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Famílias brasileiras que escolheram a Itália para viver

Cada vez mais famílias brasileiras decidem deixar o país  para recomeçar a vida no exterior

Quantas famílias você conhece com carreiras consolidadas no Brasil, casa própria, filhos em boas escolas particulares e que teriam coragem de deixar tudo para recomeçar a vida no exterior? Duas famílias compartilham com os leitores do blog sobre essa decisão e os motivos pelos quais deixaram o Brasil e se mudaram para Firenze:

 

Daniele e Danilo com os filhos João Pedro, 5 anos, e Leonardo, 3. Eles deixaram São Paulo e vivem em Firenze  desde março de 2018. O companheiro de 4 patas, Haschi, de 8 anos, também veio

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Eu conheci esta família bacana graças ao Flat San Fredianoo apartamento do blog. A Dani me contatou no início do ano e alugou o apartamento por 3 meses. Foi um período de adaptação enquanto buscavam por uma casa para morar. No Brasil, Daniele atuava como jornalista freelancer e fazia também gerenciamento  de redes sociais, trabalhava principalmente para as editora Abril e para editora Globo e abriu em Firenze uma empresa de marketing e conteúdo e trabalha como social media manager.  O Danilo era sócio de uma consultoria de marketing e planejamento estratégico e desfez a sociedade para vir pra cá.  Atualmente ele é coordenador de marketing na GMG spa.

 

1 –  Quando surgiu a ideia de deixar o Brasil?

Sempre tivemos a vontade de morar juntos na Europa – eu já havia morado em Firenze e o Danilo em Londres – mas era um plano muito distante. Depois que o João Pedro nasceu, em 2013, passamos a pensar nisso com mais foco.

2- De quem foi a ideia?
A ideia sempre foi de nós dois, uma vontade conjunta de passar por essa experiência. 
3-  Vocês consideraram outros países ou a Itália era a única opção?
De início, quando ainda estava tudo bem no mundo das ideias, chegamos a pensar até em Estados Unidos e Canadá. E na Europa, consideramos várias possibilidades, como Londres, Barcelona e Luxemburgo.
4- Algum fator negativo os motivou a querer deixar o Brasil?
A gente costuma brincar que nascemos no lugar errado. Não curtimos muito o “jeitinho brasileiro”. Somos muito certinhos, cumpridores de regras, e sempre tomávamos na cabeça no Brasil. Além disso, a violência pesou bastante depois que as crianças chegaram. Antes de vendermos nosso carro, eu tinha pânico de sair com eles no banco de trás, achando que um ladrão poderia nos assaltar e levar o carro, sem me dar tempo para soltar os meninos da cadeirinha. Além disso, o custo de vida acintosamente alto, a falta de saúde e educação públicos de qualidade e os escândalos de corrupção na política nos fizeram ter certeza de que não gostaríamos que os meninos crescessem no Brasil.
5- Quanto tempo se passou desde o momento em que realmente se decidiram da mudança até o dia da viagem?
Quase 3 meses.
6- Como a família recebeu a notícia?
Minha família recebeu muito bem a notícia, porque eles sabiam que era um sonho antigo. Ficaram tristes pela distância, claro, mas felizes com a oportunidade. A família do Danilo foi mais resistente, acharam que era uma loucura. Mas depois acabaram aceitando e agora estão super curtindo a ideia. Eles  vieram nos visitar em agosto 😉
7 – O que mais pesou na decisão de mudar?
Qualidade de vida, saúde, educação e cultura para as crianças. Foi tudo por eles e pra eles. 
8- Agora sobre a Itália, como têm sido esses primeiros meses aqui?
Pra mim, Daniele, tem sido maravilhoso. É como se eu finalmente tivesse encontrado meu lugar no mundo. Todos os dias quando saio na rua e vejo essa cidade linda, agradeço a Deus por estar aqui. O primeiro mês foi o mais difícil, com adaptação dos meninos, os dois em casa e a gente trabalhando normalmente… Mas depois João Pedro foi pra escola e tudo começou a se ajeitar. Ainda falta resolver muitas coisas, de burocracia mesmo, e isso desgasta bastante. Mas faz parte, era esperado e estamos lidando bem com isso.
9- A maior dificuldade que encontraram?
Encontrar casa! Não imaginava que houvesse tantas exigências e tanta resistência para alugar casa para famílias com filhos. Depois entendi que a lei italiana privilegia os inquilinos e que se você tem filhos, nunca mais o proprietário te tira da casa, mesmo que você não pague o aluguel durante anos. Por isso os proprietários morrem de medo e já partem do princípio de que famílias com filhos não vão pagar. Complexo, dá um trampinho, mas a gente resolve. 
10-  Até quando pensam em ficar aqui?
Não pretendemos voltar para o Brasil, a não ser de férias. Mas não dá pra dizer nunca mais, né? Por hora, nossa vontade é de ficar aqui pra sempre. 
11-  Sobre o estilo de vida, o que  mais estranharam em relação à vida no Brasil?
Estranhamos o ritmo. As pessoas aqui são muito mais tranquilas, cumprem suas jornadas de trabalho e vão pra casa descansar. Não tem aquela loucura de trabalhar 12 horas por dia, de chegar em casa e continuar trabalhando. Nós ainda estamos nesse ritmo porque mantemos nossos clientes no Brasil, mas acho muito certo esse jeito mais tranquilo de levar a vida. Claro que, sendo paulistanos, a gente quer agilidade e às vezes nos irritamos um pouco com a demora dos processos por aqui. Mas os errados somos nós, não eles.
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A família comemorando o aniversário do João Pedro

