ela pra fora, pois tinham um filho pequeno, e ela o ameaçava quanto a isso.
    Foram 4 meses de namoro, de cumplicidade, paixão, carinho, mais de 500 horas juntos. Forte, intenso, um precisava do outro, ele mais, pois tinha crises de depressão, crises de ansiedade com toda a situação que vivia, dizia que era prisioneiro na propria casa, e ela o tempo todo vivia ameaçando ele de muitas coisas. Era uma verdadeira predadora. Chegamos a ficar conectados num domingo por 12 horas. Nunca faltava assunto nem carinho. Trocavamos palavras de amor, de adoração, olhares de carinho, era verdadeiro, puro.
    Lutamos contra tudo e todos. A mulher dele investia intensamente contra mim, xingava, mandava gente me procurar no facebook, investigava minha vida, falava mal de mim, enchia a cabeça dele dizendo que eu estava me divertindo com ele, colocava duvidas na cabeça dele. Foram meses de luta, de empenho para manter esse amor em pé. Mas conseguimos até então.
    Em junho, fui a Portugal conhece-lo. Ela ameaçou de ir ao nosso encontro e fazer um escandalo, então mudamos de cidade. Planejavamos fazer varias coisas no momento do encontro inicial, mas foi diferente, não foi como pensamos, ficamos travados, não sabiamos o que fazer, apenas aconteceu um grande e forte abraço no aeroporto.
    Fomos então ao nosso local de destino. As coisas começaram a acontecer, fizemos amor pela primeira vez ao vivo, foram 12 dias maravilhosos, passeavamos, ele não largava a minha mão, me abraçava, beijava, o tempo todo assim. estava transfigurado de felicidade. Não mais precisou dos remedios de ansiedade, comentava que estava se sentindo muito bem, que eu fazia bem a ele, trazia calma, era carinhosa, meiga, docil, etc.
    Todos os dias foram felizes, intensos, lindos, um verdadeiro conto de fadas.Ele me olhava, dizia que eu era linda e pedia para eu levar ele comigo, falavamos em quando iriamos nos ver novamente, programado para outubro. Ele dizia que se ele não pudesse vir a Brasil, se eu podia ir a Portugal novamente para encontra-lo. Falava que eu gostava das mesmas coisas que ele, curtiamos os monumentos que visitavamos, ficavamos discutindo sobreos detalhes. Ele me comparava à ex esposa, dizia que ela nunca foi assim com ele, que não gostava de historia, que não dava valor nem importancia à arquitetura, etc. Que eu não, eu gostava tanto quanto ele, que ele podia falar sobre tudo, que podia aproveitar junto comigo porque eu participava junto com ele.Temos fotos lindas, onde os dois expressam pura felicidade no olhar, na expressão. Cada mmento foi impar, foi unico, inesquecivel.
    Uns dois dias antes de eu ir embora ele teve uma crise, começou a chorar, pois aproximava-se o momento da despedida. Choramos juntos, sofremos juntos, abraçados, inexplicavel a cumplicidade que tinhamos.
    Ele insistia para eu conhecer os pais dele, mas não deu certo pois erma idosos e estavamos longe. A mãe dele ligava tdos os dias, me mandou presentes, falou comigo umas tres vezes ao telefone, agradeceu tudo o que fiz pelo filho dela, pois ele passou maus momentos durante esses meses e eu lhe dava apoio. Ele dizia que somente eu conseguia tirá-lo da depressão. Faziamos exercicios de relaxamento, meditação, e ele melhorava.
    No dia da partida, ele já não estava bem, eu também não, me sentia mal, só tinha vontade de chorar, falavamos pouco, até tomamos meio comprimido de calmante cada um, pois não tinhamos forças para suportar.
    Ele ficou comigo até o ultimo minuto, estavamos em pé no aeroporto de Lisboa, em frente á area de embarque, sozinhos, abraçados e chorando. Eu olhava no relogio em frente e era hora de partir. Foi dificil, doloroso, mas não podiamos fazer nada, eu precisava voltar.
    Cheguei ao Brasil no dia seguinte, segunda feira. Falamos pelo whatsapp, ele também tinha viajado de volta para a sua cidade. Conversamos, ele mandou foto dele com o filho mais velho (de outro casamento), disse como passou o dia, etc.
    Na terça feira ele me chamou logo cedo no wats, disse que ia ajudar o pai com a plantação. Falamos um pouco. à tarde me chamou novamente, dizendo que teria jogo e que ia jantar com os pais.
    Após 19hs do Brasil, ele chamou de novo, começamos a conversar, falei que sentia a falta dele, e percebi que começou a me responder de maneira diferente. Perguntei o que era, e aí ele começou a dizer que eu estava apaixonada mas ele não. Que me adorava como pessoa, que eu era maravilhosa, mas que não foi como ele esperava. Que ele pensava que no encontro aconteceria uma paixão avassaladora, que não sairiamos do quarto o dia todo, e que ele me amava quando estavamos pela tela, mas pessoalmente foi diferente.
    Eu não estava acreditando naquilo, ele mudara completamente. Mostrava alguém que eu não conhecia, jamais se mostrou assim nos 4 meses em que estivemos juntos.
    Comecei a esmorecer, coração palpitava, tremia. Não estava acreditando. Cheguei a pensar que ele estava de brincadeira comigo. Mas não, era verdade. Ele disse que não queria me magora, mas que não tinha dado quimica como ele esperava. Eu perguntei o que era, insisti e ele falou coisas duras, falou do meu corpo (algumas partes), me senti ofendida e um verdadeiro lixo.
    Fiquei no chão. Não entendia, não aceitava. Eu estava lá, eu vi, senti, vi como ele me olhava, como me tratava, ele estava lá por inteiro, viveu aquilo comigo, sofreu comigo pela despedida.
    Não entendo. Ele me jogou no chão, estava sem forças. Falamos mais alguns dias, Ele me pediu desculpas, disse que foi insensivel em fala comigo daquela maneira, que eu não merecia aquilo.
    Disse que os dias que passamos juntos foram maravilhosos, que ele adorou estar comigo, que nos demos muito bem, que eramos companheiros, que eu fui doce, meiga, terna, que cuidei dele, que fui muito carinhos.
    E que não houve quimica.
    Não acredito até agora no que houve.
    Ele parecia mal, disse que se sentia um lixo pelo que me disse, que não devia ter feito isso, mas que pelo menos tentamos, que jamais iria me esquecer, que tive um papel importante na vida dele e que jamais havia tido na vida uma mulher como eu.
    Ao final perguntou que se ele se arrependesse ou mudasse de ideia, se podia me procurar novamente.
    Eu estava confusa, não sabia o que dizer, não respondi, apenas disse que eu não iria bloquear ele em nenhum aplicativo.
    Mas agora, acabou, estou mal, triste demais, decepcionada com a vida, pois ao mesmo tempo amo esse homem mas talvez não deixaria tudo para viver com ele.
    Confusão, paixão, decepção, tudo junto remoendo dentro do peito.
    Mas a vida continua, a dor vai passar uma hora e dar lugar a algo melhor.

