Arquivo mensais:junho 2016

Aldravas italianas

Caminhando pelas ruas da Itália a gente percebe detalhes da arquitetura que chamam a atenção.  Já mostrei em outros posts as portas, sacadas e janelas.  Mas vocês já repararam nos batedores de portas que ornamentam e embelezam as construções?  Hoje vou falar das aldravas, que encontramos fixadas às portas e portões e que eram usadas como campainha antigamente.

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Sua origem é greco-romana e foi bastante utilizada até o século 20, quando surgiu a eletricidade e sua função caiu em desuso. As aldravas surgiram como objeto de praticidade, para que as pessoas pudessem anunciar a sua chegada, batendo-as contra a porta para fazer barulho.

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Associado ao uso prático,  ganhou status artístico e decorativo. Assim foram surgindo peças artísticas e elegantes, que passaram a adornar as portas de muitas cidades.

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Esta peça que é geralmente de bronze, ferro ou metal, aqui na Itália , de acordo com a região,  é chamada de battiportabattente , bussarello ou picchiotto.

 

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Na época neo-clássica se difundiram os modelos em ferro fundido, com formas diversas, alguns inspirados no Antigo Egito,  representando esfinges, outras traziam animais, medusas,  flores , mãos e cabeças de mulheres.

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Inicialmente consistia em formas mais simples mas com o passar do tempo transformou-se em objeto de arte

Mas desde tempos antigos, os batentes tinham não apenas a função de alarmar a chegada ou saída das pessoas ou de auxiliar a abrir portas pesadas.  Por motivos místicos e religiosos, eram atribuídas às aldravas o poder de afastar influências negativas e os espíritos malignos que pudessem prejudicar a casa e seus habitantes. Por este motivo a maior parte dos batedores traz uma expressão ameaçadora ou de animais ferozes.

 

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E se você também admira a arquitetura italiana, aqui tem uma série de posts que podem te interessar: janelas da Toscana, portas italianas e janelas e sacadas da Emília Romanha.

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Il Borro

Voltar no tempo não é possível. Mas alguns lugares te dão sensação de poder senti-lo escorrer mais lentamente. É assim no burgo medieval Il Borro,  no Valdarno, um vilarejo na Toscana de propriedade  da família Ferragamo que conjuga de forma harmoniosa a simplicidade da natureza, o luxo de suas instalações e a excelência nos serviços. Um estilo de hospedagem pra lá de peculiar!

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Vivenciar momentos neste burgo secular é uma experiência única e inesquecível!  Imaginem que é possível se hospedar em uma das 3 luxuosas villas ou escolher entre os 30 exclusivos quartos distribuídos pelo vilarejo. Fui convidada para conhecer as instalações e os serviços oferecidos pelo Il Borro, que desde 2013 ganhou a assinatura Relais&Chateaux. Vou contar aqui essa maravilhosa experiência junto a outras 3 amigas blogueiras.

 

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Nosso grupo era formado por Alice Cheron, do Ali di Firenze, Georgette Jupper do blog Girl in Florence, e Alexandra Korey, do Art Trav. Fizemos um passeio pelos cinematográficos jardins onde ficam as 3 mansões, a área da piscina e a capela. O lugar exala romantismo. Fiquei imaginando um casamento naquele cenário de sonhos!

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O local já pertenceu à famílias prestigiosas como os Medici e os Savoia. Em 1993 a família Ferragamo adquiriu o burgo e a partir de então, Ferruccio, com a ajuda do filho Salvatore (neto do fundador da marca e CEO do Il Borro),  começaram ali trabalhos de restauração e melhorias, já que o local havia sofrido ataques durante a 2 ª Guerra Mundial.  A proposta era de resgatar tradições e a história do lugar em total respeito à natureza, utilizando o conceito da sustentabilidade.

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A capela da casa principal onde são realizadas cerimônias religiosas

O Il Borro fica a 20 Km de Arezzo e a 55 Km de Firenze.  É nessa área de 700 hectares, com natureza exuberante, que possibilita os visitantes de desfrutarem dias inesquecíveis  num espaço que conserva sua arquitetura medieval em modernas e confortáveis instalações.

 

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Vista para o burgo medieval , que é do ano 1000. A família Ferragamo transformou o burgo em um destino de luxo, em ambientes elegantes e discretos ao mesmo tempo contemporâneo, sem exageros, refletindo o perfil da própria família

Wellness– Nossa programação matinal foi na área do spa e começou com aula de yoga com a querida Hanna, num salão espetacular, de frente para uma piscina de borda infinita com toda a exuberante natureza que circunda o local. Em seguida fomos para a Suite Spa,  com jacuzzi e banho turco.  Ali é possível vivenciar uma completa experiência de beleza e bem-estar, com ginástica e massagens relaxantes. Mesmo quem não está hospedado no complexo pode agendar para desfrutar da academia e do spa.

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A área do spa. Jacuzzi, bate-papo agradável em excelentes companhias, um delicioso coquetel e muito relax… a gente acaba finando mal acostumada!

Revigoradas depois de uma manha na área spa passamos para conhecer a boutique que fica em anexo.

