A Maremma, conhecida como o coração selvagem da Toscana, permite aos visitantes de vivenciar experiências inesquecíveis através de suas cores, aromas do Mediterrâneo, história, arqueologia, arte, sabores e belezas do mar e montanha. Há diversas maneiras de aproveitar esse lindíssimo território, ao sul da região toscana: passeando por seus bosques, fazendo trilhas, degustando de sua gastronomia, curtindo dias em suas praias de águas cristalinas, visitando burgos medievais ou admirando sua natureza constituída de oliveiras e vinhedos.
A Costa Etrusca, na Maremma superior, inclui todo o território continental da província de Livorno, como os territórios de Piombino, San Vincenzo, Castagneto Carducci, Bibbona, Cecina, Rosignano Marittimo e Livorno, de norte a sul e cidades não litorâneas, como Collesalvetti, Sassetta, Suvereto e Campiglia Marittima. Essa região é assim conhecida devido às numerosas necrópoles etruscas presentes principalmente entre o Golfo de Baratti e Populonia, que era a única cidade etrusca construída na faixa costeira.
Un mare di gusto, festa tradicional dedicada ao peixe azul – Conheci a costa etrusca graças ao evento “Un Mare di Gusto – Palamita & Friends”, que acontece anualmente na cidade litorânea de San Vincenzo. Junto a outros blogueiros e jornalistas visitamos algumas localidades proximas à San Vincenzo que constituem o Val di Cornia. Aliás, uma das vantagens em escolher essa região como destino é que este é um lindo território constituído de colinas, mar e vilarejos cheios de história que ficam coladinhos uns aos outros, e cada um com suas particularidades. A pesca nesse litoral é uma das atividades da região, que além de ser uma graça, é também produtora de vinho e azeite.




A linda e rica Costa Etrusca: perfeita harmonia entre terra e mar. A região, que compreende de Livorno a Piombino, é conhecida como Costa Etrusca devido à presença da população etrusca que povoou a região a partir do século 9 a.c.
A festa tradicional dedicada à Palamita (tipo de peixe da região) e ao peixe azul e à cultura enogastronômica acontece em San Vincenzo. O evento, organizado pela prefeitura com a direção artística de Deborah Corsi, conta com o envolvimento de toda a população, até mesmo das crianças, que preparam poesias e desenhos que são expostos no stand principal, que fica na piazza Unità d’Italia, ponto de encontro e de partida para explorar a cidade.
Un Mare di Gusto – Durante o final de semana acontecem varias competições com jovens chefs promissores da Costa Toscana, cooking shows e muitos laboratórios para as crianças. E no domingo à tarde é o tão esperado Percorso di Gusto, com diversos stands de degustação onde os restaurantes da região preparam suas especialidades à base da Palamita e do peixe azul. São diversos stands de comida, bebida e artesanato com produtos da região. Funciona da seguinte forma: você adquire o passe que te dá direito a 7 degustações ao valor de 7 euros e o Calice pass no valor de 5 euros dá direito à 2 degustações de vinho.




Domingo é o dia das degustações nos diversos stands onde os visitantes puderam experimentar muitas especialidades à base de Palamita e do Peixe Azul, ocasião para saborear novos pratos e receitas tradicionais







Alguns restaurantes desenvolveram alguns pratos preparados com peixe para serem servidos durante a semana do evento. Aqui a Palamita tonnè preparado pela chef Deborah Corsi, do Perla del Mare
Jantar de boas-vindas – A festa começou na sexta-feira, quando foi apresentado o projeto que contou com a presença do prefeito da cidade, Alessandro Bandini. Depois seguimos para jantar no restaurante La Perla del Mare, de Deborah Corsi, que nos recebeu para um maravilhoso jantar à base de peixe. O restaurante La Perla del Mare fica na Via della Meloria, 9.




Deborah Corsi, diretora artística do evento, em seu agradável e refinado restaurante na beira da praia
San Vincenzo, a anfitriã do evento
Com cerca de 7 mil habitantes, San Vincenzo, província de Livorno, é uma cidade hospitaleira do litoral da Toscana com 12 Km de litoral com lindas praias de areia branca e aguas límpidas e com grande área verde constituída de parques e bosques, oferecendo percursos naturias para os amantes de caminhadas e do turismo esportivo.




O Porto turístico de San Vincenzo, construído em 1967






Campiglia Marittima
Na manhã de sábado fomos conhecer Campiglia Marittima, província de Livorno, um dos burgos da Costa Etrusca. Enquanto a gente percorre o caminho que dá acesso a Campiglia Marittima pode admirar as plantações de azeitonas e as pedreiras de mármore; inclusive o mármore branco daqui reveste o Campanille di Giotto e a fachada da igreja Santa Maria Novella de Firenze.




