Arquivo da tag: casamento na toscana

A colheita de uvas na Itália

O mês de setembro é um dos mais importantes e esperados aqui na Itália:  é o momento de darmos as boas-vindas ao outono e é também o período da tão esperada vindima, a colheita de uvas para a produção de vinho, um dos costumes mais enraigados na cultura deste país.  E este ano eu participei pela primaria vez de uma vindima, a convite da Villa Medicea di Lilliano, que fica nos arredores de Firenze.

villa-medicea

Esta é a segunda vez que visito a elegante propriedade, que já pertenceu à poderosa família Medici e que tem como proprietários desde 1830 a família Malenchini, que há mais de um século se dedica à produção de vinho e azeite

A área abrange 70 hectares,  circundada de videiras e oliveiras a perder de vista, um cenário verde deslumbrante. E é aqui nas colinas do Chianti fiorentino que  a  renomada vinícola Malenchini, convertida em empresa biológica desde 2014, produz Chianti DOCG, Chianti Colli Fiorentini DOCG, Vin Santo DOC  e o Super Tuscan IGT Bruzzico e produz degustações de vinho e de típicos produtos toscanos.

vendemmia

São 17 hectares de vinhedos, onde são cultivadas uvas Sangiovese, Canaiolo, Merlot e Cabernet Sauvignon

Durante o verão as uvas ganham forma, cor e sabor… e dependendo das condições climáticas e do território, geralmente no início do outono é quando acontece a colheita.

vindima-italia

A vindima se modernizou em muitos aspectos mas ainda é realizada em clima de festa e confraternização. Nesta foto os blogueiros convidados junto ao pessoal que estava realizando a colheita, um grupo de amigos constituído basicamente por rapazes (tinha apenas uma mulher com eles nesse dia)

 

Quem nos acompanhou até os campos onde estava sendo realizada a colheita foi  Diletta Malenchini, proprietária da vinícola, e o gerente, o simpaticíssimo e divertido Eric Veroliemeulen . A  vindima dura cerca de 3 semanas e geralmente acontece no mês de setembro, mas o dia exato depende antes de mais nada das condições climáticas. Para saber se é o momento certo de começar a colher, Diletta nos explicou que utilizam um refratômetro, aparelho que permite medir a quantidade de açúcar da uva. Baseado no resultado,  um agrônomo e um sommelier decidem se é hora de colher os frutos, de acordo com o tipo de vinho que esperam produzir.
vendemmia

Munidos de luvas e tesouras, o nosso grupo de blogueiros participou da colheita das uvas, que por sinal, estavam super doces e saborosas!

 

vindima

Parece diversão, mas é trabalho. Uma coisa é passar uma horinha passeando entre as videiras e fazendo fotos, outra coisa é encarar todo o período da vindima. Falo isso porque algumas pessoas me escreveram dizendo que queriam participar. Para mais detalhes, entrem em contato direto com a administração da Malenchini pois eles oferecem degustações com possibilidade de visitar as plantações

A vindima é uma tradição que faz parte da cultura italiana, que comemora a cada ano o momento da colheita das uvas, que consiste num trabalho manual onde são utilizadas tesouras.  É preciso ter bastante atenção para colher apenas as uvas sadias  (me falaram para observar se as uvas não tinham mofo na parte interna dos cachos. As uvas secas também são descartadas já no momento da colheita).

vinhedo

Diletta e Eric no caminhão carregadinho de uvas, que são super mocinhas e saborosas

dsc_0587

Logo após a colheita, o transporte para a adega é imediato pois o calor que costuma fazer nesse período pode levar a uma fermentação prematura das uvas.

