Arquivo mensais:março 2025

Exposição Caravaggio 2025, em Roma

Caravaggio é um dos meus artistas preferidos e é claro que eu não podia perder a sua exposição que está acontecendo em Roma,  com obras-primas icônicas! Essa é a mais importante exposição dedicada ao artista, um dos mais célebres pintores barrocos.

Caravaggio 2025, uma celebração do gênio revolucionário do artista

Inaugurada no Palazzo Barberini por ocasião do Jubileu 2025, a exposição Caravaggio 2025 é apresentada pelas Gallerie Nazionali di  Arte Antica em colaboração com a Galleria Borghese. A exposição, com 24 obras do artista, tem curadoria de Francesca Cappelletti, Maria Cristina Terzaghi e Thomas Clement Salomon e pode ser visitada até o dia 6 de julho de 2025.

As obras estão dispostas em ordem cronológica, sendo que a exposição inicia com “Rapaz Descascando Fruta”, realizada entre 1592 e 1593, logo após sua chegada em Roma

O objetivo da exposição é oferecer uma reflexão nova e aprofundada sobre a evolução artística de Michelangelo Merisi, conhecido como Caravaggio (1571 – 1610). Antes mesmo de ser inaugurada, no último dia 7 de março,  mais de 60  mil ingressos já tinham sido vendidos.

Detalhe da obra Marta e Maria Madalena

Algumas obras que pertenciam à família Barberini e que foram adquiridos por outros museus, retornam à Roma para a exposição.

Os Trapaceiros, que faz parte do acervo do Kimbell Arte Museum, em Fort Worth

 

Os Músicos, do Metropolitan Museum de Nova York

 

Obra “A Adivinha”, da Pinacoteca Capitolina de Roma

A exposição reúne as três pinturas encomendadas pelo banqueiro Ottavio Costa: Judite e Holofernes, que faz parte do acervo do Palazzo Barberini), São João Batista, do Museu Nelson-Atkins de Kansas City  e São Francisco em Êxtase, do  Wadsworth Atheneum, de Hartford, Estados Unidos.

São Francisco em Êxtase, primeiro exemplo de obra sacra executada pelo artista em Roma

 

Santa Caterina d’Alessandria, do Museu Thyssen-Bornemisza de  Madrid, vestida com roupas da época

Caravaggio é conhecido por seu uso inovador da luz e pela escolha de seus modelos. Ele não  se limitava a retratar nobres ou figuras ilustres, mas utilizava também pessoas pertencentes às classes sociais mais humildes para suas pinturas religiosas.

Da obra  Judith e Holofernes: expressividade e detalhes que impressionam

A exposição é dividida em quatro salas temáticas, com as obras apresentadas em um período cronológico de aproximadamente quinze anos, desde sua chegada a Roma, em 1592 – seus deslocamentos nesta época não são exatos –  até sua morte em Porto Ercole, em 1610.

Essa obra  é A Flagelação de Cristo, do Museu  de Capodimonte, de Nápolis

Difícil ficar indiferente diante da dramaticidade e do realismo que exprimem, onde o uso da luz ganha tanto destaque.

A primeira versão de “A Conversão de São Paulo”, coleção privada

A exposição é imperdível, uma oportunidade única de ver tantas pinturas de Caravaggio reunidas!

Davi com a Cabeça de Golias, que é o autorretrato de Caravaggio, do acervo da Galleria Borghese de Roma

Mas gostaria de destacar alguns pontos que achei negativos. O primeiro é que o espaço é pequeno para o grande número de visitantes. Os ingressos são vendidos por faixas horárias. E outros pontos:  o sistema de iluminação – é quase irônico falar de iluminação numa exposição de Caravaggio –  mas algumas telas sofrem com os reflexos (talvez fossem necessários espaços maiores)  e as legendas, com letras pequenas, ficam muito próximas às obras e a sombra dos visitantes  que se aproximam para ler, acaba interferindo nos quadros.

As telas estão expostas na altura dos olhos, o que é uma questão positiva. O único porem, é driblar a grande quantidade de pessoas diante das telas

Mas vale muito a pena visitar a exposição, que  reúne um número extraordinário de obras autografadas de Caravaggio,  unindo obras-primas famosas com pinturas raramente vistas, de coleções privadas e novas descobertas. Uma viagem extraordinária através de suas obras!

 

A exposição, que vai até o dia 6 de julho, está acontecendo no Palazzo Barberini, um dos lugares simbólicos da conexão entre o artista e seus patrocinadores

É necessário adquirir com antecedência os bilhetes, que são nominativos. O bilhete para a exposição custa 18 euros.

Caravaggio 2025

7 de  março  – 6 de julho 2025

Galleria di Arte Antica –Palazzo Barberini, Roma

 

Cenáculo de Ognissanti de Florença

Florença guarda preciosos tesouros não muito conhecidos do grande público, como  o  afresco  da Última Ceia, realizado por Domenico Ghirlandaio  em 1480 para o refeitório do Convento de Ognissanti, que muito provavelmente foi uma base importante para Leonardo da Vinci realizar a sua “Última Ceia”, no refeitório do convento de Santa Maria  delle Grazie em Milão.

Cenáculo de Ognissanti: a Última Ceia  do refeitório da Igreja de Ognissanti, foi afrescado em 1480 por Domenico Ghirlandaio. Este é um dos muitos afrescos de grande valor que adornam os refeitórios dos conventos das principais ordens da cidade de Florença

O  Cenáculo com o afresco da Última Ceia de Domenico Ghirlandaio encontra-se no complexo de San Salvatore in Ognissanti, fundado pela Ordem dos Humilhados no século 13.

