Há alguns meses vocês puderam conferir entrevistas onde o tema abordado foi namoro à distância, com o relato de brasileiras que contaram como fizeram para driblar e manter um relacionando à distancia. E dando continuidade às entrevistas, no post de hoje o assunto é “Trabalhar na Itália”, com o depoimento de algumas pessoas que compartilham suas experiências com os leitores do Grazie a Te. Alguns dos entrevistados ja possuíam cidadania e outros chegaram aqui e precisaram solicitar um permesso di soggiorno, que é autorização de residência, documento emitido pela Polizia di Stato (na questura) que concede a permanência legal de estrangeiros aqui na Itália por um período superior a 90 dias. A validade do permesso di soggiorno varia de acordo com cada caso e o mesmo precisa ser renovado.
Para trabalhar na Itália
Antes de conferirmos as entrevistas, apenas alguns esclarecimentos: não é necessário visto para entrar na Itália mas os brasileiros (que não possuem cidadania italiana) precisam de uma autorização para ficarem no país por mais de 90 dias, que é conhecida como permesso di soggiorno, concedido também para quem vem estudar. E a licença para os brasileiros que querem trabalhar legalmente é solicitar o permesso di soggiorno per motivo di lavoro. Para mais esclarecimentos em relação à permanência de brasileiros aqui na Itália, confira aqui no site do Consulado-Geral do Brasil em Roma quais são as dúvidas mais frequentes dos brasileiros. E no Trabalho na Italia vocês poderão obter muitas informações úteis sobre o assunto.
Salário
Aqui na Itália não existe salário mínimo fixo e a remuneração varia de acordo com a região italiana Os valores são determinados de acordo com o tipo (categoria) de emprego. A média para empregos que não exigem qualificação formal é de 1.100 euros por mês. Para quem tem qualificação técnica a media é de 1.4oo e para setores que exigem formação superior a media é entre 1.500 euros e 5 mil euros por mês. Os contratos podem ser a tempo determinado (com um tempo de duração estipulado, podendo ser prorrogado) ou indeterminado (efetivo). Na Itália, além do 13 º salário, existe também o 14º (benefício não previsto por lei, mas acordado entre as partes).
Vamos agora conferir os depoimentos:
Palova – A gaúcha Palova Oselame Valenti é de Bento Gonçalves e divide seu tempo entre Florença, onde passa cerca de 8 meses por ano, e o Brasil, para onde embarcou na semana passada para estar perto da família. A entrevista com Palova foi feita há algumas semanas, quando ela estava ainda trabalhando numa agência de viagens. O amor à Firenze a traz pra cá todos os anos! “Morar aqui é magico, é como se eu estivesse em outra dimensão, aqui tudo me inspira”. A Palova tem um canal no Youtube onde ela compartilha as suas experiências.
1- Motivo que te trouxe para Firenze e desde quando vive aqui?
Eu tive uma desilusão amorosa e como amo a Itália decidi curar ela cum um curso de italiano de um mês em Florença e um mês viraram 4 anos! Eu não sabia que eu tinha tanta arte, arquitetura e pintura na minha veia… eu vim pra cá pela primeira vez em 2013 e falei: preciso morar aqui! A minha vida era mais fácil nos Estados Unidos, onde morei por muitos anos. Mas sou apaixonada por essa cidade.
2- Você trabalha? Como conseguiu emprego?
Este é o meu quarto ano na Itália porém todos os anos eu vou pro Brasil e fico 5 meses, então pra mim é sempre um recomeço, porque todas as vezes que volto pra cá tenho que procurar emprego de novo. Nos outros anos foi mais fácil, algum conhecido meu sempre indicava alguma coisa que acabava dando certo, mas esse ano foi mais difícil. Fiquei 3 meses procurando alguma coisa, e já era alta estação, ou seja, muitos turistas, sem considerar que é a melhor época pra encontrar um emprego! O importante também é falar inglês já que pelo menos aqui onde moro o inglês é muito usado!
4- Como brasileira, como é possível trabalhar aqui? Como você fez?
Eu sou brasileira mas sou também cidadã italiana, então nunca tive problema.
5- Você está satisfeita com seu trabalho?
Já trabalhei de camelô, já limpei casa, já fiz serviços garçonete e agora estou nesse emprego na área do turismo. Estou satisfeita sim, embora o salário seja um pouco baixo, mas eu foco sempre no meu amor por Florença, então eu faço o que precisar pra ficar aqui!
5- Qual a média de seus gastos aqui em Firenze?
Pago 380 por um quarto em um apartamento no centro historico, 15 reias pro meu celular e digamos que mais 300 entre comida e outras coisas. Não tenho carro nem bicicleta, ando por tudo a pè e quando preciso uso transporte público.
7- Acha que é um momento difícil para conseguir emprego aqui em Firenze?
Depende da área, mas acredito que sim. Onde trabalho, muitas pessoas vem deixar o currículo. É muito importante saber falar italiano e também o inglês.