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A boutique da área wellness com maravilhosos artigos. Bom gosto em bijuterias, home-decor e vestuário

 

Gastronomia –  o local possui 2 restaurantes, a Osteria del Borro e o Vin Cafè, ambos sob o comando do chef Andrea Campani. A osteria conta com 2 espaços distintos:  no subsolo fica o Tuscan Bistrot com uma adega e espaço para degustação com alguns rótulos que levam a assinatura Ferragamo enquanto que a Osteria del Borro, que fica no primeiro andar e conta com um terraço com vista para o vilarejo. O Vin Cafè fica localizado na área ao redor da piscina infinita, num ambiente moderno e refinado, ideal para um snack e aperitivo.Produzem 3 vinhos tintos e um branco. Nas proximidades da osteria a gente pode ver a bem cuidada horta que produz alimentos orgânicos que abastecem as cozinhas do complexo.
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O ambiente do Vin Cafè é mais descontraído e o local e ideal para um happy-hour no final do dia, alguns dos vinhos produzidos no local e os nossos antipastos da Osteria del Borro

Nosso almoço foi na Osteria del Borro, que oferece cozinha gourmet.
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O chef Andrea veio nos receber. Ele explicou sobre a escolha e proveniência dos ingredientes utilizados em sua cozinha, com pratos rigorosamente preparado com alimentos frescos e da estação

 

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Como antipasto uma variedade de gostosuras propostas pelo chef Andrea: queijos com mel, tomate e mozzarella, carpaccio e tortinha de legumes. Depois escolhi polvo com batata e para finalizar, torta de maçã que veio acompanhada de gostosuras como cheesecake e um saboroso e delicado creme de ovos.
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Il Borro Relais & Chateaux oferece 2 tipos de acomodação, que pode ser em seus luxuosos casarões ou nos charmosos e exclusivos quartos que ficam no burgo,  onde cada apartamento tem um nome e uma história. Os quartos ficam espalhados pela cidadezinha medieval, circundado de uma grande área verde, onde  vinhedos e oliveiras  emolduram a paisagem.
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Charmoso hotel em estilo de vila medieval

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E pensar que no século 12 o local era um castelo fortificado

O vilarejo, que é uma cidade em miniatura, conta com muitas lojas de artesãos distribuídas próximas aos apartamentos : cerâmica, jóias, pinturas e como não podia deixar de ser, a gente encontra também o serviço de sapatos sob medida.

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Um dos locais imperdíveis é a sala Pinocchio, que apresenta um presépio com personagens que se movem. Além de representar algumas passagens do conto do mentiroso rapazinho, reproduzem de forma fiel algumas casinhas e personalidades que fazem parte da história do vilarejo

Dentre as atividades na área externa estão passeios a cavalo e golf.

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Mesmo quem não está hospedado pode visitar o local e se quiser usufruir dos serviços e atividades, favor entrar em contato diretamente com o resort

Agradeço o convite e o carinho de toda a equipe do Il Borro!  Foi uma maravilha desfrutar de um dia tão prazeroso nesse pedacinho de paraíso!

 

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Como preparar a mala para o verão europeu

Já estamos cara a cara com o verão! E vocês sabiam que em algumas cidades italianas o verão é quase insuportável de tão quente? Os termômetros aqui Firenze nos meses de julho e agosto atingem os 35 graus. Podem imaginar o que é você caminhar e visitar as atrações da cidade se você não tiver com roupas adequadas? É sempre bom viajar prevenido e se preparar também pois pode ser que dê a louca no tempo e de repente aparece uma frente fria, como tem acontecido nos últimos anos. Portato, mesmo antes de fazer as malas para locais que geralmente são extremamente quentes, é bom considerar algumas mudanças bruscas de temperatura. E outra coisa: o clima nas diversas cidades italianas é muito diferente. Enquanto no norte do país está frio e chuvoso, no sul pode estar quente com o sol brilhando lindamente. Mas não é difícil preparar a mala de verão.

 

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Inspirações do site da badalada loja Luisa ViaRoma

Preparei este post para quem viaja entre final de junho e início de setembro e está em dúvidas sobre o que colocar na  mala. Antes de começar a lista, insisto em dizer que conforto e bem-estar são pra mim as palavras de ordem. Não adianta o outfit ser bonitinho se não é confortável. Levo sempre pouca roupa e não vejo problema nenhum em repetir as peças. Em posts precedentes já falei sobre os deslocamentos e sobre a dificuldade de alguém para nos ajudar. Não esqueça que você vai usar transportes públicos e que em alguns trechos das estações de trem não existe escada rolante.

