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Urbino, joia do Renascimento

Assim como a maioria das cidades universitárias, Urbino, na região Le Marche (Marcas, em português),  tem uma atmosfera descontraída e um ritmo envolvente. A cidade é bem pequena e tranquila, tem pouco mais de 15 mil habitantes. Cheia de ladeiras, com lojinhas de artesanato, barzinhos e restaurantes bacaninhas, seu fascínio está, principalmente, em seu cenário renascentista preservado por séculos. Urbino é um dos centros artísticos e turísticos mais importantes da Itália e foi construída para ser a cidade ideal do Renascimento.  O pequeno burgo fica na região de Montefeltro, província de Pesaro-Urbino. Foi ali que nasceu o artista Raffaello Sanzio, um dos mais célebres pintores e arquitetos do Renascimento.

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Urbino ainda conserva as muralhas que defenderam a cidade de invasores durante séculos. Urbino foi declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1998

 

Urbino

Ainda nos dias de hoje Urbino conserva intacto grande parte de seu patrimônio arquitetônico da época do Renascimento

A natureza que a circunda faz contraste com suas construções seculares em pedra.  A cidade é bem organizada, sossegada e os moradores são simpáticos e gentis. E mais uma forte razão para você visitá-la: não faz parte das principais rotas turísticas italianas.

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A cidade é repleta de palácios e obras medievais. Fiz esta foto da Fortaleza Albornoz, conhecida como La Fortezza, que foi construída no século 14. Este é o ponto mais alto de Urbino de onde é possível admirar toda a cidade

 

História – A cidade deve muito do que é a Federico di Montefeltro. Ele assumiu o governo de Urbino com apenas 22 anos e durante o seu reinado, de 1444 a 1482,  fez com que a sua cidade se tornasse um importante centro econômico e cultural do Renascimento. Nobre culto e de bom gosto, o duque queria que a sua cidade superasse em beleza tantas outras residências senhoris da época e  queria transformá-la na cidade ideal do Renascimento.  Ele incentivou muitos artistas plásticos e patrocinou a formação do pintor Rafael Sânzio.

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Tudo em torno ao Palácio Ducale, a maior atração da cidade. Na foto maior parte da igreja, depois a praça Duca Federico que possui em seu redor alguns bares e restaurantes e Oratório Di San Giovanni visto da janela do Palazzo Ducale

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O Pátio do Palácio Ducale, que é um dos mais interessantes exemplos arquitetônicos e artísticos do Renascimento. O duque Federico di Montefeltro era amante das artes e da literatura e investiu no mecenato cultural hospedando aqui no palácio os artistas e dando-lhes possibilidade para trabalhar.

 

Por sua exigência foi construído o monumental Palazzo Ducale, que é na verdade uma pequena cidade fortificada, com uma área de 20 mil metros quadrados. Foram mais de 30 anos de construção, que começou em 1444, e por onde passaram diversos arquitetos. A obra é a expressão máxima da sua vontade de transformar Urbino na cidade ideal do Renascimento.
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Acima, a notável obra a Cidade Ideal, depois A Flagelação de Piero della Francesco e por último a obra Santa Caterina, de Raffaello Sanzio

 

O Palazzo Ducale abriga a Galleria Nazionale delle Marche, com cerca de 80 salas, onde podemos admirar obras de Raffaello, Tiziano e Piero della Francesca. São afrescos,  esculturas, pinturas, medalhas e desenhos. Para os amantes de obras de arte renascentistas um verdadeiro deleite! O ingresso custa 5 euros.
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Como Urbino é cidade universitária os jovens estudantes estão por todos os lados

 

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Perto do Palazzo Ducale fica a imponente Catedral de Urbino

 

A Catedral Santa Maria Assunta, vista da piazza do Rinascimento

 

A Piazza della Repubblica, repleta de bares e cafés, é outro ponto movimentado da cidade

 

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Registro em família do nosso passeio pelas ruelas do centro histórico, que é um charme!

 

Crescia Urbino

Dentre os produtos típicos locais estão o funghi, tartufo, passatelli. Eu experimentei a crescia, que parece um panino e você pode escolher o recheio. A minha era com salsicha e espinafre. E um copinho de vinho tinto para acompanhar

 

Raffaello Sanzio  nasceu em Urbino no dia  6 de abril de 1483

Casa de Raffaello – na foto abaixo está a casa onde nasceu o pintor, em 1483. Fica no centro numa rua que concentra muitos artesãos. O artista viveu ali os primeiros anos de seu treinamento artístico na escola de seu pai, Giovanni Santi, também pintor reconhecido, que  atuava na corte de Federico de Montefeltro.

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Uma das atrações da cidade é visitar a casa de Raffaello, que fica na via Raffaello, 57. O ingresso custa 3,50 euros

Depois da morte de Rafael, a casa passou aos herdeiros Ciarla e Vagnini, que as dividiu entre eles.  Em 1635,  o  arquiteto de Urbino Muzio Oddi, que morava ao lado,  comprou uma parte da antiga residência e restaurou o edifício, anexando-o à sua casa. Em 1873  o prédio foi adquirido pela Academia Raffaello que ganhou vida graças ao patrocínio do nobre  londrino John Morris Moore.

 

Graças ao interesse da Academia, ao longo dos anos a casa foi enriquecida com inúmeras obras de arte, resultado da generosa colaboração de cidadãos e instituições públicas. Em seu interior são exibidas pinturas, esculturas, cerâmicas e móveis de madeira.

 

Afresco realizado por Rafael provavelmente em 1497 e conservado na Casa Raffaello, Madonna con il Bambino

 

Raffaello Sanzio – Raffaello (1483 – 1520),  está entre os artistas italianos mais famosos do mundo. Raffaello passou sua infância nessas redondezas e formou-se na bodega de seu pai, artista que trabalhava para Federico di Montefeltro. Suas obras estão presentes em várias cidades italianas, como Roma e Florença. Muitos museus internacionais também possuem algumas pinturas do mestre.  Rafael retratou a estetica renascentista e fez diversas pinturas de madonas, com toque de sofisticação e notável expressão da anatomia humana.

No Museu Uffizi existe uma sala dedicada ao pintor, onde estão  preservadas algumas obras muito significativas. As obras de Rafael estão expostas também na Galleria Palatina do Palazzo Pitti.  Rafael viveu 4 anos na cidade, entre 1504 e 1508. Rafael morreu em Roma, no auge de sua carreira,  no dia 6 de abril de 1520, dia em que completaria 37 anos. Ele foi enterrado no Panteão.

Agnolo Doni e Maddalena Strozzi (1504 e 1506), também no acervo do Museu Uffizi