Arquivo do Autor: Denya Pandolfi

Sobre Denya Pandolfi

A minha paixão pela comunicação e pelo turismo é herança dos meus pais. Adoro viajar para observar e vivenciar as diversidades culturais. Depois que me formei em Jornalismo, passei longa temporada em Londres, um curto período nos Estados Unidos e atualmente vivo em Florença, com meu marido e nossos dois filhos. Desde 2005 sou retail na Ermenegildo Zegna. Busco sempre ver o lado positivo em todas as coisas e prefiro ter por perto aqueles que, como eu, dão mais valor às pessoas do que às coisas materiais.

A cúpula do Duomo de Firenze

A cúpula da Catedral de Santa Maria del Fiore, o Duomo de Firenze, construída pelo grande mestre Filippo Brunelleschi no início do século 15, é um dos maiores símbolos da arquitetura renascentista. É um extraordinário e audacioso  projeto, com utilização de uma revolucionária técnica de construção para a época e que até hoje impressiona.

A cúpula  do Duomo é um dos mai0res símbolos de Florença que pode ser vista de diversos pontos da cidade.  Ela foi realizada entre 1420 e 1436 e é a maior cúpula em alvenaria do mundo.

Contemplar Florença do alto da cúpula  de Brunelleschi, tendo todas as suas construções seculares a nossos pés, é um deleite! Principalmente depois de superar 463 degraus numa subida íngreme, onde em alguns pontos a passagem é  super estreita e com a pavimentação irregular. Mas a vista que ganhamos ao chegarmos no topo do Duomo  é de lavar a alma!

 

 

História da cúpula

Em 1418  Filippo Bunelleschi foi o vencedor de um concurso de arquitetura para a construção da cúpula da Catedral Santa Maria del Fiore. Uma curiosidade é que Brunelleschi havia sido escolhido para fazer a cúpula junto ao artista Lorenzo Ghiberti, autor da Porta do Paraíso, e seu rival, visto que em 1401 foi Ghiberti que faturou o primeiro lugar no lugar para a construção das portas Norte do Batistério de San Giovanni.

Brunelleschi, desolado pela derrota, não se sentiu compreendido na época quando apresentou seu projeto para as portas do batistério e decidiu ir para Roma com seu amigo Donatello.    Na cidade eterna passa dias inteiros no Panteão e estudando também os fóruns para examinar as técnicas de construção usadas pelos grandes engenheiros romanos.

Mas voltando à cúpula, um fato curioso:  no início das obras Brunelleschi faltou ao trabalho  dizendo que estava doente e quando retornou disse que a obra estava  sendo realizada de forma incorreta. Ele quis humilhar Ghiberti e deixá-lo de fora. Depois disso conseguiu se liberar do seu antigo “rival” e seguir sozinho como arquiteto responsável.

A catedral até então não havia um teto, mas apresentava um grande buraco. Brunelleschi era um ourives e não um arquiteto. Com uma proposta ousada, ele  apresentou um projeto com 2 cúpulas, uma interna e outra externa.

A cúpula do Duomo foi construída  por Brunelleschi, o primeiro arquiteto renascentista. Esta é a maior cúpula em alvenaria do mundo e  anos de pesquisa foram necessários para que se compreendesse como foi feito

O tambor octogonal, a base da cúpula, tem  cerca de  55 metros de altura  e 116  até no topo dela. Uma estrutura imensa, presumivelmente composta por mais de 4 milhões de tijolos. A cúpula serviu de modelo para outras cúpulas do mundo,  como  a de San Pietro  no  Vaticano, desenhada por Michelangelo.

 

O interior da cúpula, com pinturas realizadas por Vasari e Zuccari

Afrescos no interior – A pintura mural da cúpula retrata o Juízo Final e foi encomendada por Cosimo I à Vasari, que criou os desenhos preparatórios e iniciou as  pinturas em 1572.   Depois da morte do artista e do Grão-Duque, em 1574,  o  sucessor dos Medici, Francesco I,  solicitou a finalização dos afrescos ao artista Federico Zuccari. É uma das maiores pinturas da história da arte: 3.600 m2 de superfície com mais de 700 figuras, das quais 248 anjos, 235 almas, 21 personificações, 102 personagens religiosos,  dentre outras figuras de malvados, monstros e animais.

