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Vida na Itália

Deixar nosso país de origem significa renúncias, sacrifícios, coragem e muita força de vontade. Continuo recebendo muitas mensagens de brasileiros que me perguntam quais as maiores dificuldades de morar longe. Resolvi perguntar para alguns brasileiros que vivem aqui em Florença “o que te faz pensar em voltar pro Brasil?”. E por unanimidade, a saudade da família aparece em primeiro lugar. E dando continuidade com a série de entrevistas com nossos compatriotas vamos conferir a opinião de 4  brasileiros que compartilham com os leitores do blog suas experiências:

 

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Marina Righetti

1 –  Cidade natal
Ribeirão Preto – SP
2 – Profissão /ocupação no Brasil
Designer de Interiores
3 – Você trabalha aqui na Itália? O que faz?

Trabalhava como garçonete e agora trabalho fazendo assessoria a artistas.
4 – Há quanto tempo vive aqui e em qual cidade?
Cheguei em 2010 na Europa, vivo entre Londres e Firenze.
5 -Tem planos de voltar para o Brasil? Quando?
Não tenho planos de voltar a viver no Brasil, mas uma vez ao ano vou para passar o carnaval.
6  – Três motivos pelos quais prefere morar aqui
Segurança, liberdade de ser quem você é sem medo de julgamentos, qualidade de vida.
7  – Três motivos que te fazem querer voltar para o Brasil
Família, amigos e comida.

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Christian da Cruz

1 –  Cidade natal
Dionisio, MG
2 – Profissão /ocupação no Brasil
Cabeleireiro
3 – Você trabalha aqui na Itália? O que faz?
Sim! Store manager/abbigliamento moda mare
4 – Há quanto tempo vive aqui e em qual cidade?
Há 13 anos! Vivi em Torino por 12 anos e no último ano vivo em Firenze!
5 -Tem planos de voltar para o Brasil? Quando?
Sim,em breve!!
6  – Três motivos pelos quais prefere morar aqui
Vários! Comodidade,segurança,custo de vida,oportunidades de trabalho…..
7  – Três motivos que te fazem querer voltar para o Brasil
Meu filho,minha família e o clima!!

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Andreia Farenzena

1 –  Cidade natal
Porto Alegre
2 – Profissão /ocupação no Brasil
Fui so estudante no Brazil
3 – Você trabalha aqui na Itália? O que faz?
Sim, trabalho há 20 anos aqui em Firenze , sou vendedora
4 – Há quanto tempo vive aqui e em qual cidade?
Vivo em Firenze desde 1994
5 -Tem planos de voltar para o Brasil? Quando?
Talvez voltaria por 6 meses mas quando me aposentar
6  – Três motivos pelos quais prefere morar aqui
Segurança, clima e a cultura
7  – Três motivos que te fazem querer voltar para o Brasil
Família, pela alegria das pessoas e o carnaval
viver-na-italia

Thiago Fernandes

1 –  Cidade natal
Sou de Goiânia
2 – Profissão /ocupação no Brasil
Vim para a Itália sozinho com 19 anos, estudar psicologia. No Brasil eu estava no segundo ano de jornalismo na UFG.
3 – Você trabalha aqui na Itália? O que faz?
Sou psicólogo psicoterapeuta e consultor de RH (clique aqui para saber mais a respeito). Sou inscrito na Ordem dos Psicólogos da Toscana. Tenho meu consultório em Florença, atendo também no EUI (Instituto Universitário Europeu) e faço consultoria de RH na Itália e no exterior, inclusive no Brasil. Dou aulas em empresas multinacionais e faço  avaliação do potencial de desenvolvimento dos funcionários e managers.
4 – Há quanto tempo vive aqui e em qual cidade?
Moro há 17 anos na Itália, em Florença.
5 -Tem planos de voltar para o Brasil? Quando?
Vou para o Brasil só férias. Minha vida é aqui.
6  – Três motivos pelos quais prefere morar aqui
São várias as questões, é bem complexa a escolha de morar fora. Daqui gosto muito da qualidade de vida, da segurança, e de me sentir em um melting pot com gente do mundo inteiro.
7  – Três motivos que te fazem querer voltar para o Brasil
Minha família, o clima quente e pamonha à moda!

 

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Eu moro onde você passa férias

“Ah, como você tem sorte de viver em Florença!”  Escuto constantemente essa frase de turistas e apaixonados pelas belezas dessa cidade principalmente através das  minhas mídias sociais.  Sim, é maravilhoso viver aqui,  mas antes de mais nada, é preciso estabelecer a diferença entre passar uma temporada na cidade vendo tudo com os olhos de turista,  e viver aqui.  Porque nem tudo aqui resume-se  à maravilhosa  “dolce vita” que vemos nas revistas e redes sociais!
Eu nasci em Linhares, no interior do Espírito Santo, onde morei até a minha adolescência (até quando comecei a frequentar a universidade em Vitória, na capital).  Apesar de sempre ter viajado muito, o meu estilo de vida era em lugares mais tranquilos e pouco turísticos. Foi a minha temporada de 1 ano em Londres (há 20 anos!) que me expôs a um ritmo mais frenético numa cidade cosmopolita e super turística, mas com estrutra bem diferente da que encontramos aqui.  Até que conheci meu marido  e resolvemos viver em sua cidade natal.  Há mais de 10 anos fui adotada por Florença.
Para voce gostar e aceitar a nova vida precisa, obviamente, considerar muitos fatores, como o seu país e sua cidade de origem,  burocracia enfrentada, emprego, salário, idioma, amizade e novo estilo de vida.

duomo

Turismo em Florença – com 378 mil habitantes, a capital do Renascimento é um dos destinos  mais visitados da Itália. Vocês não podem imaginar como a cidade fica insuportavelmente lotada entre abril e setembro! Suas praças, ruelas e museus são invadidos por viajantes de todo o mundo em busca de descobrir os tesouros artísticos e arquitetônicos dessa linda e fascinante cidade.