Os paulistanos Fernanda Rocco e Thiago com a filha Lorena. Eles vivem em Firenze desde julho de 2018 

Fernanda, Thiago e Lorena moram em Firenze desde julho de 2018.  A Fernanda tem no Brasil uma empresa de organização de eventos, especializada  em decoração de casamentos, inclusive ela pensa em atuar neste ramo aqui na Toscana. Thiago è internacionalista e trabalhava na área de expatriados na Diretoria e Presidência do Carrefour, cuidando dos trâmites legais.
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1 –  Quando surgiu a ideia de deixar o Brasil?

Há 2 anos.

2- De quem foi a ideia?
Minha, mas há anos atrás (13 anos) meu marido já tinha me proposto de morar por um tempo em outro país, por isso quando disse do meu interesse em viver esta experiência ele logo topou.

3-  Vocês consideraram outros países ou a Itália era a única opção?

Primeiro pensamos em Portugal, mas depois de analisarmos as melhores condições preferimos vir pra Itália, porque eu já tinha a cidadania portuguesa, mas meu marido ainda deveria requerer a cidadania italiana.

4- Algum fator negativo os motivou a querer deixar o Brasil?

Comportamentos de radicalismo e intolerância que vem sendo manifestado nos últimos anos, associados à uma profunda desigualdade material e suas consequências, foram os gatilhos que estimularam essa mudança. Não nos  identificávamos na sociedade brasileira.

5- Quanto tempo se passou desde o momento em que realmente se decidiram da mudança até o dia da viagem?

1 ano e meio

6- Como a família no Brasil recebeu a notícia?

Ficaram assustados e não acreditaram, no início, que este projeto fosse realizado. Mas depois nos apoiaram e plantamos essa semente neles também.

7 – O que mais pesou na decisão de mudar?

O desejo de viver numa sociedade mais igualitária, com mais história e bagagem que nos promovessem um aprendizado sócio cultural nos proporcionando uma vida mais coerente e construtiva, principalmente para nossa filha de 9 anos. 

8- Agora sobre a Itália, como têm sido esses primeiros meses aqui?

Estamos adorando, cada dia uma nova conquista e aprendemos diariamente a superar os obstáculos que nos são propostos cotidianamente. Nos 3 primeiros meses, mesmo empolgados e anestesiados com o fato de termos mudado pra uma cidade tão linda, eu considero a fase mais difícil, pois neste período a adaptação à língua, à educação e aos costumes locais, ao funcionamento das coisas e principalmente à burocracia é a parte mais penosa. Neste período você percebe sentimentos e sensações que dificilmente existem em pessoas que se encontram em zona de conforto, dentro de uma bolha. Medo, insegurança em adaptar-se e o isolamento social do início fazem parte desta fase.

