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Os gondoleiros de Veneza

A gôndola é  um dos maiores símbolos de Veneza. A profissão de gondoleiro tem uma  tradição muito antiga e é uma típica profissão da cidade,  ligada à própria conformação territorial.  Dentre as principais atrações da cidade está o cobiçado passeio de gôndola.
 gondoleiro
Mais do que o percurso, muito do sucesso do programa está exatamente nas mãos dos gondoleiros, que podem fazer desse passeio uma maravilhosa experiência. Ou não. Tive sorte nas vezes em que andei de gôndola  pois os condutores foram discretos,  solícitos e eram bem humorados (era esse o  perfil que estávamos buscando).  Mas nem sempre acontece dessa forma.  Em nossa última visita à Veneza pedimos informações a um gondoleiro que estava com a gôndola estacionada. Queríamos  saber sobre o trajeto mas ele tinha tanta má vontade em responder e foi tão grosseiro que desistimos de embarcar. Esperamos e pegamos outra gôndola. Ah, sim, prepare-se pois existem gondoleiros indiscretos, sem paciência e sem educação.  Já vi algumas cenas de gondoleiros bufando, fingindo não escutar as perguntas dos clientes e se recusando a continuar o percurso que os turistas insistiam em dizer que havia sido encerrado antes do tempo combinado.

História dos gondoleiros

O gondoleiro recebe este nome para que se distinguir dos que guiam outros tipos de embarcações. A gôndola era o meio de transporte mais utilizado pelo nobres, que tinham os seus gondoleiros, ou seja, os condutores. Os gondoleiros herdavam da família uma licença, que era passada de pai pra filho.  Ou então podiam adquiri-la praticando um longo treinamento  como substituto de algum antigo gondoleiro que não tinha filhos  homens ou então quando os filhos não eram interessados na profissão. Se o gondoleiro não tivesse filho homem podia passar a sua licença para um aprendiz.

Em caso de morte de um  gondoleiro a licença voltava para o comune (prefeitura) que podia passar ao primeiro pretendente da lista.  O trabalho para os substitutos era duro, pois ganhavam pouco  e repassavam grande parte do que recebiam às viúvas dos gondoleiros pelo aluguel da gôndola.

Hoje em dia os aspirantes à profissão precisam frequentar uma escola  e se submeter a um exame.  Dentre os requisitos, ter mais de 18 anos, frequentar cursos onde estudam um idioma estrangeiro, ter noções de história e arte,  além de provas para mostrar habilidade e controle de remo. É necessário fazer um estágio com um gondoleiro profissional e por fim, se submeter à uma prova prática.

gondoleiros

Os gondoleiros são personalidades que usam camisetas de listras brancas com preto ou vermelho. São conhecidos por sua personalidade forte e são orgulhosos defensores da “Sereníssima”

 

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Existem cerca de 450 gôndolas na Lagoa de Veneza. O tempo de construção é de cerca um ano e o valor é em torno de 60 mil euros, dependendo das características da embarcação

 

gondoleiros de veneza

As gôndolas ficam estacionadas em todos os cantos da cidade. Se tiver possibilidade, antes do passeio, converse um pouco com o gondoleiro. Muitas vezes, em 3 minutos de bate-papo  você consegue identificar o perfil do profissional: brincalhão e extroverso ou mais calado e discreto

 

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Oo gondoleiros precisam ser hábeis para passar sob as pontes, principalmente no período de maré cheia.

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Os gondoleiros podem atuar privadamente, decidindo os seus pontos de circulação, ou então são contratados por agências que oferecem um trabalho com salário fixo

 

Primeira mulher gondoleira – Depois de uma supremacia masculina que durou mais de 900 anos, finalmente  em 2010  a  primeira mulher conseguiu superar os exames para se tornar gondoleira.  Filha de um gondoleiro e mãe de 2 filhos, Giorgia Boscolo entra para história como a primeira mulher a conduzir uma gôndola em Veneza.

Em meu passeio pelo sestiere de Cannaregio conheci outra mulher, Chiara Curto, que conduz o sandolino, embarcação muito parecida com a gôndola, só que é mais curta e compacta. O sandolino é uma embarcação que começou a ser usada no século 13.

 

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Chiara Curto, em seu sandolino, embarcação parecida com a gôndola, que era usada principalmente para a pesca

 

Entrevista

Entrevistei o gondoleiro Sebastiano Bosetti,  que nasceu em Veneza  e trabalha há  9 anos nesta profissão. Sebastiano trabalha na zona de Rialto. Ele conta sobre a sua escolha e sua formação para exercer essa atividade:

 
1 – Por que escolheu esta atividade?
Escolhi porque nasci inserido nessa arte, meu pai é gondoleiro. Pra mim não è trabalho, mas uma paixão.
2 –  Por quanto tempo estudou e quais são as matérias do curso?
Estudei no liceo scientifico da minha cidade e as matérias ensinadas no curso “A arte da gôndola e do gondoleiro”  são várias, como  idioma,  toponomástica,  direito da navegação e  História da Arte.
 
3-  Conte-nos um pouco sobre os gondoleiros de antigamente.
Aprendi muito com os velhos gondoleiros mas uma frase ficou gravada e exprime muito de como penso: “Ruba co l’ocio ma anca co e recie”, que significa  “rouba com o olho mas também com os ouvidos”. Comumente se poderia dizer “Aonde não sabe, faz silêncio e aprende com o que vê e com o que sente”. Pra mim, ter tido a honra de escutar anedotas e histórias de velhos gondoleiros me enriqueceu e  ensinou muito. Alguns antigos gondoleiros que tive o prazer de conhecer e conviver foram fundamentais para a minha formação.  Poderia citar alguns como Sergio Soppelsa, o Lello Manifesto, Alessandro Sandrone, historico gondoleiro, Silvano e Paolo, gondoleiros de Santa Maria del Giglio e  muitos outros, que me encantaram com as histórias desde que eu era pequeno e que me ensinaram esta maravilhosa arte, que deve nascer dentro e não pode ser inventada.
4- Como são pre-estabelecidos os locais de trabalho?
Somos divididos com locais prè-estabelecidos de acordo com um rodízio que é realizado.

Você já fez este passeio? Como foi a sua experiência? Não deixem de conferir o post vale a pena andar de gôndola em Veneza.

 

O que fazer em Ravena

Extraordinária cidade de arte e cultura,  Ravena é a capital dos mosaicos e abriga preciosos monumentos religiosos, paleocristãos e bizantinos. A cidade é um tesouro – infelizmente- desconhecido pela maioria dos turistas que visitam a Itália. Ravena já foi por três vezes a capital de três impérios: do Romano do Ocidente (de 402 a 476),  do reino dos Ostrogodos de Teodorico (de 493 a 553), e do Império Bizantino na Europa (de 558 a 751).  A magnificência desse período deixou uma grande herança artística: Ravena possui 8 monumentos que foram declarados Patrimônios da Humanidade pela Unesco em 1996.  Quando a gente passeia pela elegante cidade pode facilmente perceber a fusão harmoniosa de influências ocidentais e orientais.

 

Ravenna

Ravenna é repleta de construções que abrigam mosaicos mas nada se equipara aos que encontramos na Basílica di San Vitale

Ravena, a mais importante cidade da Emília Romanha, está a poucos quilômetros da costa adriática. O centro histórico da cidade, que possui cerca de 160 mil habitantes, é pequeno e pode ser explorado a pé. Caminhar por suas ruas é reviver uma história milenar, que  partindo da época romana atravessa o pedido Renascimental até os anos de 1800, quando a cidade foi redescoberta por celebres visitantes como Lord Byron, Sigmund Freud, Gustav Klimt, Oscar Wilde.

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Cidade tranquila de arte e cultura, Ravena fica a pocos kms do Mar Adriático, na costa leste italiana

Ravenna

 

Ravenna

Esplêndida cidade de arte, Ravenna guarda verdadeiros tesouros muito bem preservados

 

Em Ravena respira-se arte, cultura e história: a cidade conserva o mais rico patrimônio de mosaicos datados dos séculos V e VI d.c. Seu passado é testemunhado pelas basílicas e batistérios que preservam uma rica herança de mosaicos. E o interessante é que as  construções são modestas e até bem simples do lado de fora, mas quando a gente cruza a porta de entrada acaba se surpreendendo com a riqueza e suntuosidade do interior dos monumentos.