 

Florence

A complexidade da obra despertou por séculos a curiosidade pois era permeada de segredos que foram revelados depois de quase 40 anos de estudos: como ele conseguiu  construir a gigantesca estrutura sem usar um suporte de madeira ou ferro?

 

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A cúpula do Duomo foi construída por Brunelleschi, o primeiro arquiteto renascentista

 

Curiosidade

Peposo all’Impruneta o alla fornacina –  Uma curiosidade que envolve a construção dessa magnífica obra é que uma típica receita toscana está intimamente ligada à  história da cúpula.  Diz-se que durante a construção da cúpula da catedral, Brunelleschi  ia à Impruneta, cidade próxima à Florença e famosa pela produção da terracota, material que foi utilizado na obra, e ali ele viu a preparação do peposo all’Impruenta, prato feito com músculo, vinho e pimenta do reino,  preparado nas tigelas de barro. O   cozimento da carne era muito lento. O músculo era cortado em cubinhos, colocado na panela de barro junto com vinho tinto e muita pimenta, que ajudava  a encobrir a baixa qualidade da carne, que cozinhava por horas até amolecer e  ficar mais saborosa. O prato era preparado na boca dos fornos que eram utilizados para assar a terracota. Brunelleschi  ficou impressionado com este prato pobre, mas muito saboroso,  e decidiu levá-lo também para os canteiros de obras do Duomo.  Segundo uma tradição, os operários que trabalhavam na construção da cúpula saíam para almoçar e se atrasavam para iniciar o turno vespertino. Muitos voltavam embriagados depois de almoços prolongados e regado à muito vinho, imaginem que precisavam superar  463 degraus até o topo da cúpula!. Uma solução encontrada por Brunelleschi foi a de preparar um prato no próprio local de trabalho,  aproveitando os fornos acesos para o cozimento da terracota, que é muito utilizada para a realização cerâmicas  e também para construções.  Terracota significa “terra cozida” e apresenta coloração avermelhada.  Esse material, que é um tipo de cerâmica, é sólido e ao mesmo tempo leve. É trabalhado manualmente e depois assado nos fornos. Ainda é utilizado  em esculturas,  na confecção de tijolos, vasos e telhas.

Já escrevi um post sobre os pratos típicos da cozinha toscana.

O almoço dos operários envolvidos na construção da cúpula era preparado no próprio local de trabalho. Alguns dizem que Brunelleschi se inspirou numa receita que havia visto em Impruneta, cidade nas colinas toscanas famosa pela produção da terracota, material utilizado na cúpula

 

A conclusão de muitas décadas de estudos pelo arquiteto Massimo Ricci é a seguinte: ele utilizou um sistema de cordas  que permitia calcular a posição e o ângulo em que cada tijolo deveria ser colocado. Os tijolos foram colocados na diagonal, como a espinha de um peixe, com o auxílio de cordas que permitia calcular  a posição e o angulo esta em que cada tipojo precisaria ser posicionado. Um sistema jamais visto e repetido na história.

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Alguns trechos são bem estreitos com pontos de difícil acesso. Algumas pessoas se sentem mal e precisam ser acudidas, e até mesmo o acesso para os socorristas é complicado. Não é recomendável para quem sofre de claustrofobia

 

panorama-Firenze

 

Duomo-Italia

 

duomo

A Catedral é a principal igreja fiorentina e é um dos símbolos da cidade

 

Horários e valores: O acesso à igreja é gratuito. O ingresso para visitar a cúpula de Brunelescchi custa 15 euros e você tem direito a visitar também o Campanário de Giotto,  a cripta e o Batistério e o Museu. Veja aqui no site oficial sobre os horários, que sofrem alterações de acordo com a época do ano.