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O turismo de massa causa um impacto diferente de acordo com a estrutura de cada cidade. Os aspectos que enumero aqui em Firenze não seriam válidos se reportados à uma cidade turística de outro país

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Para quem não conhece Florença: assim como muitas cidades italianas, o centro histórico é limitado ao tráfego de veículos e para atravessar a cidade precisamos dar uma volta enorme. Em horário de pico ou quando acontecem eventos na cidade é um verdadeiro martírio cruzar a cidade de carro. A Tramvia (trens elétricos) começou a funcionar em 2010 e a cidade ainda está em obras para a construção de outras linhas que ligarão, por exemplo, o aeroporto ao centro

Em 2016 a cidade registrou mais de 9 milhões de visitantes ( mais de 48 milhões de pessoas visitaram a Toscana em 2018). Turismo traz dinheiro para a cidade, além de desenvolvimento e crescimento. Mas vocês podem imaginar como é morar numa cidade onde as pessoas vêm passar férias? Neste post enumero 7 aspectos considerados negativos por quem vive  numa cidade tão turística como Firenze:

1- dificuldade de caminhar pela ruas 

A cidade está sempre lotada! Caminhar pelas calçadas e praças em determinados períodos do ano às vezes é tarefa árdua.  As pessoas param a cada esquina e nas calçadas para tirar fotos obstruindo a passagem. Já repararam como tem turista desligado que não percebe que as outras pessoas não têm tempo a perder? Eu busco ser muito paciente mas vejo constantemente os locais bufarem quando não conseguem “furar o cerco” de turistas.

2- restaurantes lotados

No centro histórico não tem muito dessa coisa de restaurante apenas frequentado por locais, portanto, até mesmo aquelas trattorias mais tradicionais, reduto dos florentinos, vão estar cheias de turistas. E se na sua pausa de almoço você se depara com fila de espera no restaurante o jeito é partir para o plano b: mangiare un panino al volo (comer um panino rapidinho). De vez em quando até mesmo para conseguir um simples sorvete você precisa ter paciência para esperar na fila.  E o mesmo para as farmácias, mercadinhos e bodegas do centro.

3-  depredação dos bens culturais e degrado

Não são apenas turistas que sujam e depredam mas muitos episódios aqui na cidade tiveram o envolvimento de estrangeiros. Estátuas já foram quebradas e muros foram pichados e riscados.  Com o fluxo tão grande de turistas o risco de danos ao patrimônio cultural é grande.

4- falta de cordialidade nos estabelecimentos

Não saberia dizer se é devido ao grande número de turistas que em alguns locais a cordialidade e a gentileza passam longe ou se essa é uma característica dos italianos daqui (que acabou “contaminando” italianos de outras regiões e trabalhadores de outros países que acabaram adquirindo esse jeitinho tão seco). Quem atende os turistas nem sempre compreende a dificuldade que eles têm de compreender e de se expressar. Óbvio que turista não tem pressa e leva tudo de maneira mais light, enquanto os locais estão a mil por hora para fazer número e faturar mais. Já vi cenas de estabelecimentos que tratam quase com grosseria alguns turistas. Acho um absurdo e fico chateada demais.

5- trânsito lento

As ruas do centro histórico de Firenze são estreitas e muitas são limitadas ao tráfego.  De vez em quando nem de vespa e nem mesmo de bicicleta é possível passar.

6- preços inflacionados

Os preços das tarifas dos hotéis e restaurantes da cidade são altos. E paga-se alto quem quiser ter o privilégio de acordar e deparar-se com o Duomo ou admirar a ponte Vecchio durante a refeição.

7-  dificuldade com transporte público ou taxi

O transporte público aqui não é essa maravilha! Há poucos anos foi implantado o tram (bondinho)  o que melhorou consideravelmente, só que muitos trechos ainda estão em construção e a cidade virou um canteiro de obras. E a frota de taxi na cidade é super limitada. Quando acontecem feiras e eventos na cidade às vezes é impossível conseguir taxi.
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Mas enfim, se eu gosto de morar aqui? Sim, adoro! E em sua opinião, o que você acharia mais difícil e complicado de viver em Florença?

Contra essa lista com 7 defeitos existe uma relação enorme sobre como é bom morar aqui!  E que fique bem claro: turista é sempre bem-vindo! E não acho que seja apenas porque contribui para gerar riqueza, mas porque possibilita a quem os recebe de ter contato com outras culturas e valores. E isso é muito enriquecedor para nos ajudar a compreender um pouquinho as diferenças que existem nesse mundo em que vivemos.