Colocado na parede do fundo, o grande afresco cria um poderoso jogo ilusionístico, ajudando a ampliar a arquitetura da sala

Uma das características mais fascinantes deste cenáculo é a atenção obsessiva aos detalhes. Ghirlandaio, que foi o mestre de Michelangelo, era conhecido por  realismo, o que é evidente nos rostos e  nas roupas dos personagens retratados.  Sua interpretação é natural  e  também cheia de simbolismo, tão  importante aos homens do Renascimento.

Riqueza de detalhes na Ultima Ceia de Ghirlandaio: Jarras, copos e alimentos estão bem delineados sobre a mesa com detalhes preciosos na toalha de mesa bordada

Depois da enchente de 1966, o afresco foi removido e restaurado. E devido  ao restauro,  veio à tona a sinopia , ou seja, o desenho preparatório, que encontra-se exposto  no local.  No ex-refeitório  ainda estão conservadas  também as antigas pias.
O  acesso ao Cenáculo é  pelo pátio,  com afrescos do século 17  representando as Histórias da Vida de São Francisco.
O convento fica ao lado da igreja de Ognissanti, na Praça de Ognissanti,  e  a entrada é gratuita.
 

Fuori di Taste, o rico calendário de gastronomia de Florença

Os Jardins de Boboli de Florença

Os Jardins de Boboli constituem a maior área verde monumental de Florença, abrangendo uma área  de mais de  45 mil m2 . O jardim à italiana, com plantas e estátuas, foi um  projeto realizado por Tribolo e Giulio e Alfonso Parigi entre 1550 e 1620.  É o verdadeiro pulmão verde no centro histórico da cidade repleto de esculturas e fontes.

Boboli

O jardim foi realizado após a escavação do terreno e o Palazzo Pitti foi construído com a pietraforte retirada do jardim

O jardim, junto ao Palácio Pitti,  foi adquirido por Eleonora di Toledo, Duquesa de Florença, esposa de Cosimo I de’ Medici, em 1550.  Atraída pela grande área verde, a duquesa buscava contato com a natureza e uma vida mais saudável.

O jardim foi projetado por Niccolò Pericoli, mais conhecido como Tribolo, artista que já havia demonstrado suas habilidades ao criar os jardins das vilas Medici de Castello e Petraia. No entanto, foi Bartolomeo Ammannati quem concluiu as obras após a morte prematura de Tribolo. Os jardins sofreram outras  modificações   nos séculos  18 e 19.

 

Do Palazzo Pitti: vista para o anfiteatro e a Fontana del Carciofo

 

O anfiteatro é a parte mais antiga do jardim

As primeiras óperas da história foram celebradas no anfiteatro localizado nos Jardins Boboli.  Este anfiteatro foi construído aproveitando a cavidade formada pela extração da pedra usada para erguer o edifício. Ao centro fica o obelisco egípcio em mármore , de  6, 34m de altura,  monumento mais antigo da Toscana, de 1500 AC e que chegou à Florença no final do século 18, proveniente de Roma.

Boboli

Os Jardins de Boboli – Os Medici criaram um modelo de jardim italiano que se tornou um exemplo para muitas cortes européias

A grande área verde constitui um verdadeiro museu a céu aberto,  repleto de estátuas antigas e renascentistas.

No Isolotto, com passarelas, estátuas e fontes. Ao centro, a Fonte do Oceano, com esculturas de Giambologna

Os Jardins de Boboli se estendem ao longo da parte de trás do palácio e são um dos exemplos mais importantes de  jardim à italiana do século 16.

A história do jardim tem mais de 4 séculos. O projeto de ampliação deu-se quando Cosimo I encomendou o projeto à Tribolo, em 1549.

 

boboli

A área é repleta de estátuas romanas e renascentistas antigas. Os Medici criam um modelo de um jardim à italiana que se tornou exemplar para muitas cortes da Europa

 

O Kaffeehaus projetado por Zanobi Del Rosso e construído em 1776, no governo dos Lorena. É um dos poucos exemplos de arquitetura rococó que encontramos em Florença

 

Ao longo dos séculos, foram realizadas obras de expansão para tornar o jardim ainda mais grandioso com a criação de avenidas, labirintos e fontes com sistemas esculturais.

A família Medici tinha  uma verdadeira paixão por frutas cítricas, tanto que cultivavam espécies diferentes e exóticas  e acabaram difundindo esse costume  por toda a Toscana. A limonaia ou Stanzone degli agrumi é um dos edifícios mais característicos dos Jardins de Boboli, e ainda é usado para abrigar  diversas espécies de limoeiros,  descendentes das coleções Medici.

limonaia

A Limonaia foi construída a pedido do Grão-Duque Pietro Leopoldo de Lorena entre 1777 e 1778 e foi projetada por Zanobi del Rosso . Era o local onde eram guardados os limoeiros nos meses de inverno

Depois dos Medici, as dinastias subsequentes Lorena e Savóia enriqueceram ainda mais a estrutura, expandindo os limites que alinham as antigas muralhas da cidade até a Porta Romana.

 

 

Na área do jardim encontramos a Grotta Grande, também chamada de Gruta Buontalenti, que é do século 16  e que representa a parte terminal do famoso Corredor Vasariano , , realizado em 1565, solicitado por Cosimo I Medici com a intenção de conectar o Palazzo Vecchio, com o Palazzo Pitti.

 

A Gruta Buontalenti, desenhado por Bernardo Buontalenti a pedido do Grão-Duque Francesco, é um dos cenários mais espetaculares e sugestivos dos Jardins Boboli. Foi realizada entre 1583 e 1593

Em março de 2025, o jardim ganhou 350 cadeiras distribuídas por todas as suas áreas externas.