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Brisighella, para os adeptos do slow travel

Brisighella é uma antiga vila medieval e termal no Valle del Lamone, nos Apeninos da tosco-emiliano entre Florença e Ravena e é excelente destino para os adeptos do slow travel. Todos os anos quando vamos para a casa de campo, que fica perto de San Marino, escolhemos para visitar uma cidade que fica no percurso. E foi assim que resolvemos passear em Brisighella, província de Ravena.

 

Na província de Ravenna, nas encostas dos Apeninos entre Florença e Ravena, a vila medieval de Brisighella

Na província de Ravenna, nas encostas dos Apeninos entre Florença e Ravena, a vila medieval de Brisighella

Com menos de 8 mil habitantes,  o vilarejo medieval é dominado por 3 construções que à distância chamam a atenção: a fortaleza manfrediana do século 14, a Torre do Relógio, do século 19, e o Santuário de Monticino, do século 18.

Longe das rotas do turismo de massa , Em Brisighella reinam a paz e  a tranquilidade

O protagonista de Brisighella é o gesso,  presente sob todo o  vilarejo e em todo o vale  que o circunda. Inclusive o gesso está presente nas fachadas das casas e nas escadas esculpidas.

As cavernas de gesso de Brisighella

A colorida Via degli Asini, ou Via del Borgo

Um símbolo da cidade é a Via degli Asini, ou Via del Borgo,  incorporada às residências. Toda em tons pastel, como muitas construções da cidade,  apresenta uma série de janelas arqueadas. Nasceu no século 14 para fins defensivos e mais tarde começou a ser utilizada para o transporte  do gesso das pedreiras das redondezas com o auxilio dos burros, por esse motivo chama-se “Rua dos Burros”. A via degli Asini  é símbolo do trabalho humano relacionado à extração e ao processamento do mineral.

Via degli Asini – A rua é uma lembrança do trabalho humano relacionado à extração e ao processamento do mineral. Neste bairro viveram pessoas que trabalhavam nas pedreiras de gesso.Foto do blog Viaggiare uno stile di vita

Torre do Relogio

A Torre do Relógio está localizada em uma das três colinas de Brisighella. Foi construída em 1290, quando Maghinardo Pagani da Susinana construiu uma torre com blocos de gesso para controlar o castelo de Baccagnano. Pode ser alcançado a pé ou de carro. Para os pedestres, o caminho é a partir da Via degli Asini.

 

A Torre do Relógio foi completamente reconstruída em 1850, quando o atual relógio foi inserido. Uma curiosidade: o mostrador do relógio apresenta apenas seis horas , e não doze

 

Rocca Manfrediana

Foi construída em 1310 pela família Manfredi, que eram os senhores de Faenza. Foi a residência dessa poderosa família até 1500, quando passou ao domínio de Cesare Borgia,  posteriormente para os venezianos e por um período  passou a ser propriedade dos Estados Papais. A torre, que sofreu diversas reestruturações ao longo dos anos, é visitável e um passeio ao redor da estrutura é um excelente programa, principalmente para quem viaja com crianças! O panorama lá do alto é maravilhoso!  A estrada até a fortaleza  oferece um  lindo visual de toda a região, é a panorâmica Strada della Rocca.

Os pequenos se divertem: é possível caminhar pelas paredes de defesa, olhar pelas brechas, espiar o vilarejo e conferir onde as pontes levadiças eram enganchadas

 

Santuário da Madonna del Monticino

Sobre as colinas de Brisighella fica o Santuário da Madonna del Monticino, que guarda a obra em cerâmica La Madonna con Bambino, datada de 1626. A primeira construção, demolida em 1758, foi substituída pela atual. Nos fundos do santuário, a pedreira da qual  era extraído o gesso, tornou-se um Museu Geológico ao ar livre. Desde 1662, no mês de setembro é comemorado um dos mais antigos festivais da Romanha dedicado à Madonna del Monticino.

