O Museu de San Marco de Florença tem o maior acervo do mundo das obras, tanto em madeira quanto em afrescos, de Beato Angelico, que viveu neste mosteiro durante um período de sua vida. O museu, que fica ao lado igreja da homônima, funciona num ex-convento fundado em 1299 pelos monges beneditinos Silvestrini e que passou para a ordem dos Dominicanos Observantes em 1436. No anos sucessivos, com financiamento de Cosimo dei Medici e sob a direção do arquiteto Michelozzo, foi totalmente restaurado e reformado, além de embelezado com afrescos de Beato Angelico. A visita à San Marco inclui os esplêndidos espaços arquitetônicos do convento e das celas, o claustro de Sant’Antonino, o Cenáculo de Ghirlandaio, o refeitório e a Sala Capitular. Abriga o maior acervo do mundo de obras de Beato Angelico que também viveu e trabalhou no convento por volta de 1440 para afrescar os espaços renovados por Michelozzo.

Após as obras realizadas por Michelozzo, os frades dominicanos foram transferidos para o convento de San Marco, que fica ao lado da Basílica de San Marco

Pátio Sant’Antonino – O local foi restaurado por volta da segunda metade de 1400 por Michelozzo, que foi encarregado por Cosimo Il Vecchio de reconstruir o convento de acordo com os novos cânones renascentistas
Museu
O museu faz parte do grande complexo do antigo convento dominicano de São Marcos e está intimamente ligado ao pintor e frade Beato Angelico, um dos maiores pintores do início do Renascimento, que viveu e trabalhou no convento. A obra arquitetônica é um projeto de Michelozzo e foi encomendada por Cosimo de ‘Medici, Il Vecchio. A reforma do convento foi realizada entre 1437 e 1443. Durante o primeiro século de sua vida o convento era o lar de personalidades importantes. Não apenas de Beato Angelico viveu no local, mas também Antonino Pierozzi, conhecido como San’Antonino da Firenze , o famoso frade Girolamo Savonarola e o ex-prefeito de Florença, Giorgio La Pira, que morreu em 1977.
Durante o reinado de Lorenzo O Magnífico, este ambiente de San Marco tornou-se ponto de encontro de muitos humanistas da época, como Angelo Poliziano e Pico della Mirandola, que podiam consultar os livros da biblioteca. Na verdade, esta é considerada a primeira biblioteca pública da Europa.

No complexo do museu de San Marco terracota envidraçada, realizada por Andrea della Robbia
Em 1869 o Museu de San Marco foi aberto ao publico. Até 2014, o convento de San Marco acolheu alguns frades da comunidade dominicana que foram transferidos nos últimos anos para o complexo de Santa Maria Novella.

Além das obras de Beato Angelico, no complexo podemos admirar tambem A Ultima Ceia realizada por Domenico Ghirlandaio
Nova Sala Beato Angelico – Inaugurada em dezembro de 2020, com nova iluminação e novo layout, a Sala Beato Angelico ,que contem 16 obras-primas do artista, permite ao visitante admirar cada detalhe, com todas as cores vibrantes utilizadas pelo artista. A renovada exposição de obras-primas da sala reúne a mais importante seleção do mundo de obras de uma das maiores e mais fascinantes personalidades da história da arte.

Sala Beato Angelico – O novo espaço com nova iluminação exalta ainda mais a qualidade que transparece em suas pinturas
A nova exposição, financiada por Friends os Florence, muda radicalmente a disposição anterior que havia sido criada em 1980 pelo então diretor Giorgio Bonsanti. Inseridas em uma nova estrutura com iluminação tecnologicamente atualizada, as obras hoje seguem uma sucessão cronológica coerente.

Angelico foi um frei e é considerado o pintor que melhor retratou a mensagem cristã em toda a história
Sobre Beato Angelico
Beato Angelico nasceu em Vicchio (Toscana) provavelmente no ano de 1395. Não se sabe muito sobre a sua infância, mas acredita-se que em 1418 tenha entrado para a Ordem dos Pregadores em Fiesole, arredores de Florença e em 1425 confirmou seus votos adotando o nome de “Fra Giovanni da Fiesole”. Iniciou sua atividade ainda antes de entrar na vida religiosa. Viveu e trabalhou no convento entre os anos de 1438 e 1445. No convento de São Marcos, Fra Angelico pintou diversos retábulos e afrescos no claustro, na sala capitular, nas celas dos frades e nos corredores superiores. Beato Angelico realizou várias obras principalmente em Florença e também em Roma.

