Mesmo com uma carga horária bem puxada, pude conhecer alguns lugares bem interessantes, mas, sem dúvida, um dos que mais me marcou foi a lindíssima Sardenha ou Sardegna, em italiano. Depois de um verão intenso de 40oC numa cozinha lotada, fui relaxar, passando um fim de semana prolongado com amigos lá.
Como eu tinha apenas dois dias e meio (que se tornaram dois – conto o drama a seguir), resolvi encontrar meus amigos em Olbia e explorar um pouco a chamada Costa Esmeralda, região badalada, sofisticada e paradisíaca da Sardenha. O nome já diz tudo, né? Parti de um vôo da cia italiana Meridiana, de Florença direto para Olbia. Preste atenção ao comprar o vôo, pois existem muito mais ofertas de vôos saindo de Pisa e de Bolonha e, às vezes, vale mais a pena partir dessas outras cidades. Além disso, o aeroporto de Florença é muito pequeno e qualquer vento ou chuva é motivo para atraso ou cancelamento de vôos.
Esse foi o meu caso e, depois de horas de discussões com os funcionários da Meridiana (na Itália tudo é bem complicado…), conseguimos ser transferidos para um vôo partindo de Bolonha. Cheguei em Olbia por volta das 20:30 (meu vôo estava previsto para chegar às 14:30!). Fui de carro direto para um barzinho, para experimentar um pouco dos vinhos e queijos locais, antes de irmos jantar e só ali já me apaixonei pela pequena cidade. Já estávamos fora do alto verão – era início de setembro – mas a atsmosfera local era vibrante, com músicos de rua e pessoas felizes caminhando com roupas leves, quase sempre com um gelato nas mãos.
A cidade, primeiro pit-stop de muita gente que chega na ilha, é bem fofa e conta com uma boa infra-estrutura, repleta de bons restaurantes, enotecas, gelaterias, hotéis e uma grande marina. As suas maiores atrações acontecem ao redor da Corso Umberto, rua principal do centro histórico. Com chão de pedras, bancos de madeira e flores ao redor, a área é um charme só e conquista os turistas logo na primeira vista.
Jantamos num restaurante bem tradicional e pedimos apenas pratos à base de frutos do mar, especialidade da área. Estava tudo muito fresco e uma delícia e finalizamos a refeição com uma tacinha de mirto, digestivo local, feito com com as frutinhas da planta de mesmo nome. Essas frutinhas se parecem com blueberry, mas não tem nenhuma relação, nem mesmo tem o mesmo gosto do mirtilo. A bebida é forte, mas bem gostosa e deve ser degustada bem gelada. Nem preciso dizer que eu dei um jeito de encontrar uma bem bacana pra trazer pra casa, né? 😉
Passamos a noite num Hilton bem legal, porém um pouco fora do centro histórico e logo cedo pegamos o carro para desbravar algumas praias da Costa Esmeralda.
Vale destacar que é bem difícil conhecer a Sardenha sem carro, já que o interessante é conhecer suas diversas praias ao longo dos dias e, como a ilha é ainda muito selvagem, as praias são, muitas vezes, de difícil acesso, sendo possível chegar apenas de carro. Além disso, o trajeto de uma praia à outra pode ser de uma hora ou mais, dependendo de onde você esteja e para onde queira ir. Portanto, programe-se bem antes de comprar uma passagem para a ilha.
Apesar de ser muito difícil de chover lá de e às vezes ficarem meses sem cair uma gota d’água (a vegetação em muitas regiões é bem parecida com a de um deserto), tive a falta de sorte de pegar um dia nublado. Mas isso não tirou a nossa animação e seguimos para a região de Loiri Porto San Paolo, ainda na província de Olbia, só que mais ao sul.
A viagem de carro em si já é linda, ainda mais se você seguir pelo litoral. O legal é ter em mente um ponto final, claro, mas ser aberto para ir parando nas cidadezinhas e praias paradisíacas que passarem pelo caminho. E foi isso que fizemos.