 

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Algumas sugestões para os vestidos. Sempre melhor optar pelos mais básicos e em cores neutras

Dicas importantes:

Preparar a mala de verão é bem simples pois a maioria das peças são leves e  fluidas (e ocupam menos espaço do que as roupas de inverno!). Mas  leve em consideração alguns fatores:

1- Se o seu destino é a Itália, você com certeza vai visitar suas maravilhosas catedrais e é necessário cobrir pernas e braços. Evite roupas com transparências, decotes e barriga de fora;

2 – Analise se as peças escolhidas combinam entre si.  É bom fazer o teste com as estampas e ver se casam bem com a cartela de cores que você escolheu;

3-  Mesmo que seu destino seja um balneário, considere que não é comum que as pessoas  circulem em trajes de banho pela cidade.  Quem mora em cidade de praia está acostumado a passear até de saída de praia pelas ruas, mas aqui isso não acontece.  Até porque, como a maioria das praias é a pagamento, os estabelecimentos fornecem as cabinas onde as pessoas se trocam. (No início achava estranho que as pessoas chegavam na praia com saltos altíssimos, vestidos elegantes e maquiagem. Depois que compreendi que algumas saem do trabalho e vão diretamente para a praia.)  Se quiser ser mais prática, escolha saídas de praia que podem fazer as vezes de vestidos. Invista em túnicas, vestidinhos e kaftans que sejam de praia mas que ao mesmo tempo resultem num look arrumadinho para enfrentar um restaurante bacana e um giro pela cidade;

4 – Opte por tecidos que não amassem;

5- Não leve roupas produzidas demais se na sua programação constam mais programas diurnos e culturais (onde é necessário primar por outfits confortáveis);

6 -Não leve roupas que não gosta muito achando que a ocasião será esta viagem pois a gente sabe que isso não funciona. Coloque na mala as peças que mais gosta;

7 – Seja prática também no look de viagem. Escolha peças confortáveis e leves para viajar. Não exagere nas bijuterias, cintos e acessórios porque talvez você precise tirar tudo para passar no raio-x nos aeroportos;

8 –  Separe uma muda de roupa na mala de mão e não esqueça de colocar uma jaquetinha ou um cardigan caso seja necessário usar durante a viagem ou assim que desembarcar (a gente torce para que não aconteça,  mas malas podem ser extraviadas);

9-  Coloque etiqueta em todas as malas com o endereço de destino e fotografe suas malas antes de despachá-las;

10- Antes de sair de casa faça um teste em casa e veja se você consegue levantar sozinha as suas malas. E pense na possibilidade dela ficar ainda mais pesada depois de suas comprinhas durante a viagem. 😉

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 Lista sobre o que levar na mala de verão (para uma viagem de 15 a 20 dias)

  • 2 bermudas
  • 2 saias
  • 2 calças jeans (leve)
  • 2 calças de tecido mais  maleável
  • 4 vestidinhos
  •  5  camisetinhas/ tops
  • 3 blusas sem manga
  • 1 camisa manga comprida
  • 1 cardigan
  • 1 casaquinho (jeans ou um blazer)
  • 1 casaco impermeável de preferência com capuz ou um trench-coat (para os mais prevenidos,  para dias de vento ou chuva)
  • biquini, canga, kaftan e saídas de praia
  • Sapatos: 1 tênis, 1 sapatenis, 1 espadrilha ou sapatilha,  1 sandália mais arrumadinha com salto (caso tenha no programa eventos mais elegantes ou jantares mais formais) e chinelo de dedo para usar no hotel e roupa de banho (caso você queira ir para algum spa, termas , sauna ou piscina).
  • pashminas e lenços – acho que são indispensáveis. Podem salvar do ventinho pela manhã e são excelentes para dar aquele “up” no visual
  • camisola e lingerie
  • acessórios: inclua chapéu, protetor solar, repelente, óculos de sol e bijuterias (costumo colocar tudo em latinhas. Levo uns 2 colares maiores e no máximo 2 brincos. Evite levar jóias) e alguns remédios (para alergia e dor)
  • capa de chuva ou sombrinha pequena
  • repelente contra mosquitos
  • maquiagem (o mínimo e indispensável)
  • 1 bolsa de praia bem leve e 1 clutch
  • máquina fotográfica e carregador de celular

 

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A feira de moda Pitti Uomo

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O que vocês acham que mais chama a atenção durante a feira de moda Pitti Uomo: os looks de quem circula pelo evento ou as novidades em exposição nos stands da feira? Acho que a primeira opção vence em disparada! Claro que é exagero da minha parte… mas é impressionante ver o frenesi diante das produções super extravagantes que são alvo certeiro para o batalhão de fotógrafos que se posicionam na entrada da Fortezza da Basso, onde acontece a mais importante feira de moda masculina do mundo, a feira Pitti Imagine Uomo. O evento completa 45 anos e está em sua 90ª edição. A feira Pitti acontece duas vezes por ano em Firenze: em junho, antecipando em em ano a moda primavera/verão, e em janeiro, com a coleção outono/inverno e durante os 4 dias de evento os holofotes são direcionados para a ala masculina. São eles os protagonistas. E a cidade fica mais interessante, divertida e com uma atmosfera muito mais cosmopolita!

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Esta edição do evento, intitulada Pitti Lucky Numbers, que começou ontem (dia 14) e vai até sexta, está apresentando 1223 novas coleções para o verão de 2017, sendo que 539 são de marcas internacionais, de todos os continentes do Planeta.  Participam do evento Digital Influencers, empresários, modelos, buyers, expositores, designers, estudantes de moda, jornalistas, curiosos e também gente em busca de fama, mesmo que efêmera. E Firenze está em festa com diversos eventos por todos os cantos da cidade, com desfiles, coquetéis, festinhas privês e baladinhas descoladas.