 

Principais atrações de Ravena

 

Basílica de São Vital –  Este é um dos monumentos mais importantes da arte paeocristã da  Itália. É onde estão os mais extraordinários ciclos de mosaicos da cidade. A Basílica de San Vitale começou a ser construída a partir de 535 dc e foi completada em 547.  Possivelmente ela foi a inspiração para a igreja Reina Sophia, em Istambul, construída 15 anos depois.

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A Basílica, em formato octagonal, foi consagrada em 548. Os mosaicos mostram cenas do Antigo Testamento, anjos e o próprio imperador Justiniano e sua esposa Teodora. Admire os mosaicos mas não se esqueça de observar a beleza do pavimento

 

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O interior da Basílica de San Vitale com usa sugestiva iluminada e os contrastes de luz e sombra

Horários: 9 às 19 h ou 10:00 às 17 h (dependendo do período do ano). Bilhete cumulativo.

Mausoleu de Galla Placidia – No complexo onde fica a Basílica está o Mausoléu de Galla Plácidia, filha do imperador Teodósio. Foi o imperador Honório,  que transferiu a capital do império ocidental de Milão para Ravena  em 402, que  solicitou a construção do mausoléu para dedicar à sua irmã Galla Plácida, uma das das principais forças políticas do Império Romano.

Horários: 9 às 19 h ou 9:30 às 17 h (dependendo do período do ano). Bilhete cumulativo.

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Aqui estão os mosaicos mais antigos de Ravena. Na cúpula do mausoléu mosaicos na cor azul representam um seu pontilhado de centenas de estrelas

 

Basílica de São Apolinário Novo – Sua construção começou em 505 para a corte de Teodorico, o Grande. As paredes da nave central são divididas em 3 faixas distintas de mosaicos, que contam a vida de Cristo, de santos e profetas e apresenta o famoso Palazzo de Teodorico.

Horários:  9 ou 10 horas até 17 ou 19 horas (dependendo do período do ano). Bilhete cumulativo com mais 4 atrações

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A igreja é do ano de 490 dc e o campanário cilíndrico é do século IX

 

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A basílica contém o maior ciclo de mosaicos do mundo

Túmulo de Dante – O túmulo de Dante Alighieri,  nascido em Firenze em 1265, autor da famosa obra A Divina Comédia, fica no centro de Ravena. Dante foi exilado e expulso de Firenze em 1302,  numa época de disputas políticas entre os guelfos e os guibelinos. Ele pertencia aos guelfos, que era representado pela baixa nobreza e o clero, e na época a cidade estava sob o domínio dos guibelinos, grupo formado pela alta nobreza e pelo poder imperial.  Dante passou seu exílio em Forli, Verona, Veneza, Lucca e Pádua e em 1317 fixou-se em Ravena, onde passou os últimos anos de sua vida, até sua morreu, no ano de 1321.  Dante ganhou um túmulo  simbólico construído em 1829, que encontra-se na Basílica de Santa Croce, em Firenze.

O sarcófago de Dante Alighieri na Basílica de San Francesco

Muitos fatores curiosos envolvem os restos mortais do poeta, que a cidade de Firenze tentou recuperar sem sucesso. Justamente por esse motivo o sarcófago passou séculos vazio, pois os ossos ficaram escondidos. No século 16 uma delegação florentina foi à Ravena para pegar os ossos, pois aconteceu uma petição popular, que foi assinada até  mesmo por Michelangelo. Nessa petição, o Papa, que era da família Medici, havia dado a autorização para transportar os osso de Dante de Ravena à Firenze. Quando a delegação florentina chegou à Ravena o sarcófago estava vazio. É que os freis franciscanos haviam feito um buraco na parede, pela parte externa, para transportar os ossos e escondê-los. E os ossos ficaram escondidos 3 séculos e meio,  só mesmo os freis sabiam onde estavam. Em 27 maio de 1865, durante os preparativos para a comemoração do 6º centenário do nascimento de Dante, os ossos foram descobertos numa caixa na área externa do convento.

Durante a Segunda Guerra Mundial os ossos de Dante foram escondidos novamente no jardim e coberto de vegetação

 

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Atualmente seus restos mortais encontram-s neste mausoléu, construído em 1780. A visitação é aberta ao público e gratuita. Em seu interior, uma placa e uma chama que queima continuamente, uma lâmpada a óleo, oferecido pela prefeitura de Firenze, como uma forma de pedir desculpas ao poeta

 

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Fachada da Basílica de Santa Croce de Firenze, com a estátua de Dante Alighieri

Batistério Ariano – foi construído durante o Reinado de Teodorico, quando Ravena era a capital do Império e o arianismo era a religião oficial da corte. É o mais simples da cidade e  possui apenas um circulo de mosaicos na cúpula, presenta um famoso mosaico com os 12 apóstolos e Jesus sem barba.

Horários: das 08: 30 às 16:30 ou 18:30 (dependendo do período do  ano). Entrada gratuita.

Batisterio Neoniano – Este batistério, também chamado de batistério dos ortodoxos,  foi a resposta católica do bispo Neone à heresia ariana. Este é um dos monumentos mais antigos de Ravena e  o melhor e mais completo exemplo de um batistério dos primeiros tempos do Cristianismo. Com estrutura  de planta octogonal, foi construído provavelmente no início do século V.  Fica bem próximo à catedral de Ravena.

Horários: das  9h às 19 ou 10 às 17 h (dependendo do período do ano). Ingresso cumulativo.

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Duomo de Ravena – é o principal local de culto catóica da cidade, Catedral Metropolitana da Ressurreição do Nosso Senhor Jesus Cristo. Foi realizado por Gianfrancesco Buonamici no século 13.  Em seu interior, afrescos realizados por Domenico e Andrea Barbiani. A igreja foi consagrada em 1749.  A Catedral fica na Piazza Duomo, 1.  Horários: 8 às 12h 15:30 às 18 horas.  Aos sábados e dias festivos fecha às 19 horas. Ingresso  gratuito.

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Em contraste com o estilo barroco da fachada, o campanário cilíndrico, de 35 metros, é do século 9. O edifício passou por muitas reestruturações e foi reconstruído em 1743

Piazza  del Popolo – esta é a praça mais famosa da cidade, cuja origem data do século 13, quando a cidade estava sob o comando da nobre família Da Polenta.  Localizada na parte mais central de Ravena, colega as principais ruas da cidade e reúne ao seu redor bares, restaurantes e lojas. Na praça está o Palazzo Comunale, dos anos 1400,  sede da pefeitura da cidade.

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Basilica di Sant’Apollinare in Classe – Fica a 4 Km de Ravena e infelizmente não conseguimos visitá-la. Foi construída no século VI.  É o maior exemplo de basílica paleocristiana e uma das igrejas mais simbólicas e visitadas da cidade.

Horários de visitas: das 08:30 às 19:30 (abertura às 13 horas aos domingos e dias festivos). O valor do bilhete  é de 5 euros.

 

Mausoléu de Teodorico – construído em 520 por vontade do próprio Teodorico.  É um monumento austero feito em pedra branca.

Horários de visitas: das 08:30 às 17h, 18 ou 19 horas, dependendo do período do ano. Custa 4 euros o ingresso.

 

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Dica importante: Existe um bilhete cumulativo que inclui visitas  aos seguintes monumentos: Museu do Arquebispo, Basílica de São Apolinário Novo,  Basílica de San Vitale,  Mausoléu de Galla Placidida e o Bastitério Neoniano no valor de  9,50 euros. Válido para 7 dias consecutivos, a partir da data de emissão.

O artista Michelangelo, suas obras e segredos

O artista Michelangelo (1475-1564) não é florentino mas passou grande parte de sua vida em Firenze e foi uma das maiores expressões do movimento que elevou a cidade à Capital Renascentista do mundo.  Escultor, pintor, poeta e arquiteto, Michelangelo Buonarroti é um dos grandes mestres do Renascimento.

