Que Firenze é o berço do Renascimento todo mundo sabe. Mas tem outro título que a cidade carrega com muito orgulho: aqui foi inventado o sorvete, o famoso gelato, por Bernardo Buontalenti (essa é uma das versões dessa deliciosa invenção, que é circundada de algumas incertezas). Na verdade Buontalenti foi o primeiro a prepará-lo à base de leite, em 1559. Os italianos se aprimoraram nesta arte e indiscutivelmente é aqui que você encontra o melhor sorvete do mundo, de uma cremosidade única e feito com matéria prima de primeiríssima qualidade.

Pelo quarto ano consecutivo, Firenze é palco do
Gelato Festival, que começou no dia 17 com encerramento previsto para esta noite. Dentre tantos chefs da arte do sorvete de todo o mundo, tem uma brasileira que está atraindo a curiosidade com uma receita que leva um produto tipicamente brasileiro: a cachaça. A paulista Márcia Garbin, de São Paulo, criou o
Caffè lime con panna alla cachaça. “O sabor escolhido para a competição é com ingredientes que remetem ao Brasil mas respeitando as tradições italianas. Fiz questão de trazer o sabor brasileiro , como o café, já que somos o maior produtor do mundo e porque o produto tem tudo a ver com a Itália, que é o maior apreciador do mundo deste produto. E resolvi misturar o creme de leite com a cachaça e o limão-taiti, que usamos para fazer a caipirinha, dando assim um toque bem brasileiro”, explicou Márcia enquanto preparava a sua receita no laboratório móvel batizado de “Buontalenti”. Eu experimentei o sorvete (fiz esse sacrifício, rs!) e garanto que o sabor é único, diferente de tudo que eu havia provado.

Esta não é a primeira vez que Márcia participa da competição. Ela faturou o terceiro lugar ano passado enquanto concorria pela categoria revelação. Voltou nesta edição na categoria Master.Formada pela Cordon Bleu de Paris, se especializou na Carpigiani Gelato University, aqui na Itália. E assim que voltar para o Brasil vai se dedicar ao seu novo projeto: vai abrir nos Jardins, em São Paulo, a sua “
Gelato Boutique“, daqui a alguns meses.
Mas além da Márcia o festival, que conta com participantes de Portugal e da Guatemala, tem outro concorrente que nasceu no Brasil. É Simone Deodati, brasileiro de Natal que veio para a Itália poucos dias após o nascimento. Ele escolheu quatro ingredientes para criar a sua receita: nozes, chocolate amargo, canela e laranja. Um mix incrível de sabores que resultou em uma delícia que deixa gostinho de “quero mais”. Simone vive na província de Terni, próximo a Roma, onde comanda a sorveteria New Moon.
O festival do sorvete acontece em três praças de Firenze. Além de Santa Maria Novella, que fica próxima à estação de trem, o evento tem stands nas praças Repubblica e Strozzi.
De 31 de maio a 2 de junho o festival vai acontecer em Milão, depois segue para Torino, de 7 a 9 de junho e finalmente chega à capital italiana. O Gelato Festival acontece em Roma entre 21 e 23 de junho.
Extra, extra! Em primeira mão: A Márcia acaba de enviar mensagem dizendo que saiu o resultado do júri e o vencedor foi o florentino Giampiero Burgio, que inventou um sorvete de queijo Pecorino com pinoli e mel. Ele é dono da sorveteria Gippino, em Lastra a Signa, perto de Firenze. Mas o resultado do público, que é o mais importante, sairá apenas no mês de julho. Estamos na torcida!
O Gelato Card custa dez euros e você tem direito a experimentar cinco sabores em qualquer um dos stands espalhados nos três pontos da cidade. Adquirindo o cartão é possível participar de cursos, oferecidos diariamente durante o evento, com famosos chefs que ensinam diversas receitas tendo como protagonista o sorvete.
Quando cheguei na Piazza Santa Maria Novella Márcia estava com a mão na massa, super concentrada preparando a sua receita.
O laboratório móvel Buontalenti é o local onde os chefs preparam os sorvetes: atração na praça Santa Maria Novella.

Simone se dedica à arte de preparar sorvetes artesanais desde 2005 e comanda uma gelateria na província de Terni

O estrelado mestre sorveteiro Giorgio Zanatta, diretor técnico e artístico do festival. Ele seleciona os candidatos e assessora no processo de criação das receitas. “Se acho que um sabor não vai dar certo eu oriento o candidato até conseguirmos o equilíbrio perfeito de sabores”, explicou ao nosso blog, fazendo questão de responder em português

Os participantes preparam os sorvetes neste laboratório móvel que tem vidro nas laterias, assim os expectadores podem apreciar e entender o processo de fabricação do sorvete.

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