 

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Descobrindo os sabores do Valdarno

Vivendo aqui na Itália a gente pode perceber e vivenciar bem de pertinho como os italianos respeitam e se orgulham de suas tradições gastronômicas. Existem aqui muitos eventos que promovem a cultura enogastronômica do seu território. E cada cantinho dessa terra produz maravilhas! Com um grupo de bloggers e jornalistas, no último final de semana visitei a Autumnia, feira que acontece no centro histórico de Figline Valdarno,  a apenas 25 Km de Firenze, para apresentar os produtos da região do Valdarno. Esta é a 18ª edição,  que teve 3 dias dedicados à  agricultura, ambiente e alimentação.

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Figline Valdarno, às portas do Chianti, é uma cidade medieval (século 12). Dista apenas 25 Km de Firenze e tem 17 mil habitantes

Figline estava em festa!  Não apenas as praças mas por todas as rueas da cidade o movimentado era grande. Pelas principais praças da cidade  muitos stands mostrando o que de melhor a região tem a oferecer  quando o assunto é boa comida.

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Um programa interessante para quem conhecer e vivenciar os verdadeiros costumes dos italianos

O estilo de festa nessas cidades menores é muito parecido com os mercadinhos, com barracas de comida, bebida, frutas e verduras. E para entreter os pequenos, jogos esportivos e laboratórios didáticos para as crianças como parte da programação. E no Teatro Garibaldi as crianças também se divertiram com a mini-fazenda, onde puderam admirar cavalos, vacas, pôneis,  galinhas e outros bichinhos, para interação e entretenimento de toda a família.

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No espaço da Gola Gioconda cooking show com a chef Gaia Murarolli e o estrelado chef Gaetano Trovato.

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Gaia Murarolli, do blog Gingerglutenfree em ação. Gaia apresentou 2 opções preparadas sem glúten: orecchiette e focaccia com linguiça e stracchino. tudo super gostoso!

 

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A obra-prima do chef estrelado Gaetano Trovato, do restaurante Arnolfo: pato com molho de maçã

 

Antes do almoço um passeio pelos stands. Uma explosão de cores,  aromas e sabores para despertar os sentidos. Passenado pelas barquinhas de frutas, cerveja, queijos ,presunto, cada um escolhia e depois dividia as mesas comunitárias.

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Que simpático: street-food truck

 

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O escultor Silvestro d’Andre faz maravilhas com abóbora e queijo

Nosso almoço foi no hotel Villa Casagrande, uma estrutura elegante e encantadora, que apesar de localizado bem no centro de Figline, é circundado de muito verde com a típica paisagem toscana.  Apaixonados pela própria terra, Claudia e Simone  Luccioli são produtores de excelentes vinhos que pudemos degustar em nosso maravilhoso almoço, com inúmeros pratos da tradicional da culinária toscana.

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O grupo que participou do blogtour com a família Luccioli

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O claustro da Villa Casagrande com as cores do outono! A estrutura do hotel é enorme, esta é uma construção do final do século 14

 

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As delícias preparadas pela senhora Luccioli

 

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Do hotel pudemos conferir o tradicional cortejo com os sbandieratori Borghi e sestieri fiorentini. Eles abriram oficialmente a festa no sábado, com exibição na praça Ficino

Figline Valdarno é entre Firenze e Arezzo e é facil de chegar seja de carro, ônibus (35 minutos, saindo das proximidades da estação ferroviária SMN)  ou trem (saindo da estação Santa Maria Novella até FiglineValdarno o percurso dura 25 minutos e a passagem custa 5,50 euros).

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Aldravas italianas

Caminhando pelas ruas da Itália a gente percebe detalhes da arquitetura que chamam a atenção.  Já mostrei em outros posts as portas, sacadas e janelas.  Mas vocês já repararam nos batedores de portas que ornamentam e embelezam as construções?  Hoje vou falar das aldravas, que encontramos fixadas às portas e portões e que eram usadas como campainha antigamente.

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Sua origem é greco-romana e foi bastante utilizada até o século 20, quando surgiu a eletricidade e sua função caiu em desuso. As aldravas surgiram como objeto de praticidade, para que as pessoas pudessem anunciar a sua chegada, batendo-as contra a porta para fazer barulho.

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Associado ao uso prático,  ganhou status artístico e decorativo. Assim foram surgindo peças artísticas e elegantes, que passaram a adornar as portas de muitas cidades.

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Esta peça que é geralmente de bronze, ferro ou metal, aqui na Itália , de acordo com a região,  é chamada de battiportabattente , bussarello ou picchiotto.

 

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Na época neo-clássica se difundiram os modelos em ferro fundido, com formas diversas, alguns inspirados no Antigo Egito,  representando esfinges, outras traziam animais, medusas,  flores , mãos e cabeças de mulheres.

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Inicialmente consistia em formas mais simples mas com o passar do tempo transformou-se em objeto de arte

Mas desde tempos antigos, os batentes tinham não apenas a função de alarmar a chegada ou saída das pessoas ou de auxiliar a abrir portas pesadas.  Por motivos místicos e religiosos, eram atribuídas às aldravas o poder de afastar influências negativas e os espíritos malignos que pudessem prejudicar a casa e seus habitantes. Por este motivo a maior parte dos batedores traz uma expressão ameaçadora ou de animais ferozes.

 

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E se você também admira a arquitetura italiana, aqui tem uma série de posts que podem te interessar: janelas da Toscana, portas italianas e janelas e sacadas da Emília Romanha.

