Arquivo mensais:novembro 2016

Trabalhar na Itália

Há alguns meses vocês puderam conferir entrevistas onde o tema abordado foi namoro à distância, com o relato de brasileiras que contaram como fizeram para driblar e manter um relacionando à distancia. E dando continuidade às entrevistas,  no post de hoje o assunto é “Trabalhar na Itália”, com o depoimento de algumas pessoas que compartilham suas experiências com os leitores do Grazie a Te. Alguns dos entrevistados ja possuíam cidadania e outros chegaram aqui e precisaram solicitar um permesso di soggiorno,  que é autorização de residência, documento emitido pela Polizia di Stato (na questura) que concede a permanência legal de estrangeiros aqui na Itália por um período superior a 90 dias. A validade do permesso di soggiorno varia de acordo com cada caso e o mesmo precisa ser renovado.

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Para trabalhar na Itália

Antes de conferirmos as entrevistas, apenas alguns esclarecimentos: não é necessário visto para entrar na Itália mas os brasileiros (que não possuem cidadania italiana) precisam de uma autorização para ficarem no país por mais de 90 dias, que é conhecida como permesso di soggiorno, concedido também para quem vem estudar. E a licença para os brasileiros que querem trabalhar legalmente é solicitar o permesso di soggiorno per motivo di lavoro.  Para mais esclarecimentos em relação à permanência de brasileiros aqui na Itália,  confira aqui no site do Consulado-Geral do Brasil em Roma quais são as dúvidas mais frequentes dos brasileiros. E no  Trabalho na Italia vocês poderão obter muitas informações úteis sobre o assunto.

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Salário

Aqui na Itália não existe salário mínimo fixo e a remuneração varia de acordo com a região italiana  Os valores são determinados de acordo com o tipo (categoria) de emprego. A média para empregos que não exigem qualificação formal é de 1.100 euros por mês. Para  quem tem qualificação técnica a media é de 1.4oo e para setores que exigem formação superior a media é entre  1.500 euros e 5 mil euros por mês. Os contratos podem ser a tempo determinado (com um tempo de duração estipulado,  podendo ser prorrogado) ou indeterminado (efetivo). Na Itália, além do 13 º salário, existe também o 14º (benefício não previsto por lei, mas acordado entre as partes).

Vamos agora conferir os depoimentos:

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Apaixonada pela cidade, Palova Valenti passa um período aqui e outro no Brasil: “Eu fico onde tem o amor. Eu amo Florença!”

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Palova –  A gaúcha  Palova Oselame Valenti é de Bento Gonçalves e divide seu tempo entre Florença, onde passa cerca de 8 meses por ano, e o Brasil, para onde embarcou na semana passada para estar perto da família.  A entrevista com Palova foi feita há algumas semanas, quando ela estava ainda trabalhando numa agência de viagens.  O amor à Firenze a traz pra cá todos os anos! “Morar aqui é magico, é como se eu estivesse em outra dimensão, aqui tudo me inspira”.  A Palova tem um canal no Youtube onde ela compartilha as suas experiências.

1-  Motivo que te trouxe para Firenze e desde quando vive aqui?

Eu tive uma desilusão amorosa e como amo a Itália decidi curar ela cum um curso de italiano de um mês em Florença e um mês viraram 4 anos! Eu não sabia que eu tinha tanta arte,  arquitetura e pintura na minha veia… eu vim pra cá pela primeira vez em 2013 e falei: preciso morar aqui! A minha vida era mais fácil nos Estados Unidos, onde morei por muitos anos.  Mas sou apaixonada por essa cidade.

2- Você trabalha?  Como conseguiu emprego?

Este é o meu quarto ano na Itália porém todos os anos eu vou pro Brasil e fico 5 meses, então pra mim é  sempre um recomeço,  porque todas as vezes que volto pra cá tenho que procurar emprego de novo. Nos outros anos foi mais fácil, algum conhecido meu sempre indicava alguma coisa que acabava dando certo, mas esse ano foi mais difícil. Fiquei 3 meses procurando alguma coisa, e já era alta estação, ou seja, muitos turistas, sem considerar que é a melhor época pra encontrar um emprego! O importante também é falar inglês já que pelo menos aqui onde moro o inglês é muito usado!

3-  Você  já considerou a possibilidade de morar definitivamente em Firenze?
Já, mas como não tenho profissão e família, me sinto livre pra passar tempo com a minha família no Brasil, que é meu bem mais precioso, por isso vou todos os anos pra lá.

4- Como brasileira, como é possível trabalhar aqui? Como você fez?

Eu sou brasileira mas sou também cidadã italiana, então nunca tive problema.

5- Você está satisfeita com seu trabalho?

Já trabalhei de camelô, já limpei casa, já fiz serviços garçonete e agora estou nesse emprego na área do turismo. Estou satisfeita sim, embora o salário seja um pouco baixo, mas eu foco sempre no meu amor por Florença, então eu faço o que precisar pra ficar aqui!

5- Qual a média de seus gastos aqui em Firenze?

Pago 380 por um quarto em um apartamento no centro historico, 15 reias pro meu celular e digamos que mais 300 entre comida e outras coisas. Não tenho carro nem bicicleta, ando por tudo a pè e quando preciso uso transporte público.

6- Consegue juntar dinheiro nesse período que vem pra cá?
Consigo pra comprar a passagem e ter o mínimo pra quando eu voltar ter um pouquinho porque eu nunca sei quanto tempo vai demorar pra eu arrumar emprego!

7- Acha que é um momento difícil para conseguir emprego aqui em Firenze?

Depende da área, mas acredito que sim. Onde trabalho, muitas pessoas vem deixar o currículo. É muito importante saber falar italiano e também o inglês.

8- Quais são as principais diferenças entre o setor de trabalho italiano e brasileiro?

Morei 11 anos nos Estados Unidos e há 15 anos estou fora do Brasil, não saberia responder a essa pergunta. O que me espanta aqui na Italia é a falta de treinamento quando a pessoa começa a trabalhar.  Praticamente tu tem que aprender as coisas por ti mesmo, porque eles não explicam muito o que tu terá que fazer.