As fachadas medievais que ganham o colorido das flores durante a primavera
Com cerca de 13 mil habitantes, o charmoso centro histórico fica sobre uma colina circundada por oliveiras seculares. Com ruas e becos estreitos, é dessas cidadezinhas medievais que nos fazem voltar no tempo. O centro é constituído de construções medievais e com algumas bodegas alimentares, barzinhos e lojinhas de artesanato. Em algumas paredes dos prédios mais antigos podemos encontrar brasões das nobres famílias que já viveram na cidade.




Piazza della Repubblica – Assim como muitos burgos da Toscana, Campiglia Marittima conserva muito da arquitetura medieval.
Após explorarmos o centro histórico em companhia de um guia fomos até a Pieve de San Giovanni, sobre as colinas do cemitério. Foi construída em 1173 no centro do camposanto, de onde temos uma vista deslumbrante!




Em estilo românico, a Pieve de San Giovanni data do século 12. Ao fundo a cidade de Campiglia Marittima
Prosseguindo nosso tour, fomos ao Parco Archeominerario de San Silvestro, onde pudemos visitar uma mineira subterrânea. No parque funciona também um museu. Após a visita à mineira fomos almoço no restaurante Blue Marlin (Via della Principessa, 137) com todos os pratos preparados à base de peixe.




Pudemos visitar as mineiras antigas, desde a época dos etruscos com técnicas extrativas antigas e modernas
Suvereto
Após o almoço seguimos para Suvereto, na Alta Maremma, a poucos minutos de Campiglia Marittima, para um passeio guiado. Com forte tradição rural, Suvereto é um pequeno burgo medieval e um dos mais antigos da Val di Cornia, terra que produz vinho e azeite.
Perto da porta que dà acesso à cidade fica a igreja românica de San Giusto, que terminou de ser construída em 1189. Atravessando a Porta Principal ou “di Sotto” (de Baixo) , restaurada em 1857, a gente pode começar a explorar o vilarejo, que tem pouco mais de 3 mil habitantes.




Parte das construções originais são muralhas do século 12 que circundam a cidade. Atmosfera de séculos passados…




Uma das atrações da cidade é o Convento de São Francisco,do ano de 1286. Este espaço urbano que é dotado de excelente acústica é um dos mais cobiçados endereços para eventos culturais, sociais e enogastronômicos de Suvereto




Palazzo Comunale, do século 13, um dos mais significativos exemplos de arquitetura medieval da Maremma
Suvereto é um vilarejo tranquilo mas festeiro. A cidade é palco da “Corsa delle Botti”, uma corrida com barris de vinho que anima as ruelas do burgo e acontece duas vezes por ano: no dia 3 de maio, dia de Santa Croce, padroeira da cidade e sempre na véspera do feriado de Ferragosto.




O ponto mais alto do vilarejo é a Rocca Aldobrandesca, provavelmente do final do século 9, símbolo do passado medieval de Suvereto. Na fortaleza acontecem festas medievais com acampamentos e roupas de época
A gastronomia local é muito conhecida pelas carnes de caça, como o javali, que é base para preparação de muitos pratos da região. Uma das sagras mais antigas e conhecidas da Toscana acontece em Suvereto há 50 anos, a Sagra del Cinghiale, uma festa cultural e artística que movimenta a ciadade entre o final de novembro e início de dezembro.
Vinícola Petra




Arte e enologia – A cantina Petra, projeto moderno que evidencia a paisagem rural e a beleza da natureza nessa região, com mais de 300 hectares de plantações de oliveiras e vinhedos
Como estamos na terra do vinho e do azeite, não podíamos deixar de visitar a moderna Vinícola Petra, em Suvereto, localidade de San Lorenzo Alto, com sua moderna arena de mármore. De propriedade da família Moretti que produz vinho há 20 anos, é um maravilhoso e ousado projeto do arquiteto Mario Botta: uma estrutura contemporânea num cenário constituído pelas leves colinas da Val di Cornia.
Os vinhos são produzidos principalmente com uvas Sanvigiovese, Cabernet Sauvignon, Merlot e Vermentino, Syrah e Alicante. As uvas de elevada qualidade são trabalhadas atingindo o melhor da tradição com técnicas e critérios modernos que resultam na criação de vinhos que possam refletir a personalidade da terra. As uvas descansam seja em tanques de aço quando em barris de de madeira.




Depois da visita à empresa participamos de uma degustação de 3 vinhos com um caprichado apetitivo preparado com produtos Km 0. A empresa produz também azeite de oliva extra-virgem. Tudo excelente!
No sábado à noite fomos recebidos para jantar no restaurante La Tuga, que fica em excelente localização, bem na orla da praia (Via Trento, 119), com ambiente elegante e com staff cordial e simpático.