8- Quais são as principais diferenças entre o setor de trabalho italiano e brasileiro?
Morei 11 anos nos Estados Unidos e há 15 anos estou fora do Brasil, não saberia responder a essa pergunta. O que me espanta aqui na Italia é a falta de treinamento quando a pessoa começa a trabalhar. Praticamente tu tem que aprender as coisas por ti mesmo, porque eles não explicam muito o que tu terá que fazer.
Carolina – Carolina Kfouri é de Guaratinguetá (SP) e mora em Firenze há 2 anos com a filha Ana Clara, de 13 anos. Depois de um período em Milão, ela voltou para Firenze e há cerca de 2 meses conseguiu emprego para gerenciar uma agência de turismo no centro de Firenze. Carol é youtuber e faz muitos vídeos contando sobre o seu lifestyle e mostrando um pouquinho da cidade.
1- Motivo que te trouxe para Firenze e desde quando vive aqui
Havia estudado por um mês em Londres e cismei que iria me mudar do Brasil. Fiquei encantada com a organização da cidade em todos os sentidos mas o visto pro Reino Unido era muito mais difícil do que pra vir pra Itália então decidi vir pra cá justamente por poder trabalhar.
2- Quem entra com vista de estudo pode trabalhar? Explique como vc fez.
Sim, pode trabalhar até 20 horas semanais. No meu quarto mês aqui entreguei alguns curriculuns e no mesmo dia fui chamada pra ser hostess em um restaurante na Piazza della Repubblica, bem tradicional e com uma pizza de dar água na boca.
3- Como brasileira é possível trabalhar aqui?
7- É mais fácil juntar dinheiro aqui ou no Brasil?
8- Dica para brasileiros que querem deixar o Brasil para virem trabalhar aqui.
Façam um planejamento coerente. Tenho um canal no youtube onde ajudo a brasileiros que pretendem deixar o Brasil e às vezes recebo algumas perguntas que “mamma mia”, fico pensando como uma pessoa pode cogitar ir embora do próprio país sem o mínimo de cautela ou organização.
Nemuel – Nemuel de Souza Viana mora há 11 anos na Itália e há 5 veio para Firenze, onde trabalha na Mercado do Porcellino, geralmente das 8.30 às 19h. A decisão de sair do Brasil não foi dele: “meu pai é pastor da igreja e como ele e minha mae estavam aqui eu também vim, na época eu tinha 16 anos. Eu não queria vim de jeito nenhum, todos os meus amigos estavam no Brasil, mas agora me acostumei”. Depois de alguns anos conheceu a atual esposa, também brasileira, e acabou se habituando com o ritmo de vida daqui. Segundo Nemuel eles vivem bem aqui na Itália, apesar de trabalharem bastante.
1- Por que você saiu do Brasil?
No início não queria ter vindo, eu tinha 16 anos, era jovem. Não foi uma escolha minha. Vim porque meus pais vieram devido à igreja.
2- Como conseguiu permanecer regularmente na Italia?
Como meus pais já estavam aqui, o meu tipo de visto foi ricongiungimento familiare. Quem tem parente aqui pode pedir esse tipo de visto. Foi a partir daí que regularizei a minha situação e depois pude trabalhar. Meu primeiro emprego foi aos 18 anos, quando ainda morava em Viareggio. Antes de vim pra Firenze morei um tempo em Certaldo.
3- Qual tipo de contrato você tem?
Atualmente meu contrato é por prazo determinado. Deixei o emprego em outra banca com contrato a tempo indeterminado porque recebi uma proposta melhor e resolvi arriscar. Agora tenho contrato a tempo determinado mas com grande possibilidade de ser renovado.
4- Quantas horas por dia trabalha?
Trabalho cerca de 11 horas por dia e tenho apenas um dia de folga, sempre no domingo.
5- Consegue juntar dinheiro aqui?
Consigo. A minha esposa Edilaine também trabalha (na casa de uma senhora ajudando nos afazeres domésticos)
6- Quanto ja conseguiu receber por mes trabalhando no mercado?
No verão, fazendo hora extra, já cheguei a receber 2.200 euros
7- Você encorajaria outros brasileiros em busca de trabalho e oportunidade a virem pra cá?
Se a pessoa tiver garra, sim. Nem todos que chegam aqui dão sorte de conseguir logo trabalho.
8- Está satisfeito com seu trabalho ou busca algo diferente?
Eu gosto muito de música. Estou estudando e tenho projetos. Espero conseguir atuar nesse setor.
Marcella– A cariocaMarcella Cardoso Vieira Gomes veio estudar em Firenze há 4 anos e se encantou com a cidade. Formada em Publicidade, ela trabalha na Aquaflor, uma butique artesanal de perfumes mas seu salário não basta, já seus gastos giram em torno dos 3 mil euros por mês, portanto ela conta com o suporte da família.