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Amor à distância

Uma das mais lindas histórias de amor que conheço é a dos avós do meu marido. E pensar que essa relação precisou superar a distância por mais de 3 anos. Mesmo separados, o amor foi nutrido por cartas e cartões-postais, que naquela época costumavam chegar ao destinatário depois de dias viajando…  Como hoje é Dia dos Namorados no Brasil preparei este post para os apaixonados que moram em países diferentes, com relatos de casais que precisaram enfrentar a distância.  E ainda bem que hoje existe FaceTime, WhatsApp e Skype para ajudar a matar a saudade!

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Cartões-postais dos anos 30 com emocionantes declarações de amor

Para começar, vou resumir a história dos nonnos, que é inspiradora. Eles se conheceram em Roma nos anos 30, onde ambos estavam morando na época. A família da nonna Maria havia deixado a Emília-Romanha em busca de melhor oportunidade de trabalho. E o nonno Bruno estava ali a trabalho, pois era Marechal Carabineiri (Polícia Militar aqui na Itália). Depois de pouco tempo de namoro precisaram se separar pois o nonno deveria trabalhar em Bolzano, no norte do país.  E aí começaram as centenas de correspondências, que sustentaram a relação a à distância por mais de 3 anos.  Era uma época em que ela não podia viajar sozinha para encontrá-lo. Só depois do casamento. Mas aí outro empecilho. De acordo com o regulamento do exército, ele só podia casar depois que completasse 28 anos.  Pois um dia após seu 28º aniversario ele deu entrada nos papéis para o casamento. Que durou toda a eternidade.  E sempre houve na relação amor, carinho e companheirismo. Me lembro que quando os conheci estava passando aqui na Itália a novela Terranostra e eles costumavam assistir televisão sentados na poltrona, de mãos dadas.  Nos últimos anos de vida, a nonna já não estava bem de saúde e não reconhecia bem as pessoas. Mas sabia que a pessoa que sempre lhe esteve perto era importante e nunca faltou entre eles demonstração de afeto e cumplicidade. O nonno morreu quando eu estava grávida do meu primeiro filho, há 8 anos. A nonna morreu há quase 2 anos, com 100 anos.

amor

 

A ideia de escrever este post surgiu recentemente quando eu estava na casa da minha sogra e ela me mostrou as cartas e os cartões-postais que seus pais trocavam, que são esses que ilustram o post.  Mas até que ponto um relacionamento à distância pode dar certo? Eu mesma namorei por quase 6 meses à distância (com algumas viagens para amenizar a saudade) pois conheci meu marido em 2002 no Brasil e na época ele ainda morava na Suíça e estava se organizando para morar no Brasil por causa do trabalho.

 

Aos depoimentos: 

 

Conversei com algumas brasileiras que narram aqui as experiências de namoro à distancia. A brasileira Adriana L. S. tem uma relação com um italiano da Sicília que começou no Brasil. Eles se conheceram há quase 7 anos. “Estávamos terminados mas agora reatamos à distância. Ele acabou comigo faz 2 anos, mesmo a gente se gostando muito, pois ele não suportava a distância e a dependência de tantas viagens. Nunca perdemos contato e agora que ele sabe que estou indo morar na Itália, ele pediu para voltar. Depois veremos como isso pode ficar, pois ele mora em Messina e eu vou morar em Gênova.  No início será assim,  mas ao menos estaremos no mesmo país”.

Adriana acha que pode dar certo um relacionamento à distância se existe possibilidade de estarem juntos no futuro. “De início se vive a relação e vê no que pode dar, depois tem que tomar decisões. É necessário conviver no dia a dia para ver se além do amor,  o relacionamento é bom. Ocorre que muitos que namoram à distância partem logo para o casamento. Acho importante viver um pouco junto porque as diferenças culturais pesam, além da personalidade. Acho que os italianos ficam muito bem com as brasileiras, mas nós devemos compreender algumas diferenças culturais, como por exemplo o quanto o italiano é direto e às vezes indelicado, também esquentado. O brasileiro tem temperamento com mais bom humor e simpatia, e esse jeito italiano pode chocar muito. Por outro lado os italianos são mais abertos, românticos, mais cúmplices. O peso do valor da família é maior e são excelentes pais. As pessoas são diferentes no mundo todo e não se pode generalizar, mas algumas diferenças culturais existem e devemos ver no dia a dia como é a relação.”

 

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Manuela, Federico e a filha Lavinia (foto divulgação)

A jornalista Manuela Andrade mora em Milão e é casada há 5 anos com o italiano Federico.  Eles se conheceram pela internet em 2004 e o namoro começou depois do primeiro encontro, no Rio, poucos meses depois.  “Namoramos à distancia pouco tempo, por cerca de seis meses, e nos falávamos diariamente, pelo MSN e por telefone”.  Para Manuela,  as maiores dificuldades que encontrou desde que veio morar aqui é a saudade dos amigos e da família. “Foi sem dúvida a parte mais difícil da mudança. Também sofri um pouco com os dias frios e cinzentos do meu primeiro inverno aqui, sou muito meteopática!”