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Fotografei ontem e hoje alguns looks de streetstyle. Extravagância tem de sobra, com bom gosto e outras vezes sem nenhuma razão de ser (em minha humilde opinião). Mas a gente depara com homens ultra elegantes, com roupas impecáveis e de classe. Todos os estilos na maior e harmonia.

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Mostrei no meu Snapchat (grazieateblog) um artigo do jornalista Niccolò Carradori que fez um teste durante a feira na edição de verão do ano passado:” Me vesti como um idiota para ver quem me fotografaria no Pitti”, disse ele. “Nunca me interessei por moda porque não tenho o mínimo senso de gosto”. Na véspera da inauguração do evento ele saiu para garimpar algumas peças nas lojas de segunda mão e nas cadeias de fast-fashion, com um budget de 60 euros; além de ter revirado o baú para ver o que poderia aproveitar. Conseguiu encontrar a túnica branca da sua primeira Comunhão que a avó havia conservado que serviu de base para montar um look. Mas o outfit mais surpreendente e ousado foi montado com uma calça amarela impermeável, aquelas que usam para serviços de jardinagem . Ele dobrou a barra e … voilà! Não deixem de dar uma olhada. O artigo é em italiano mas com as fotos vocês poderão ter uma ideia bastante clara do que significa se vestir de forma inusitada para chamar a atenção. Veja aqui.

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O jornalista Niccolò Carradori finaliza seu artigo assim: “se no próximo verão os adolescentes chineses estiverem usando calças amarelas plastificadas que te fazem suar os testículos, será apenas mérito meu”(foto divulgação)

 

 

 

 

 

 

 

 

Amor à distância

Uma das mais lindas histórias de amor que conheço é a dos avós do meu marido. E pensar que essa relação precisou superar a distância por mais de 3 anos. Mesmo separados, o amor foi nutrido por cartas e cartões-postais, que naquela época costumavam chegar ao destinatário depois de dias viajando…  Como hoje é Dia dos Namorados no Brasil preparei este post para os apaixonados que moram em países diferentes, com relatos de casais que precisaram enfrentar a distância.  E ainda bem que hoje existe FaceTime, WhatsApp e Skype para ajudar a matar a saudade!

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Cartões-postais dos anos 30 com emocionantes declarações de amor

Para começar, vou resumir a história dos nonnos, que é inspiradora. Eles se conheceram em Roma nos anos 30, onde ambos estavam morando na época. A família da nonna Maria havia deixado a Emília-Romanha em busca de melhor oportunidade de trabalho. E o nonno Bruno estava ali a trabalho, pois era Marechal Carabineiri (Polícia Militar aqui na Itália). Depois de pouco tempo de namoro precisaram se separar pois o nonno deveria trabalhar em Bolzano, no norte do país.  E aí começaram as centenas de correspondências, que sustentaram a relação a à distância por mais de 3 anos.  Era uma época em que ela não podia viajar sozinha para encontrá-lo. Só depois do casamento. Mas aí outro empecilho. De acordo com o regulamento do exército, ele só podia casar depois que completasse 28 anos.  Pois um dia após seu 28º aniversario ele deu entrada nos papéis para o casamento. Que durou toda a eternidade.  E sempre houve na relação amor, carinho e companheirismo. Me lembro que quando os conheci estava passando aqui na Itália a novela Terranostra e eles costumavam assistir televisão sentados na poltrona, de mãos dadas.  Nos últimos anos de vida, a nonna já não estava bem de saúde e não reconhecia bem as pessoas. Mas sabia que a pessoa que sempre lhe esteve perto era importante e nunca faltou entre eles demonstração de afeto e cumplicidade. O nonno morreu quando eu estava grávida do meu primeiro filho, há 8 anos. A nonna morreu há quase 2 anos, com 100 anos.

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A ideia de escrever este post surgiu recentemente quando eu estava na casa da minha sogra e ela me mostrou as cartas e os cartões-postais que seus pais trocavam, que são esses que ilustram o post.  Mas até que ponto um relacionamento à distância pode dar certo? Eu mesma namorei por quase 6 meses à distância (com algumas viagens para amenizar a saudade) pois conheci meu marido em 2002 no Brasil e na época ele ainda morava na Suíça e estava se organizando para morar no Brasil por causa do trabalho.

 

Aos depoimentos: 

 

Conversei com algumas brasileiras que narram aqui as experiências de namoro à distancia. A brasileira Adriana L. S. tem uma relação com um italiano da Sicília que começou no Brasil. Eles se conheceram há quase 7 anos. “Estávamos terminados mas agora reatamos à distância. Ele acabou comigo faz 2 anos, mesmo a gente se gostando muito, pois ele não suportava a distância e a dependência de tantas viagens. Nunca perdemos contato e agora que ele sabe que estou indo morar na Itália, ele pediu para voltar. Depois veremos como isso pode ficar, pois ele mora em Messina e eu vou morar em Gênova.  No início será assim,  mas ao menos estaremos no mesmo país”.