O Santuário della Beata Vergine del Monticino, na Via G. Pascoli. Em 1926, o Santuário foi enriquecido com uma fachada grandiosa, doada pelo cardeal Michele Lega, projetada por Edoardo Collamarini

 

Distâncias:

Bolonha – 69 Km

San Leo – 98 Km

Gradara –  104 Km

San Marino- 98 Km

Ravenna – 52 Km

Firenze – 89 Km

Rimini – 83 Km

 

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Bagno Vignoni, na Toscana

Famosa por suas termas, Bagno Vignoni é outro tesouro da Toscana.  Este minúsculo burgo medieval, aos pés do Monte Amiata,  tem apenas cerca de 40 habitantes

 

Para chegar até o burgo medieval de Bagno Vignoni a gente percorre uma estreita estrada na belíssima região do Val D’Orcia, num cenário repleto de suaves colinas. Na entrada da cidade é necessário estacionar o carro pois o tráfego é restrito aos moradores e prestadores de serviço. Mas isso não é problema, o burgo é tão pequeno que te bastam 2 horas para explorá-lo por completo.  Aí você vai seguindo a pé em direção ao miolinho da cidade imaginando que vai encontrar em sua pracinha central um famoso monumento.  Ledo engano.  Na Piazza delle Sorgenti, a praça principal de Bagno Vignoni, não existe nenhum monumento esculpido e nem mesmo uma fonte, mas uma piscina retangular de águas termais, com águas de origens vulcânicas, utilizadas desde épocas etruscas e romanas.
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A grande piscina medieval de Bagno Vignoni. A Piazza delle Sorgenti, com águas de origens vulcânicas, de antigas civilizações; os etruscos já se aproveitavam dessas fontes e posteriormente os romanos que descobriram suas propriedades benéficas

 

A Piazza delle Sorgenti, do século 16, tem ao centro uma piscina retangular que jorra água de uma profundidade de mais de mil metros.  São águas termais com temperaturas em torno dos 40º C e se misturam aos minerais e compostos sulfúreos. Atualmente não é permitido tomar banho no local.
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Neste predio à direita era a residência de verão do Papa Pio II, desenhado por Bernardo Rossellino, um dos maiores arquitetos do início do Renascimento

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O burgo mantem-se praticamente intacto e é um dos burgos medievais mais bem conservados da Toscana. Bagno Vignoni pertence à província de San Quirico D’orcia, Siena, e fica a 303 metros acima do nível do mar

Nas proximidades da grande piscina de águas termais existem algumas lojinhas de souvenir, construções residenciais e restaurantes, que posicionam suas mesas na área externa doando ainda mais charme ao lugar.
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Essas águas termais eram utilizadas desde épocas etruscas e romanas devido à proximidade do burgo à via Francigena, estrada medieval por onde passavam os peregrinos que seguiam para Roma. A água é rica em elementos com propriedades curativas, cálcio, carbonato de ferro, sulfato, sódio e magnésio e tem efeitos benéficos para os ossos e ajuda na sistema circulatório, além de ser uma maravilha para a pele.
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Loggiato di Santa Caterina

Já estive em Bagno Vignoni em períodos diferentes do ano e posso dizer que em cada estação a cidade se apresenta de forma diferente.  No inverno, quando os termômetos marcam temperaturas baixíssimas,  o cenário é fascinante, pois o vapor que sai da enorme banheira retangular, especialmente à noite, torna o lugar ainda mais incrível e especial.
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A primeira vez em que estive em Bagno Vignoni fiquei hospedada no hotel Posta Marcucci, que possui esta piscina , a Val di Sole, interligada com suas instalações. Relax e bem-estar contemplativo. O visual com a natureza em volta é um espetáculo!

No século 18, quando  quando o burgo era de propriedade da rica e potente família Chigi, de Siena, foi construído o primeiro empreendimento de águas termais,  marcando neste período a história de Bagno Vignoni como destino turístico graças à sua vocação para a indústria das termas.

Bagno Vignoni dista 118 Km de  Firenze. Conheça aqui algumas cidades que ficam próximas ao burgo medieval:
Siena – 50 Km
Montalcino – 20 Km
Pienza – 15 Km

Monteriggioni, o pequeno burgo toscano

Entre Firenze e Siena está a pequena Monteriggioni , cidadezinha que se concentra em uma fortaleza e mais parece um castelo desses que estamos acostumados a ver nos filmes. O burgo é minúsculo! Para explorá-lo você precisa estacionar o carro sob as oliveiras e superar a grande porta que dá acesso à cidade. Dali você vai começar a sua aventura explorando a cidade e revivendo o passado através de suas características medievais tão bem conservadas.

