Para um casal de nacionalidades diferentes não é nada simples enfrentar as diferenças culturais. Casais com criações e culturas distintas precisam encontrar um equilíbrio que pode significar um importante desafio a ser superado para um relacionamento saudável. E o desafio é ainda maior com a chegada dos filhos: é preciso discutir, aceitar e compartilhar as diferenças, afinal, precisamos considerar a identidade cultural de casa um, as práticas comportamentais e religiosas, os valores e as diferentes tradições. Conversei com algumas brasileiras casadas com italianos para saber como lidam com questão das diferenças culturais no casamento. Duas das 3 entrevistadas são mães, e contam como é a criação dos filhos:
Márcia Alves e Jacopo Torricelli
Márcia e Jacopo com a filha Livia, de 15 anos
1 – Onde e quando se conheceram?
Nos conhecemos em São Paulo, a trabalho há quase 17 anos.
2- Como foi a decisão de morar em Firenze?
Após termos falado bastante a respeito quando nos conhecemos, decidimos juntos que iniciaríamos a nossa vida juntos morando em Firenze.
3- Em algum momento sentiu vontade de voltar a morar no Brasil? Como superou esse período?
No início quando você chega por aqui não é tão facil se adaptar. Quando casamos e decidimos morar no exterior, não mudamos somente de estado civil, mas também de habitos quotidianos varios, alem da distancia de familiares e amigos. Então respondendo a sua pergunta, sim, por varias vezes tive vontade de voltar pra o Brasil. Porém, com o passar do tempo, você vai se adaptando, vai conhecendo melhor seus novos hábitos e no final a gente consegue superar a vontade de voltar pela vontade de permanecer.
4- Existem divergências sociais e culturais entre o casal? Acha que podem ser um obstáculo para o casal?
Sobre essa pergunta, posso te responder um pouco em modo geral, pois eu particularmente, não tive esse tipo de experiência. Então, não sei te dizer. Acredito mais em divergências entre personalidades diferentes.
5- Em relação à educação dos filhos, de que forma as diferenças culturais podem interferir na criação e educação das crianças?
Mais que diferenças culturais aqui entra o fato de cultivar as raízes de cada um dos pais. Ou seja, transmitir sempre aos filhos os detalhes da cultura do pai e da mãe na mesma intensidade. Obviamente que em muitas vezes, os hábitos da cultura local irão prevalecer, porém é muito importante manter sempre presente na vida familiar as duas culturas.
Paloma Monti e Giuseppe Pecchioli
Paloma e o marido Giuseppe com os filhos Benjamin, 9 anos e Teodoro, 5 anos
1 – Onde, como e quando se conheceram? Nos conhecemos em um Pub, o Kikuya, eu trabalhei por um ano lá enquanto estudava, mas só começamos a namorar depois que parei de trabalhar. Eu sempre passava no pub pra comer depois da faculdade e ele quase sempre estava lá!
2- Como foi a decisão de morar em Firenze? Eu decidi antes de nos conhecermos, e ele já morava aqui.
3- Em algum momento sentiu vontade de voltar a morar no Brasil? Como superou esse período? Sim claro, até chegamos a pensar em ir morar lá, mas fizemos a famosa lista dos prós e contras e acabamos decidindo ficar.
4- Existem divergências sociais e culturais entre o casal? Acha que podem ser um obstáculo para o relacionamento? Eu acho que é praticamente impossível não existir divergências sociais e culturais entre qualquer casal, ainda mais de nacionalidades diferentes. Cada família leva uma bagagem diferente da outra, que se junta à outra bagagem, com outras bagagens diferentes! Quem disser que não existem está mentindo! Acho que essas divergências só se tornam obstáculos se permitirmos… é interessante e construtivo conhecê-las e enfrenta-las juntos. Eu as vejo como degrauzinhos que vamos subindo para um maior conhecimento e cumplicidade um com o outro e não como obstáculos.
5- Quais as maiores dificuldades que encontram devido às diferenças e como conseguem superá-las? Acho que com relação à comunicação, estou aqui há 15 anos, falo super fluentemente o italiano e meu marido fala fluentemente português, mas tem sempre alguma sutileza na língua que nos escapa, e pode levar a desentendimentos. O que pra mim em português tem um significado às vezes pra ele em italiano, tem outro por exemplo. Nós superamos discutindo e conversando muito (e com uma dose de terapia também!)
6- Em relação à educação dos filhos, de que forma as diferenças culturais podem interferir na criação e educação das crianças? A gente sempre chega à um ponto comum qualquer seja a diferença. Tentamos fazer isso para que as crianças não se sintam desnorteadas, vendo cada um com uma opinião. E se não conseguimos chegar a um acordo, vemos qual das duas visões é a melhor para os meninos.
Vania e Marco Berbeglia
1 – Onde e quando se conheceram?
Nos conhecemos em Norwich, Inglaterra em Julho de 2013. Em um bar/discoteca que fazia uma noite de música latino-americana.
2- Como foi a decisão de morar em Firenze? Cogitaram a morar em outra cidade ou país?
Moramos na Inglaterra por três anos antes de decidir provar a Itália em 2016. Optamos por Firenze já que meu marido é nascido e criado aqui.
3- Em algum momento sentiu vontade de voltar a morar no Brasil? Como superou esse período?
Em 2010 antes mesmo de conhecer meu marido quando já morava na Inglaterra por 9 anos senti sim vontade de “casa” e quis voltar para o Brasil para morar (para visitar sempre fui 1 vez a cada 2 anos). Em 2011 fui por 10 meses, mas creio que porque me mudei para Inglaterra quando ainda era uma adolescente (18 anos) e minha vida adulta passei lá, inicialmente para estudar e depois trabalhar, descobri que já eram muitas anos de Europa e mesmo que meu coração estivesse no Brasil, principalmente por causa dos meus pais, me sentia em casa na Inglaterra.
4- Existem divergências sociais e culturais entre o casal? Acha que podem ser um obstáculo para o casal?
Nós por sorte não temos muitas divergências exatamente pelo fato de eu ter conhecido meu marido na Inglaterra, por ele ter vivido lá por anos, nós pensamos muito da mesma forma. Mas algumas divergências podem sim, se tornar um peso na vida do casal.
5- Vocês são religiosos? Qual igreja ou religião seguem?
Não somos religiosos, mas gostamos da filosofia de vida encontrada no budismo, mesmo que seja muito difícil colocar tudo em prática.
6- Quais as maiores dificuldades que encontram devido às diferenças e como conseguem superá-las?
No momento não vêm em mente dificuldades específicas, mas superamos nossas divergências com muita conversa, para mim é muito importante deixar o coração falar.
7- Pretendem ter filhos? Acredita que as diferenças culturais podem interferir na criação e educação das crianças e como pretendem superá-las?
No momento não, de qualquer forma penso sim que diferenças culturais podem ter influência na educação das crianças, mas para mim nada que muita conversa entre o casal e a família não ajude!
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A minha paixão pela comunicação e pelo turismo é herança dos meus pais. Adoro viajar para observar e vivenciar as diversidades culturais. Depois que me formei em Jornalismo, passei longa temporada em Londres, um curto período nos Estados Unidos e atualmente vivo em Florença, com meu marido e nossos dois filhos. Desde 2005 sou retail na Ermenegildo Zegna. Busco sempre ver o lado positivo em todas as coisas e prefiro ter por perto aqueles que, como eu, dão mais valor às pessoas do que às coisas materiais.
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