A minha vontade de conhecer Cinque Terre era tão grande que estive na região em pleno inverno, numa viagem que fiz com amigas há cerca de 15 anos. Queria voltar no verão para ver aquelas cores acesas e apagar da memória aquela sensação do vento gélido de fevereiro. Ah, quanta diferença em visitar esse pedacinho da Itália em dias ensoladoros! Com menos de 5 mil habitantes, esta região que tanto fascina e encanta é constituída por 5 vilarejos de pescadores com casinhas coloridas incrustadas uma ao lado da outra nas montanhas da riviera da Ligúria.
É um paraíso natural que recebe 2,4 milhões de turistas por ano atraídos pelo charme desses burgos que constituem a meta mais cobiçada da Ligúria, vizinha das regiões italianas da Emília Romanha, Piemonte e Toscana. Em 1997 a região de Cinque Terre, província de La Spezia, foi declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Por estar a apenas 2 horas de trem de Firenze, é muito comum que turistas escolham fazer um bate-volta para visitar a região, o que sinceramente não recomendo, pois acho cansativo e muito corrido para explorar uma região tão peculiar. Se escolher visitar a região na alta temporada, isso é, entre junho e agosto, prepare-se para enfrentar a multidão de turistas que invadem os burgos. O turismo de massa é devido também aos cruzeiros marítimos que aportam na costa da Liguria nessa época.
Os 5 burgos que constituem a região de Cinque Terre
Riomaggiore– Saindo de La Spezia, a primeira parada é Riomaggiore, portanto,a primeira parada para quem chega de barco. Suas casinhas coloridas seguem o esquema de construção de casas-torres e são todas coladinhas umas às outras. Na parte alta fica a Igreja San Giovanni Battista, construída em 1340. Segundo a tradição, o burgo é do século 8 e teria sido fundado por um grupo de refugiados gregos. Em Riomaggiore começa a Via dell’Amore, que vai até Manarola, uma estrada de cerca 1 quilometro que se percorre a pé, para quem tem fôlego e quer admirar a esplêndida paisagem mas que desde 2012 foi fechada por motivos de segurança com previsão de reabertura em 2019.
Manarola – Formada por casas-torre, é um vilarejo charmoso, pequeno mas bastante íngreme, e com menos fluxo de turistas. Em sua praça estão concentrados os prédios religiosos, como a igreja de São Lorenzo em estilo gótico do ano de 1338, o oratório del Disciplinati e a Torre Campanária.
Corniglia– suas origens são da época romana. Com casas mais baixas, é o menor dos burgos e não tem acesso ao mar. Para chegar até o topo, você vai precisar encarar cerca de 382 degraus a partir da estação ferroviária (pois Corniglia não tem estação central). Fica no alto de um penhasco de onde o pôr do sol é um espetáculo imperdível e de onde é possível admirar todos os outros 4 burgos. Corniglia é o único vilarejo onde as embarcações não param.
Vernazza – Foi fundada no ano 1000. Já foi a mais próspera das cidades que constituem a região, possui construções arquitetônicas importantes como pórticos e arcadas. Prepara-separa o maior sobe e desce: Vernazza é cheia de ladeiras íngremes e estreitas. É entre os burgos mais populares e requisitados. Sua rua principal é repleta de lojinhas de souvenires e restaurantes. Uma das atrações da cidade é a igreja de Santa Margherita , em estilo românico. No topo ruínas fica o Castello dei Doria, símbolo da importância econômica do vilarejo e de onde a vista é espetacular!
Monterosso al mare – é o maior dos 5 vilarejos e o mais plano, portanto, para quem viaja com crianças e pessoas com dificuldade de locomoção (ou que simplesmente querem evitar as escadarias), passa a ser a opção mais interessante. Para quem curtir praia, Monterosso é a mais indicada, pois sua praia é extensa e tem grande área com areia. Vale ressaltar que as praias da região são com muita pedra e pouca areia. Nas colinas do vilarejo são cultivadas uva e azeitona. Devido à extensão das praias e ao maior número de estruturas hoteleiras, é a mais turística e cobiçada de todas as 5 cidades. É dividida em duas: a parte nova e velha.