 

 

Tive o privilégio de conhecer e descobrir alguns segredos desse renomado artista durante um tour no Piazzale Michelangelo guiado por Eugenio Giani, Presidente del Consiglio Regionale della Toscana, histórico  e grande conhecedor da vida do artista.

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Piazzale Michelangelo, um dos pontos panorâmicos mais lindos da cidade. Ao centro, uma cópia do Davi, em bronze, que foi realizada por Clemente Papi

Nosso ponto de encontro foi no Piazzale Michelangelo, aos pés da estátua de Davi.  Eugênio  lembrou que a praça foi  projetada no século 19 pelo arquiteto Giuseppe Poggi quando Firenze foi escolhida para ser a Capital  do Reino da Itália e a criação deste ponto panorâmico era parte da reurbanização da cidade.

 

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Eugenio Giani contando sobre fatos marcantes e revelando alguns segredos da vida de Michelangelo

 

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O grupo de bloggers aos pés da estátua de Davide

Eugenio revelou algumas características e passagens mais significativas da vida de Michelangelo. Contou que era muito mal-humorado e tinha um personalidade forte.   Enumerei aqui algumas observações feitas a respeito do artista:

  •  Michelangelo tratava mal as pessoas e não tinha muitos amigos. Quando circulava pelas ruas de Firenze em companhia de Leonardo da Vinci (que era 23 anos mais velho) notava-se a diferença entre os dois, pois Leonardo era carismático e elegante,  sorria e  cumprimentava as pessoas, enquanto Michelangelo estava sempre zangado.
  • Uma personalidade  que fazia contraponto ao artista Michelangelo era o pintor Rafael, que tinha sempre ao seu redor amigos e alunos com os quais ria e se divertia durante a realização de suas obras. Michelangelo gostava de estar sozinho e comparava a realização de uma obra à uma mulher que sofre as dores do parto; exprimia liberação no momento que finalizava. Pra ele criar era sofrimento.
  • Michelangelo tinha temperamento explosivo, era rebelde,  desconfiado e com grande senso de liberdade. Era avarento, pedia sempre dinheiro antecipado diante das encomendas que recebia. Era provavelmente homossexual e não teve filhos e era muito apegado ao sobrinho Lionardo.
  • Cosimo de Medici não chegou a conhecer Michelangelo, que foi embora de Firenze em 1534, mas queria que fosse enterrado em Firenze. Por este motivo, pagou Lionardo para trazer seu corpo de volta para Firenze. O corpo de Michelangelo foi trazido escondido de Roma e seu túmulo fica na Basílica de Santa Croce.
  • Michelangelo viveu até quase 89 anos, entre os anos 1400 e 1500, uma época que era difícil chegar até essa idade
Michelangelo

Conhecido como o Divino, Michelangelo Buonarotti trabalhou em Firenze, Siena, Bolonha, Lunigiana e em Roma, onde passou os últimos 30 anos de sua vida. Alguns dos maiores trabalhos de Michelangelo podem ser encontrados em Firenze: pinturas, esculturas e arquitetura

 

Sobre o artista Michelangelo Buonarroti

Muitos livros retratam que Michelangelo nasceu na cidade de Caprese, província de Arezzo, em 6 de março de 1475.  Outros autores dizem que nasceu em Casentino, também província de Arezzo.  Era filho de Ludovico Buonarroti Simoni e Francesca di Neri, que tiveram outros filhos. Sua mãe faleceu quando ele tinha 6 anos de idade.

Desde pequeno demonstrava interesse e talento para a arte e mesmo contra vontade do pai entrou para a escola dos irmãos Domenico e Davi Ghirlandaio em Firenze, aos 13 anos.

Em 1488 Lorenzo de’ Medici, poderoso homem da família de mecenas, percebe o talento de Michelangelo durante uma visita aos jardins de San Marco. A sinergia entre os dois é grande e “O Magnifico” decide acolhê-lo em sua residência, no Palazzo Medici-Riccardi.  Na corte dos Medici realiza suas primeiras esculturas, como  “A Batalha dos Centauros”,  e “Madona da Escada”, expostas no museu di casa Buonarroti de Firenze, casa onde o artista morou. O museu, que fica nas esquinas das ruas Buonarroti e Via Ghibellina,  possui coleção de desenhos de Michelangelo, esculturas, afrescos e pinturas. Michelangelo dedicou-se à figura humana e para ele não havia movimento que nao pudesse reproduzir em suas obras.  Sua fama foi crescendo e com isso também a inveja. Quando estava na escola de Lorenzo desentendeu-se com Torrigiano, que quebrou seu nariz com um soco.

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A obra Madona della Scala, esculpida entre 1490 e 1492, concluída quando o artista estava com 17 anos

Em 1493 Piero de’ Medici intercedere com frades agostinianos da Igreja de Santo Spirito a favor do jovem artista para que pudesse ser hospedado no convento para estudar anatomia, dissecando cadáveres provenientes do hospital do complexo do convento. Nessa época Michelangelo esculpiu o “Crucifixo”.

 

Em 1494,  devido ao declínio dos Medici, deixou Firenze pela primeira vez devido ao clima político. Passou uma curta temporada em Veneza e depois fugiu para Bolonha. Nesse período realizou “Arca de San Domenico” e San Petronio, escultura em mármore que encontra-se na Basílica de San Domenico, em Bolonha.

 

Em 1495 voltou para Firenze e iniciou a esculpir “Bacco”, conservada no museu do Bargello de Firenze, que dedicou uma sala inteira ao artista.  Esta é a primeira obra esculpida pelo artista, que a realizou aos 22 anos.

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A escultura em mármore “Bacco”, uma das poucas obras do artista com temática profana

Em 1498 firmou seu primeiro contrato com o cardeal francês Jean Bilheres para realizar a “Pietà” na Basílica de San Pietro. Satisfeito com o resultado de seu trabalho, resolveu assinar seu nome na escultura. Esta é a única obra que traz sua assinatura. A Pietà está exposta na Basílica de São Pedro, no Vaticano.

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A belísima obra A Pietà, realizada entre 1498 e 1499, uma das maiores aproximações da arte à completa perfeição (foto Wikipedia)

Entre 1501 e 1504 retornou à Firenze. Nessa época trabalhou em alguns projetos paralelos, como as 4 estátuas para o Altar Piccolomini da Catedral de Siena.  Recebe a encomenda de Davi, uma estátua de 4,3 metros realizada em mármore  de Carrara que ficou pronta após 2 anos de trabalhos . Um comissão de artistas decidiu que a estátua, ao invés de ficar na catedral, deveria ser colocada na Piazza della Signoria, na entrada do Palazzo Vecchio. A obra  pode ser admirada na Galleria dell’Accademia de Firenze.

 

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Um dos símbolos da cidade de Firenze, O Davi, obra realizada entre 1502 e 1504. Exigiu dele não apenas habilidade e percepção, mas muita força fisica

 

Em 1504 Michelangelo foi contratado para realizar os afrescos da Batalha de Cascina para o Salão  dos 500, Palazzo Vecchio, de frente para a parede onde Leonardo estava atuando na Batalha de Anghiari. Os dois principais artistas florentinos da época teriam sido comparados diretamente, um verdadeiro desafio. Michelangelo preparou um esboço  da composição, que foi perdido, e interrompeu o trabalho pois havia sido chamado para voltar à Roma, em 1505,  para realizar o mausoléu fúnebre do papa Júlio II.  Começou uma história de contrastes com o pontífice e seus herdeiros. O sepulcro foi finalizado 40 anos depois. O projeto final contou com 7 esculturas: 4 do artista e  3 de seus discípulos.