9- A maior dificuldade que encontraram?

Pelo meu alto grau de exigência em morar confortavelmente e numa casa aconchegante  e bonita, tornou a nossa busca por residência uma saga. Desde a dificuldade em encontrar um imóvel adaptado ao que gostaríamos por um preço justo, até a ausência de opções de imóveis disponíveis a estrangeiros (família) por tempo superior há 1 ano. A maioria dos imóveis para locação são disponíveis para turistas e estudantes.

10-  Até quando pensam em ficar aqui?

Essa é uma experiencia que nos propomos e não temos nada como definitivo, tudo dependerá de como nos estabeleceremos por aqui.

11-  Sobre o estilo de vida, o que  mais estranharam em relação à vida no Brasil?

Ainda não temos bagagem para fazer uma analise conclusiva, mas pelo pouco tempo que estamos, percebemos alguns detalhes: italianos são diretos e retos, o que pode dar um ar honesto e prático, mas para nós brasileiros pode parecer pouco educado.  Falam alto e parecem sempre estar discutindo com você ou com alguém. O trânsito é desorganizado. Pedestres, bicicletas, motos e carros disputam espaço nas ruas.  Particularmente gosto da forma como levam a vida, com muito mais simplicidade e qualidade. O lazer depende de pouca produção, vão a parques, praticam esporte, participam de eventos culturais, comem e bebem produtos de extrema qualidade e estão cercados de cidades incríveis de fácil acesso que tornam os finais de semana sempre inusitados.

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Fernanda Rocco em Firenze

 

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Fotografia e gastronomia na Toscana

Compartilhar momentos em torno da boa mesa é um forte costume da cultura italiana. E o tema do 14º Instammet mundial  #wwim14 que aconteceu neste final de semana era comida.  Organizado pela Tuscany Buzz e Too much Tuscany, vários usuários do Instagram -se ainda não segue o do blog, aqui vai: @grazieateblog  😉  – estiveram neste domingo no agroturismo Il Poggio alle Ville,  no Mugello, a cerca de 30 minutos de Firenze.

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Eu e minha família passamos um dia maravilhoso! Apaixonados por fotografia de todos os cantos do Planeta para compartilhar seus clicks e celebrar o tema “comida”.

O tema do evento era piquenique mas como ameaçava chover, resolvemos preparar a mesa no refeitório que o agroturismo disponibilizou, uma área grande decorada com peças antigas e com duas mesas longas ao centro. Sabe aquela imagem que a gente tem de uma enorme família italiana na hora da refeição? Pois é, foi nesse clima que transcorreu nosso almoço. Foi um momento de confraternização, troca de informações, bate-papo agradável e muitas risadas. O bacana desses eventos é que você não apenas revê amigos, mas tem a oportunidade de desvirtualizar, pois muitos usuários se conheciam apenas através das redes sociais. Estão vendo, as redes sociais também podem conectar as pessoas.

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comida

Momentos agradáveis, junto à família e amigos. É lindo de se ver como aqui na Itália as pessoas valorizam o momento da refeição. O tema comida não podia ter sido mais apropriado para o evento

Cada um compartilhou a sua bebida e comida. Alguns produtores do Mugello ofereceram degustação de produtos regionais, como frutas, queijos, geleias, salames, pão e azeite.

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Criança sendo criança

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Como sou apaixonada por carros vintage, não resisti em fazer uma foto dessa gracinha!

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Mirco, Valentina, Georgette, Nicolas, eu e Barbara. É tanta conversa boa que apenas um dia não basta… O Instammmet é uma oportunidade que temos de rever velhos amigos e conhecer novos. Não podia ter sido melhor!