Onde dormir
Eu me hospedei em La Spezia e achei excelente essa opção. A cidade é tranquila, com boa estrutura e com acomodações a preços razoáveis. Dali partem trens e embarcações para todos os vilarejos de Cinque Terre. Optei em visitar os burgos de barco, que saem do porto de La Spezia.
Come chegar
Barco – Entre março e outubro diversas embarcações conectam La Spezia, Levanto e Portovenere até todas as 5 cidades de Cinque Terre. Você pode escolher uma dessas cidades como base. A maioria dos passeios de barco permite que você pare em qualquer uma das cidades, portanto, você tem condições de visitar as 5 no mesmo dia. Para adquirir os bilhetes das embarcações basta se dirigir aos guichês que ficam no próprio porto. Dependendo da época do ano, chegue 1 hora mais cedo do horário em que pretende partir. Para ver os horários e opções de itinerários, clique aqui.
Trem – Caso seja a sua primeira viagem, acredito que o trem seja a melhor opção pois é bem mais prático que barco. Eu visitei a primeira vez de trem e a segunda de barco. Todos os 5 vilarejos são servidos de estações ferroviárias. Existe o trem Cinque Terre Express que faz o trajeto La Spezia a Levanto parando em todas as 5 cidades. Serviço disponível das 7.55 às 20:10 diariamente com 3 trens por hora em cada direçao. O bilhete custa 4 euros para cada trecho. O percurso entre cada uma das cidades dura poucos minutos varia de 3 a 10 minutos.
Cinque Terre Card – é um passe que custa 15 euros e dá direito de viajar de trem pela região durante 1 dia. E como você vai passear de um local para o outro, sai bem mais em conta do que pagar por cada trecho separadamente.
Carro -desaconselho porque é praticante impossível conseguir estacionamento e é proibido entrar nas vilas de carro. Descarte a possibilidade de ir de carro.
Avião – os aeroportos internacionais mais próximo são os de Pisa (84 Km) e Gênova (112 Km).
Quando visitar – Apesar da lotação, melhor época para visitar Cinque Terre é entre meados de abril até início de outubro. Os meses mais cheios são de final de maio até agosto. Se visitar nesse período prepare-se para a superlotação. Se quiser aproveitar com menos gente chegue bem cedinho, antes das 10 horas ou depois das 16 horas, horário que termina a visita de quem está fazendo cruzeiro.
Bate-volta saindo de Firenze– não aconselho sair de Firenze para fazer bate-volta pois não sou fã de passeios apressados onde temos a sensação de que estamos perdendo algo importante quando visitamos uma atração. O trajeto dura cerca de 2h30, portanto, considere que você vai passar mais de 5 horas no trem. Caso você queira muito visitar Cinque Terre e não tem outra opção, acorde bem cedinho e pegue o primeiro trem saindo de Firenze e programe-se para voltar à noite. Se a sua viagem é nas temporadas de primavera e verão, terá a seu favor o horário de verão, quando costuma escurecer por volta das 21 horas.
Importante: os valores mudam de acordo com a estação do ano. Antes de programar sua viagem aconselho visitar os sites de transportes e serviços.
Distâncias
Firenze – 188 Km
Pisa- 117 Km
Milão – 227 Km
Gênova- 100 Km
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'Cinque Terre' have 12 comments
10 de maio de 2017 @ 19:29 Joyce Diana Drummond
Ola Denya, como vai? Estive visitando Cinque Terre no mês passado com meus sogros que vieram do Brasil para nos visitar. Saímos de carro de Firenze e passamos o dia lá, fizemos um bate e volta. Estacionamos em La Spezia e pegamos o trem para as Terre (o Card de 1 dia na verdade custa 15 euros!).
Estava querendo muito conhecer a região que realmente é magnífica! Quando o trem saiu do túnel e eu tive a visão daquele mar azul turquesa, confesso que saiu um palavrão da minha boca sem querer! É tudo muito deslumbrante, dos artesanatos à comida. Mas confesso que não teria pique para ir em alta temporada!
Enfim, chegando lá fiquei pensando que se é viável ir de carro até Monterosso, estacionar por lá e comprar o Card lá. Bem, não consegui ver essas informações quando fui, então se você puder me dar essa dica eu te agradeço! Um grande abraço!
