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A Itália e as roupas no varal

Difícil ficar indiferente a um varal de roupas secando nas sacadas e balcões das casas e apartamentos aqui da Itália. Um choque cultural para nós, brasileiros. Ou vai dizer que não tem preconceito? Fato é que, por diversos motivos,  estender ou secar roupa nas áreas externas é um costume impensável e estritamente proibido na maioria dos prédios, pois para os brasileiros está associado à desordem, pobreza e  provincianismo.
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Mas aí você muda de país, adquire outros hábitos, costumes e conceitos… E isso passa a ser normal. E percebe que alguns costumes pertencem e combinam tão bem com determinados locais.  Se a pessoa não admira,  que ao menos respeite. E um fator super importante: deixando de lado as secadoras e preferindo  secar roupas ao ar livre significa também economia e sustentabilidade. 
Roupas no varal são comuns não apenas nos pequenos burgos, mas também nas cidades maiores. Na foto abaixo, a cidade de Siena. Portanto, prepara-se para ver roupas penduradas por todos os lugares  onde passar.
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As roupas no varal fazem parte de diversos cenários italianos

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O post de hoje é uma ode à liberdade de secar e exibir ao vento as nossas peças, inclusive as íntimas.  E agora que o frio está indo embora é que as cidades ficarão ainda mais coloridas.
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Quem nos segue no Instagram já reparou que temos grande simpatia e atração por varais ;). E vocês, também gostam? Se ainda não segue, aqui vai perfil:  @grazieateblog

 

Vino sfuso

A Itália tem uma variedade enorme de vinhos que podem ser adquiridos em restaurantes, supermercados ou nas várias bodegas espalhadas por todo o território. Mas existe uma outra forma de adquirir o produto que eu não conhecia até vir morar aqui: comprando praticamente direto do consumidor, nas lojas especializadas que representam diversos rótulos, com um toque artesanal e a um preço bem mais acessível. Este é o vino fuso (vinho não engarrafado).

 

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Funciona da seguinte maneira: você leva a sua própria garrafa, escolhe o vinho de sua preferência entre a infinidade de possibilidades armazenadas nos barris e paga um valor muito mais em conta do que se fosse comprar o produto engarrafado  em outras prateleiras. Uma maneira interessante e econômica de experimentar os vinhos da regiāo e uma boa pedida para acompanhar as refeições do dia-a-dia.

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Vinhos a um preço mais baixo. O vino sfuso é vendido a “granel”

O vinho sfuso é tradicionalmente conhecido como o que vem de uvas de qualidade inferior, para serem consumidos frescos e mais rapidamente, pois não contêm conservantes. O melhor da seleçāo das uvas vai, sim, para as garrafas, mas isso nāo significa que você nāo vai encontrar excelentes vinhos nas casas que oferecem sfuso.

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O vinho armazenado é retirado dessas máquinas que lembram aquelas de chopp

A forma de conservaçāo é um fator importante e em todos os estabelecimentos existem máquinas que ajudam a manter o vinho nas temperaturas ideais.

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Ecologicamente correto – o cliente leva as suas próprias garrafas, de 1, 2 ou 5 litros e escolhe o vinho que quiser para levar pra casa. Mas os estabelecimentos também disponibilizam embalagens descartáveis de papel e de vidro

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Atualmente existe uma enorme variedade de sfuso, incluindo prosecco sfuso e rosé sfuso, todos a preços bem acessíveis

Muito comum encontrarmos o vino sfuso sendo vendido como o vinho da casa (house wine ou vino della casa) nas trattorias e pizzarias locais.

 

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Geralmente os locais vendem também produtos típicos toscanos como as saborosas geleias que podem ser combinadas aos diversos queijos italianos, conservas e os patês para preparar os famosos “crostini” – delícia pura!

 

O italiano Andrea Dellacasa do blog Gli Amici del Bar expõe o seu ponto de vista que nos ajuda a compreender a paixāo dos apreciadores deste costume: “São tradições que não se perdem no tempo, aliás, muito frequentemente vêm reforçadas. Sempre me pergunto o que leva as pessoas a comprarem vinhos para serem engarrafados ao invés de preferir a cômoda, prática e já pronta garrafa. Certamente o aspecto econômico é o fator determinante, pois alguns frascos custam cerca de um euro. Mas me convenci que não é apenas isso,  acredito que tenha algo implícito que vá além do contexto financeiro. Talvez a vontade de continuar ligado às lembranças, a um tempo que passou ou à ideia genuína de engarrafar o vinho de forma caseira. E precisamos considerar que o vinho que você mesmo engarrafa pode ser considerado muito mais o teu próprio vinho”.