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Carolina  –  Carolina Kfouri é de Guaratinguetá (SP) e mora em Firenze há 2 anos com a filha Ana Clara, de 13 anos. Depois de um período em Milão, ela voltou para Firenze e há cerca de 2 meses conseguiu emprego para gerenciar uma agência de turismo no centro de Firenze. Carol é youtuber e faz muitos vídeos contando sobre o seu lifestyle e mostrando um pouquinho da cidade.

1- Motivo que te trouxe para Firenze e desde quando vive aqui

Havia estudado por um mês em Londres e cismei que iria me mudar do Brasil. Fiquei encantada com a organização da cidade em todos os sentidos mas o visto pro Reino Unido era muito mais difícil do que pra vir pra Itália então decidi vir pra cá justamente por poder trabalhar.

2-  Quem entra com vista de estudo pode trabalhar? Explique como vc fez. 

Sim, pode trabalhar até 20 horas semanais. No meu quarto mês aqui entreguei alguns curriculuns e no mesmo dia fui chamada pra ser hostess em um restaurante na Piazza della Repubblica, bem tradicional e com uma pizza de dar água na boca.

3- Como brasileira é possível trabalhar aqui? 

Eu vim com visto de estudos e podia trabalhar 20 horas semanais, com esse contrato o trabalhador ganha aproximadamente 200 euros por semana. Quando este visto estava por vencer, um outro empregador fez a “proposta de trabalho” junto à prefettura e além de renovar por mais um ano, mudei a tipologia para visto de trabalho podendo assim trabalhar por mais de 20 horas. Foi um grande avanço!
4-  Com qual periodicidade precisa renovar o permesso di soggiorno?
 Depende do tipo de permesso, se estivermos falando do permesso “per motivo de lavoro” ou seja, trabalho, depende também do contrato que deu origem à renovação/pedido de visto. Em linhas gerais seria de 2 em 2 anos para quem tiver um contrato por tempo indeterminado e para os demais casos, a renovação se baseia no contrato, 6 meses dura 6 meses, 1 ano dura 1 ano.
5-  Você  está satisfeita com seu trabalho?
Agora sim, mas já enfrentei várias situações complicadas. A legislação trabalhista no Brasil é mais paternalista e é mais difícil de o empregador permitir que o funcionário trabalhe sem ser registrado. Já aqui, chamamos de trabalho “in nero” e acontece muito. Com exceção das grandes marcas, os pequenos restaurantes, lojas, registram de uma forma, pagam de outra e quem não quiser que reclame pro Papa! Hoje tenho um emprego com contrato registrado, 1 folga por semana e não passo de 8 horas diárias. Ja cheguei a fazer 11 horas num dia em uma enoteca sem ser paga por isso!
6- Fale um pouco sobre salário… 
Uma pessoa que trabalhe 40 horas semanais recebe cerca de 1.200 euros, sem contar horas extras e benefícios. Com a desculpa da crise, muitos empregadores consideram “salário” os benefícios e declaram ter pago, por exemplo, seu décimo terceiro no holerite para não serem executados mais pra frente em juízo mas na realidade você não recebe. Existem também os que te contratam por 20 horas semanais e te pagam por fora as 20 horas mas vale lembrar que é ilegal e se forem pegos tomam multa. É super comum, diga-se de passagem. Raros são os que recebem as horas contratuais, direitos trabalhistas e horas extras.

7- É mais fácil juntar dinheiro aqui ou no Brasil?
 Olha, no Brasil eu não arrumava nem emprego! Isso é sério! Rs

8-  Dica para brasileiros que querem deixar o Brasil para virem trabalhar aqui.

Façam um planejamento coerente. Tenho um canal no youtube onde ajudo a brasileiros que pretendem deixar o Brasil e às vezes recebo algumas perguntas que “mamma mia”, fico pensando como uma pessoa pode cogitar ir embora do próprio país sem o mínimo de cautela ou organização.

 9 – Qual a média mensal dos seus gastos?
Como despesas, posso dizer que o aluguel de um apartamento com 1 quarto, mobiliado mais condomínio fica em torno de 700 euros,  sem contar contas de água, luz e internet que tudo giraria aí por volta de 150€ mês.
Por semana uma pessoa sozinha, gasta 100€ de supermercado se cozinhar em casa,  20€ para recarregar o celular e 30€ de transporte público mensal, ilimitado. Esses seriam os gastos básicos, sem considerar lazer, higiene pessoal e emergencias. Eu moro com a minha filha de 13 anos então tirando o gasto com o aluguel, todo o resto pago dobrado. Obviamente numa familia onde dois adultos trabalham o conforto é maior.

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Nemuel  – Nemuel de Souza Viana mora há 11 anos na Itália e há 5 veio para Firenze, onde trabalha na Mercado do Porcellino,  geralmente das 8.30 às 19h.  A decisão de sair do Brasil não foi dele: “meu pai é pastor da igreja e como ele e minha mae estavam aqui eu também vim, na época eu tinha 16 anos. Eu não queria vim de jeito nenhum, todos os meus amigos estavam no Brasil, mas agora me acostumei”. Depois de alguns anos conheceu a atual  esposa, também brasileira, e acabou se habituando com o ritmo de vida daqui.  Segundo Nemuel eles vivem bem aqui na Itália, apesar de trabalharem bastante.

1- Por que você saiu do Brasil?

No início não queria ter vindo, eu tinha 16 anos, era jovem.  Não foi uma escolha minha. Vim porque meus pais vieram devido à igreja.

2- Como conseguiu permanecer regularmente na Italia? 

Como meus pais já estavam aqui, o meu tipo de visto foi ricongiungimento familiare.  Quem tem parente aqui pode pedir esse tipo de visto. Foi a partir daí que regularizei a minha situação e depois pude trabalhar.  Meu primeiro emprego foi aos 18 anos, quando ainda morava em Viareggio. Antes de vim pra Firenze morei um tempo em Certaldo.

3- Qual tipo de contrato você tem? 

Atualmente meu contrato é por prazo determinado. Deixei o emprego em outra banca com contrato a tempo indeterminado porque recebi uma proposta melhor e resolvi arriscar. Agora tenho contrato a tempo determinado mas com grande possibilidade de ser renovado.

4- Quantas horas por dia trabalha?

Trabalho cerca de 11 horas por dia e tenho apenas um dia de folga,  sempre no domingo.

5- Consegue juntar dinheiro aqui?

