Havia uma grande quantidade de casas-torres no cenário da Florença do século 13. A torre era não apenas a habitação, mas também símbolo da força das famílias nobres e indicador da posição econômica. Na Idade Média a vida política era conturbada e existiam muitos conflitos violentos, onde famílias nobres e suas facções se desafiavam pelo poder, como os guelfos e ghibelinos, e a casa-torre garantia segurança para as famílias, que podiam se refugiar durante os ataques dos inimigos. Eram as casas de nobres ou mercantes ricos, já que esse tipo de construção era muito cara e acessível apenas à uma parte da população.
Na Idade Média haviam cerca de 150 casas-torres em Florença. Era a habitação principalmente de ricos mercadores florentinos, uma espécie de forte defensivo
Algumas torres, sobretudo aquelas pertencentes à mesma família ou à famílias aliadas, estavam ligadas por uma passagens de madeira, uma espécie de ponte, oferecendo dessa forma uma melhor comunicação em caso de confronto.
Em época medieval o cenário era bem diferente do que encontramos hoje em dia
Em Florença existiam cerca de 150 casas-torres, com altura entre 50 e 70 metros, e atualmente poucas ainda estão de pé. Algumas dessas torres foram destruídas ao longo dos anos durante as guerras internas. No século 19, quando foi criado o novo plano urbanístico da cidade, muitas foram demolidas ou incorporadas em construções de um período posterior.
Atualmente restam cerca de 50 torres, que estão camufladas no tecido urbano moderno
No centro de Florença encontramos ainda inúmeras torres que sobreviveram a guerras civis, demolições e renovações, sendo que algumas foram incorporadas em palácios e em edifícios, e nem todas são reconhecíveis imediatamente. Quando começaram a surgir os municípios, no século 13, as torres foram cortadas, como forma de mostrar que o poder das famílias nobres havia acabado e o palácio começou a simbolizar o poder de uma família, e não mais a torre.
Come eram as casas-torres?
As casas-torres serviam como abrigo e ao mesmo tempo eram instrumento de controle e vigilância territorial. As torres apresentavam uma estrutura compacta e eram geralmente desprovidas de aberturas, com exceção de algumas lacunas, que em italiano é chamada de “feritoia”, que significa uma pequena abertura feita na estrutura fortificada.
A Torre de Manelli, na Ponte Vecchio
As aberturas para o exterior eram limitadas não apenas por uma questão de defesa contra ataques inimigos mas também devido ao clima, já que naquela época, o único tipo de aquecimento era o fogo e evitava-se ao máximo contato com o exterior para não diminuir a temperatura interna. Por esse motivo as casas eram muito escuras. E por segurança, as entradas localizavam-se não no nível da estrada, mas no topo, no primeiro ou no segundo andar, acessíveis por escadas móveis de madeira ou por meio de passagens acessíveis pelo interior dos outros edifícios. Para maior segurança, haviam as escadas de madeira nessas min-fortalezas que eram removidas à noite.
A Torre dei Belfredelli, no Oltrarno. As casas-torres levavam o nome das famílias as quais pertenciam
As construções eram adequadas para a defesa em um período anterior ao desenvolvimento da artilharia, quando a defesa era realizada principalmente com arremessos
Em caso de ataque, eram colocadas tábuas nos pisos superiores que ligavam as casas-torres mais próximas entre si para facilitar a fuga dos habitantes em caso de necessidade
As construções eram adequadas para a defesa em um período anterior ao desenvolvimento da artilharia, quando a defesa era realizada principalmente com arremesso, portanto, a ação de cima era necessária. Eram construídas em tijolo ou em pedra e apresentavam janelas estreitas. Dependendo da atividade do proprietário, o porão da torre podia servir de depósito de materiais utilizados para o trabalho e no térreo eles desenvolviam suas atividades. No andar superior, chamado nobre, ficavam os dormitórios e, devido ao risco de incêndio, a cozinha ficava no andar mais alto.
Uma curiosidade, a cozinha ficava sempre na parte mais alta da casa devido ao cheiro e ao risco de incêndio
No Davanzati tinha até banheiro, algo muito raro. Sim, é verdade que em época medieval as “necessidades” eram despejadas nas ruas
E para quem quiser saber como é uma casa-torre, pode visitar o Museo della Casa Medioevale Fiorentina, conhecido também como Palazzo Davanzati, uma típica residência nobre florentina de época medieval, preservada quase intacta. Adoro esse museu e o recomendo, principalmente para quem viaja com crianças.
Um poço numa antiga casa-torre, no Palazzo Davanzati
O edifício que abriga o Museu Casa de Dante não é uma construção de época medieval, mas uma reprodução do início do século 20
Gostou de saber sobre as casas-torres de Florença? Nao deixe de conferir o post sobre San Gimignano, a Manhattan da Idade Média.
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A minha paixão pela comunicação e pelo turismo é herança dos meus pais. Adoro viajar para observar e vivenciar as diversidades culturais. Depois que me formei em Jornalismo, passei longa temporada em Londres, um curto período nos Estados Unidos e atualmente vivo em Florença, com meu marido e nossos dois filhos. Desde 2005 sou retail na Ermenegildo Zegna. Busco sempre ver o lado positivo em todas as coisas e prefiro ter por perto aqueles que, como eu, dão mais valor às pessoas do que às coisas materiais.
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'Florença no tempo das casas-torres' have 2 comments
13 de maio de 2021 @ 11:09 Grazie a te / A elegante Via Tornabuoni, da Ponte Santa Trinità até a Piazza Antinori
[…] Torre Tornabuoni, uma residência de época que faz parte da Associação Italiana de Casas Históricas. Atualmente no local funciona um […]
2 de novembro de 2022 @ 10:31 Grazie a te / Uma relação com bons restaurantes vegetarianos e veganos em Firenze
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