Adriana acha que pode dar certo um relacionamento à distância se existe possibilidade de estarem juntos no futuro. “De início se vive a relação e vê no que pode dar, depois tem que tomar decisões. É necessário conviver no dia a dia para ver se além do amor,  o relacionamento é bom. Ocorre que muitos que namoram à distância partem logo para o casamento. Acho importante viver um pouco junto porque as diferenças culturais pesam, além da personalidade. Acho que os italianos ficam muito bem com as brasileiras, mas nós devemos compreender algumas diferenças culturais, como por exemplo o quanto o italiano é direto e às vezes indelicado, também esquentado. O brasileiro tem temperamento com mais bom humor e simpatia, e esse jeito italiano pode chocar muito. Por outro lado os italianos são mais abertos, românticos, mais cúmplices. O peso do valor da família é maior e são excelentes pais. As pessoas são diferentes no mundo todo e não se pode generalizar, mas algumas diferenças culturais existem e devemos ver no dia a dia como é a relação.”

 

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Manuela, Federico e a filha Lavinia (foto divulgação)

A jornalista Manuela Andrade mora em Milão e é casada há 5 anos com o italiano Federico.  Eles se conheceram pela internet em 2004 e o namoro começou depois do primeiro encontro, no Rio, poucos meses depois.  “Namoramos à distancia pouco tempo, por cerca de seis meses, e nos falávamos diariamente, pelo MSN e por telefone”.  Para Manuela,  as maiores dificuldades que encontrou desde que veio morar aqui é a saudade dos amigos e da família. “Foi sem dúvida a parte mais difícil da mudança. Também sofri um pouco com os dias frios e cinzentos do meu primeiro inverno aqui, sou muito meteopática!”

 

Outra história de amor que precisou superar a distância é a de Rafaela (nome fictício) e do italiano Luca. Sem querer se identificar, ela aceitou compartilhar  aqui no blog a sua trajetória e as dificuldades que enfrentou logo quando chegou aqui na Itália.
Rafaela conheceu o marido há 8 anos, no Orkut,  numa comunidade de futebol, uma paixão em comum e o namoro começou 2 anos depois. “Quando falamos dos nossos sentimentos e assumimos um compromisso, ainda era virtual. Depois ele foi ao Brasil me conhecer pessoalmente. E namoramos à distância ainda mais 7 meses. A gente se falava por telefone diariamente. No primeiro mês paguei uma conta altíssima de telefone. Depois aprendi e fiz um plano internacional e ligava toda noite. E ele tinha um plano de celular que permitia enviar SMS e fazer ligações grátis”.
Rafaela trabalhava no Brasil como assistente em um consultório médico e não titubeou para vim morar aqui. “Eu arrisquei! Foi inclusive a minha primeira viagem de avião. A primeira vez que vim era verão aqui, foi tudo maravilhoso! As pessoas são mais receptivas nessa época do ano. Foi tudo um sonho! Eu, como muita gente que vem morar na Europa, pensei que o frio seria meu maior problema. Mas isso eu tirei de letra,  comprei roupas adequadas logo que cheguei. Como minha cidade é muito pequena , a população às vezes é um pouco cruel.  A minha maior dificuldade foi me acostumar com todos os olhares de curiosidade e preconceito. Sofri por um tempo no início e até me isolei. Cheguei a não sair de casa com medo das pessoas. Rezava pedindo proteção na porta de casa antes de sair.  Com o tempo e apoio do meu marido fui percebendo que o ser humano sempre vai pensar diferente um do outro e tenho que conviver com isso. A intolerância é o mal do mundo. Mas eu não posso ficar dentro de casa chorando e a vida passando lá fora.Hoje sou muito feliz aqui! E ambientada. Aqui eu não trabalho, já fiz alguns serviços de limpeza algumas vezes. Emprego eu não tenho mas trabalho nunca falta pra quem quer trabalhar. No início é complicado sim recomeçar. É tudo novo.”
Rafaela dá alguns conselhos para quem tem uma relação com uma pessoa de outro país: “ter muita atenção e paciência. Muita atenção aos sinais. Você vai perceber pelo comportamento do outro se é um sentimento verdadeiro ou não. E paciência. Este conselho é para quem já passou da fase de saber se a pessoa com quem você está se relacionando à distância é uma pessoa séria ou não. Tenha paciência e cuidado com seus sonhos e objetivos! “
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A pernambucana Shirlei e o italiano Franco, da cidade vêneta de Castelfranco (foto divulgação)

A brasileira Shirlei Barreto namora com Franco desde 2015. Eles se conheceram na véspera do reveillon de 2015 de forma inusitada: num posto de gasolina em Recife,  quando ela estava com uma amiga lanchando e ele procurava sinal de Wi-fi. Trocaram olhares, a amiga fez de cupido mas quando começaram a conversar e ela percebeu que ele não era brasileiro, acabou desanimando. “Acho que tive medo, vergonha, não sei ao certo! O fato é que ele muito habilidoso prendeu minha atenção e trocamos telefone. No dia seguinte, 31/12/14, marcamos de tomar café no shopping. O mundo corria para comemorar o novo ano e nós só sabíamos conversar e conversar.  Nos despedimos mas nos 5 dias seguintes não nos desgrudamos mais, até que por um motivo absolutamente sem lógica, provavelmente diferença cultural muito forte e temperamentos idem, a gente brigou.  Ele voltou para a Itália e durante 4 meses não nos falamos mais”. Por muita insistência dele eles voltaram a se falar e ela decidiu lhe dar uma chance e veio passar um período aqui na Itália: “foram dias lindos, intensos, divertidos, difíceis também porque novamente as diferenças pesaram muito… Mas voltei ao  Brasil sabendo que havia deixado meu namorado, nos falamos todos os dias por whatsapp, tem sido assim até agora.