Foi numa dessas que avistamos ao longe uma torre bem no alto de uma montanha, algo bem parecido com as cidades medievais da Toscana. Resolvemos parar e ficamos encantados com o pequeno vilarejo de Posada.
Parece algo de filme, quase uma cidade fantasma. Paramos o carro (como toda cidade italiana, apenas moradores podem circular de carro nas zonas históricas) e percorremos o centro a pé. Subimos tudo até chegarmos a tal torre que avistamos lá de baixo e pagamos uma pequena taxa para entrarmos e subirmos. A subida é íngrime e cheia de pedras e dentro da torre a escada é daquelas tipo de bombeiro – horrível- especialmente para quando estamos de saída de praia e biquini, certo? O vento encanado que desce ali também não ajuda e o resultado é um monte de vídeo cassetada. A única coisa que eu pensava é que aquilo que estava acontecendo era com todos e eu sabia que a vista ia ser a recompensa de tudo. E foi. Se o dia estivesse bonito então, seria ainda mais linda. Pode-se ver toda a pequena cidade e o mar cristalino ao fundo. Lindo, não?
O almoço foi na região de San Teodoro, antes de pararmos em Posada. Em vez de sentarmos em um restaurante, nos fartamos de camarões, lulas e mexilhões frescos numa peixaria, acompanhados de um vinho rosé local num copinho de plástico. Tudo isso a menos de 10 euros por pessoa. Demais, não?
Em San Teodoro também visitamos mais uma praia linda e de tirar o fôlego.
À noite fomos jantar em uma cidade fofa, chamada Orosei. Do pouco tempo que eu fiquei na ilha, essa foi a nossa melhor refeição. O nome do restaurante que jantamos é Belohorizonte e ele fica bem no alto da cidade, com uma vista linda do local (daí o nome). Comemos mais frutos do mar (não dá pra cansar), carnes e finalizamos com uma sobremesa típica local chamada seadas con miele – um pastel frito recheado de pecorino, regado com mel. Uma delícia!
Passamos a noite por ali e fomos desbravar Orosei pela manhã. O sol era forte e o céu azulino. A primeira praia que fomos ficava dentro de um condomínio de casas bem legal, grande parte delas de frente para o mar. Preciso dizer que o mar era cristalino?
Diferente das praias do litoral carioca, muitas das praias do norte da Sardenha são muito rochosas e, para desastraídos como eu, muitas vezes bastante perigosas, caso você tente se aventurar um pouco mais. Portanto, se você tiver aquelas sapatilhas de andar em pedras, cachoeiras e rios, é uma boa ideia levá-las.
Após uma manhã na praia, pegamos o carro e partimos para uma vinícola em Dorgali, mais ao sul ainda. Bom, era domingo, não fizemos reserva, então não conseguimos visitar a vinícola, mas fizemos um wine tasting e compramos alguns exemplares muito bons dos vinhos locais, o meu preferido o Cannonau di Sardegna. Almoçamos próximos dali, em Cala Gonome, em um restaurante de frente para uma praia linda e com excelente estrutura, com cadeiras, guarda-sol e até banheiro com chuveiro com água doce de graça. Seria ótimo se as nossas praias aqui no Rio fossem assim, né?
O meu vôo de volta naquele domingo era tarde, por volta das 22h, mas resolvi ficar pronta para voltar, já que meus amigos teriam que me levar até o aeroporto de Olbia e a viagem até lá daria umas duas horas de carro.
Porém, ali perto do lugar onde almoçamos avistamos uma das paisagens mais lindas que já vi, numa praia chamada Cala Fuili. E aí não teve jeito. Trocamos de roupa no carro mesmo e descemos para a praia, que ficava no pé de um paredão de pedras. O acesso não foi nada fácil e tivemos que passar por uma escadaria de pedras, com pessoas fazendo escalada e tudo. Mas a água era tão transparente e tão azul que parecia cenário de filme. O chão, porém, não tinha um grão de areia, apenas pedras, o que incomodou um pouco, mas nada que fizesse as pessoas irem embora de lá.