Consigo. A minha esposa Edilaine também trabalha (na casa de uma senhora ajudando nos afazeres domésticos)

6- Quanto ja conseguiu receber por mes trabalhando no mercado?

No verão, fazendo hora extra, já cheguei a receber 2.200 euros

7- Você encorajaria outros brasileiros em busca de trabalho e oportunidade a virem pra cá?

Se a pessoa tiver garra, sim. Nem todos que chegam aqui dão  sorte de conseguir logo trabalho.

8- Está satisfeito com seu trabalho ou busca algo diferente?

Eu gosto muito de música. Estou estudando e tenho projetos. Espero conseguir atuar nesse setor.

 

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Marcella– A cariocaMarcella Cardoso Vieira Gomes veio estudar em Firenze há 4 anos e se encantou com a cidade.  Formada em Publicidade,  ela trabalha na Aquaflor, uma butique artesanal de perfumes mas seu salário não basta, já seus gastos giram em torno dos 3 mil euros por mês, portanto ela conta com o suporte da família.

1- Motivo que te trouxe para Firenze e desde quando vive aqui.

Eu vim para Firenze em 2012 para estudar. Fiz curso de italiano, História da arte e Fotografia no primeiro ano. Eu já conhecia Firenze mas me apaixonei pelo estilo de vida e decidi me mudar. Como tenho dupla cidadania não foi um problema. Já era formada em Publicidade quando cheguei e então  decidi continuar os estudos, fiz pós em Hotelaria, Marketing Digital e curso de sommelier.

2- Com o que trabalha?
Eu trabalho em uma boutique artesanal de perfumes, faço a mídia social, vendas e de tudo um pouco. Tenho contrato por tempo determinado e espero que  seja renovado. Senão, vou continuar procurando um trabalho na minha área, que é marketing digital.
3- Você está satisfeita com seu trabalho? 
Acredito que na Itália em geral poderia ter mais oportunidades para os jovens
4- Qual a mèdia de seus gastos aqui em Firenze? 
 Em torno dos 3 mil euros por mês mas claro com a ajuda da minha família.
5- Acha que è um momento dificil para conseguir emprego aqui em Firenze?
Sim, passei quase um ano procurando sem receber respostas.
6- Quais as principais diferenças entre o setor de trabalho italiano e brasileiro 
Sao tantas que ate difícil explicar, eu diria tudo, do bom humor ate a garra, Brasileiro que é Brasileiro não para enquanto não termina, os Italianos param para o cafe, a comida, o repouso….
7- Pretende voltar para o Brasil?
Não pretendo voltar, mas se com o passar dos anos perceber que não tenho oportunidade de crescer na minha carreira posso considerar.

8- O que almeja profissinalmente aqui em Firenze?

Trabalhar com o que eu adoro, que é o marketing digital.
9- O que faz aqui que não faria no Brasil? 
Trabalhar como vendedora.

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Roberto – O carioca Roberto Ferreira Gomesvive em Firenze desde 98. Veio pra cá incentivado pela família, já que 6 das suas irmãs estavam morando aqui (atualmente 5 estão aqui).  Ele trabalha como barman desde 2006 no Caffè La Posta, no centro da cidade.  Roberto vive com a esposa Tatiana (gaúcha que veio pra cá para fugir da violência no Brasil)  e com a filha de 4 anos. “Não existe dinheiro no mundo que pague a liberdade e a sensação de segurança, de poder sair a qualquer hora e não se preocupar se alguém vai te assaltar”.

1- Por que você veio?

Na época que cheguei eu tinha 24 anos e no Brasil trabalhava ganhando um salário mínimo. Como as minhas irmãs estavam aqui eu resolvi experimentar, até porque o Rio estava muito violento.  A situação no Brasil piorou demais nos últimos 10 anos. Nem sonho em voltar.

2- Como conseguiu regularizar a sua situação para poder trabalhar?

No início entrei no país com a autorização que é concedida aos familiares (ricongiungimento familiare).  Depois consegui emprego e me casei com uma brasileira que é cidadã italiana e devido também à nossa filha que nasceu aqui, consegui a cidadania.

3-  Quantas horas trabalha por semana?

Cerca de 40 horas mas sempre faço extraordinário. Tenho apenas 1 dia livre por semana. Mas nem todo dia trabalho 8 horas, às vezes faço meio expediente, depende da semana.

4- Quais são seus maiores gastos?

Meus gastos maiores são com aluguel e depois comida, carro.

5- Pode dizer a média do seu salário por mês? Consegue juntar dinheiro?

Ganho cerca de 1.200 euros por mês, mais extraordinário que varia a cada mês. Consigo juntar. Pouco, mas consigo (rs). E mando pro Brasil, diretamente na conta.

6- Qual o melhor aspecto de viver aqui em relação ao Brasil?

Em primeiro lugar está a segurança.  Não existe dinheiro no mundo que pague isso.

 

Antes de se aventurar é bom estudar a lingua  italiana, pois alem de sua capacitado e força de vontade, esse é um dos aspectos que podem te ajudar.  Deixo aqui alguns sites de empregos na Itália e agências especializadas na seleção de candidatos:

Indeed

Clicca lavoro 

Monster

Infojobs 

Cerco lavoro

Adecco

Obbietivo Lavoro

Gi Group

Bancalavoro

 

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Colheita de azeitonas

O outono é um das estações mais esperados e festejados aqui na Toscana! É o período da colheita de azeitonas e da uva, matéria-prima para 2 dos principais produtos regionais: o azeite extravirgem de oliva e o vinho.

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O azeite de oliva é o óleo obtido das azeitonas. O azeite de oliva é essencial para uma dieta saudável, é cheio de propriedades benéficas à saúde, é um forte aliado do coração e auxilia na prevenção de diversas doenças

Semana passada participei da colheita de azeitonas com um grupo de blogueiras e jornalistas à convite da  Villa Medicea di Lilliano.  No final de setembro estive no local participando da colheita de uvas, confira aqui como foi a minha experiência. Vamos agora às fotos da nossa colheita de azeitonas na espetacular villa:

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Fomos recebidos pelo gerente Eric e por Diletta Malenchini, proprietária da empresa, que nos explicaram sobre as etapas que envolvem a produção do azeite. Para ser considerado azeite extra virgem de oliva a acidez deve ser inferior a 0,8%. Para se obter um azeite de qualidade é preciso considerar todo o ciclo de produção, desde as oliveiras até a embalagem utilizada.