Fra Angelico valorizava detalhes realísticos e expressões de sentimentos
Giovanni da Fiesole nasceu com o nome de Guido di Pietro. As obras do artista eram de carácter religioso e foi Giorgio Vasari, o biógrafo de artistas renascentistas, que o definiu “Angélico”, por sua habilidade de pintar figuras de anjos, pela beleza serena de seus retábulos e afrescos e também pela doçura na forma de tratar as pessoas.

O Tríptico de São Pedro Mártir executada entre 1428 e 1429

Seu nome “Angelico” significa angelical, por sua forma de pintar e de tratar o próximo. Seus personagens são sempre dedicados a algo espiritual, e não terreno, com abordagem de temas cristãos presentes na Bíblia

Obra Juízo Final
Sala Capitular – A Sala do Capítulo, local onde a comunidade se reune e as imagens tem a função de ajudar , através das imagens compreender as mensagens, o veiculo de comunicação de Beato Angelico era a pintura. Beato Angelico realizou o seu maior afresco, com mais de 50 figuras, uma obra monumental.

O crucifixo realizado por Baccio da Montelupo e o sino que tocou quando Savonarola foi levado do convento. O sino é chamado de” Piagnona”
Segundo andar
Quem dá as boas-vindas ao segundo andar é a espetacular obra Anunciação, de Beato Angelico. Nesse andar ficam os dormitórios dos freis dominicanos, com teto elevado em treliça de madeira.

A “Anunciação” feita para o convento de São Marcos, é uma de suas obras mais famosas. Foi realizada por volta de 1440, no primeiro corredor do segundo andar, onde ficavam os dormitórios

Dentro de cada cela existe um afresco. Esses são os aposentos onde dormiam os freis dominicanos
Savonarola
No convento viveram muitos dos mais importantes representantes da vida espiritual e da cultura do século 15, como o frei Girolamo Savonarola, que pregava contra a decadência da moral. Savonarola nasceu em Ferrara no ano de 1452. Ele foi um político, religioso e frade que foi acusado de heresia, enforcado e queimado na Piazza della Signoria em 23 de maio de 1498.
Savonarola estabeleceu-se definitivamente em Florença em 1490, a pedido de Lorenzo Il Magnifico. Ele viveu no convento de San Marco entre 1491 e 1498. Savonarola alcançou grande sucesso com seus sermões, ouvidos e apreciados sobretudo pelos pobres e descontentes. Isso porque em seus sermões Savonarola não teve medo de denunciar a decadência e a corrupção da igreja, e não deixou de questionar, lançando inúmeras acusações contra os governantes e sua exploração do povo.
“Fogueira das Vaidades” – Esse foi episódio que ocorreu no dia 7 de fevereiro de 1497 em Florença, quando seguidores de Savonarola queimaram objetos associados à ostentação, à tentação e ao pecado. Milhares de obras de arte, como quadros, livros, vestidos, espelhos, instrumentos musicais foram destruídos.
No ex-convento de San Marco é possível visitar a cela de Savonarola, o seu estúdio e ver alguns objetos, como a característica capa com o capuz, as vestes e outras relíquias. Savonarola foi queimado vivo na praça della Signoria e suas cinzas foram jogadas no Rio Arno.

Interior da igreja de San Marco, que fica ao lado do museu
Sant’Antonino
Sant’Antonio Pierozzi nasceu em Florença no ano de 1389. Antonio Pierozzi foi teólogo, arcebispo e um dos mais fortes defensores da reforma da Ordem promovida pelo Beato Raimondo da Cápua. Foi “priore” em Fiesole e bispo de Florença na época de Cosimo “O Velho” era muito querido pelos florentinos.
No momento de sua morte, ocorrida em 10 de maio de 1459, Antonino foi sepultado em San Marco. Em 1589 seus restos mortais foram transferidos para a capela Salviati, concluída por Giambologna.
Museo di San Marco – Florença
Piazza San Marco, 3
Horário de abertura: 8.15 às 13.50
Dias de fechamento : sábado, domingo e festivos
Valor do bilhete 8 euros
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