O restaurante do chef Nicola Ricci, inaugurado há poucos meses, oferece pratos preparados com ingredientes de qualidade onde a gente percebe o capricho e carinho também no momento da apresentação
Parque de Baratti e Populonia
Na manhã de domingo fizemos um passeio pelo Parque Arqueológico de Baratti e Populonia e se estende no Golfo di Baratti e Populonia. O parque abrange uma área de 80 hectares, com tumbas e edificações etruscas e romanas.




As construções etruscas eram geralmente realizadas em madeira e tijolo
Terra do ferro e dos metais, Populonia é a única cidade etrusca que se debruça sobre o mar. A cidade teve um papel importante internacionalmente na comercialização do ferro e de minerais.




Populonia é uma antiga cidade de origem etrusca, situada sobre uma colina circundada pelo mar, no Golfo de Baratti
O Castello di Populonia é um pequeno burgo medieval construído no século 15 pelos etruscos sobre uma colina, ao redor da antiga torre, que é do século 12. Nas redondezas do castelo desenvolveu-se a cidade de Populonia Alta.
Populonia era uma das mais ricas e poderosas cidades da Dodecápolis, que prosperou graças às atividades de mineração e à indústria do ferro




Populonia era uma das mais ricas e poderosas cidades da Dodecápolis, que prosperou graças às atividades de mineração e à indústria do ferro




A vista do alto do Castello de Populonia




A igreja de Santa Croce, do século 15




O vilarejo é minúsculo e o que impressiona é que conta com apenas cerca de 20 habitantes. Aqui a rua principal, com algumas bodegas e lojinhas de artesanato
Após o tour à Populonia, almoço na vinícola Poggio Rosso, que fica nas imediações do Glamping onde me hospedei e que pertence à família Monelli, que desde 2002 dedica-se à produção de vinhos. Os vinhedos cultivados são de uvas Merlot, Sangiovese, Vermentino, Cabernet Sauvignon e Viogner.




Com Camilla, Kathleen, Carlotta e Silvia




O nosso light lunch com delícias toscanas preparadas pela senhora Edi Monelli
Hospedagem – Fiquei hospedada no Glamping Poggiorosso. Esta seria a minha primeira experiência em uma estrutura do tipo e estava super empolgada com a ideia! Glamping é uma nova forma de hospedagem que vem conquistando adeptos em muitos países do mundo. Significa camping com glamour. Estrutura elegante, muito charme, conforto e riqueza em detalhes. Feitas com materiais ecossustentavies, as barracas são produzidas por uma empresa holandesa. São espaçosas e resistentes, com estruturas fixas de madeira, com ambiente climatizado, Wi-fi, banheiro com duchas com jato hidromassagem e cozinha toda equipada. A sensação é de estar numa luxuosa casinha na árvore!




Acomodações ecofriendly num ambiente tranquilo e em contato direto com a natureza, com vinhedos e oliveiras nas proximidades. Toda a tenda era equipada com móveis de madeira e a decoração é de muito bom gosto, charme e requinte




Mimos de boas-vindas. Este é o quarto de casal. A nossa barraca era de 2 quartos, com banheiro, cozinha e varanda. As paredes internas são de madeira




No Poggiorosso são disponíveis no momento 10 barracas, todas circundadas de árvores e com bem cuidado jardim que atende a cada uma das acomodações
Como chegar:
Carro – Sugiro alugar um carro para visitar a região pois as cidades ficam muito próximas umas às outras e e é sempre bom poder parar nas localidades que mais chamam a atenção. A paisagem é bucólica e linda!
Trem- O trajeto de Firenze até San Vincenzo dura cerca de 2 horas e meia. Valor do bilhete € 13,50 com Trenitalia
Distâncias:
139 Km – Firenze
43 Km- Massa Marittima
66 Km – Volterra
88 Km – Pisa
49 Km – Castiglione della Pescaia
Participei do evento Un Mare del Gusto à convite da Prefeitura de San Vincenzo. Todas as refeições foram oferecidas pelos estabelecimentos citados, assim como a hospedagem. O meu relato é resultado de minha experiência e minhas observações pessoais, sem nenhum vínculo editorial. O meu muito obrigada aos organizadores e promotores do evento.
Posts que podem interessar:
Hospedagem em apartamento em Firenze
O que visitar em 2 dias em Firenze
Pitigliano, na Maremma toscana
Qual a melhor época do ano para visitar a Itália?
'A Costa Etrusca, na Maremma Toscana: mar, colinas e história' have 1 comment
27 de abril de 2020 @ 19:54 Grazie a te / Querem conhecer os pratos típicos da cozinha toscana?
[…] al ragù di cinghiale– é um prato típico da Maremma, sul da Toscana. O molho lembra bastante o ragú alla bolognese, mas tem um sabor mais selvagem. […]