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O gerente Eric e Diletta Malenchini, proprietária da Villa Medicea di Lilliano. Eric deixou a empresa em 2021

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Hora de começar a colheita de azeitonas

A família Malenchini possui 12 mil oliveiras e cultivam de forma biológica as espécies de azeitona Frantoio, Leccino, Moraiolo e Pendolino. A proporção é de 8 a 12 litros de azeite para cada 100 quilos de azeitonas colhidas.

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Colhemos as azeitonas desta frondosa oliveira que fica nos jardins da villa. A colheita a mão é feita da seguinte forma: voce vai passando um rastelo nos falhos e os frutos vão caindo

A colheita na propriedade da família começou no dia 24 de outubro e a já está terminando, mas reservaram algumas árvores para o nosso grupo.

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As azeitonas são recolhidas e colocadas nos engradados

O processamento das azeitonas começa em no máximo 24 horas após a colheita para evitar acidez muito alta.

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Muitos fatores influenciam na qualidade do azeite: tipo de azeitona, solo, temperatura, estado de maturação do fruto, acidez e tempo de processamento após a colheita. E quanto menor a acidez , maior a pureza

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Segundo relatou Diletta, o azeite Malenchini é prensado a frio, o que mantém seus nutrientes benéficos. Para proteger o azeite da oxidação, o vidro da embalagem dDiletta explicando sobre o azeite Malenchini, que é prensado a frio, o que mantém seus nutrientes benéficos. Para proteger o azeite da oxidação, o vidro da embalagem deve ser escuro, pois vidros transparentes não possuem barreira contra a luz e não o protegee da oxidaçãoeve ser escuro, pois vidros transparentes não possuem barreira contra a luz e não o protegee da oxidação

Depois da colheita participamos da degustação do azeite novo.

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E na cozinha, um lindo buffet nos aguardava! Nosso almoço farto e saboroso, preparado com azeite extravirgem e regado aos excelentes vinhos produzidos pela empresa.

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Uma seleção de pratos inspirados no outono e preparados, claro, com o azeite extravirgem Malenchini. Crostini variados, sopa de abóbora, presuntos e como prato principal, o peposo. Tudo harmonizado com os vinhos produzidos no local

 

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De sobremesa, castagnaccio, vin santo e cantuccini!!!

Grazie mille Villa Medicea di Lilliano, è stata una bellissima esperienza! 

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As cidades italianas atingidas pelos terremotos

Os 2 fortes terremotos que abalaram a região central da Itália este ano causaram muitas mortes e destruição. O primeiro foi no dia 24 de agosto, com epicentro em Amatrice, no Lazio, com 299 mortes confirmados pela Defesa Civil.  O segundo foi no dia 30 de outubro e atingiu principalmente a cidade de Norcia, na Umbria, sem vitimas fatais, pois a população já havia deixado a cidade depois dos tremores de agosto. Essas tragédias fizeram desaparecer algumas cidades causando danos incalculáveis ao patrimonio artístico e deixado muitas famílias desabrigadas e que encontram-se alojadas em acampamentos improvisados. Depois das tragédias, uma grande onda de solidariedade.  Não apenas a Itália está se mobilizando para oferecer apoio e garantir o mínimo e indispensável à essas famílias que estão desabrigadas, mas a ajuda tem vindo de todo o mundo.  Além da Cruz Vermelha, muitos grupos de voluntários estão contribuindo.

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Solidariedade

A minha amiga Benedetta Mazzocchi, mãe de um colega de escola do meu filho mais velho, é voluntária e esteve no colégio esses dias solicitando ajuda também das crianças, que levaram alimentos para serem entregues aos desabrigados. Junto à uma equipe de voluntários do Ragazzi del 50/A, de Spoleto, Benedetta visitou algumas cidades que foram atingidas para levar as doações recolhidas aqui em Firenze. Ela contou para os pais dos estudantes que fizeram doações sobre a situação que encontrou nas 3 cidades onde esteve: Spoleto, Cascia e Norcia. O relato, feito através do grupo de WhatsApp da escola,  é comovente. Resolvi  traduzi-lo para publicar aqui no blog, junto com as fotos feitas por Benedetta:

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Benedetta, de blusa preta, com os voluntários do Ragazzi del 50/A, um grupo de amigos que desde agosto está ajudando a população da região atingida pelos terremotos

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As doações da escola aqui de Firenze

Oi pessoal, acabo de chegar de Spoleto e Norcia. Foi  uma viagem muito intensa.  Vimos situações  bastante  diferentes. Em Spoleto existe essa associação de rapazes chamada Ragazzi del 50/A que não mede esforços para estocar em uma grande garagem tudo o que chega. Eles estão dando prioridade para as pessoas com maior dificuldade de acesso, como casas isoladas e  e lugares de montanha. Peguei o contato deles para buscarmos intercâmbio com as escolas e informações seguras sobre onde adquirir com segurança os produtos típicos locais.

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Depois nos mandaram à Cascia porque haviam o contato de famílias com crianças celíacas. O mais tocante é que tem uma criança deficiente e celíaca  que não estava recebendo alimentos apropriados porque a estrada è de difícil acesso e a farmácia deles è esta:

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Cascia me impressionou bastante. As casas da cidade estão totalmente destruídas e ali tem um cordão de isolamento em volta onde no centro existe uma quadro tipo de refugiados e onde as pessoas comem, tomam banho e dormem. 

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Estes são os banheiros:

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E esta foi a coisa mais bonita que eu vi: a igreja deles.  Naquele momento estava acontecendo a missa e dentro tinham pessoas que cantavam. Aquilo me emocionou demais, fiquei arrepiada em presenciar aquela cena.

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Chegou um caminhão cheio de sapatos doados das lojas e muitos mulheres saíram de onde estavam para prová-los.

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Depois fomos pra Norcia e ali a situação é realmente dramática! Não se pode entrar na cidade, que é toda zona nossa (área vermelha). Os desmoronamentos são frequentes. As pessoas precisaram deixar suas casas no dia do terremoto e não puderam voltar para pegar nada. Existem listas de espera longuíssimas para poder voltar em casa para pegar apenas documentos, pois as pessoas podem entrar somente acompanhadas do Corpo de Bombeiros.  