harvest

Num primeiro momento, uma máquina exclui os pequenos ramos e amassa as uvas, que depois é  transportado para a “cantina”, local onde é feito o vinho. Ali acontece a prensagem (pressionam a polpa da uva delicadamente para extrair o sumo). Depois o líquido, chamado mosto,  deve fermentar em tanques de aço inox à temperatura controlada. Ali começa a primeira etapa do processo, que dura cerca de 10 dias e é conhecido como rimontaggio, onde o suco e a casca (que costuma ficar na superfície) são misturados três vezes por dia. Este processo serve para dar cor ao vinho, já que é a casca que dá cor à bebida.  Portanto, saibam que é impossível obter vinho tinto a partir de uvas brancas,  pois suas cascas não apresentam pigmentação necessária para dar cor a um vinho tinto.

wine

Em seguida, acontece o segundo processo de fermentação, que dura cerca de 3 meses e é quando o vinho é é “svinato”: é o momento  de separar o líquido da casca, que são prensadas até que se extraia todo o líquido.   As cascas são prensadas mais uma vez e seguem para a destilaria para se tornar grappa,  uma bebida italiana de alto teor alcoólico, feita por destilação de resíduos de bagaço de uva. Depois desta segunda fermentação,  o vinho pode seguir caminhos diferentes, dependendo do resultado que querem obter. Depois do envelhecimento em barris especiais de madeira  e que podem durar anos (essa etapa é a mais interessante e complexa),  a bebida está pronta para o consumo.

vinho

Alguém ai a fim de uma tacinha direto da fonte? 😉

Depois dessa inesquecível experiência, fomos recebidos na villa, onde nos esperava um almoço especial com delícias da cozinha toscana.  Como é bom confraternizar ao redor da boa mesa!!!

comida-italiana

E não podia faltar a tradicional schiacciata con l’uva, preparada com todo carinho pela senhora Marina Malenchini

A minha amiga Valentina Danielli, que também participou da colheita, conta em seu ótimo blog Too Much Tuscany  sobre a essa experiência, confira aqui o texto dela.

Posts que podem interessar:

Turistas pagam mais caro para consumir

Pratos típicos da Toscana

Agroturismo, uma forma simples e autêntica de hospedagem 

Cappella Brancacci e as obras de Masaccio

Vinci, a cidade do gênio Leonardo

Refeições ao ar livre em Firenze

 

Villa Medicea di Lilliano

No início deste verão participei de um almoço na magnífica Villa Medicea di Lilliano em companhia de algumas blogueiras. Havia recebido um convite deles para participar de um evento promovido em abril e infelizmente na época não pude comparecer.  Mas dessa vez fiquei feliz em poder aceitar o convite para conhecer o local e participar de uma cooking class capitaneada por Emiko Davies, que é food-blogger e fotógrafa, e apresentou seu livro e preparou um almoço regado de pratos típicos da cozinha toscana.  A Villa di Lilliano fica perto de Bagno a Ripoli, a 20 Km ao sul de Firenze. E imaginar que em apenas 15 minutos a gente deixa o centro de Firenze e de repente se encontra num lugar tão tranquilo, romântico e pitoresco. Nada mais prazeroso do que iniciar a temporada de verão assim! Vou contar aqui sobre a minha experiência neste lugar de sonhos:

DSC_0288

Esta foi uma das villas que pertenceram à uma das famílias mais influentes da Toscana, a Médici, família de banqueiros que patrocinou escritores e artistas marcando o início do movimento renascentista.  A villa já foi de propriedade de outras famílias tradicionais e desde 1830 pertence à família Malenchini. Desde o início desde ano o local funciona como resort para os que buscam hospedagem exclusiva em uma das villas do complexo e principalmente despontando como cobiçado location para a realização de festas de casamentos, além de desfiles e eventos.

casamento-toscana

Cenário encantador para festas de casamento!

Fomos recebidas pelo gerente da villa, o simpático Eric Veroliemeulen, e pela proprietária Diletta Malenchini, que nos acompanharam por um tour à villa principal, a La Corte, que tem 5 quartos, elegantes salões, biblioteca e uma capela.