 

Outra história de amor que precisou superar a distância é a de Rafaela (nome fictício) e do italiano Luca. Sem querer se identificar, ela aceitou compartilhar  aqui no blog a sua trajetória e as dificuldades que enfrentou logo quando chegou aqui na Itália.
Rafaela conheceu o marido há 8 anos, no Orkut,  numa comunidade de futebol, uma paixão em comum e o namoro começou 2 anos depois. “Quando falamos dos nossos sentimentos e assumimos um compromisso, ainda era virtual. Depois ele foi ao Brasil me conhecer pessoalmente. E namoramos à distância ainda mais 7 meses. A gente se falava por telefone diariamente. No primeiro mês paguei uma conta altíssima de telefone. Depois aprendi e fiz um plano internacional e ligava toda noite. E ele tinha um plano de celular que permitia enviar SMS e fazer ligações grátis”.
Rafaela trabalhava no Brasil como assistente em um consultório médico e não titubeou para vim morar aqui. “Eu arrisquei! Foi inclusive a minha primeira viagem de avião. A primeira vez que vim era verão aqui, foi tudo maravilhoso! As pessoas são mais receptivas nessa época do ano. Foi tudo um sonho! Eu, como muita gente que vem morar na Europa, pensei que o frio seria meu maior problema. Mas isso eu tirei de letra,  comprei roupas adequadas logo que cheguei. Como minha cidade é muito pequena , a população às vezes é um pouco cruel.  A minha maior dificuldade foi me acostumar com todos os olhares de curiosidade e preconceito. Sofri por um tempo no início e até me isolei. Cheguei a não sair de casa com medo das pessoas. Rezava pedindo proteção na porta de casa antes de sair.  Com o tempo e apoio do meu marido fui percebendo que o ser humano sempre vai pensar diferente um do outro e tenho que conviver com isso. A intolerância é o mal do mundo. Mas eu não posso ficar dentro de casa chorando e a vida passando lá fora.Hoje sou muito feliz aqui! E ambientada. Aqui eu não trabalho, já fiz alguns serviços de limpeza algumas vezes. Emprego eu não tenho mas trabalho nunca falta pra quem quer trabalhar. No início é complicado sim recomeçar. É tudo novo.”
Rafaela dá alguns conselhos para quem tem uma relação com uma pessoa de outro país: “ter muita atenção e paciência. Muita atenção aos sinais. Você vai perceber pelo comportamento do outro se é um sentimento verdadeiro ou não. E paciência. Este conselho é para quem já passou da fase de saber se a pessoa com quem você está se relacionando à distância é uma pessoa séria ou não. Tenha paciência e cuidado com seus sonhos e objetivos! “
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A pernambucana Shirlei e o italiano Franco, da cidade vêneta de Castelfranco (foto divulgação)

A brasileira Shirlei Barreto namora com Franco desde 2015. Eles se conheceram na véspera do reveillon de 2015 de forma inusitada: num posto de gasolina em Recife,  quando ela estava com uma amiga lanchando e ele procurava sinal de Wi-fi. Trocaram olhares, a amiga fez de cupido mas quando começaram a conversar e ela percebeu que ele não era brasileiro, acabou desanimando. “Acho que tive medo, vergonha, não sei ao certo! O fato é que ele muito habilidoso prendeu minha atenção e trocamos telefone. No dia seguinte, 31/12/14, marcamos de tomar café no shopping. O mundo corria para comemorar o novo ano e nós só sabíamos conversar e conversar.  Nos despedimos mas nos 5 dias seguintes não nos desgrudamos mais, até que por um motivo absolutamente sem lógica, provavelmente diferença cultural muito forte e temperamentos idem, a gente brigou.  Ele voltou para a Itália e durante 4 meses não nos falamos mais”. Por muita insistência dele eles voltaram a se falar e ela decidiu lhe dar uma chance e veio passar um período aqui na Itália: “foram dias lindos, intensos, divertidos, difíceis também porque novamente as diferenças pesaram muito… Mas voltei ao  Brasil sabendo que havia deixado meu namorado, nos falamos todos os dias por whatsapp, tem sido assim até agora.

Depois disso ele foi outra vez ao Brasil em outubro do ano passado, ficou hospedado na casa dela e conheceu toda a família. Em dezembro foi a vez dela conhecer a família dele na Italia, onde passaram Natal e Ano Novo juntos. E olhem que legal: desde sexta ele está no Brasil,  depois de 5 meses separados, e vão curtir inclusive a data de hoje juntinhos!

E quando estão separados o que “salva”, segundo Shirlei, é  o WhatsApp, que diz que a maior dificuldade que encontra com a distância é lidar com o ciúme. “É dificílimo!!! É a pior parte de toda esta história. Já acabamos 2 vezes por causa de ciúmes, ele tem muito ciúme quando está perto e não demonstra nenhum ciúme à distância. E eu sou justamente o inverso. Não sei se tem uma fórmula para relacionamento assim, mas eu vou engolindo mesmo, procuro não fazer cobranças loucas, vamos sublimando as inseguranças e nos prendendo ao que sentimos um pelo outro. Vivemos sonhando com o dia do nosso reencontro, e isso é o que nos mantem juntos. Agora decidimos conversar sobre tudo isso, e sobre o que vamos fazer de nossas vidas. Porque para ambos, já chegou o limite.
Shirlei dá alguns conselhos para quem namora à distância, aqui vão:  só ficar na relação se amar muito, se apesar de tudo esta pessoa ainda for “aquela” com quem você deseja estar; evitar desconfianças combinada com cobranças; enviar fotos , videos , música, mimos, cartas etc.,  para construir uma memória afetiva,  fazer planos juntos;  investir na comunicação;  investir em reencontros e não ter medo de tentar. Shirlei, acho que você despertou a curiosidade em todos nós. Mande notícias para contar as cenas dos próximos capítulos, rs. Boa sorte!
E muito amor na vida de todos!!! 
O post de hoje estreia uma serie de entrevistas com brasileiras que moram aqui na Itália e que vão dividir suas experiências falando sobre trabalho, vida na Itália, maternidade e muitos outros assuntos. Vem muita coisa bacana em breve! 
Espero voces também na Fanpage do blog no Facebook.

