Marina Abramović está em cartaz no Palazzo Strozzi de Firenze com a exposição The Cleaner. A artista servia é uma das personalidades mais célebres e polêmicas do cenário artístico contemporâneo, que está revolucionando a ideia de performance, testando seu corpo, seus limites e seu potencial de expressão. Comemorando meio século de carreira, Marina, 71 anos, é a primeira mulher a expor no Palazzo Strozzi. A exibição, que começou dia 21 de setembro, fica até o dia 20 de janeiro de 2019.

“The hardest thing is to do something which is close to nothing because it is demanding all of you”, Marina Abramović
Marina considera seu corpo sua arte. Nesta exposição, mais de 100 obras que oferecem uma visão geral de seus mais famosos trabalhos, dos anos 70 aos anos 2000, através de vídeos, fotografias, pinturas, objetos, instalações e com muitas reencenações ao vivo onde o público pode participar. A exposição é uma oportunidade para apreciar a complexidade da arte de Marina, que promove encontros reais com o público, que nos últimos anos tornou-se protagonista em suas obras.

Imponderabilia – No início do percurso: artistas como “portas vivas”. Quando adentramos esta sala o som inquietante é da performance exibida num vídeo que apresenta Marina e o artista alemão Ulay gritando, um na boca do outro: AAA-AAA, 1978

A performance AAA-AAA, de 1978. Ulay e Marina sustentam o grito até perder o fôlego (foto exibição)

“People have so much pain inside them that they’re not even aware of”, Marina Abramović
Você pode optar em começar o percurso passando entre os dois indivíduos nus. A primeira parte da mostra Relation, dá forma a um projeto sobe dualidade e simbiose, com obras extremas aos limites da resistência física.

Rest Energy, performance com Ulay, em 1980, de completa e total confiança. O artista alemão Ulay foi seu parceiro por 12 anos

Nesta sala, a mesa e as cadeiras da performance que Marina fez ao vivo em 2010 no MoMa de Nova York, chamada “The Artist is Present”. Durante 3 meses, e por várias horas, a artista sentava-se silenciosa em uma cadeira, onde de frente pra ela os visitantes podiam se sentar e passar o tempo que quisessem . A performance da artista terminou com um emocionante encontro com o seu ex Ulay. Esta foi a maior exposição da artista, com filas gigantescas que se formaram para ver a artista. Cerca de 850 mil pessoas conferiram a sua performance

Objetos da exposição “The House with the Ocean View”, 2002

Balkan Barroque, executada pela artista em 1997 em ocasião da Bienal de Veneza e premiada com o Leão de Ouro. Marina passou 4 dias dias limpando ossos bovinos como denuncia à guerra na ex-Iugoslávia , numa tentativa de mostrar as dores dos conflitos durante as Guerras do Balcãs
Os visitantes podem participar diretamente das performances que diariamente acontecem no Palazzo Strozzi, fazendo desta exposição uma experiência inesquecível em primeira pessoa.

Em suas abordagens, Marina sempre causou fortes reações a seu publico. Ela aborda sem preconceitos, entregando-se de corpo e alma aos seus limites
Sobre a artista – Marina nasceu em 1946 na cidade de Belgrado. Sérvia naturalizada americana, começou muito jovem sua carreira artística dedicando-se à pintura. O corpo humano é o elemento central de sua pesquisa, de seu processo criativo. Aliás, Marina usa seu próprio corpo para suportar sua arte. Nos anos 70 a artista começou a apresentar suas performances colocando-se à provas de resistência física e psicológica.
Em 1975 conheceu o artista alemão Ulay, com quem esteve por 12 anos. Juntos eles criaram diversas perfomances, como Imponderabilia, onde o público era forçado a passar pelo corpos nus dos dois artistas.
O relacionamento não prosperou e até mesmo o término entre os dois artistas foi uma obra de arte. Eles encenaram a última performance juntos para dizerem adeus um ao outro, de forma inusitada e jamais vista: percorreram a Grande Muralha da China, cada um partindo de um ponto diferente, para se encontrarem no meio e se despedirem. The Lovers, 1988, foi uma caminhada que durou meses.
A exibição de Marina acontece também no espaço Strozzina, no subsolo do Palazzo Strozzi.

Rhythm 0 foi uma importante performance apresentada em 1974. A artista passou 6 horas imóvel e colocou sobre uma mesa 72 objetos e disse aos visitantes que poderiam usá-los contra ela: flores, facas, arma, plumas, azeite e jornal. Ela chegou a ter suas roupas rasgadas e uma arma apontada contra sua cabeça. Ao final das 6 horas, quando Marina se moveu, o público saiu correndo, provavelmente com medo de sua reação

Seus quadros também estão em exposição no espaço Strozzina
Marina Abramović – The Cleaner
Palazzo Strozzi, até 20 de janeiro
Horários: 10 às 2o h (até às 23 h às quintas)
Valor do ingresso: 12 euros
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