Monteriggioni

O acesso ao pequeno burgo é através de suas portas medievais. O vilarejo foi fundado como função defensiva e aqui na parte fortificada vivem cerca de 45 pessoas

Monteriggioni, província de Siena, representa um dos burgos fortificados mais significativos do território  e tem pouco mais de 10 mil habitantes (considerando o comune). Construído entre 1213 e 1219 para ser uma estrutura defensiva, é composto por 14 torres e 2 portas. O burgo sofreu algumas mudanças no século 16  e em 1921, quando 3 de suas 14 torres foram abaixadas ao mesmo nível das muralhas.

monteriggioni

Fiz esta foto de dentro do carro, da estrada. De longe avistamos o castelo em forma circular. Essa forma que tem a fortaleza não foi proposital. A construção respeitou a forma original do terreno

O castelo de Monteriggioni fica posicionado sobre as colinas do monte Ala e é circundado de vinhedos e oliveiras, o que rendem o cenário ainda mais bonito! Foi construído no início do século13 pelos seneses para se defenderem dos possíveis ataques dos fiorentinos, seus históricos rivais. São muitas batalhas entre as 2 cidades que por séculos brigaram pelos territórios toscanos.

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Monteriggioni é um dos burgos medievais murados mais conhecidos da Itália. É conhecido como a Porta da Idade Média.

 

O que atrai a curiosidade dos  visitantes é a pequena fortaleza murada, em forma circular. É possível atravessá-la de um lado ao outro em menos de 5 minutos. A cidade tem 2 entradas: a porta Franca ou Romea que é em direção à Siena e a Francigena, em direção à Firenze.
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Esta é a porta  Franca ou Romea, voltada para a cidade de Siena. Esta é a principal entrada. Muito provavelmente era composta por uma ponte levadiça

A outra porta da cidade e é de Ponente ou San Giovanni, voltada para Florença.  Esta porta é mais simples e consiste num arco. Próximo à entrada, alguns versos de Dante Alighieri, que cita Monteriggioni em seus poemas.
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A igreja Maria Assunta em estilo românico-gótico foi construída  em  1213, ano da fundação da cidade. Fica na praça principal . preserva um sino do ano de 1299 e uma pintura do século 17 que representa a Madonna do Rosario.
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A praça Roma é que reúne os bares, restaurantes típicos e lojinhas de artesanato e produtos típicos locais, como o vinho, queijos e geleias. E como vocês devem imaginar, existem muitos revendedores de vinho Chianti e de antiguidades. Sua pavimentação atual não é original, foi feita nos anos 70.  Ao redor da praça fica o Museu das Armaduras que tem reproduções fiéis de armas e armaduras. A entrada é gratuita.
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Lojinha de artesanato

Desde 2005 é possível percorrer uma parte do caminho que circunda a muralha.  É uma beleza observar a paisagem do Chianti e do Valdelsa e admirar a cidade do alto das muralhas! O ingresso que dá acesso à atração custa 2 euros e fica perto da porta Francigena, entrada principal da cidade.
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Para ver a cidade do alto é possível passear por uma parte das muralhas onde foi constuida uma espécie de passarela. O ingresso custa 2 euros

Dentro da fortaleza existem muitas oliveiras e plantações de frutas e verduras, que na época eram utilizadas para garantir alimento aos habitantes em período das batalhas.

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Siena transformou Monteriggioni numa imponente fortaleza para proteger seu território ao norte durante as guerras contra Firenze. As muralhas de Monteriggioni estão praticamente intactas. A fortaleza possui 14 torres

 

Ali perto podemos ver as oliveiras e plantações de frutas e verduras que na época eram utilizadas para garantir alimento aos habitantes em período das batalhas.
Festa tradicional – Em julho acontece a Festa Medieval de Monteriggioni. Nos dois primeiros finais de semana do mês o burgo se transforma em uma vila medieval graças ao Monteriggioni  di torri si corona. Stands com artesãos por suas estradinhas, cavaleiros, música ao vivo, acrobatas e teatro. Para conferir mais autenticidade ao evento, os moradores se vestem a caráter e ajudam a recriar a atmosfera medieval. Para  fazer transações apenas moedas medievais são usadas.
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Não deixe de passear pelos becos da cidade para apreciar as casinhas em pedras tão graciosas