Após essa”escapada” para essa última praia paradisíaca demos graças a Deus por toda aquela estrutura das praias de Cala Gonome, tomamos um “banho” rápido nas duchas de lá e partimos em direção a Olbia, para o aeroporto. A sensação, ao deixar a Sardenha naquele dia, era de que eu não tinha visto nem um décimo de tudo o que aquela ilha fantástica tem a oferecer. Prometi, para mim mesma, de que irei voltar em breve, da próxima vez com bastante tempo para explorar toda essa região tão linda, cheia de cultura e natureza.
Como chegar:
Você pode chegar na ilha de duas formas: de ferry ou de avião. Os ferries são bem grandes, quase como navios, e as pessoas normalmente vão com carro, pois é possível transportar o carro no ferry. Eles saem dos portos de Livorno (Toscana) ou Civitavecchia (Roma), até a cidade de Olbia, no norte da Sardenha.
Já os aviões, partem de diversas cidades da Itália e da Europa para três destinos na ilha: Olbia, Alghero e Cagliari, ao sul. O ideal, é claro, é chegar por um ponto e terminar em outro, para poder ter uma boa visão de toda a região.
Dicas importantes:
- Tente passar mais do que dois dias na ilha, a Sardenha é enorme e tem muitas praias lindas para se conhecer!
- Já falei no meu relato, mas acho importante repetir: o aluguel de um carro na ilha é imprescindível! Sem carro você ficará preso a apenas uma praia e não terá a experiência completa.
- Tente agendar um wine tasting em uma das muitas vinícolas da região. Apenas procure saber com antecedência para não encontrá-la fechada, como aconteceu com a gente 😉
- Coma muitos frutos do mar durante a sua estadia, são sempre muito frescos e deliciosos. Aventure-se e prove pratos diferentes! A cozinha sarda é muito saborosa e bem diferente da culinária do resto da Itália.
- Leve de volta para casa o famoso guttiau, biscoitinhos salgados crocantes deliciosos! O meu favorito é o de rosmarino (alecrim), mas você encontra nos supermercados de diversos sabores. No resto da Itália também dá para comprar na rede Conad (sempre trago para minha mãe, que é viciada!).
- Não deixem de experimentar o famoso Mirto, ao final de uma refeição. Vale a pena!
- Aproveite as praias sem compromisso, faça uma viagem para relaxar e se encantar com as paisagens maravilhosas que você vai encontrar 😉
Querida Laura, obrigada pela participação, ótimo contar com a tua ajuda!
'Divina Sardenha' have 4 comments
20 de abril de 2017 @ 15:30 Grazie a te / As maravilhosas praias do norte da Sardenha, na Itália
[…] Lidiane, obrigada por participar da Seção Amici Miei compartilhando dicas e essas fotos tão lindas! Post relacionado: Dicas sobre a Sardenha […]
12 de janeiro de 2018 @ 12:06 Lika
Você precisou de carteira internacional para dirigir na Sardenha?
Obrigada,
Lika
15 de janeiro de 2018 @ 09:40 Denya Pandolfi
Oi Lika, como vai? Eu tirei a minha carteira aqui na Itália. As locadoras não costumam pedir, mas sei que é necessário trazer uma Permissão Internacional (emitida pelo Detran). Veja mais informações aqui: http://www.detran.pr.gov.br/modules/catasg/servicos-detalhes.php?tema=motorista&id=161. Abraços e bom passeio!!! Denya
23 de janeiro de 2018 @ 15:07 Laura Schneider
Olá Lika, tudo bem?
Desculpe a demora pela resposta… Bom, quem dirigiu quando fiz essa viagem foi um amigo americano meu que tem nacionalidade italiana, mas que apresentou a carteira americana dele. De qualquer forma, isso que a Denya falou é o melhor a se fazer (emitir uma Permissão Internacional), pois nunca se sabe, não é mesmo?
Espero que tenha ajudado! Bom passeio!