Depois disso ele foi outra vez ao Brasil em outubro do ano passado, ficou hospedado na casa dela e conheceu toda a família. Em dezembro foi a vez dela conhecer a família dele na Italia, onde passaram Natal e Ano Novo juntos. E olhem que legal: desde sexta ele está no Brasil,  depois de 5 meses separados, e vão curtir inclusive a data de hoje juntinhos!

E quando estão separados o que “salva”, segundo Shirlei, é  o WhatsApp, que diz que a maior dificuldade que encontra com a distância é lidar com o ciúme. “É dificílimo!!! É a pior parte de toda esta história. Já acabamos 2 vezes por causa de ciúmes, ele tem muito ciúme quando está perto e não demonstra nenhum ciúme à distância. E eu sou justamente o inverso. Não sei se tem uma fórmula para relacionamento assim, mas eu vou engolindo mesmo, procuro não fazer cobranças loucas, vamos sublimando as inseguranças e nos prendendo ao que sentimos um pelo outro. Vivemos sonhando com o dia do nosso reencontro, e isso é o que nos mantem juntos. Agora decidimos conversar sobre tudo isso, e sobre o que vamos fazer de nossas vidas. Porque para ambos, já chegou o limite.
Shirlei dá alguns conselhos para quem namora à distância, aqui vão:  só ficar na relação se amar muito, se apesar de tudo esta pessoa ainda for “aquela” com quem você deseja estar; evitar desconfianças combinada com cobranças; enviar fotos , videos , música, mimos, cartas etc.,  para construir uma memória afetiva,  fazer planos juntos;  investir na comunicação;  investir em reencontros e não ter medo de tentar. Shirlei, acho que você despertou a curiosidade em todos nós. Mande notícias para contar as cenas dos próximos capítulos, rs. Boa sorte!
E muito amor na vida de todos!!! 
O post de hoje estreia uma serie de entrevistas com brasileiras que moram aqui na Itália e que vão dividir suas experiências falando sobre trabalho, vida na Itália, maternidade e muitos outros assuntos. Vem muita coisa bacana em breve! 
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10 motivos para escolher a Toscana como destino romântico

De natureza exuberante, o território da Toscana, que ocupa posição privilegiada bem no coração do país, consegue reunir em sua superfície de quase 23 mil quilômetros quadrados  lindas praias, montanhas, burgos medievais, cidades de arte, fontes termais e muitos cantinhos bucólicos e charmosos.
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Romântica Toscana – A Itália é repleta de lugares magníficos! Mas quando o assunto é romantismo a Toscana é a região que aparece sempre em primeiro lugar

Experimentar os sabores e as emoções que essa terra proporciona em boa companhia é uma experiência inesquecível! E é por isso que muitos casais apaixonados escolhem a Toscana.  Seja para uma viagem romântica, para a lua-de-mel ou mesmo para a troca de alianças, este é o cantinho ideal para você visitar com seu amor.  Enumerei  10 programas para você aproveitar um pouquinho das potencialidades desta romântica região:

1– percorrer de carro a estrada que liga Firenze e Siena com suas colinas repletas de ciprestes e oliveiras

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2–  participar das degustações dos prestigiosos vinhos toscanos

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3– Pernoitar em um dos castelos da região

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4 – Fazer uma romântico refeição com as delícias da culinária toscana num charmoso agroturismo

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5– passar o dia num spa  aproveitando suas relaxantes piscinas termais

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6– caminhar pelas tranquilas ruelas dos burgos medievais

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7–  descobrir um novo ângulo para admirar os monumentos nas cidades de arte

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8–  desbravar sem pressa os vilarejos pacatos e menos conhecidos onde o tempo parece ter parado

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9– assistir ao por do sol em Firenze

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10– fazer um ensaio fotográfico romântico

 

Se quiser mais informações sobre alguns dos românticos burgos medievais da Toscana, clique nos nomes a seguir:  Volterra, Certaldo, Pienza, Montalcino e Anghiari.

 

E caso tenha interesse num ensaio fotográfico romântico, escreva para grazieateblog@gmail.com solicitando detalhes.

 

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Alguma dúvida que a Toscana é a região perfeita para uma viagem romântica?

 

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A elegante Ponte Santa Trinità de Firenze

Projetada provavelmente por Michelangelo e destruída por Hitler, a Ponte Santa Trinità é a mais elegante de Firenze e é um ponto estratégico da cidade. Ela corta o Rio Arno ligando o centro histórico, em sua área mais chique, ao Oltrarno, região que fica “do outro lado do rio Arno”,  num ponto que reúne tradicionais lojas de antiguidades, bistrôs e ateliers.  Fica entre a Ponte Alla Carraia e a Ponte Vecchio. E é justamente dali que temos uma linda visão da ponte que é um dos cartões-postais mais famosos da cidade.

 

A ponte foi originalmente construída em 1252. Depois da cheia de 1557, Cosimo I de’ Medici encomendou à Ammanatti um projeto de reconstrução, provavelmente com auxílio de desenho  de Michelangelo.