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Ali ninguém esta à toa, todos ajudam, de crianças a idosos. Cada um tem uma função e dá uma mão.  Ali terminamos de descarregar os caminhões e a comida especial para celíacos  e para animais acabou na hora, muita gente apareceu para pegar. Assim como a água,  que não é suficiente.

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Uma coisa é clara: essas pessoas estão bem longe de uma solução e existe um risco de serem esquecidas.

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"terremoto"

Toda ajuda é muito bem-vinda. Resolvi através do blog divulgar a situação e solicitar qualquer contribuição para os desabrigados. E agora que o inverno se aproxima,  entristeço só de imaginar famílias inteiras com crianças nas quadras improvisadas. Seguem os dados bancários da associação de voluntários, caso possam colaborar com qualquer quantia. Muito obrigada!

Intestatario del conto: Associazione “I Ragazzi del 50/A”
IBAN: IT55S0570421801000000166100
Banca Popolare di Spoleto SpA – Filiale di SPORT. SPOLETO VIA NURSINA

 

Descobrindo os sabores do Valdarno

Vivendo aqui na Itália a gente pode perceber e vivenciar bem de pertinho como os italianos respeitam e se orgulham de suas tradições gastronômicas. Existem aqui muitos eventos que promovem a cultura enogastronômica do seu território. E cada cantinho dessa terra produz maravilhas! Com um grupo de bloggers e jornalistas, no último final de semana visitei a Autumnia, feira que acontece no centro histórico de Figline Valdarno,  a apenas 25 Km de Firenze, para apresentar os produtos da região do Valdarno. Esta é a 18ª edição,  que teve 3 dias dedicados à  agricultura, ambiente e alimentação.

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Figline Valdarno, às portas do Chianti, é uma cidade medieval (século 12). Dista apenas 25 Km de Firenze e tem 17 mil habitantes

Figline estava em festa!  Não apenas as praças mas por todas as rueas da cidade o movimentado era grande. Pelas principais praças da cidade  muitos stands mostrando o que de melhor a região tem a oferecer  quando o assunto é boa comida.

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Um programa interessante para quem conhecer e vivenciar os verdadeiros costumes dos italianos

O estilo de festa nessas cidades menores é muito parecido com os mercadinhos, com barracas de comida, bebida, frutas e verduras. E para entreter os pequenos, jogos esportivos e laboratórios didáticos para as crianças como parte da programação. E no Teatro Garibaldi as crianças também se divertiram com a mini-fazenda, onde puderam admirar cavalos, vacas, pôneis,  galinhas e outros bichinhos, para interação e entretenimento de toda a família.

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No espaço da Gola Gioconda cooking show com a chef Gaia Murarolli e o estrelado chef Gaetano Trovato.

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Gaia Murarolli, do blog Gingerglutenfree em ação. Gaia apresentou 2 opções preparadas sem glúten: orecchiette e focaccia com linguiça e stracchino. tudo super gostoso!

 

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A obra-prima do chef estrelado Gaetano Trovato, do restaurante Arnolfo: pato com molho de maçã

 

Antes do almoço um passeio pelos stands. Uma explosão de cores,  aromas e sabores para despertar os sentidos. Passenado pelas barquinhas de frutas, cerveja, queijos ,presunto, cada um escolhia e depois dividia as mesas comunitárias.

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Que simpático: street-food truck

 

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O escultor Silvestro d’Andre faz maravilhas com abóbora e queijo

Nosso almoço foi no hotel Villa Casagrande, uma estrutura elegante e encantadora, que apesar de localizado bem no centro de Figline, é circundado de muito verde com a típica paisagem toscana.  Apaixonados pela própria terra, Claudia e Simone  Luccioli são produtores de excelentes vinhos que pudemos degustar em nosso maravilhoso almoço, com inúmeros pratos da tradicional da culinária toscana.

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O grupo que participou do blogtour com a família Luccioli

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O claustro da Villa Casagrande com as cores do outono! A estrutura do hotel é enorme, esta é uma construção do final do século 14

 

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As delícias preparadas pela senhora Luccioli

 

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Do hotel pudemos conferir o tradicional cortejo com os sbandieratori Borghi e sestieri fiorentini. Eles abriram oficialmente a festa no sábado, com exibição na praça Ficino

Figline Valdarno é entre Firenze e Arezzo e é facil de chegar seja de carro, ônibus (35 minutos, saindo das proximidades da estação ferroviária SMN)  ou trem (saindo da estação Santa Maria Novella até FiglineValdarno o percurso dura 25 minutos e a passagem custa 5,50 euros).

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Lojas de decoração em Firenze

Firenze oferece um mundo a ser desvendado quando falamos em peças de arte revisitadas, objetos de decoração e artigos de luxo. Apaixonados por dècor e profissionais do ramo encontram a cada esquina da cidade uma infinidade de locais que guardam verdadeiros tesouros. Hoje trago 3 endereços de lojas de decoração que oferecem produtos made in Tuscany que sem dúvida vão te surpreender.

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UB – Como muitas lojas da cidade, essa aqui talvez seja mais uma pela qual você passaria sem nem mesmo percebê-la. Sua entrada é pequena e bastante discreta mas assim que você adentra a porta de madeira solta um suspiro de admiração: são objetos de decoração, peças de vanguarda,  móveis restaurados, lustres e papéis de parede vintage super exclusivos. O paraíso para quem curte decorar a casa ou um estabelecimento com artigos retrô. O espaço surgiu há décadas como venda de papel de parede e o proprietário Ubaldo Pierantoni  armazena os rolos de papel que formam um rico acervo, relíquias dos anos 60, salvos pela enchente que assolou Firenze em 66 e que ele conserva com  muito carinho. A loja UB fica na via dei Conti, 4.