11 de maio de 2017 @ 09:49 Denya Pandolfi
Oi Joyce,
Tudo joinha, e vc? O valor do card muda de acordo coma estação do ano, vou até especificar isso no post de forma mais clara ;). Ah, como é bom quando a gente tem essas surpresas durante as viagens! Essa região é um deslumbre mesmo!
Sobre estacionar em Monterosso: dentre os vilarejos é o que oferece melhor possibilidade para estacionamento mas são bem caros. E caso vc escolha ir em baixa estação pode ser que dê sorte de encontrar vaga. Mas tem sempre a possibilidade de ir até La Spezia e de lá pegar o trem.
Abraço pra vc e caso anime de voltar conte como escolheu fazer 🙂 Denya
8 de junho de 2017 @ 00:47 Maria Glória D'Amico
Oi Denya!
Eu conheci as 5 Terre, foi um sonho que realizei. Também fiquei hospedada em La Spezia. Mas entre tantos dias maravilhosos, Portovenere foi inesquecível. Vale muito, mas muito conhecer.
Beijinhos.
8 de junho de 2017 @ 08:56 Denya Pandolfi
Oi querida,
Também estive em Portovenere e achei uma beleza! Vou falar em breve sobre essa lindeza de cidade, considerada a 6ª 😉 Super beijo e um lindo dia! Denya
27 de janeiro de 2019 @ 20:45 Ligia
Oi Denya . Parabéns pelo post. Tenho uma dúvida: vc foi no inverno e escreveu que se deslocou de barco entre as terre; mas soube que nesta época os passeios de barco não ocorrem?! Pode me ajudar ?
Abs.
Ligia
31 de janeiro de 2019 @ 22:16 Denya Pandolfi
Oi Ligia, Sim… estive no inverno pela primeira vez mas no texto conto a minha experiência no verão, quando fiz os passeios de barco. Abraço e curta bastante o seu passeio, Denya
12 de fevereiro de 2019 @ 23:52 Grazie a te / Firenze é uma excelente base para explorar a famosa região da Toscana
[…] Cinque Terre […]
4 de outubro de 2019 @ 17:16 Vanessa
Oi, tudo bem? Por favor, conte um pouco o que vc achou de visitar a região no inverno. Estou planejando uma viagem à Italia em fevereiro e gostaria de conhecer a Cinque Terre. Obrigada! 🙂
10 de outubro de 2019 @ 08:35 Denya Pandolfi
Oi Vanessa,
Como falei no post, o meu desejo era enorme de ir à Cinque Terre e fui no inverno, mas quando voltei no verão vi a diferençA que faz ver a região num dia bonito e ensolarado, outra coisa! É a mesma sensação de visitar um balneario no inverno , com vento e num dia cinza…. perde o encanto em qq lugar do mundo. Avalie e veja se vale a pena excluir outro lugar e dar prioridade à Cinque Terre no inverno. Abraço e bom passeio, Denya
14 de janeiro de 2020 @ 15:25 Gisele
Olá, Denya! Irei à Florença e Roma mês que vem (fevereiro), e minha maior dúvida é se opto por incluir Cinque Terre ou Costa Amalfitana em meu roteiro. Tenho enorme vontade de conhecer ambos os lugares, mas terei que escolher. Qual sua sugestão?Obrigada!
16 de janeiro de 2020 @ 15:52 Denya Pandolfi
Oi Gisele,
Como vai? Eu adoro os 2 locais e sinceramente, optaria pelo que mais fácil pode se adaptar ao seu roteiro. Não esqueça que no inverno os dias podem ser super frios e com bastante vento. Pode parecer obvio, mas mt gente vê as fotos feitas no verão e quando chegam para conferir acham tudo mt diferente. Curta bastante! Abs e ótimo passeio, Denya
29 de dezembro de 2023 @ 17:33 Grazie a te / Rapallo, joia da Ligúria e otima base para explorar esse magnifico litoral
[…] certeza você já ouviu falar de Cinque Terre mas acredito que não conhece Rapallo. Pouco visitada pelos brasileiros, essa cidade, situada […]