Fotografias postadas por alguns dos participantes do evento:

mugello

@cristinaromeo

habitos-italianos

@toomuchtuscany

piquenique

@brasilnaitalia

toscana

@tuscanybuzz

cibo

@justilago

food

@discovertuscany

mugello

@girlinflorence

finestra

@val_ina

Amor à distância

Uma das mais lindas histórias de amor que conheço é a dos avós do meu marido. E pensar que essa relação precisou superar a distância por mais de 3 anos. Mesmo separados, o amor foi nutrido por cartas e cartões-postais, que naquela época costumavam chegar ao destinatário depois de dias viajando…  Como hoje é Dia dos Namorados no Brasil preparei este post para os apaixonados que moram em países diferentes, com relatos de casais que precisaram enfrentar a distância.  E ainda bem que hoje existe FaceTime, WhatsApp e Skype para ajudar a matar a saudade!

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Cartões-postais dos anos 30 com emocionantes declarações de amor

Para começar, vou resumir a história dos nonnos, que é inspiradora. Eles se conheceram em Roma nos anos 30, onde ambos estavam morando na época. A família da nonna Maria havia deixado a Emília-Romanha em busca de melhor oportunidade de trabalho. E o nonno Bruno estava ali a trabalho, pois era Marechal Carabineiri (Polícia Militar aqui na Itália). Depois de pouco tempo de namoro precisaram se separar pois o nonno deveria trabalhar em Bolzano, no norte do país.  E aí começaram as centenas de correspondências, que sustentaram a relação a à distância por mais de 3 anos.  Era uma época em que ela não podia viajar sozinha para encontrá-lo. Só depois do casamento. Mas aí outro empecilho. De acordo com o regulamento do exército, ele só podia casar depois que completasse 28 anos.  Pois um dia após seu 28º aniversario ele deu entrada nos papéis para o casamento. Que durou toda a eternidade.  E sempre houve na relação amor, carinho e companheirismo. Me lembro que quando os conheci estava passando aqui na Itália a novela Terranostra e eles costumavam assistir televisão sentados na poltrona, de mãos dadas.  Nos últimos anos de vida, a nonna já não estava bem de saúde e não reconhecia bem as pessoas. Mas sabia que a pessoa que sempre lhe esteve perto era importante e nunca faltou entre eles demonstração de afeto e cumplicidade. O nonno morreu quando eu estava grávida do meu primeiro filho, há 8 anos. A nonna morreu há quase 2 anos, com 100 anos.

amor

 

A ideia de escrever este post surgiu recentemente quando eu estava na casa da minha sogra e ela me mostrou as cartas e os cartões-postais que seus pais trocavam, que são esses que ilustram o post.  Mas até que ponto um relacionamento à distância pode dar certo? Eu mesma namorei por quase 6 meses à distância (com algumas viagens para amenizar a saudade) pois conheci meu marido em 2002 no Brasil e na época ele ainda morava na Suíça e estava se organizando para morar no Brasil por causa do trabalho.

 

Aos depoimentos: 

 

Conversei com algumas brasileiras que narram aqui as experiências de namoro à distancia. A brasileira Adriana L. S. tem uma relação com um italiano da Sicília que começou no Brasil. Eles se conheceram há quase 7 anos. “Estávamos terminados mas agora reatamos à distância. Ele acabou comigo faz 2 anos, mesmo a gente se gostando muito, pois ele não suportava a distância e a dependência de tantas viagens. Nunca perdemos contato e agora que ele sabe que estou indo morar na Itália, ele pediu para voltar. Depois veremos como isso pode ficar, pois ele mora em Messina e eu vou morar em Gênova.  No início será assim,  mas ao menos estaremos no mesmo país”.