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Para os fãs de objetos raros, a loja de Ubaldo é uma perdição! Aqui você encontra as apaixonantes letras vintage

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A loja conta com 4 salas e um pátio externo. Apaixonado por peças “vividas”, Ubaldo abriu a UB há 6 anos e está sempre em busca de objetos peculiares, que são garimpados em todo o mundo

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Richard Ginori – Eu já conhecia as porcelanas da Richard Ginori e estive recentemente na loja da marca para comprar um presente de casamento. A loja é enorme e os ambientes são elegantes e sofisticados e a gente se perde diante de tanta beleza! Fundada em 1735,  a  marca Richard Ginori é expressão de elegância e qualidade quando o assunto é cerâmica. Depois de um período de dificuldades financeiras, a empresa toscana foi adquirida em 2013 pelo grupo Gucci e há 2 anos sua histórica loja na via Rondinelli foi reaberta.  A Richard Ginori apresenta 2 linhas: a básica branca e a série de peças decoradas a mão, que são únicas e exclusivas, com peças luxuosas decoradas com a borda de ouro.  A loja fica perto do Duomo, na Via Rondinelli, 17/ r.

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As porcelanas e cerámicas enobrecem qualquer mesa. A Richard Ginori pertence ao grupo Gucci

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No final do século 18 suas as peças Richard Ginori começaram a compor as mesas das ricas e poderosas famílias em palácios e mansões da cidade

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Este ambiente da loja é o meu preferido!

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Tradição e elegância – A Richard Ginori é a manufatura de porcelana mais antiga da Itália

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La Bottega di corte  Perto da praça Santa Maria Novella fica esta loja de antiguidades e artigos vintage com gosto muito refinado, que descobri bem por acaso. E que grata surpresa ir desvendando essas peças tão bem conservadas que já trazem uma história de vida. Para quem busca artigos únicos e antigos, desde móveis até objetos de decoração, como uma antiga garrafa de farmácia ou um candelabro,  vai se deliciar neste espaço. Fica na Via del Sole, 11 (perto da praça Santa Maria Novella).

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Na Bottega di Corte, objetos antigos e autênticos

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Um cantinho charmoso com artefatos antigos restaurados na Bottega di Corte

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Streetstyle outono, Firenze

Passei um tempinho sem postar fotos de streetstyle mas volto com alguns clicks feitos pelas ruas de Firenze nesses últimos dias.  No mês de outubro tivemos dias lindos de céu azul e temperaturas acima da média esperada.  O mês de novembro chegou sem muita diferença no clima até a semana passada, com muita chuva e desde segunda o friozinho passou a nos fazer companhia. As temperaturas esta semana devem ficar entre 10 e 14 graus durante o dia. Vale lembrar que nessa época do ano é bem mais fresco pela manhã e à noite.
Vamos agora aos looks deste outono aqui de Firenze:
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E para quem quer dicas sobre malas de outono, basta clicar aqui.

A enchente de Firenze de 1966

Em muitos muros de Firenze a gente pode observar uma marca praticamente na altura da porta que traz a data 04-11-66.  Essa é uma lembrança triste e dolorosa: ela indica onde as águas do Rio Arno chegaram, numa enchente que devastou grande parte da Toscana e inundou a cidade de Firenze,  causando a morte de  35 pessoas, 17 na cidade de Firenze e 18 nas províncias.

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Na época, a cidade ganhou socorro não apenas de italianos – que vieram de norte a sul – mas de tantos estrangeiros de  diversos países do mundo que vieram oferecer ajuda para salvar o patrimônio histórico e cultural de Firenze.

 

 

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Depois do Tibre, o Rio Arno  é o mais importante  da região central da Itália. Ele nasce nos Apeninos, atravessa a Toscana passando por Florença e Pisa  e deságua no Mar Tirreno. E no início daquele fatídico novembro, que foi de muita chuva, suas águas transbordaram causando danos em muitas cidades da Toscana.

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Não apenas o centro histórico de Firenze foi devastado como também outras cidades banhadas pela bacia hidrográfica do Arno. Pontedera, Lastra a Signa, Signa, Campi Bisenzio, Quarrata e o Mugello  foram outras localidades que sofreram fortes consequências com a inundação.

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Calcula-se que a quantidade de água que caiu nas 24 horas entre os dias 3 e 4 de novembro foi de cerca 180/200 litros por metro quadrado

Os danos causados ao patrimônio artístico e arquitetônico foram muitos. Milhares de volumes, dentre preciosos manuscritos e estampas que estavam na Biblioteca Nacional Central ficaram completamente destruídos. A enchente causou danos também à Porta do Paraíso do Batistério e alguns painéis feitos pelo artista Ghiberti se destacaram.

As portas originais, que agora encontram-se no Museo dell’Opera del Duomo,  precisaram ser substituídas por cópias. Incontáveis os danos na Galleria degli Uffizi, que mesmo depois de anos de trabalhos de restauração, não conseguiu recuperar tudo o que foi danificado. A mais importante obra perdida na enchente foi O Crucifixo de Santa Croce, de Cimabue, que encontra-se na Basílica de Santa Croce e que apesar da restauração, foi perdida em 80%.

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Esta é a piazza Santa Croce, completamente tomada pela água. Todas as fotos em preto e branco foram retiradas da internet (divulgação)

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Resumindo a fatídica manhã do dia 4 de novembro, de acordo com relatos que pesquisei na internet: às 5 da manhã do dia 4 de novembro os ourives da ponte Vecchio (os únicos que foram advertidos) conseguiram salvar as peças preciosas. Logo depois disso o Arno invade e Biblioteca Nacional e atinge Santa Croce. Ao meio dia a água atinge 6 metros e o centro transforma-se em um rio de lama. A enchente de 66 não foi a pior e nem a primeira que inundou Firenze.

Em 1333, a primeira enchente documentada foi ainda mais violenta, chegando a destruir a ponte localizada onde hoje encontramos a  Ponte Vecchio, que foi reconstruída em pedra  no ano de 1345.

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As famílias se refugiaram  nos tetos das residências, tomadas pela água, que invadiu bodegas, museus e igrejas.  Mais de 8 mil soldados salvaram vidas e ajudaram a população que se viu sem casa, sem roupas e sem alimento. As operações de socorro terminaram no final de dezembro com a juda de 8.200 militares do Exército.

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Firenze recebeu ajuda de jovens que chegaram não só de outras cidades italianas mas também do exterior.  Conhecidos como Angeli del frango (Anjos a Lama) eles ajudaram a salvar e recuperar obras de arte soterradas, destruídas em meio à lama. Foi uma verdadeira cadeia internacional de solidariedade em meio à tanta tristeza e destruição.