Hábitos alimentares dos italianos

Acredito que diante de todo aquele ritual de comilança na hora das refeições aqui na Itália com antepasto, primo piattosecondo piatto,  contorno (acompanhamentos), sobremesa e café – ufa- você também deve se perguntar se é assim todos os dias.  Costumava ser.  É que os os costumes dos italianos estão mudando e no ritmo frenético do dia-a-dia as pessoas acabam não podendo dedicar tanto tempo às refeições. Ao menos durante a semana.  Vou explicar sobre os hábitos alimentares dos italianos de forma genérica e abordar principalmente os costumes gastronômicos aqui da Toscana, região onde vivo.   Mas sim, claro que muita gente pode e faz questão de saborear cada portata (como é chamado aqui cada um dos pratos) todos os dias da semana, e não apenas nos almoços de domingo em família ou em ocasiões especiais e nos restaurantes.

 

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Tem turista que acha que nos restaurantes eles ficam chateados se você não pedir todos os pratos. Não é bem assim. Escolha apenas o que realmente você quiser comer (eles provavelmente vão cobrar o couvert de qualquer jeito, que custa de 1 a 3 euros). Pode ser que você queira um prato de massa (primo) enquanto a pessoa que está contigo prefira um prato com carne (secondo piatto). Informe ao garçom para trazer os pedidos contemporaneamente

 

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Não seria exagero dizer que tudo na Itália gira em torno de comida.  E de comida boa, de qualidade. A cozinha italiana é simples e baseada em pratos preparados com produtos frescos, da estação. E é por este motivo que não encontramos os mesmos pratos o ano inteiro, a cozinha é sazonal.  E nem sempre encontramos os mesmos pratos em todas as regiões do país, pois a culinária italiana é conhecida pela sua diversidade regional. Cada território prepara seus pratos em base à matéria-prima que tem. O uso de manteiga e gorduras é bastante restrito e é grande o consumo do azeite de oliva. E este é um dos segredos da boa forma. Escrevi um post explicando porque os italianos não engordam. Não deixe de conferir! 😉

 

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Existe uma grande variedade de aromas nas receitas, graças aos temperos bastante utilizados, como manjericão, sálvia e alecrim. A simplicidade no preparo dos alimentos é uma das características da gastronomia italiana

Todos querem e fazem questão de comer bem. E é vero, aqui só se fala em comida! Nas filas dos supermercados as pessoas comentam e trocam receitas, no trabalho, nos eventos, nos mercadinhos de rua e entre desconhecidos que engatam uma conversa (se não estão comentando sobre o tempo, pode saber que o papo é comida!).  Quando se escolhe um local para sair à noite pouco importa se o local é bonitinho, badalado ou da moda; tem que ser um lugar onde se “mangia bene”. O local de uma festa de casamento não é escolhido baseado na paisagem ou na elegância do lugar, mas é o buffet que vai pesar mais na hora da decisão (não apenas farto, mas com produtos de qualidade).

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Na minha casa adaptamos alguns costumes da tradição italiana à brasileira e na maioria das vezes costumo fazer um prato único, coisa que aqui não acontece, pois os italianos não gostam de misturar os sabores.  Adotei o prato único desde que meu filho começou a fazer as refeições junto com a gente. E foi por questão de praticidade.  Ou vocês acham que é fácil manter uma criança de 1 ano sentada à mesa por uma hora esperando todo o ritual e troca de pratos? Costumamos comer o antepasto e depois o prato principal, que pode ser uma massa com carne ou peixe e verduras. Acho bem mais prático preparar refeições aqui do que no Brasil.  A facilidade é grande de encontrar molhos semi-prontos e de ótima qualidade seja em bodegas que nos supermercados.

 

As refeições 

Vou agora falar sobre as principais refeições, que são basicamente 5: café-da-manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar.

Eu considero o café-da-manha, ou colazione, daqui escasso comparado ao nosso.  Aqui é um hábito que o desjejum seja no bar onde as pessoas geralmente optam por um café com brioche (veja mais detalhes aqui).  Em casa,  as famílias costumam consumir pão com geleia, biscoitos, café com leite ou cereais e leite.  Eu costumo variar e de vez em quando faço misto-quente com pão toscano.  No meio do dia, por volta das 10, 11 horas, comem fruta ou yogurt.

O típico almoço italiano, considerado a refeição principal do dia, tem vários pratos e começa com o antepasto, pães, presuntos, queijos, embutidos, depois o primo piatto, que pode ser uma massa (por exemplo fusilli, penne, farfalle, strozzapreti, fettucine, ravioli, spaghetti, gnochi e orecchiette;  cada massa tem seu molho específico), risotto ou sopa, o secondo piatto de carne ou peixe (ou também à base de ovo) e acompanhados pelo contorno, preparados com verduras e legumes.  A salada vem no final da refeição (e não no início como acontece no Brasil). E sempre o pão acompanha as refeições (que quando sobra, a gente faz a scarpetta, conhece?).