Adriana acha que pode dar certo um relacionamento à distância se existe possibilidade de estarem juntos no futuro. “De início se vive a relação e vê no que pode dar, depois tem que tomar decisões. É necessário conviver no dia a dia para ver se além do amor,  o relacionamento é bom. Ocorre que muitos que namoram à distância partem logo para o casamento. Acho importante viver um pouco junto porque as diferenças culturais pesam, além da personalidade. Acho que os italianos ficam muito bem com as brasileiras, mas nós devemos compreender algumas diferenças culturais, como por exemplo o quanto o italiano é direto e às vezes indelicado, também esquentado. O brasileiro tem temperamento com mais bom humor e simpatia, e esse jeito italiano pode chocar muito. Por outro lado os italianos são mais abertos, românticos, mais cúmplices. O peso do valor da família é maior e são excelentes pais. As pessoas são diferentes no mundo todo e não se pode generalizar, mas algumas diferenças culturais existem e devemos ver no dia a dia como é a relação.”

 

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Manuela, Federico e a filha Lavinia (foto divulgação)

A jornalista Manuela Andrade mora em Milão e é casada há 5 anos com o italiano Federico.  Eles se conheceram pela internet em 2004 e o namoro começou depois do primeiro encontro, no Rio, poucos meses depois.  “Namoramos à distancia pouco tempo, por cerca de seis meses, e nos falávamos diariamente, pelo MSN e por telefone”.  Para Manuela,  as maiores dificuldades que encontrou desde que veio morar aqui é a saudade dos amigos e da família. “Foi sem dúvida a parte mais difícil da mudança. Também sofri um pouco com os dias frios e cinzentos do meu primeiro inverno aqui, sou muito meteopática!”

 

Outra história de amor que precisou superar a distância é a de Rafaela (nome fictício) e do italiano Luca. Sem querer se identificar, ela aceitou compartilhar  aqui no blog a sua trajetória e as dificuldades que enfrentou logo quando chegou aqui na Itália.
Rafaela conheceu o marido há 8 anos, no Orkut,  numa comunidade de futebol, uma paixão em comum e o namoro começou 2 anos depois. “Quando falamos dos nossos sentimentos e assumimos um compromisso, ainda era virtual. Depois ele foi ao Brasil me conhecer pessoalmente. E namoramos à distância ainda mais 7 meses. A gente se falava por telefone diariamente. No primeiro mês paguei uma conta altíssima de telefone. Depois aprendi e fiz um plano internacional e ligava toda noite. E ele tinha um plano de celular que permitia enviar SMS e fazer ligações grátis”.
Rafaela trabalhava no Brasil como assistente em um consultório médico e não titubeou para vim morar aqui. “Eu arrisquei! Foi inclusive a minha primeira viagem de avião. A primeira vez que vim era verão aqui, foi tudo maravilhoso! As pessoas são mais receptivas nessa época do ano. Foi tudo um sonho! Eu, como muita gente que vem morar na Europa, pensei que o frio seria meu maior problema. Mas isso eu tirei de letra,  comprei roupas adequadas logo que cheguei. Como minha cidade é muito pequena , a população às vezes é um pouco cruel.  A minha maior dificuldade foi me acostumar com todos os olhares de curiosidade e preconceito. Sofri por um tempo no início e até me isolei. Cheguei a não sair de casa com medo das pessoas. Rezava pedindo proteção na porta de casa antes de sair.  Com o tempo e apoio do meu marido fui percebendo que o ser humano sempre vai pensar diferente um do outro e tenho que conviver com isso. A intolerância é o mal do mundo. Mas eu não posso ficar dentro de casa chorando e a vida passando lá fora.Hoje sou muito feliz aqui! E ambientada. Aqui eu não trabalho, já fiz alguns serviços de limpeza algumas vezes. Emprego eu não tenho mas trabalho nunca falta pra quem quer trabalhar. No início é complicado sim recomeçar. É tudo novo.”
Rafaela dá alguns conselhos para quem tem uma relação com uma pessoa de outro país: “ter muita atenção e paciência. Muita atenção aos sinais. Você vai perceber pelo comportamento do outro se é um sentimento verdadeiro ou não. E paciência. Este conselho é para quem já passou da fase de saber se a pessoa com quem você está se relacionando à distância é uma pessoa séria ou não. Tenha paciência e cuidado com seus sonhos e objetivos! “
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A pernambucana Shirlei e o italiano Franco, da cidade vêneta de Castelfranco (foto divulgação)