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    • 23 de junho de 2016 @ 12:25 Denya Pandolfi

      Oi Cristina, sinto muito pelo ocorrido. A partir dessa experiência você a aborda uma coisa super importante: que nem sempre quando as pessoas se conhecem pessoalmente depois de chats através da internet, a coisa pode funcionar. Espero que você consiga superar essa decepção. E lembre-se que talvez (apesar de todo o seu sofrimento agora) pode ter sido melhor assim. Tenha fé que a dor vai passar… Um forte abraço e muita serenidade. Tenha um lindo dia! 🙂 Denya

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    • 26 de julho de 2016 @ 00:14 Juliana Oliveira

      Poxa Cristina…
      Que barra. Também sou apaixonada por um português e tenho os mesmos receios que você.
      Que N. Sra. de Fátima interceda junto ao Senhor Jesus pela tua felicidade.
      Não deixe de acreditar no amor, nunca.
      Fica com Deus!

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      • 26 de julho de 2016 @ 17:09 Denya Pandolfi

        Juliana, que recado mais carinhoso! Boa sorte com o teu amor português (e mande notícias dizendo como estão as coisas). Tudo de bom, forte abraço! Denya

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  7. 9 de dezembro de 2016 @ 21:12 Kamilly Azevedo

    Olá Denya,
    Enfim encontrei o post do qual você falou no Insta.
    Então, estou namorando um italiano mais ou menos a distância com idas e vindas. Agora em dezembro faremos 9 meses de namoro. Nos conhecemos na Suíça em março/2016 e desde então não passamos um dia sem falar no mínimo 1000 vezes por dia. Na época morava em Cambridge, onde ele chegou a me visitar pouco tempo antes da minha volta ao Brasil. Em agosto ele esteve aqui em Fortaleza, visitamos muitas praias e ele se encantou com o Ceará. Passamos o mês de outubro juntos na Suíça e estou aguardando a chegada dele para passar Natal e Virada do Ano comigo aqui no Brasil. Nunca imaginei namorar um italiano, assim como ele nunca imaginou namorar uma estrangeira quiçá uma brasileira, mas estamos amando essa experiência, mesmo sendo, as vezes, difícil, apesar de todos os artifícios tecnológicos que temos hoje que ajudam a reduzir toda essa distância. Estamos cada dia mais apaixonados. Ele é doce, romântico e apaixonado, mas, como todo italiano, é sem paciência e esquentado, mas penso que um relacionamento a distância nos ensina a ter mais tolerância, controle emocional e paciência. Fazemos muitos planos juntos e espero que o nosso relacionamento seja cada dia mais feliz.

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  8. 15 de maio de 2017 @ 11:30 Grazie a te / Diferenças e considerações sobre maternidade na Itália

    […] Namoro à distância […]

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  9. 21 de junho de 2017 @ 12:55 Grazie a te / Brasileiros relatam suas experiências sobre como empreender na Itália

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  10. 11 de junho de 2018 @ 23:21 Grazie a te / Como é morar numa cidade onde as pessoas passam férias

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  11. 26 de junho de 2018 @ 09:18 Grazie a te / A feira Le Cascine acontece todas as terças-feiras, durante todo ano

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  12. 28 de junho de 2018 @ 10:52 Grazie a te / Certaldo, boa opção para bate e volta saindo de Firenze

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  13. 15 de agosto de 2018 @ 17:13 Grazie a te / Enoteca Vinandro, na praça Mino, coração de Fiesole

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