Eu vim para Firenze em 2012 para estudar. Fiz curso de italiano, História da arte e Fotografia no primeiro ano. Eu já conhecia Firenze mas me apaixonei pelo estilo de vida e decidi me mudar. Como tenho dupla cidadania não foi um problema. Já era formada em Publicidade quando cheguei e então decidi continuar os estudos, fiz pós em Hotelaria, Marketing Digital e curso de sommelier.
8- O que almeja profissinalmente aqui em Firenze?
Roberto – O carioca Roberto Ferreira Gomesvive em Firenze desde 98. Veio pra cá incentivado pela família, já que 6 das suas irmãs estavam morando aqui (atualmente 5 estão aqui). Ele trabalha como barman desde 2006 no Caffè La Posta, no centro da cidade. Roberto vive com a esposa Tatiana (gaúcha que veio pra cá para fugir da violência no Brasil) e com a filha de 4 anos. “Não existe dinheiro no mundo que pague a liberdade e a sensação de segurança, de poder sair a qualquer hora e não se preocupar se alguém vai te assaltar”.
1- Por que você veio?
Na época que cheguei eu tinha 24 anos e no Brasil trabalhava ganhando um salário mínimo. Como as minhas irmãs estavam aqui eu resolvi experimentar, até porque o Rio estava muito violento. A situação no Brasil piorou demais nos últimos 10 anos. Nem sonho em voltar.
2- Como conseguiu regularizar a sua situação para poder trabalhar?
No início entrei no país com a autorização que é concedida aos familiares (ricongiungimento familiare). Depois consegui emprego e me casei com uma brasileira que é cidadã italiana e devido também à nossa filha que nasceu aqui, consegui a cidadania.
3- Quantas horas trabalha por semana?
Cerca de 40 horas mas sempre faço extraordinário. Tenho apenas 1 dia livre por semana. Mas nem todo dia trabalho 8 horas, às vezes faço meio expediente, depende da semana.
4- Quais são seus maiores gastos?
Meus gastos maiores são com aluguel e depois comida, carro.
5- Pode dizer a média do seu salário por mês? Consegue juntar dinheiro?
Ganho cerca de 1.200 euros por mês, mais extraordinário que varia a cada mês. Consigo juntar. Pouco, mas consigo (rs). E mando pro Brasil, diretamente na conta.
6- Qual o melhor aspecto de viver aqui em relação ao Brasil?
Em primeiro lugar está a segurança. Não existe dinheiro no mundo que pague isso.
Antes de se aventurar é bom estudar a lingua italiana, pois alem de sua capacitado e força de vontade, esse é um dos aspectos que podem te ajudar. Deixo aqui alguns sites de empregos na Itália e agências especializadas na seleção de candidatos:
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'Trabalhar na Itália' have 8 comments
28 de fevereiro de 2017 @ 23:25 Grazie a te / Aquaflor, perfumaria artesanal nos arredores da piazza Santa Croce
[…] brasileira responsável pelo marketing da empresa e que já participou do blog (ela contou como é Trabalhar na Itália). Marcella me explicou detalhes sobre a produção dos perfumes pelas mãos de Cheloni, que […]
16 de março de 2017 @ 15:05 Denya Pandolfi
Oi Tatiane, tudo bem, obrigada. E vc, como vai? Que delicia a ideia de transformar um local em pousada. Eu conheço a Doris, que mora em Todi: https://grazieate.com.br/a-nova-vida-de-doris-e-valentino-na-italia/
E conheci tb a Cris, que mora aqui na Toscana e tem o Podere Gattabigia que é um charme! Troque uma ideia com elas pois com certeza poderao te auxiliar.
Grazie pela mensagem e fico na torcida por vcs! Mande noticias e forte abraço, Denya
15 de maio de 2017 @ 11:29 Grazie a te / Diferenças e considerações sobre maternidade na Itália
[…] Trabalhar na Itália […]
21 de junho de 2017 @ 12:55 Grazie a te / Brasileiros relatam suas experiências sobre como empreender na Itália
[…] Trabalhar na Itália […]
27 de junho de 2017 @ 01:37 Alana
Que relatos maravilhosos! Muito útil poder aprender um pouco com a trajetória dessas pessoas!
Dá uma motivação extra para seguir meus objetivos! 🙂
Obrigada!
28 de junho de 2017 @ 22:00 Denya Pandolfi
Ei Alana, bom mesmo quando a gente pode se inspirar na trajetória de algumas pessoas. Boa sorte pra vc e sucesso! Abs, Denya
13 de dezembro de 2019 @ 01:37 Leonardo Osorio
Adorei a página e as informações. Quero muito estudar administração na Itália. Gostaria de saber se poderia conseguir informações sobre estudos e trabalho .
13 de dezembro de 2019 @ 15:46 Denya Pandolfi
Oi Leonardo, td bem? Obgda ela msg. Sugiro contatar as instituições para obter as informações. Veja a cidade que te interessa e envie email. Boa sorte! Ab, Denya