A brasileira Shirlei Barreto namora com Franco desde 2015. Eles se conheceram na véspera do reveillon de 2015 de forma inusitada: num posto de gasolina em Recife,  quando ela estava com uma amiga lanchando e ele procurava sinal de Wi-fi. Trocaram olhares, a amiga fez de cupido mas quando começaram a conversar e ela percebeu que ele não era brasileiro, acabou desanimando. “Acho que tive medo, vergonha, não sei ao certo! O fato é que ele muito habilidoso prendeu minha atenção e trocamos telefone. No dia seguinte, 31/12/14, marcamos de tomar café no shopping. O mundo corria para comemorar o novo ano e nós só sabíamos conversar e conversar.  Nos despedimos mas nos 5 dias seguintes não nos desgrudamos mais, até que por um motivo absolutamente sem lógica, provavelmente diferença cultural muito forte e temperamentos idem, a gente brigou.  Ele voltou para a Itália e durante 4 meses não nos falamos mais”. Por muita insistência dele eles voltaram a se falar e ela decidiu lhe dar uma chance e veio passar um período aqui na Itália: “foram dias lindos, intensos, divertidos, difíceis também porque novamente as diferenças pesaram muito… Mas voltei ao  Brasil sabendo que havia deixado meu namorado, nos falamos todos os dias por whatsapp, tem sido assim até agora.

Depois disso ele foi outra vez ao Brasil em outubro do ano passado, ficou hospedado na casa dela e conheceu toda a família. Em dezembro foi a vez dela conhecer a família dele na Italia, onde passaram Natal e Ano Novo juntos. E olhem que legal: desde sexta ele está no Brasil,  depois de 5 meses separados, e vão curtir inclusive a data de hoje juntinhos!

E quando estão separados o que “salva”, segundo Shirlei, é  o WhatsApp, que diz que a maior dificuldade que encontra com a distância é lidar com o ciúme. “É dificílimo!!! É a pior parte de toda esta história. Já acabamos 2 vezes por causa de ciúmes, ele tem muito ciúme quando está perto e não demonstra nenhum ciúme à distância. E eu sou justamente o inverso. Não sei se tem uma fórmula para relacionamento assim, mas eu vou engolindo mesmo, procuro não fazer cobranças loucas, vamos sublimando as inseguranças e nos prendendo ao que sentimos um pelo outro. Vivemos sonhando com o dia do nosso reencontro, e isso é o que nos mantem juntos. Agora decidimos conversar sobre tudo isso, e sobre o que vamos fazer de nossas vidas. Porque para ambos, já chegou o limite.
Shirlei dá alguns conselhos para quem namora à distância, aqui vão:  só ficar na relação se amar muito, se apesar de tudo esta pessoa ainda for “aquela” com quem você deseja estar; evitar desconfianças combinada com cobranças; enviar fotos , videos , música, mimos, cartas etc.,  para construir uma memória afetiva,  fazer planos juntos;  investir na comunicação;  investir em reencontros e não ter medo de tentar. Shirlei, acho que você despertou a curiosidade em todos nós. Mande notícias para contar as cenas dos próximos capítulos, rs. Boa sorte!
E muito amor na vida de todos!!! 
O post de hoje estreia uma serie de entrevistas com brasileiras que moram aqui na Itália e que vão dividir suas experiências falando sobre trabalho, vida na Itália, maternidade e muitos outros assuntos. Vem muita coisa bacana em breve! 
Espero voces também na Fanpage do blog no Facebook.