 

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Em muitos muros espalhados por diversas regiões da cidade a gente pode ver a placa indicando até onde a água chegou

 

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E muita gente que contempla o Rio Arno assim, lindo e soberano, espelhando a beleza dessa magnífica cidade, não imagina quanta dor e tristeza foram causadas devido à inundação que devastou a cidade em 66

20 atrações grátis em Firenze

Dicas de Firenze

A Igreja de Santa Croce

Nonos da Itália 

A Basílica de Santa Maria Novella

Passeio a bordo do 500

Vinci, a cidade do gênio Leonardo

Vinci, a terra natal de um dos maiores gênios da humanidade,  é um pequeno burgo na Toscana que preserva ainda características do passado e segue num ritmo bem sossegado. E o seu charme está justamente aí: a gente pode passear tranquilamente pelos seus becos e estradinhas estreitas sem o assédio de turistas. Ao menos mês passado, quando estive visitando a cidade, tinham pouquíssimos visitantes circulando pela cidade, conhecida como o local de nascimento do artista renascentista Leonardo Da Vinci.  A cidade não costuma fazer parte dos destinos preferidos dos brasileiros,  que desconhecem que o grande artista herdou  o nome de sua cidade natal, que fica a apenas 44 Km de Firenze.

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A cidade de Vinci tem menos de 15 mil habitantes e pertence à província de Firenze

O cenário de Vinci é típico de muitas cidades do interior da Toscana: com oliveiras e videiras  que ladeiam suas estradas e compõem o panorama repleto de colinas.

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Estive visitando Vinci com uma amiga que mora em Montecatini Terme, de onde saímos de carro até a terra de Leonardo, num percurso que durou menos de 3o minutos. A cidade apresenta características diferentes, pois na parte de baixo, aos pés do burgo, a gente confere edificações mais contemporâneas enquanto que na parte superior estão as construções medievais.

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Leonardo passou sua infância por essas ruelas, antes de transferir-se à Firenze

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As construções do burgo medieval e a a Biblioteca Leonardiana , onde estão documentadas muitas obras do gênio toscano

Locais de interesse: 

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Praça da Liberdade, onde foi colocado um monumento em bronze da escultora Nina Adamu. É uma estatua inspirada nos numerosos desenhos de cavalo feitos por Leonardo.

Museo Leonardiano – Abriga protótipos baseados em estudos e desenhos de Leonardo. A exposição permanente conta a vida e as obras do gênio, mostrando máquinas, reconstruções digitais de seus projetos em tamanho natural, suas criações mais geniais e visionarias às informações e anedotas de sua vida cotidiana. Existem 2 sedes do museu leonardiano, que são bem próximas.

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As máquinas de construção usadas por Brunelleschi para construir o Duomo de Firenze despertaram a curiosidade de um jovem Leonardo, que dedicou-se também à engenharia

Uma nova área dedicada aos estudos anatômicos foi inaugurada no museu Leonardiano  com uma série de atividades didáticas e visitas temáticas que ajudarão a descobrir o grande interesse que guiou Leonardo à descoberta do corpo humano.

A Palazzina Uzielli–   fica na Piazza dei Guidi, um espaço urbano inaugurado em 2006,  recriado pelo artista contemporâneo Mimmo Paladino e inspirado nos estudos de Leonardo. Neste prédio funcionam a bilheteria, o bookshop e os setores dedicados às maquinas de construção, tecnologia da manufatura têxtil e relógios mecânicos. O espaço abriga também  exposições temporárias  e uma ampla sala para percursos  didáticos que são propostos pelo museu.

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A Palazzina Uzielli

O Castello dei Conti Guidi, um imponente palácio medieval, abriga a segunda parte  do percurso expositivo. Desde 1953 o castelo é sede do museu. No primeiro andar são obras dedicadas à engenharia civil, máquinas de guerra, vôo, mecânica e instrumentos.  No segundo andar estudos de ética, carros automotores, bicicleta e estudos relacionados à navegação .

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É possivel admirar a cidade do alto do terraço panorâmico no Castello dei Conti Guidi após a visita às salas do museu (foto divulgação)

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Praça Guido Masi, um espaço aberto de onde temos uma linda vista da cidade, bem próximo ao Castello dei Conti Guidi, onde está a escultura de Mario Cerol, O Homem Vitruviano, que reproduz o famoso desenho de Leonardo que descreve uma figura masculina nua e separada em 2 posições sobrepostas com os braços inscritos num circulo e num quadrado, com a cabeça calculada como sendo um oitavão da altura total. A precisão matemática das proporções é o que tornou famoso este desenho, com harmonia das formas e do movimento. Atualmente encontra-se na Galeria dell’Accademia de Veneza.

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A Igreja de Santa Croce

A Igreja de Santa Croce, que fica no burgo, bem pertinho do circuito dos museus. Foi consolidada no século 13 e posteriormente restaurada em estilo neo-renascentista. Foi nesta igreja que Leonardo foi batizado, em 1452.

A Casa natal de Leonardo –  A casa colônica onde provavelmente nasceu o artista, em Anchiano, é imersa numa área verde, afastada do centro histórico. Com acesso de carro ou  ônibus, a casa fica na Strada Verde, distante 3 Km do burgo, portanto, para quem se anima, pode percorrer a estrada a pé. Aberta diariamente, das 10 às 19h ( de março a outubro até as 19h)

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A casa de Anchiano- Não é uma certeza, mas esta é a a casa atribuída como o local de nascimento de Leonard , na localidade de Anchiano, em Vinci, em 1452, filho ilegítimo de Sir Piero, um proprietário rural. Ele adotou o sobrenome em referência à sua cidade natal (foto divulgação)

Para consultar horários e tarifas, clique aqui. Existe um ingresso único que permite visitar o Museu Leonardiano, a Casa Natal de Leonardo e a Mostra L’Impossibile Leonardo que custa 11 euros.