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Quem trabalha e não vai em casa na hora do almoço geralmente escolhe um bar perto do local de trabalho e opta ou por uma massa ou carne. Um prato de massa como este custa entre 5 e 7 euros. E quando não tomam vinho bebem água, quase nunca refrigerante

Mas como mencionei, com o ritmo de vida mais agitado, na pausa pranzo (pausa de almoço de quem trabalha), muitos mudaram seus hábitos alimentares e passaram a reduzir a quantidade de pratos optando ou pelo primo ou pelo secondo. E sem contar que alguns substituem o almoço por um panino. Todo o tradicional ritual fica reservado para o almoço em família de domingo. O italiano adora e não abre mão de comer com tranquilidade e saborear os alimentos pelo menos nos finais de semana, afinal, é importante confraternizar reunindo os amigos e a família em torno da boa mesa. O lanche da tarde aqui é chamado de merenda e costumamos comer frutas, yogurt, suco, pão ou biscoitos.

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Este é um exemplo de secondo piatto (tagliata, que é a bistecca cortada em fatias) com carciofi (acompanhamento) , e salada, que nesse caso era apenas para enfeitar o prato. Reparem que a porção não é grande

 

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Uma tacinha de vinho para acompanhar as refeições, quando não apenas água. Quase nunca as pessoas pedem suco ou refrigerante

À noite, por volta das 20 horas, geralmente é o horário do jantar (ah, e nem pense em propor um lanche para substituí-lo!).  E aquilo que é preparado no jantar depende do que a pessoa comeu no almoço. E quem pode e gosta, repete todo o ritual do almoço, com diversos pratos. Os mais idosos não abrem mão de jeito nenhum desse modo de comer.  Já as famílias com crianças e os mais jovens costumam optar por uma substanciosa salada com algum tipo de carne (costumam fazer bastante grelhada) ou sopa, nos meses mais frios. No verão prevalecem pratos mais leves e práticos, como presunto e melão, saladas, queijos e presuntos.  E com essa onda de fazer aperitivo (saiba mais aqui), a gente percebe algumas mudanças de hábito na ultima refeiçao do dia, pois depois de participar de um happy-hour com buffet farto muitos acabam nem jantando.

fruta

As frutas da estação são consumidas não apenas na hora do lanche mas também após as refeições como alternativa para o doce na hora da sobremesa

 

 

 

 

 

Um passeio por Mantova

A cidade de Mântua, Mantova em italiano, é uma cidade de origem etrusca localizada no norte da Itália, na região da Lombardia. Na Idade Média, sob o domínio da família Gonzaga, tornou-se um ducado.  A poderosa família incentivou atividades artísticas e colaborou para o enriquecimento da cidade, que conta com belíssimas e imponentes construçõe. Possui muitas áreas verdes e o seu centro histórico é circundado por 3 lago:  Superior, Médio e Baixo. Para falar mais sobre a cidade, dessa vez quem participa do Amici Miei é a Daphne Pierin, brasileira de Santos, que vive na cidade há 10 anos:

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Daphne e o marido Lorenzo, no dia do casamento. Ao fundo a igreja Rotonda di San Lorenzo. O casal tem 2 filhos: Matteo, 8 anos, e Analuisa de 5

 

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A minha história com a Itália começou há muitos anos, quando eu ainda era uma pré-adolescente. Talvez a influência da família pelos nossos antepassados serem de origem vêneta, talvez pelo destino. O fato é que em 2005 finalmente encontrei a minha metade, aquela que chamam de alma gêmea e, naturalmente, um italiano. Logo nos casamos e já fui me adaptando à minha nova vida, em Mantova, uma pérola do Renascimento. De lá para cá 10 anos se passaram e hoje posso dizer que me sinto em casa por aqui.

Para quem não sabe, a cidade de Mantova, faz parte da UNESCO como Patrimônio Mundial da Humanidade desde 2008. Tem grande valor por ter sido local de residência da importante família dos Gonzaga. E justamente por isso  um dos pontos de parada obrigatória no centro histórico de Mantova deve ser o Palazzo Ducale, a residência da família Gonzaga.

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O interessante é que o Palazzo Ducale é localizado ao lado do Castello de San Giorgio e  você pode fazer a visita das duas atrações turísticas com um único  bilhete, se for de seu interesse.

Isso se deve ao fato de que quando haviam invasões em Mantova e ameaçavam a residência dos Gonzaga, a família se dirigia internamente para o Castello di San Giorgio para se refugiar.

Lá dentro voce irá ficar de “queixo para o ar” (literalmente!) admirando o teto da sala Picta -conhecida também como “Camera deli sposi”,  realizada por Andrea Mantegna.

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Piazza Sordello com a Catedral de São Pedro, o Duomo de Mantova, onde do lado oposto temos o Palazzo Ducale

 

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Interior do Duomo

Aproveitando que você está passeando por Mantova, aconselho fortemente experimentar o riso a Mantovana (arroz de Mantova), prato local muito apreciado pelos mantovanos, feito com arroz, um tipo de carne moída de porco (salamella), noz – moscada e parmesão ralado. E também o tortelli di zucca, que é um tipo de raviole com recheio de abóbora, essa por sua vez com um sabor intenso devido ao uso da mostarda mantovana. Você pode escolher o restaurante Giallozucca no centro antigo da cidade.  Os preços são acessíveis e de quebra você pode passear pelo comércio nas ruas próximas ao restaurante, encontrando lojas como Kiko, Max Mara, Douglas entre outras.