 

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A Pietà da Palestrina, obra em mármore exposta na Galleria dell’Accademia e atribuida à Michelangelo, tem 2,5 metros

 

Nesse período Michelangelo  estava também envolvido no projeto   “Apostoli” para o Duomo e produziu San Matteo, exposto na Galleria Accademia.  Dedicou-se também à escultura, com a obra “Madonna con Bambino”. Da rica família Doni, recebeu a encomenda para o quadro Tondo Doni, que está exposta  no Museu Uffizi. Um fator interessante em relação à essa obra é que o comerciante a havia encomendado por 70 ducados e depois de pronta o senhor Agnolo Doni ofereceu 40 ducados pelo quadro. Michelangelo se aborreceu e levou a obra para o seu ateliê. Disse que se ele realmente  quisesse o quadro teria que pagar o dobro do preço: 140 ducados. O rico comerciante, que havia encomendado a obra para a homenagear a filha, acabou pagando o valor mais alto.
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A obra Tondo Doni, feita entre 1503 e 1504.  O único quadro realizado pelo artista. Segundo Michelangelo, a verdadeira arte era a escultura, que era masculina e não permitia erros nem retoques

 

 

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“Escravo que acorda” é uma das obras em mármore inacabadas de Michelangelo em exposição na Galleria dell’Accademia , destinada ao túmulo do Papa Julio II. Aliás, obras intencionalmente inacabadas era  uma das características de Michelangelo

 

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A obra “Genio della Vittoria”, escultura em mármore exposta no Salão dos 500 no Palazzo Vecchio de Firenze

Em 1508 o Papa Julio II solicitou ao artista a pintura da Abóboda da Capela Sistina, na Catedral de São Pedro, no Vaticano. Michelangelo havia contratado ajudantes para ajudá-lo nesta tarefa mas como não estava satisfeito com as pinturas de seus colegas florentinos pediu que regressassem para Firenze e ele resolveu atuar sozinho. Passou anos estudando e dedicou-se à pintura de forma incansável. Ele provavelmente precisava deitar-se de costas e pintar olhando pra cima. Existem algumas controvérsias sobre como foi realizada a obra. Mesmo sob protestos, já que dizia que não era pintor e sim escultor, depois de 4 anos de dedicação, a obra foi finalizada em  1512.

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Esta é um das obras mais emblemáticas do Renascimento e uma das maiores realizações no campo da pintura. O teto é dividido em 9 painéis, onde estão representadas cenas do livro de Gênesis, desde os início da história do Homem até a vinda de Cristo, mas Cristo não esta representado (foto Wikipedia)

 

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Criação de Adão, Capela Sistina,  realizada aproximadamente em 1511

Michelangelo esculpiu entre os anos de 1513 e 1515 uma das obras mais famosas de sua carreira, o Moisés.

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A fachada do túmulo do Papa Julio II na igreja De San Pietro in Vincoli, em Roma (foto wikipedia)

 

Em 1520 começou a projetar o edifício e o interior da Capela de San Lorenzo de Firenze.  Michelangelo realizou a Sacristia Nova,  com três grupos de esculturas e verdadeiras  obras-primas em mármore. Atuou na Sacristia Nova até 1534.

 

Em 1520 Michelangelo foi contratado por Leão X e o seu primo e futuro Papa Clemente VII  para realizar a capela funerária dos Medici, em San Lorenzo

 

Em 1534, quase 20 anos depois de concluído o teto,  recebeu do Papa Clemente VII a encomenda do afresco “O Juízo Final” para o altar da Capela Sistina.  Os nus que apareciam na obra, motivo de polêmica e quase destruição da obra, foram retocados pelo pintor Daniel de Volterra.

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Na obra o Juizo Final Michelangelo retrata o pessimismo, o desencanto (Wikipedia)

 

A lista de compras preparada por Michelangelo

Michelangelo morreu em Roma em 18 de fevereiro de 1564, prestes a completar 89 anos. Sua tomba encontra-se na Basílica de Santa Croce e foi realizada por Giorgio Vasari.

 

O Piazzale Michelangelo

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O Piazzale Michelangelo é ponto de visita obrigatório para quem visita Firenze

Em 1865 Firenze foi eleita capital do Reino da Itália e era necessário um novo plano urbanístico para a cidade, que ganhou na época os seus boulevards,  a partir da demolição de parte das antigas muralhas do século 14. Ao longo da colina di San Miniato foi traçado o Viale dei Colli, uma estrada com cerca 8 Km, com a praça localizada no final desta rua arborizada.

Realizado por Giuseppe Poggi, o Piazzale ficou pronto em 1875. O arquiteto resolveu homenagear o artista que representava a beleza de Firenze: Michelangelo. A praça recebeu o nome do famoso artista do Renascimento, que também ganhou uma estátua em bronze do Davi com as 4 estátuas que encontram-se nas tombas de Lorenzo Magnifico e de seu irmão Giuliano, nas Cappelle Medicee.

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O Davi do Piazzale é a única obra em bronze. As estátuas aos pés do Davi representam a noite, o dia, o crepúsculo e a aurora

 

La Loggia

Giuseppe Poggi desenhou também a Loggia, concebido como um museu dedicado às obras de Michelangelo. O local abriga um elegante restaurante panorâmico, o La Loggia, em estilo neoclássico, que oferece pratos da tradição toscana.

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O restaurante nos recebeu para um apericena, com deliciosos petiscos. Brindar e degustar pratos caprichados enquanto se admira a melhor vista de toda cidade é uma experiência inesquecível!

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O senhor Eugenio Giani e Ksenia, a organizadora dos encontros de bloggers e influencers que vivem na Toscana #tuscanybloggers

Depois de uma verdadeira aula de História conduzida pelo sr. Eugenio, o grupo de bloggers confraternizou no magnífico terraço do restaurante, com toda a esplendente beleza da cidade Renascentista. Uma experiência que vai ficar na memória!

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Grazie Eugenio Giani, Ksenia e ristorante La Loggia per la bellissima serata!

 

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O que ver em Treviso

Além de bonita, a cidade de Treviso é elegante, tranquila e muito romântica! A perceptível harmonia entre arte e natureza  colaboram para aumentar ainda mais o charme e o encanto da cidade, que tem cerca de 83 mil habitantes. Não tenho dúvidas que você vai cair de amores por essa pequena joia, protegida por muralhas históricas que circundam as ruas do centro da cidade, suas belas praças e canais.  Treviso  é meta ideal para quem quiser aproveitar um lugar mais tranquilo, que não sofre grande assédio de turistas. Considere inclusive  usar a cidade como base para explorar o Vêneto, pois Treviso fica a poucos quilômetros de Pádua, Veneza e das colinas do Prosecco. Treviso é terra natal de parte da família de minha mãe, então imaginem a minha emoção em passear por essa gracinha de cidade!
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A história de Treviso está fortemente ligada às suas hidrovias que circundam as paredes e podem ser admiradas a pé ou de bicicleta. Seus canais são um elemento fundamental e extremamente característicos na cidade

O centro histórico murado de Treviso é surpreendentemente lindo, por onde passam vários canais. A cidade é cortada pelos rios Sile e Botteniga, conhecido como Cagnan. Il Botteniga se subdivide em 3 grandes “Cagnani”, sendo os principais: del Siletto, dei Buranelli e della Pescheria. Bistrôs bacaninhas,  bom comércio, bodegas históricas e boutiques compõem um cenário super charmoso que logo de cara agrada! Voltei recentemente à Treviso e mostro pra vocês os passeios que fiz em um dia na cidade. E o legal é que você pode circular tranquilamente a pé, pois as principais atrações são bem próximas umas das outras. Vale lembrar que a marca Benetton nasceu em Treviso em 1960.
Treviso

Piazza San Vito com diversos estilos diferentes de construções

  

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Treviso

 

Principais atrações de Treviso:

Piazza dei Signori –  coração da cidade e ponto de encontro dos trevisanos, é dominada por 3 dos mais importantes edifícios da cidade: o famoso Palazzo Dei Trecento, construído em 1210,  local das assembléias municipais. Com arcos de tijolos vermelhos e é um dos exemplos mais importantes de arquitetura românica da cidade. Sua estrutura atual é resultado de reestruturações depois dos bombardeios que sofreu em 1944, durante a Segunda Guerra.  O Palazzo Del Podesta (ou Palazzo della Signoria), conhecido como o palácio da prefeitura, construído no século 13, mas passou por várias modificações.  Era a sede da senhoria de Treviso (podestà), que por lei não podia ser da cidade e nem de locais vizinhos. Abriga a Torre Civica do município. A torre, com 48 metros de altura, foi construída em 1218, e é  um dos marcos da cidade. Todos os dias em 7 de abril, o badalar do sino da torre lembra o bombardeio que destruiu a cidade em 1944. O Palazzo Pretorio, com fachada do século 17, foi a primeira sede da Biblioteca e da Pinacoteca Comunale.
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Símbolo da cidade – História, cultura e vida social que rendem a Piazza dei Signori um dos locais prediletos dos trevisanos

 

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A Piazza dei Signori abriga diversas cafeterias

 

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Perto da Piazza dei Signori está a Igreja de San Leonardo, na praça homônima, do século 17

 

Calmaggiore–  Da Piazza dei Signori parte Calmaggiore, a rua principal da cidade, que leva ao Duomo, com lojas, boutiques e casas históricas sob os pórticos.  Adoro cidades com pórticos, pois protegem do calor no verão e da chuva e neve na temporada de frio.
Fontana delle Tette – Perto da galeria de lojas, no pátio do Palazzo Zignoli, está  a Fontana delle Tette, assim chamada pois jorrava vinho tinto de um lado e vinho branco de outro durante as festividades. Esta na verdade é uma reconstrução da famosa Fonte dos Peitos. A original é de 1559 , mantida em  relicário no Palazzo dei Trecento.
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Pescheria – Ali nas proximidades fica a característica Pescheria, uma pequena ilha onde ocorre o tradicional mercado de peixe todas as manhãs. A ilhota está ligada ao centro por 2 pontes que passam sobre o Cagnan Grando.
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Desde 1856 o mercado de peixe de Treviso acontece na Isola della Pescheria, um dos símbolos da cidade

Duomo –  A Catedral de San Pietro Apostolo  é o Duomo da cidade. Seu edifício atual, em estilo neoclássico, é caracterizado por um fachada que lembra os templos clássicos. As primeiras referências à sua construção remontam ao século 12, passando por uma restauração entre 1400 e 1500. A catedral foi demolida e depois reconstruída em estilo neoclássico, entre 1760 e 1782. Conserva em interior obras de artistas como Tiziano, Girolamo, Bordone e Amalteo. Ao lado da catedral fica o batistério românico do século 12.
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Com 6 colunas jônicas, a atual fachada da igreja foi restabelecida em 1836, por Francesco Bomben

 

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A igreja está divida em 3 naves: na parte central, o Altar Maggiore, no corredor esquerdo a Capela do Santissimo Sacramento e no direito a Capela Dell’Annunziata ou Malchiostro

Chiesa di San Niccolò- esta é a maior da cidade, construída no século 12 pelos frades dominicanos e consagrada em 1282. É um dos maiores exemplos estilo gótico, simples mas austera, projetada para o alto, característica inconfundível da arquitetura gótica.  Fica na Piazzetta Benedetto XI, 2
Canale dei Buranelli –   Para quem quiser apreciar de cantinhos especiais perto do Botteniga, o principal rio de Treviso. O canal recebeu este nome devido à família de comerciantes proveniente de Burano, que se estarreceu em Treviso nos anos 1500.
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Vicolo Rinaldi, pertinho do Canale dei Buranelli

Piazza San Vito –  você pode fazer uma pausa para um saboroso café ou snack na Praaça San Vito, que é pequena mas muito graciosa.

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Igreja de San Francesco –  Em 1216, São Francisco enviou à Treviso um grupo de frades franciscanos e quando a comunidade tornou-se mais numerosa decidiram construir a igreja e o convento. Em estilo românico-gotico,  a igreja foi realizada entre 1231 e 1270 e custodia  as tombas de algumas célebres personalidades, como Pietro Alighieri, que morreu em Treviso em 1364,  filho de Dante e Francesca Petrarca,  que morreu no parto em 1384, filha do escritor, poeta e filósofo Francesco Petrarca.

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Porta San Tommaso –   Deixamos nosso carro perto da Porta San Tommaso, que éum edifício veneziano-lombardo com rica fachada decorada com troféus, armas e brasões. Da porta de San Tommaso é possível admirar as belas muralhas que circulam o centro histórico de Treviso.

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A Porta San Tommaso, a mais elaborada das portas venezianas que existem na cidade.

As muralhas – Treviso era cercada por muros já na época de sua fundação. Alguns pontos das muralhas podem ser visitados e até pouco tempo o acesso à cidade dava-se através de seus 3 portões:  Porta San Tommaso, Porta Santi Quaranta e Porta Altinia. As primeiras muralhas de Treviso foram eretas em época romana para defender a cidade de invasões.
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 Gastronomia –  A tradição  culinária de Treviso está entre as melhores do Veneto, com simplicidade de receitas e riqueza de sabores.  Treviso  é a terra do radicchio vermelho  (da família das chicórias),   do prosecco e do tiramisù.  O arroz é um dos produtos mais importantes e base para muitos pratos, como risotto, que pode ser acompanhado de carne ou peixe, verduras ou ervas.  E quanto às massas, as mais conhecidas estão  bigoli, gnocchi e tagliatelle.
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Spritz é a bebida vêneta por excelência!!! Em todos os locais de Treviso vemos a bebida, que é preparada com prosecco, Aperol, água tônica e uma rodela de laranja

 

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O tiramisù surgiu em Treviso no final dos anos 60. Você o encontra em todos os locais, até mesmo nas sorveterias, como estes da foto

Dica para quem estiver de carro – tem  estacionamento grátis no ex-pattinodromo, perto da Porta San Tommaso. É um excelente ponto de onde começar a explorar a cidade.

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A arte de Marina Abramović

Marina Abramović está em cartaz no Palazzo Strozzi de Firenze com a exposição The Cleaner. A artista servia é uma das personalidades mais célebres e polêmicas do cenário artístico contemporâneo, que está revolucionando a ideia de performance, testando seu corpo, seus limites e seu potencial de expressão. Comemorando meio século de carreira, Marina, 71 anos, é a primeira mulher a expor no Palazzo Strozzi. A exibição, que começou dia 21 de setembro, fica até o dia 20 de janeiro de 2019.

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“The hardest thing is to do something which is close to nothing because it is demanding all of you”, Marina Abramović

Marina considera seu corpo sua arte. Nesta exposição, mais de 100 obras que oferecem uma visão geral de seus mais famosos trabalhos, dos anos 70 aos anos 2000, através de vídeos, fotografias, pinturas, objetos, instalações e  com muitas reencenações ao vivo onde o público pode participar. A exposição é uma oportunidade para apreciar a complexidade da arte de Marina, que promove encontros reais com o público, que nos últimos anos tornou-se protagonista em suas obras.

 

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Imponderabilia – No início do percurso: artistas como “portas vivas”. Quando adentramos esta sala o som inquietante é da performance exibida num vídeo que apresenta Marina e  o artista alemão Ulay gritando, um na boca do outro: AAA-AAA, 1978

 

Marina e Ulay

A performance AAA-AAA, de 1978. Ulay e Marina sustentam o grito até perder o fôlego (foto exibição)

 

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“People have so much pain inside them that they’re not even aware of”,  Marina Abramović

 

Você pode optar em começar o percurso passando entre os dois indivíduos nus. A primeira parte da mostra Relation, dá forma a um projeto sobe dualidade e simbiose, com obras extremas aos limites da resistência física.