 

Sobre Leonardo da Vinci
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Autorretrato, Torino, biblioteca Reale (em torno de 1513)

Leonardo di ser Piero da Vinci, que significa Leonardo, filho de Piero, de Vinci, foi o maior artista da humanidade. Leonardo não foi apenas pintor, mas  escultor, inventor, astrônomo, matemático, engenheiro. Nasceu em Anchiano (Vinci), no dia 15 de abril de 1452. Fruto de uma relação ilegítima,  dizem que só conheceu a mãe, a camponesa Caterina, quando ela já era anciã e pouco antes de sua morte. Apesar de ser filho ilegítimo, foi acolhido na residência paterna. Foi criado pelo avô paterno e preferiu não seguir a atividade do pai, que era tabelião.  Desde sempre muito curioso, passou a sua infância a observar e estudar a natureza. Quando tinha 16 anos perdeu o avô e toda a família se transfere para Firenze.

 

Manuscritos de Leonardo do Código Atlântico. Ele era canhoto e escrevia de trás pra frente e começava da direita para a esquerda

Suas habilidades foram percebidas desde cedo: aos 17 anos Leonardo foi aceito na oficina de Andrea Verrocchio onde, entre 1469 e 1478,  aprendeu técnicas de fundição e recebeu aprendizado sobre perspectiva e o uso das cores.  Com apenas 19 anos foi encarregado de colocar a uma esfera de bronze no topo da magnífica cúpula de Brunelleschi. Leonardo desenvolveu um sistema de gruas para elevar a mais de 100 m do chão e a posicionar sobre a catedral.  Aos 20 anos já fazia parte da corporação dos Pintores de Firenze.

Registros da corte de Florença  datados de 1476 acusam Leonardo e outros três jovens de sodomia.  Eles teriam sido pegos em flagrante tendo relações sexuais com um jovem, Jacopo Santarelli, na época com 17 anos. Uma denúncia anonima foi apresentada  mas foi dada como infundada. Mesmo assim,   essa acusação  deixou uma mancha em sua carreira artística.

Quatro anos após esse episódio, Leonardo foi excluído do grupo de artistas que  Lorenzo Il Magnifico enviou à Roma ao Papa Sisto IV, no ano  1480, para decorar os afrescos da Capela Sistina.

Em 1482, Leonardo deixou Florença e transferiu-se para Milão para atuar com a família Sforza. Encontrou  na cidade, onde passou 16 anos,  um clima intelectual e estimulante nos vários campos, como no da ciência, tecnologia e arte. Inclusive ele sustentava que ciência e arte eram coisas que não se separavam, pois estavam vinculadas. De 1492 a 1499, por ordem do duque de Milão,  envolveu-se  em diversos projetos nos campos artístico, de construção e até militar.

Com a invasão de Milão por parte dos franceses, Leonardo deixa Milão, em 1499. Ele retornou a Florença em 1500 e durante esse período  pintou “A Virgem e o Filho com Santa Ana”.

Curioso, foi um dos primeiros a sondar os segredos do corpo humano e o desenvolvimento dos fetos no útero, dissecando cadáveres para estudá-los. Dedicou-se a escrever da direita para a esquerda, de forma que suas anotações pudessem ser refletidas no espelho. Criou projetos de hidráulica, geologia, mecânica e diversos na de área da engenharia. Leonardo, observando a natureza, analisou todos os campos do conhecimento: ciência, anatomia, arte. Estudiosos descobriram que seu QI era de 180 (bem, a média do quociente de inteligência é de 90 a 109).

Seu amor pela natureza e pelos animais não se limitava à observação e representação de suas formas. Leonardo também foi animalista e sempre lutou pela liberdade dos animais. De acordo com os relatos do arquiteto Vasari,  comprava e libertava os pássaros,  deixando-os voar em total liberdade,  que era seu direito natural. Era vegetariano, por escolha ética e respeito aos animais.

Leonardo foi deserdado quando  perdeu o  pai mas herdou as posses de seu tio. Em seu testamento, deixou  aos meio-irmãos os seus bens.

Leonardo era conhecido principalmente como pintor e são de sua autoria 2 das obras mais apreciados no mundo:   A MonaLisa ou Gioconda, que encontra-se no Louvre, e a Última Ceia, um dos maiores bens conhecidos e estimados do mundo. O afresco encontra-se no Convento Santa Maria delle Grazie, em Milão.

 

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A Última Ceia, um afresco de Leonardo da Vinci para a igreja de Santa Maria delle Grazie, em Milão, provavelmente iniciado por volta de 1495/1496

Morou em Milão, Veneza e Roma e em 1513 muda-se pela segunda vez para   para a França,  a convite do soberano Francisco I, que o convidou a morar no Castelo de Clous.  Ele morreu na França aos 67 anos,  no dia 2 de maio de 1519. Não há mais vestígios de seus restos mortais devido à violação do túmulo durante as guerras religiosas do século 16.

Come chegar:

A melhor forma é alugar um carro e sair desbravando a bucólica região. Não há estação ferroviária em Vinci.  Saindo de Firenze voce pode pegar um trem até Empoli e de lá  um ônibus da empresa Piubus. O percurso de Empoli até Vinci dura 26 minutos e a linha é a 52.

 

Celebração dos 500 anos da morte de Leonardo

Em 2019, para celebrar os 500 anos da morte do gênio,  a exposição Leonardo e Firenze, lembrando o vínculo que sempre teve com a cidade.  São 12 folhas do Código Atlantico da Biblioteca Ambrosiana expostas entre 29 de março e 24 de junho, na Sala dei Gigli do Palazzo Vecchio, com referências ao lugar de origem de Leonardo.

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Na sala de projeção, imagens que apresentam as maiores obras de Leonardo, como a Gioconda, A Ultima Ceia A e A Adoração dos Magos

Museu Leonardo Da Vinci de Firenze – A exposição das “Máquinas de Leonardo da Vinci” pode ser conferida em Firenze, na centralíssima Via Cavour, a poucos passos do Duomo, no museu interativo Leonardo da Vinci com mais de 50 modelos de máquinas. O ingresso custa 7 eursos. O museu fica na Via Cavour, 21

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O museu Leonardo Da Vinci de Firenze

 

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A estátua de Leonardo da Vinci no pátio da Galleria degli Uffizi de Firenze

 

Em Firenze, as pinturas de Leonardo da Vinci podem ser admiradas na Galleria degli Uffizi, que reúne três obras do pintor, realizadas quando o artista iniciou seus estudos na oficina de Verrocchio São trabalhos de sua juventude, como L’adorazione dei Magi, il Battesimo di Cristo el’Annunciazione.

A obra Anunciação