 

Sobre a Ponte de Santa Trinita

A história da ponte começa em 1252, quando foi inicialmente construída em madeira, graças à família Frescobaldi. Com o passar dos anos e devido às enchentes, não resistiu. Em 1259 desmoronou durante um evento quando uma multidão assistira a um show no Arno. Reconstruída em pedra, foi derrubada pelo dilúvio de 1333.  Sua terceira reconstrução durou 50 anos, de 1356 a 1415, mas também foi destruída por outra inundação.

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O desenho como podemos conferir nos dias de hoje, com a moderna linha com os 3 arcos (inclusive uma inovação que antecipava a moda do barroco) é provavelmente obra do grande artista do Renascimento Michelângelo, que atuou junto à Bartolomeo Ammannati, que a projetou a partir de um pedido de Cosimo I de’ Medici, tendo sido reinaugurada em 1571, em pedra forte. Em 1608 ganharam as 4 estátuas,  obras que representam as estações do ano.

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Era por este ponte que passavam os cortejos dos grão-duques

Devido aos bombardeios durante a 2ª Guerra Mundial , em 1944, a  ponte foi destruída e reconstruída com as mesmas pedras encontradas no rio Arno. Em 16 de agosto de 1958 a ponte foi reinaugurada mas sem a cabeça da estátua Primavera, que não havia sido encontrada. Só no ano de 1961 a parte que faltava foi encontrada no rio Arno.

 

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A Ponte Santa Trinità fica entre a Ponte Vecchio e a Ponte Alla Carraia.

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A vista que temos da Ponte Santa Trinità quando estamos na Ponte alla Carraia

 

As  4 estátuas:

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A via Tornabuoni, endereço de lojas elegantes na cidade, e as estátuas Primavera e Verão

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As 4 estátuas do século 17 que representam as 4 estações do ano enfeitam as extremidades das pontes: 2 do lado do Oltrarno que são o Outono e o Inverno. As estátuas foram colocadas no ano de 1608 para celebrar a união de Cosimo II e Maria Maddalena d’Austria.

 

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O outono, realizada por Giovanni Caccini

E no início da via Tornabuoni estão a Primavera e Verão.

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Esta é a estátua Verão, obra de Giovanni Caccini

 

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A estátua A Primavera, esculpida por Pietro Francavilla em 1590, e ao fundo a Ponte Vecchio

Inclusive a cabeça da estátua da primavera é citada no filme americano dirigido por Spike Lee,  O Milagre de Santa Ana, de 2008.  Miracle at St. Anna é um filme de guerra ambientado durante a 2ª Guerra Mundial na Toscana e em Nova Iorque e Roma que conta a história de 4 soldados afro-americanos que caem numa armadilha dos nazistas e acabam se separando. Um dos soldados arrisca a própria vida para salvar um menino italiano.  O enredo do filme é baseado no massacre de Sant’Anna di Stazzema, que pertence à provincia de Lucca, onde ouve um massacre de 560 pessoas, em sua maioria crianças, mulheres e idosos, que depois de brutalmente assassinados foram queimados pos oficias da SS.

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Hábitos alimentares dos italianos

Acredito que diante de todo aquele ritual de comilança na hora das refeições aqui na Itália com antepasto, primo piattosecondo piatto,  contorno (acompanhamentos), sobremesa e café – ufa- você também deve se perguntar se é assim todos os dias.  Costumava ser.  É que os os costumes dos italianos estão mudando e no ritmo frenético do dia-a-dia as pessoas acabam não podendo dedicar tanto tempo às refeições. Ao menos durante a semana.  Vou explicar sobre os hábitos alimentares dos italianos de forma genérica e abordar principalmente os costumes gastronômicos aqui da Toscana, região onde vivo.   Mas sim, claro que muita gente pode e faz questão de saborear cada portata (como é chamado aqui cada um dos pratos) todos os dias da semana, e não apenas nos almoços de domingo em família ou em ocasiões especiais e nos restaurantes.

 

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Tem turista que acha que nos restaurantes eles ficam chateados se você não pedir todos os pratos. Não é bem assim. Escolha apenas o que realmente você quiser comer (eles provavelmente vão cobrar o couvert de qualquer jeito, que custa de 1 a 3 euros). Pode ser que você queira um prato de massa (primo) enquanto a pessoa que está contigo prefira um prato com carne (secondo piatto). Informe ao garçom para trazer os pedidos contemporaneamente

 

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Não seria exagero dizer que tudo na Itália gira em torno de comida.  E de comida boa, de qualidade. A cozinha italiana é simples e baseada em pratos preparados com produtos frescos, da estação. E é por este motivo que não encontramos os mesmos pratos o ano inteiro, a cozinha é sazonal.  E nem sempre encontramos os mesmos pratos em todas as regiões do país, pois a culinária italiana é conhecida pela sua diversidade regional. Cada território prepara seus pratos em base à matéria-prima que tem. O uso de manteiga e gorduras é bastante restrito e é grande o consumo do azeite de oliva. E este é um dos segredos da boa forma. Escrevi um post explicando porque os italianos não engordam. Não deixe de conferir! 😉

 