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Rest Energy, performance com Ulay, em  1980, de completa e total confiança. O artista alemão Ulay foi seu parceiro por 12 anos

 

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Nesta sala, a mesa e as cadeiras da performance que Marina fez ao vivo em 2010 no MoMa de Nova York, chamada “The Artist is Present”. Durante 3 meses, e por várias horas, a artista sentava-se silenciosa em uma cadeira, onde de frente pra ela os visitantes podiam se sentar e passar o tempo que quisessem . A performance da artista terminou com um emocionante encontro com o seu ex Ulay. Esta foi a maior exposição da artista, com filas gigantescas que se formaram para ver a artista. Cerca de 850 mil pessoas conferiram a sua performance

 

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Objetos da exposição “The House with the Ocean View”, 2002

 

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Balkan Barroque, executada pela artista em 1997 em ocasião da Bienal de Veneza e premiada com o Leão de Ouro. Marina passou 4 dias dias limpando ossos bovinos como denuncia à guerra na ex-Iugoslávia , numa tentativa de mostrar as dores dos conflitos durante as Guerras do Balcãs

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Os visitantes podem participar diretamente das performances que diariamente acontecem no Palazzo Strozzi, fazendo desta exposição uma  experiência inesquecível em primeira pessoa.

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Em suas abordagens, Marina  sempre causou fortes reações a seu publico. Ela aborda sem preconceitos, entregando-se de corpo e alma aos seus limites

Sobre a artista – Marina nasceu em 1946 na cidade de Belgrado.  Sérvia naturalizada americana,  começou muito jovem sua carreira artística dedicando-se à pintura.  O corpo humano é o elemento central de sua pesquisa, de seu processo criativo. Aliás, Marina usa seu próprio corpo  para suportar sua arte.  Nos anos 70 a artista começou a apresentar suas performances colocando-se à provas de resistência física e psicológica.

Em 1975 conheceu o artista alemão Ulay, com quem esteve por 12 anos. Juntos eles criaram diversas perfomances, como Imponderabilia, onde o público era forçado  a passar pelo corpos nus dos dois artistas.

O relacionamento não prosperou e até mesmo o  término entre os dois artistas foi uma obra de arte. Eles encenaram a última performance juntos para dizerem adeus um ao outro, de forma inusitada e jamais vista: percorreram a Grande Muralha da China, cada um partindo de um ponto diferente, para se encontrarem no meio e se despedirem. The Lovers, 1988, foi uma caminhada que durou meses.

A exibição de Marina acontece também no espaço Strozzina, no subsolo do Palazzo Strozzi.

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Rhythm 0 foi uma importante performance apresentada em 1974. A artista passou 6 horas imóvel e colocou sobre uma mesa 72 objetos e disse aos visitantes que poderiam usá-los contra ela: flores, facas, arma, plumas, azeite e jornal. Ela chegou a ter suas roupas rasgadas e uma arma apontada contra sua cabeça. Ao final das 6 horas, quando Marina se moveu, o público saiu correndo, provavelmente com medo de sua reação

 

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Seus quadros também estão em exposição no espaço Strozzina

 

Marina Abramović – The Cleaner

Palazzo Strozzi, até 20 de janeiro

Horários: 10 às 2o h (até às 23 h às quintas)

Valor do ingresso: 12 euros

 

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Coppedè, em Roma

Sempre tive a maior curiosidade de conferir de perto as construções em estilo Liberty do Coppedè em Roma, que fica no bairro de Trieste.  Como não é perto de nenhuma atração de grande interesse, acabava adiando a minha visita ao local.  Essa é uma meta insólita e fora dos roteiros turísticos, passeio para ser feito por quem já esteve nas principais atrações da cidade e tem vontade de explorar uma Roma mais alternativa.

 

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Os “Palazzi degli Ambasciatori”

 

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Na esquina a Madonna con Bambino

A gente começa a explorar o bairro pela via Dora, que  conduz à Piazza Mincio.  Quem nos dá as boas-vindas é o   grande arco ornado com máscaras e afrescos com cavaleiros medievais com ao centro um maravilhoso lampadário em ferro fundido, sob os “Palazzi degli Ambasciatori”.

 

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Estilo Liberty, características do barroco e também da arquitetura medieval estão presentes no complexo de Coppedè

Quando estive em Roma e reservei uma manhã para ir até o local.  Quem me acompanhou no meu passeio foi a querida Ana Venticinque, do blog Vou pra Roma.  Pegamos o Tram na estação Flaminia, na Piazza del Popolo, e depois de 20 minutos desembarcamos na Piazza Buenos Aires. Dali, basta caminhar por 5 minutos e você já vai ser capaz onde fica o complexo com construções Art Nouveau.

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A incrível região do Coppedè  surpreende os visitantes por sua beleza! O Coppedè é um complexo formado por cerca de 40 construções. São palácios e casarões que desenvolvem-se em volta da Piazza Mincio. Seu criador  foi o arquieteto e escultor fiorentino Gino Coppedè, que dedicou-se a sua realização provavelmente entre 1915 e 1927.

 

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A Fontana delle Rane, na Piazza Mincio, construída em 1924

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A Fontana delle Rane, que quer dizer Fonte das Rãs

 

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Riqueza arquitetônica onde impera o estilo Liberty

I Villini delle fate são 3 casarões que possuem o muro em comum. As 3 construções rendem uma homenagem  à Firenze, Roma e Veneza através de símbolos e personagens que recordam cada cidade.

 

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I Villini delle fate, riqueza nos detalhes

O bairro é residencial e conta com escritórios e Embaixadas, como as da África do Sul, Bolívia e Marrocos.
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O Palazzo del Ragno ( O Prédio da Aranha)

 

Vale a pena visitar este cantinho da cidade? Olha, o Coppedè resume-se a poucas ruas e sem opções de bares, restaurante ou comércio.  Para os amantes do Art Nouveau e de arquitetura é realmente um programa interesse. Avalie o que você vai deixar de conhecer para dedeicar-se a um passeio aqui pelo Coppedè. Se já visitou as principais atrações de Roma  e busca um tour  menos turístico, certamente vais gostar!

 

Como chegar:

Tram número 3 ou 19 – saltar na Piazza Buenos Aires

 

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Santarcângelo di Romagna

Com rico patrimônio artístico e cultural, Santarcângelo di Romagna, a apenas 10 Km  de Rimini, é um gracioso burgo  com cerca de 21 mil habitantes. Com diversos monumentos, museus e animada vida cultural, a terra natal do Papa Clemente XIV (1705-1774) é uma das principais cidades da província de Rimini pra quem quiser dar um tempo da agitação dos balneários da Romagna e curtir a elegante  beleza desse burgo medieval. Durante as minhas últimas férias na região da Romanha, terra de gente simpática e hospitaleira, passei uma tarde em Santarcângelo,  cidade da Valmarecchia, para explorar suas ruelas e conhecer suas atrações.
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Contemplativo, o burgo é repleto de bistrôs , restaurantes, sorveterias, boutiques e lojinhas de artesanato, um contraste com a vizinha e badalada cidade litorânea Rimini

 

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Com aspecto medieval, o burgo é acolhedor, charmoso e com um ritmo envolvente, agradável e repleto de eventos culturais, com inúmeros bistrôs e restaurantes, sempre cheios e com atmosfera acolhedora, com diversas lojinhas de artesanato e bodegas. A cidade tem ar intelectual,  percebido pelo perfil de seus visitantes, que demonstram interesse nas artes, na leitura e nos eventos culturais que preenchem o calendário da cidade.

O que fazer e visitar em Santarcangelo di Romagna

 

Passear pelas ruelas da cidade – parece óbvio, mas o burgo medieval merece ser visitado com tranquilidade, para que os visitantes absorvam o seu ritmo e a beleza nos detalhes.  No século 13 a cidade teve dominação dos Ballocchi e posteriormente, no século 15, da família Malatesta.
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Chiesa San Michele alla Collegiata – edificada entre 1744 e 1758 pelo arquiteto Giovanni Francesco Buonamici, é dedicada à beata Virgem do Rosário. É o edifício religioso mais famoso da cidade.

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Paróquia San Michele Arcângelo alla Collegiata

Igreja de San Michele Arcangelo  – é uma pieve bizantina do século 6, dedicada à Maria Assunta e fica a 1 Km do centro histórico

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A igreja de San Michele Arcangelo (foto divulgação)

Rocca Malatestiana – A Rocca Malatestiana é atualmente residência privada onde é possivel visitar apenas alguns dias por semana. Pertencia à família Colonna e foi reestruturada  por Sigismondo Pandolfo Malatesta. Em sua torre residencial viveram Francesca della Polenta e Paolo, que era seu cunhado e amante.  Saiba mais a respeito neste post sobre Gradara.  O ingresso custa 3 euros e é preciso reservar as visitas. Informações aqui.