DSC_0290

A sala oriental

 

DSC_0284

A capela da villa. Olhem o piso como é divino, é maiólica de Cantagalli original

 

Villa-Medicea-di-Lilliano

Ao fundo a fonte realizada pelo arquiteto Giovan Battista Foggini. Esta é a obra-gémea da fontedo Giardino di Boboli de Firenze

Os jardins são esplêndidos, com plantas e vasos de frutas cítricas simetricamente colocados na passarela que conduzem até a fonte. Todo o território abrange uma área de 70 hectares, com oliveiras e videiras que integram a paisagem das colinas do Chianti, onde são cultivadas uvas para a produção do Chianti, Chianti Colli fiorentini, o Super Tuscan Bruzzico e Vin Santo del Chianti (inclusive o local oferece degustações de vinho mesmo para os visitantes que não estão hospedados nas villas), além do azeite de oliva. Uma horta com diversas espécies de ervas e legumes complementam o cenário. Tudo de acordo com a agricultura orgânica.

destination-wedding

Depois de um passeio pelos jardins fomos até o terraço, de onde é possível contemplar uma vista da cidade de Firenze de tirar o fôlego! E Emiko nos presentou com uma saborosa torta de maçã.

DSC_0307

 

Depois da degustação da torta de maçã com essa vista privilegiada, fomos para a cozinha da villa começar a preparar o nosso almoço. Apenas chegamos à cozinha, suspiros de “ohhh”, tamanha beleza do ambiente.

 

DSC_0322

Fiquei maravilhada com essa cozinha!

DSC_0325

Emiko Davies é filha de japonês e australiano e depois de ter vivido em diferentes países, escolheu a Toscana para viver. Ou a Toscana a escolheu? Aqui ela conheceu seu atual marido, que é sommelier e dá sempre aquele apoio e assistência para preparar suas receitas.   Na ocasião Emiko, que é um doce de pessoa,  apresentou sua mais nova obra, o livro Florentine: the True Cuisine of Florence. O livro é um deleite, com fotos espetaculares dos pratos típicos da cozinha toscana, com foco na culinária  florentina.

emiko

Hora de começar a cozinhar: Emiko distribuiu a materia- prima e dividiu as tarefas para os participantes do evento:  Nardia Plumridge, do blog Lost in Florence, Valeria Necchio, do Life Love Food, Julia Spiess, do Dinners with Friends, Ilaria Gori, do Tuscany Buzz e Irene Berni, do Valdirose,

Para começar, crostini com lardo di Colonnata e mel, para ir abrindo o apetite da turma! ,)

DSC_0336

 

DSC_0333

A querida Nardia começando a preparar a massa

O processo para preparar a massa para o ravioli é simples mas exige paciência. Emiko apresentou ravioli  com pera e queijo. Super delicados e deliciosos!!!

DSC_0355

Na sequência, panzanella, um prato típico do verão, que é feita com pão toscano dormido amolecido na água, tomate, pepino, manjericão e cebola roxa.  Eu torcia o nariz porque não conseguia entender essa coisa de pão velho amolecido na água, até que experimentei esse prato, que é geralmente servido com o um primo, e adorei! Ja estou preparando um post sobre os pratos toscanos e tem a panzanella como uma das especialidades aqui da terrinha.

DSC_0345

Irene, eu, Valeria, Emiro e Julia

villa-lilliano

DSC_0362

E para sobremesa, bombolone e Vin santo. Comi apenas um bombolone e sonhei com ele por alguns dias… é impressionante como apesar de ser fritura, apresentava uma massa tão leve e delicada.

string_lights_villa_di_liliano_1

Os jardins preparados para uma festa de casamento… uma beleza! (foto divulgação, por weddingmusicandlights)

 

villa-lilliano-italia

A piscina da villa, indispensável nesses dias de calor intenso aqui na Toscana (foto divulgação)

Grazie Emiko, Nardia, Eric e Diletta pelo carinho e dedicação em nos apresentar a villa e as maravilhosas receitas.

20 atrações grátis em Firenze

Dicas de Firenze

A Igreja de Santa Croce