 

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Sequê ncia de fotos: O Palazzo Ducale, a árvore florida neste início de primavera e o mercado na cidade que acontece na praça Sordello

Deixo uma dica imperdível para você ver em Mantova: o Festival da Literatura, que acontece no mês de setembro. São centenas de voluntários que participam desse grande evento que ocorre no centro histórico de Mantova e que envolvem artistas, escritores, autores de todo o mundo em espetáculos, palestras e laboratórios, inclusive com foco em adolescentes e crianças. A cidade fica cheia em clima de festa e o evento se prolonga por cinco dias repletos de atividades. Caso você tenha interesse, fique a vontade em conhecer mais de Mantova comigo através do meu canal no Youtube: Daphne Pierin e pelo blog Mix pelo Mundo.

Grazie Daphne por ter participado do Amici Miei!

Quer registrar aqui no blog  a sua história e paixão por alguma cidade ou região da Italia? Escreva para o Amici Miei: grazieate@gmail.com

 

“Nós que escolhemos Firenze”

Há quase 3 anos comecei a dividir com vocês aqui no blog um pouquinho das belezas das cidades italianas por onde passo e principalmente de Firenze, cidade onde vivo. Através de fotos e relatos registro o cotidiano de tudo aquilo que de alguma forma me encanta, exprimindo amor e respeito pelo local onde escolhi viver.  O jornal Il Reporter me contatou para esta entrevista da edição de março, mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher. Eu conto o motivo da minha escolha de viver aqui e o meu modo de ver a cidade. É com imensa satisfação e gratidão que compartilho com vocês. Aqui vai a tradução para o português:

“Nos que escolhemos Firenze”: a cidade vista por quem vem de longe

 

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Sasha, Denya e Georgette deixaram os seus países de origem para viverem nas proximidades do Arno. E agora contam, através do seus olhares, qualidades e defeitos da cidade e de seus habitantes. Com uma curiosidade: são todas apaixonadas pela mesma praça

Em Firenze nascemos, estudamos e  trabalhamos. Mas tem quem chega de longe e opta por fazer desta a sua nova casa, o lugar onde construir o futuro. Será devido às suas ruas estreitas e encantadoras, pelo inconfundível som do sotaque fiorentino ou pelos seus memoráveis monumentos. Firenze é (e sempre mais) de todos, de qualquer um que a ame. Sasha, Denya e Georgette deixaram seus respectivos países de origem para viver nas proximidades do Arno.  E Il Reporter, este mês – em que se celebra a festa da mulher – quis compartilhar a história delas. Histórias de 3 blogueiras que, todos os dias, descobrem alugma coisa de novo sobre a cidade, sejam qualidades que defeitos. Para provar – por uma vez- a ver Firenze com outros olhos.

por Valentina Veneziano

 

florença

 

Denya Pandolfi, mãe, blogger, brasileira e em Firenze desde 2005

“A beleza? Está no cotidiano”

 

Grazie a Te blog Denya

Foto: Kelly Stein (ao fundo a Ponte Vecchio)

1- Por que escolheu Firenze e o que significa acordar todos os dias em uma das cidades mais lindas do mundo?

Nao foi exatamente uma escolha a de viver em Firenze. Conheci meu marido no Brasil há 14 anos e resolvemos viver em Firenze depois do nosso casamento, em 2005.

Acordar todos os dias em uma cidades mais lindas do mundo é realmente maravilhoso! Adoro observar  e fotografar o dia-a-dia: a nonna que vai à mercearia, o artista de rua e os artesãos em ação. Nesta cidade a beleza está em todos os lugares… nas cenas do cotidiano.

 

2- Firenze: uma qualidade e um defeito

As belezas históricas que convivem em harmonia com uma cidade que está se modernizando. Defeito: Firenze é uma cidade suja, mal-cuidada, que merece mais respeito e atenção da parte dos cidadãos e turistas

 

3- A tua praça ou rua do coração e o motivo

Piazza della Passera. Mas gosto muito da Piazza della Repubblica, cheia de vida, o coração da cidade

 

4- A palavra ou expressão fiorentina que mais gosta

“Mi garba”, que significa eu gosto (apesar de não usá-la)

 

5- Tem alguma coisa do seu caráter o teu comportamento que se “fiorentinizou” com o passar do tempo?

Um pouco sim. Sempre fui uma pessoa muito aberta e comunicativa. Em algumas situações não recebia o mesmo sorriso e reciprocidade por parte das pessoas. Decidi então fazer como fazem aqui. Sempre sou educada e gentil mas a minha simpatia muda de acordo como sou tratada.  (Explico pra vocês o que acontece e o motivo dessa resposta, já que devido à edição uma parte precisou ser cortada:  às vezes você encontra uma pessoa que já conhece ou entra num local onde frequenta e as pessoas mal te cumprimentam, apesar de te conhecerem.  Se no momento elas estiverem chateadas ou aborrecidas com alguma coisa, simplesmente te ignoram. E no dia seguinte, se tudo vai bem, é aquela festa! Nunca consegui entender esse comportamento)

 

6- Um conselho que daria a uma amigo que, como você, decidesse deixar o país para fazer de Firenze a sua casa?

Compreenda e aceite as adversidades. Respeite as regras, as pessoas, a cultura e o ritmo de Firnze.

 

Tradução: Denya Pandolfi

E para a minha surpresa, a entrevista foi feita também com 2 queridas amigas,  a chinesa Sasha Wang, do blog Stai al Borgo e Georgette Jupe-Pradier, do blog Girl in Florence.

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