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Existe uma grande variedade de aromas nas receitas, graças aos temperos bastante utilizados, como manjericão, sálvia e alecrim. A simplicidade no preparo dos alimentos é uma das características da gastronomia italiana

Todos querem e fazem questão de comer bem. E é vero, aqui só se fala em comida! Nas filas dos supermercados as pessoas comentam e trocam receitas, no trabalho, nos eventos, nos mercadinhos de rua e entre desconhecidos que engatam uma conversa (se não estão comentando sobre o tempo, pode saber que o papo é comida!).  Quando se escolhe um local para sair à noite pouco importa se o local é bonitinho, badalado ou da moda; tem que ser um lugar onde se “mangia bene”. O local de uma festa de casamento não é escolhido baseado na paisagem ou na elegância do lugar, mas é o buffet que vai pesar mais na hora da decisão (não apenas farto, mas com produtos de qualidade).

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Na minha casa adaptamos alguns costumes da tradição italiana à brasileira e na maioria das vezes costumo fazer um prato único, coisa que aqui não acontece, pois os italianos não gostam de misturar os sabores.  Adotei o prato único desde que meu filho começou a fazer as refeições junto com a gente. E foi por questão de praticidade.  Ou vocês acham que é fácil manter uma criança de 1 ano sentada à mesa por uma hora esperando todo o ritual e troca de pratos? Costumamos comer o antepasto e depois o prato principal, que pode ser uma massa com carne ou peixe e verduras. Acho bem mais prático preparar refeições aqui do que no Brasil.  A facilidade é grande de encontrar molhos semi-prontos e de ótima qualidade seja em bodegas que nos supermercados.

 

As refeições 

Vou agora falar sobre as principais refeições, que são basicamente 5: café-da-manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar.

Eu considero o café-da-manha, ou colazione, daqui escasso comparado ao nosso.  Aqui é um hábito que o desjejum seja no bar onde as pessoas geralmente optam por um café com brioche (veja mais detalhes aqui).  Em casa,  as famílias costumam consumir pão com geleia, biscoitos, café com leite ou cereais e leite.  Eu costumo variar e de vez em quando faço misto-quente com pão toscano.  No meio do dia, por volta das 10, 11 horas, comem fruta ou yogurt.

O típico almoço italiano, considerado a refeição principal do dia, tem vários pratos e começa com o antepasto, pães, presuntos, queijos, embutidos, depois o primo piatto, que pode ser uma massa (por exemplo fusilli, penne, farfalle, strozzapreti, fettucine, ravioli, spaghetti, gnochi e orecchiette;  cada massa tem seu molho específico), risotto ou sopa, o secondo piatto de carne ou peixe (ou também à base de ovo) e acompanhados pelo contorno, preparados com verduras e legumes.  A salada vem no final da refeição (e não no início como acontece no Brasil). E sempre o pão acompanha as refeições (que quando sobra, a gente faz a scarpetta, conhece?).

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Quem trabalha e não vai em casa na hora do almoço geralmente escolhe um bar perto do local de trabalho e opta ou por uma massa ou carne. Um prato de massa como este custa entre 5 e 7 euros. E quando não tomam vinho bebem água, quase nunca refrigerante

Mas como mencionei, com o ritmo de vida mais agitado, na pausa pranzo (pausa de almoço de quem trabalha), muitos mudaram seus hábitos alimentares e passaram a reduzir a quantidade de pratos optando ou pelo primo ou pelo secondo. E sem contar que alguns substituem o almoço por um panino. Todo o tradicional ritual fica reservado para o almoço em família de domingo. O italiano adora e não abre mão de comer com tranquilidade e saborear os alimentos pelo menos nos finais de semana, afinal, é importante confraternizar reunindo os amigos e a família em torno da boa mesa. O lanche da tarde aqui é chamado de merenda e costumamos comer frutas, yogurt, suco, pão ou biscoitos.

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Este é um exemplo de secondo piatto (tagliata, que é a bistecca cortada em fatias) com carciofi (acompanhamento) , e salada, que nesse caso era apenas para enfeitar o prato. Reparem que a porção não é grande

 

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Uma tacinha de vinho para acompanhar as refeições, quando não apenas água. Quase nunca as pessoas pedem suco ou refrigerante

À noite, por volta das 20 horas, geralmente é o horário do jantar (ah, e nem pense em propor um lanche para substituí-lo!).  E aquilo que é preparado no jantar depende do que a pessoa comeu no almoço. E quem pode e gosta, repete todo o ritual do almoço, com diversos pratos. Os mais idosos não abrem mão de jeito nenhum desse modo de comer.  Já as famílias com crianças e os mais jovens costumam optar por uma substanciosa salada com algum tipo de carne (costumam fazer bastante grelhada) ou sopa, nos meses mais frios. No verão prevalecem pratos mais leves e práticos, como presunto e melão, saladas, queijos e presuntos.  E com essa onda de fazer aperitivo (saiba mais aqui), a gente percebe algumas mudanças de hábito na ultima refeiçao do dia, pois depois de participar de um happy-hour com buffet farto muitos acabam nem jantando.

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As frutas da estação são consumidas não apenas na hora do lanche mas também após as refeições como alternativa para o doce na hora da sobremesa