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A Rocca Malatestiana

Marchi  – É uma das lojas mais antigas da Emilia Romanha.  A  stamperia Marchi oferece tecidos pintados a mão realizados em laboratório artesanal com antiga técnica de estamparia conhecida como “impressão de ferrugem” e utilizam um Mangano antigo, do século 17, que único no mundo. Produzem roupas, cortinas, almofada e enxovais personalizados, alem de uma coleção de peças exclusivas pintadas e assinadas por Lara Marchi.

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Torre del Campanone –  mesmo não sendo original , a torre do século 19 é um dos símbolos da cidade, que fica na Piazzetta delle Monache.

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A torre tem 25 metros e foi ereta em 1893

 

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Grutas – existe um verdadeiro labirinto subterrâneo no centro histórico da cidade, cuja origem ainda é um mistério. O subsolo da cidade  é constituido por  152 cavernas (tufaceas) e são praticamente todas particulares, exceto uma,  que é visitável mediante agendamento.  São  canais subterrâneas sob a cidade que atualmente são utilizados como cantinas e que serviram de refúgio durante as guerras. O passeio é acompanhado de um guia e tem duração de 30 minutos. O bilhete custa 3 euros. Para visitas é necessário telefonar para reservar (+39) 0541 624270.

As grutas formam uma cidade subterrânea

 

O Museo del Bottone, de propriedade do senhor Giorgio Gallavotti. Sua coleção é de mais de 15 mil modelos, desde 1600

 

Piazza Ganganelli-  Giovanni Vincenzo Antonio Ganganelli (1705- 1774) era o Papa Clemente XIV e a praça da cidade è dedicada à ele. O Arco do Triunfo, ou Arco Ganganelli, foi erguido em 1777, para celebrar a eleição do Papa.  A praça é bem e circundada de restaurantes e lojinhas.  É palco de muitos eventos, como mercadinhos e exposições,  e espaço dedicado à gastronomia e  ao artesanato.

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O Arco Ganganelli, na praça Ganganelli

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A prefeitura organiza uma infinidade de eventos culturais, o que confere uma deliciosa atmosfera ao local, com artesanato, música, teatro e gastronomia

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Muitos eventos animam a cidade durante todo o ano. Desde mostra de flores, que acontece em maio, até eventos enogastronômicos e musicais. O festival de jazz acontece no mês de outubro.  Se tiverem passeando pela Emilia Romagna sugiro incluirem no roteiro um tour por essa graça de cidade!

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A melhor forma de explorar essa região é de carro, pois você poderá organizar um itinerário com paradas nas cidades próximas, como San Leo, Verucchio, San Marino  e quem sabe incluir até mesmo a minúscula e graciosa Pennabilli ?

Distâncias de Santarcangelo di Romagna:

San Leo – 27  Km/27  minutos de carro

San Marino – 22 Km/ 35 minutos

Verucchio – 14 Km/ 15 minutos

Pennabilli – 38 Km/ 37 minutos

Riccione – 25 Km/23 minutos

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Cooking class com ópera no Chianti

Imaginem esses elementos: cooking class nas belas colinas do Chianti precedido de um caprichado jantar ao ar livre, onde os participantes colhem verduras e ervas frescas na horta. E a sobremesa, também preparada durante a aula de cozinha, servida durante a apresentação de algumas óperas italianas e ao som da harpa.  Essa é a experiência proposta pelo  Opera in the kitchen, idealizado por Lucrezia Cannito,  um projeto que une as tradições culinárias  às melodias das mais lindas óperas italianas numa maravilhosa location. Mais que um curso de cozinha, uma inesquecível experiência que compartilho neste post com vocês.

 

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Opera in the kitchen, gastronomia e música em harmonia com a natureza

 

A experiência começa na horta, que fica a poucos passos da casa onde vive Lucrezia e onde funciona a escola de cozinha. Éramos em 7 participantes: um casal americano, outra canadense e 2 jornalistas italianas. Com orientação de Lucrezia, que nos mostrou e explicou sobre os produtos que  são cultivados na horta, colhemos folhas verdes, ervas, tomate, flor de abobrinha, cenoura e abobrinha.

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Em companhia de Lucrezia, ao meu lado à direita, começamos colhendo a matéria-prima para os pratos que preparamos

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Todos os ingredientes usados no curso de cozinha, como as verduras, frutas, ovos, azeite de oliva, geleias , vinho e queijos são a Km 0 pois são produzidos no próprio local ou nas propriedades  vizinhas

 

Começamos cortando as verduras e os tomates. A cenoura e a abobrinha serviram para a preparação  das tortinhas de legumes assadas  e os tomates para fazer o molho da nossa massa. Depois passamos à preparaçao do tiramissu de pêssego, preparado em porções individuais, que logo foram para a geladeira.

 

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Receitas e tradições culinárias italianas

 

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Tagliatelle? Temos!!!

O momento da preparação da massa era o mais aguardado por todos. Lucrezia utiliza 3 diferentes tipos de farinha. Fizemos ravioli e tagliatelle.

 

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Durante a lição de cozinha Lucrezia tira as dúvidas e dá algumas dicas sobre a gastronomia italiana. Lucrezia é da Puglia mas vive na Toscana, onde há quase 3 anos criou este adorável projeto

 

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O chef Marco Vitale, que colabora com Lucrezia, dando os últimos retoques na preparação da mesa de jantar

Antes do jantar, aperitivo com prosecco de Valdobbiadene. Foram servidos flores de abobrinha e pão torrado (fettunta) com azeite extra-virgem de oliva by Opera in the kitchen.

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Após o nosso happy-hour, momento de curtir um delicioso jantar ao ar livre.

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De entrada, tortinha de verduras e como “primo” ravioli com molho de tomate

 

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Momento de experimentar a outra massa que preparamos, tagliatelle com molho pesto

E o momento da sobremesa, que nesse dia foi tiramisù de pêssego, é regado à uma comovente apresentação musical. Emoção e privilégio! Pra quem quiser ver mais sobre esse dia especial, confira no highlights do Instagram @grazieateblog clicando aqui.

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Bálsamos para alma. Ocasião para confraternizar, relaxar, aprender, apreciar e se emocionar com a música e ser grato à natureza

 

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Floriandre Dezaire na harpa e a soprano Chiara Panacci

 

Obrigada pelo convite Lucrezia, adorei ter vivenciado essa experiência única e inesquecível!

 

Opera in The Kitchen, por Lucrezia Cannito

Via Campoli, 18

San Casciano in Val di Pesa (Firenze)

Para reservas e mais informações: clique aqui 

 

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A Basílica de San Miniato al Monte, em Firenze

A Basílica de San Miniato al Monte, que fica em um dos pontos mais altos de Firenze,  celebrou 10 séculos em 2018. Sua construção começou em 1013, onde inicialmente existia um oratório, edificado por São Miniato.

A Basílica de San Miniato al Monte, um dos mais bonitos exemplos do estilo românico fiorentino

 

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Participei do Millenium Sunset Concert,  uma das festas em comemoração ao milésimo aniversário da igreja , no verão de 2018

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A Basílica de San Miniato al Monte tem vista para a cidade de Florença do alto da colina em que está localizada. Faz parte do distrito do cemitério  delle Porte Sante

 

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A Basílica de San Miniato  recebeu este nome em homenagem ao santo que foi o primeiro mártir de Firenze, provavelmente um príncipe armênio ou um mercante grego que deixou sua casa para fazer peregrinação a Roma.  Por volta do ano de 250 DC chegou a Firenze e tornou-se ermitão.  São Miniato sofreu perseguições anticristãs do imperador Décio e  recusou-se a fazer sacrifícios para deuses romanos. Segundo a lenda, ele  foi decapitado num anfiteatro nas redondezas de Piazza Beccaria mas pegou a sua própria cabeça, atravessou o rio Arno e retornou ao monte, onde foi construído um santuário e uma capela. Miniato teria sido sepultado ali com outros cristãos.