 

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O lindo jardim da cidade repleto de oliveiras

Como chegar:

Viajar de carro pela Toscana é a maneira mais simples, prática e prazerosa, pois você pode parar quando quiser seja para fotografar como para degustar produtos típicos locais  nos estabelecimentos na beira da estrada.
Mas existe também opções de trem e de ônibus:
Trem – Monteriggioni não possui estação ferroviaria.  É preciso ir até a estação Castellina Scallo- Monteriggioni (linha Empoli, Siena)  que fica a 3 Km dali (e depois pegar um taxi ou ônibus).
Ônibus – serviço Sita saindo de Firenze.
Distâncias:
Siena– 15 Km
Firenze – 61 Km
San Gimignano – 27 Km

Castiglione della Pescaia, no litoral da Toscana

Entre o azul do mar e o verde das colinas, Castiglione della Pescaia é um dos balneários mais elegantes do litoral toscano. A natureza foi muito generosa com este pedacinho da Toscana, que é um burgo medieval sobre uma colina encravada na Costa do Tirreno, na região da Maremma.  Devido à qualidade do seu mar e do ambiente é conhecido como “piccola Svizzera” (pequena Suíça).
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 Litoral charmoso e badalado

Castiglione della Pescaia pertence à província de Grosseto (dista 22 km) e possui menos de 8 mil habitantes. No centro histórico medieval, que fica na parte alta da cidade, estão as torres, a muralha e as antigas construções muito bem preservadas. Lá do alto o visual é espetacular
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E como se não bastasse seu rico patrimônio histórico, o mar que o circunda é límpido e de um azul cristalino que hipnotiza. A vista para o porto-canal com o rio Bruna

Este requisitado e elegante cantinho do litoral da Maremma fica bem perto de Massa Marittima, onde estivemos há pouco tempo (saiba mais neste post aqui).

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Pieve de San Giovanni Batista

Para os apaixonados por arte e arqueologia, dois pontos imperdíveis são a Pieve de San Giovanni Batista e o Palazzo Pretorio, ambos de origem medieval.

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Vários eventos agitam a cidade durante o verão, como concertos com a Orquestra de Grosseto, apresentações teatrais nas pracinhas e cinema ao aberto

 

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As flores sempre presentes colorindo e alegrando o ambiente. Lindo de se ver!!!

 

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O centro histórico possui locais modernos e lojas de luxos mas conserva uma atmosfera tranquila que encantam os turistas

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Adoro conferir o ritmo de vida e perceber algumas características que apenas cidades menores apresentam, como cadeiras na frente das casas -os donos da casa se sentam e passam horas observando os turistas e comentando com os vizinhos o que vêem-, roupas estendidas nos varais em habitações com paredes de pedra e chave pendurada na fechadura (coisa rara de se ver).

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Para o nosso almoço escolhemos o restaurante Posto Pubblico pelo impacto que nos causou quando adentramos o centro histórico. O local fica nesta espécie de praça no início de uma ladeira, com ambiente que remete ao passado. O único porém é que o atendimento deixou a desejar. Foi uma decepção perceber que o staff se esforçava mas não conseguia ser gentil. Uma pena pois o lugar é cheio de estilo e fica em local privilegiado. Sem contar que os precinhos não são nada camaradas (como consolo, ao menos tudo estava saboroso!).  

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As praias de Castiglione della Pescaia 

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É um balneário elegante, único e exclusivo, com praias de águas cristalinas e com uma importante área de preservação ambiental

 

Castiglione della Pescaia apresenta uma variedade de praias: livre, a pagamento, com areias finas e claras e outras de pedras. Muitas pessoas seguem para o balneário não apenas devido a suas praias mas também em busca de área verde. Ali existem numerosas “pinete” (árvores de pinho) para quem busca descansar, passear ou fazer um piquenique na sombra. Existem diversos estabelecimentos balneários modernos e com boa estrutura. Para uma diária, os comerciantes cobram cerca de 40 euros para uma sombrinha e duas espreguiçadeiras na alta temporada (julho e agosto).