“Nós que escolhemos Firenze”

Há quase 3 anos comecei a dividir com vocês aqui no blog um pouquinho das belezas das cidades italianas por onde passo e principalmente de Firenze, cidade onde vivo. Através de fotos e relatos registro o cotidiano de tudo aquilo que de alguma forma me encanta, exprimindo amor e respeito pelo local onde escolhi viver.  O jornal Il Reporter me contatou para esta entrevista da edição de março, mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher. Eu conto o motivo da minha escolha de viver aqui e o meu modo de ver a cidade. É com imensa satisfação e gratidão que compartilho com vocês. Aqui vai a tradução para o português:

“Nos que escolhemos Firenze”: a cidade vista por quem vem de longe

 

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Sasha, Denya e Georgette deixaram os seus países de origem para viverem nas proximidades do Arno. E agora contam, através do seus olhares, qualidades e defeitos da cidade e de seus habitantes. Com uma curiosidade: são todas apaixonadas pela mesma praça

Em Firenze nascemos, estudamos e  trabalhamos. Mas tem quem chega de longe e opta por fazer desta a sua nova casa, o lugar onde construir o futuro. Será devido às suas ruas estreitas e encantadoras, pelo inconfundível som do sotaque fiorentino ou pelos seus memoráveis monumentos. Firenze é (e sempre mais) de todos, de qualquer um que a ame. Sasha, Denya e Georgette deixaram seus respectivos países de origem para viver nas proximidades do Arno.  E Il Reporter, este mês – em que se celebra a festa da mulher – quis compartilhar a história delas. Histórias de 3 blogueiras que, todos os dias, descobrem alugma coisa de novo sobre a cidade, sejam qualidades que defeitos. Para provar – por uma vez- a ver Firenze com outros olhos.

por Valentina Veneziano

 

florença

 

Denya Pandolfi, mãe, blogger, brasileira e em Firenze desde 2005

“A beleza? Está no cotidiano”

 

Grazie a Te blog Denya

Foto: Kelly Stein (ao fundo a Ponte Vecchio)

1- Por que escolheu Firenze e o que significa acordar todos os dias em uma das cidades mais lindas do mundo?

Nao foi exatamente uma escolha a de viver em Firenze. Conheci meu marido no Brasil há 14 anos e resolvemos viver em Firenze depois do nosso casamento, em 2005.

Acordar todos os dias em uma cidades mais lindas do mundo é realmente maravilhoso! Adoro observar  e fotografar o dia-a-dia: a nonna que vai à mercearia, o artista de rua e os artesãos em ação. Nesta cidade a beleza está em todos os lugares… nas cenas do cotidiano.

 

2- Firenze: uma qualidade e um defeito

As belezas históricas que convivem em harmonia com uma cidade que está se modernizando. Defeito: Firenze é uma cidade suja, mal-cuidada, que merece mais respeito e atenção da parte dos cidadãos e turistas

 

3- A tua praça ou rua do coração e o motivo

Piazza della Passera. Mas gosto muito da Piazza della Repubblica, cheia de vida, o coração da cidade

 

4- A palavra ou expressão fiorentina que mais gosta

“Mi garba”, que significa eu gosto (apesar de não usá-la)

 

5- Tem alguma coisa do seu caráter o teu comportamento que se “fiorentinizou” com o passar do tempo?

Um pouco sim. Sempre fui uma pessoa muito aberta e comunicativa. Em algumas situações não recebia o mesmo sorriso e reciprocidade por parte das pessoas. Decidi então fazer como fazem aqui. Sempre sou educada e gentil mas a minha simpatia muda de acordo como sou tratada.  (Explico pra vocês o que acontece e o motivo dessa resposta, já que devido à edição uma parte precisou ser cortada:  às vezes você encontra uma pessoa que já conhece ou entra num local onde frequenta e as pessoas mal te cumprimentam, apesar de te conhecerem.  Se no momento elas estiverem chateadas ou aborrecidas com alguma coisa, simplesmente te ignoram. E no dia seguinte, se tudo vai bem, é aquela festa! Nunca consegui entender esse comportamento)

 

6- Um conselho que daria a uma amigo que, como você, decidesse deixar o país para fazer de Firenze a sua casa?

Compreenda e aceite as adversidades. Respeite as regras, as pessoas, a cultura e o ritmo de Firnze.

 

Tradução: Denya Pandolfi

E para a minha surpresa, a entrevista foi feita também com 2 queridas amigas,  a chinesa Sasha Wang, do blog Stai al Borgo e Georgette Jupe-Pradier, do blog Girl in Florence.

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