 

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A igreja fica nos arredores do piazzale Michelangelo, em um dos pontos mais altos de Firenze e que nos proporciona uma esplêndida vista

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A Basílica de São Miniato 

A igreja de San Miniato, que atualmente pertence aos monges Olivetanos, foi construída entre os séculos 11 e 13 e é uma obra-prima do estilo românico fiorentino.

 

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Sua fachada é em mármore verde e branco com mosaico na parte central, do século 12

 

A parte interna da igreja  é dividida em 3 naves, com uma central e duas laterais menores e o pavimento é em mármore e decorado na parte central com símbolos do zodíaco. A Basílica é rica de simbologia e sinais esotéricos, como a águia de bronze de asas abertas no topo da igreja, símbolos da Arte de Calimala, a cruz grega da fachada e a presença constante do número 5.

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A igreja está entre as estrutura românicas mais bonitas da Toscana

 

Na parte central da igreja fica a bonita Cappella Del Crocifisso, projetada por Michelozzo em 1448, por solicitação de Piero de Medici.  A decoração em terracota vetrificada de Lucca della Robbia e com obras atrás do altar de Agnolo Gaddi.

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A Capela do Crucifixo, projetada por Michelozzo em 1448

As paredes da igreja são afrescadas  com obras dos anos séculos 14 e 15 e com algumas pinturas que retratam episódios de São Benedito.

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A Capela do Cardeal Jaime de Portugal

 

A Cappella del Cardinale ou de San Jacopo, atribuita à Antonio Manetti, construída entre 1461 e 1466. Jaime de Portugal era filho  do Infante D. Pedro, duque de Coimbra e morreu em Florença em  1459, aos 25 anos.  O forro da capela mortuária é de Lucca della Robbia em terracota vitrificada.

 

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A cripta é a parte mais antiga da igreja, do século 11

 

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Em 1200 foi construído o prédio em estilo ao lado da Basílica,  chamado Palazzo dei Vescovi, que depois virou convento.  A comunidade monástica é atualmente composta por 12 monges de diversas partes do mundo.

 

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Na lojinha é possível adquirir produtos como velas, doces, licores, biscoitos, chocolates e chás, produzidos pelos monges

 

Cemitério Porte Sante

Na parte externa fica o cemitério monumental, conhecido como Porte Sante, rico de obras de arte.  Ali estão enterradas personalidades famosas, como o produtor de filmes Cecchi Gori, o escritor Giovani Papini, o pintor Annigoni e Carlo Collodi, o criador de Pinóquio.

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Este é um dos maiores cemitérios monumentais da Toscana  e se estende por todo San Miniato al Monte, e cerca a basílica e o mosteiro

 

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O cemitério, inaugurado em 1848,  foi projetado por Niccolò Matas, o mesmo arquiteto da fachada de Santa Croce. É um museu de esculturas ao ar livre, com dezenas de capelas funerárias privadas que são verdadeiras obras-primas da arquitetura medieval e renascentista florentina.

Millenium Sunset Concert

As comemorações do milênio da Basílica começaram exatamente no dia 27 de abril, data em que há mil anos foi inaugurada a igreja. A programação é de um ano de celebrações,  com um evento a cada mês, até abril de 2019. Eu participei do Millenium Sunset Concert, na noite de 21 de junho, dia que marca o solstício de verão.  Assistimos ao pôr do sol numa tarde regada à muita música, dança e teatro, iniciativa beneficente  para realização de uma escultura que será doada à comunidade de San Miniato.

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A apresentação contou com narração do ator Glauco Mauri, que através de alguns episódios retratou a história de Firenze e da Abadia. A musica seguiu o mesmo caminho e possibilitou aos espectadores da Idade Média até a comtemporaneidade, com Orpheus Ensemble e a Orquestra la Filharmonie, dirigida pelo maestro Nima Keshavarzi, com performances teatrais do Medici Dynasty. A organização foi da Associação Passignano,  a quem agradeço imensamente. E para surpresa dos participantes, o encerramento foi uma espetacular queima de fogos sobre a cidade de Firenze. Que privilégio ter participado de um evento tão significativo e emocionante!

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O show foi no pátio de San Miniato, com mil convidados, quando foram acesas mil velas assim que o sol se pôs

 

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Os monges e o canto gregoriano

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Basílica de San Miniato al Monte

Via delle Porte Sante, 34. – Firenze  (entrada gratuita)

Horários de visitação: 

De segunda à sábado : 9.30 – 13 ; 15 às 19 h (19h30 no verão)

Domingo : 8:15 às 19 h (19h30 no verão)

Para as apresentações do canto gregoriano: De segunda a sábado,  às 7h e aos domingos  às 8:15 (entrada da via dele Porte Sante)

Horários de celebrações eucarísticas:

O parque e o mercado delle Cascine, em Firenze

O Parque delle Cascine é o maior parque público de Firenze, com uma área de 130 hectares,  onde florentinos e turistas praticam esportes,  descansam e fazem piquenique. O local abriga diversos eventos culturais e esportivos e uma feira que acontece todas as terças-feiras, durante todo ano.  É o Mercado delle Cascine, o maior e mais econômico mercado ao ar livre da cidade, onde você encontra artigos a precinhos bem em conta!

O Parque delle Cascine é o maior parque publico de Florença

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 O parque delle Cascine
O parque surgiu no século 16 e era uma área agrícola da família Medici. O primeiro núcleo do parque consistia na propriedade Cascine dell’Isola, adquirida pelo duque Alessandro I de’ Medici e aplicada por Cosimo, com a aquisição de outras terras, utilizadas para  a agricultura e para a caça. Seu nome deriva da palavra cascio, que era o local de ordenha das vacas para a produção de queijo.
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São cerca de 130 hectares de área verde a poucos minutos do centro de Firenze

 

O patrimônio arbóreo do parque é muito rico, com mais de 19 mil exemplares

Em 1563  toda a área verde delimitada pelo  Arno e pelo Mugnone e pelo canal Macinante, a poucos  passos  do centro histórico, tornou-se o Parque delle Cascine. Com a passagem de propriedade para a família Lorena a função pública do parque aumentou cada vez mais.

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Monumento dedicado ao jovem príncipe indiano Rajaram Chuttraputti, que morreu em Firenze em 1870. Ali perto fica a Ponte All’Indiano, que liga os bairros de Peretola e Isolotto

 

Ao final do parque, a Cafeteria dell’Indiano, pausa no lindo cenário perto da ponte All’Indiano

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Mercado delle Cascine

O Mercado delle Cascine funciona todas as terças de manhã, às margens do rio Arno,  na via Lincoln, com uma grande quantidade de stands, que vendem artigos novos e também usados, até mesmo objetos vintage e para colecionadores e também artesanato.
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Toalhas de mesa por 3 euros

O percurso do mercado é de 1 Km e voce pode encontrar de tudo, a um precinho bem baixo:  partindo do chafariz do parque, as primeiras bancas são de vestiário. No final, produtos como mel, geleia, frutas, pão e até flores.
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A praça do chafariz e ao fundo a Palazzina Reale onde funciona a Escola Agrária da Universidade de Estudos de Firenze

Os produtos são bem econômicos. A maiora das bancas exibe o valor da mercadoria e algumas, atè de marcas famosas, especificam que são remanescências de estoques de lojas.
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Os visitantes podem adquirir alimentos e produtos típicos, como queijos e salames e se a fome aplacar, optar por um panino!

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Quando acontece:
Todas as terças –  das 7 h às 14h (no inverno começa às 8 horas )

Como chegar:

Alugar bicicleta  com o programa de bicicleta compartilhada por ser uma excelente ideia! Detalhes aqui.
A pé –  são apenas 15 minutos do centro, o melhor percurso é pelos lungarnos (beirando o Rio Arno)
Ônibus: 17 (adquirir bilhetes no tabacchi)
Tram – saindo de SMN, o percurso dura poucos minutos. Pegue o tram em direção à Villa Costanza e desça na estação Olmi, no parque Le Cascine (Olmi) . Para retornar para a estação, direção Alamani.