 

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Na piazza Duomo a fila com as pessoas que aguardam para subir até a cúpula. Em determinado ponto existe uma placa informando que o tempo de espera é de aproximadamente 1 hora. A entrada é pela Porta della Mandorla

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A colheita de uvas na Itália

O mês de setembro é um dos mais importantes e esperados aqui na Itália:  é o momento de darmos as boas-vindas ao outono e é também o período da tão esperada vindima, a colheita de uvas para a produção de vinho, um dos costumes mais enraigados na cultura deste país.  E este ano eu participei pela primaria vez de uma vindima, a convite da Villa Medicea di Lilliano, que fica nos arredores de Firenze.

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Esta é a segunda vez que visito a elegante propriedade, que já pertenceu à poderosa família Medici e que tem como proprietários desde 1830 a família Malenchini, que há mais de um século se dedica à produção de vinho e azeite

A área abrange 70 hectares,  circundada de videiras e oliveiras a perder de vista, um cenário verde deslumbrante. E é aqui nas colinas do Chianti fiorentino que  a  renomada vinícola Malenchini, convertida em empresa biológica desde 2014, produz Chianti DOCG, Chianti Colli Fiorentini DOCG, Vin Santo DOC  e o Super Tuscan IGT Bruzzico e produz degustações de vinho e de típicos produtos toscanos.

vendemmia

São 17 hectares de vinhedos, onde são cultivadas uvas Sangiovese, Canaiolo, Merlot e Cabernet Sauvignon

Durante o verão as uvas ganham forma, cor e sabor… e dependendo das condições climáticas e do território, geralmente no início do outono é quando acontece a colheita.

vindima-italia

A vindima se modernizou em muitos aspectos mas ainda é realizada em clima de festa e confraternização. Nesta foto os blogueiros convidados junto ao pessoal que estava realizando a colheita, um grupo de amigos constituído basicamente por rapazes (tinha apenas uma mulher com eles nesse dia)

 

Quem nos acompanhou até os campos onde estava sendo realizada a colheita foi  Diletta Malenchini, proprietária da vinícola, e o gerente, o simpaticíssimo e divertido Eric Veroliemeulen . A  vindima dura cerca de 3 semanas e geralmente acontece no mês de setembro, mas o dia exato depende antes de mais nada das condições climáticas. Para saber se é o momento certo de começar a colher, Diletta nos explicou que utilizam um refratômetro, aparelho que permite medir a quantidade de açúcar da uva. Baseado no resultado,  um agrônomo e um sommelier decidem se é hora de colher os frutos, de acordo com o tipo de vinho que esperam produzir.
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Munidos de luvas e tesouras, o nosso grupo de blogueiros participou da colheita das uvas, que por sinal, estavam super doces e saborosas!

 

vindima

Parece diversão, mas é trabalho. Uma coisa é passar uma horinha passeando entre as videiras e fazendo fotos, outra coisa é encarar todo o período da vindima. Falo isso porque algumas pessoas me escreveram dizendo que queriam participar. Para mais detalhes, entrem em contato direto com a administração da Malenchini pois eles oferecem degustações com possibilidade de visitar as plantações

A vindima é uma tradição que faz parte da cultura italiana, que comemora a cada ano o momento da colheita das uvas, que consiste num trabalho manual onde são utilizadas tesouras.  É preciso ter bastante atenção para colher apenas as uvas sadias  (me falaram para observar se as uvas não tinham mofo na parte interna dos cachos. As uvas secas também são descartadas já no momento da colheita).

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Diletta e Eric no caminhão carregadinho de uvas, que são super mocinhas e saborosas

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Logo após a colheita, o transporte para a adega é imediato pois o calor que costuma fazer nesse período pode levar a uma fermentação prematura das uvas.

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Num primeiro momento, uma máquina exclui os pequenos ramos e amassa as uvas, que depois é  transportado para a “cantina”, local onde é feito o vinho. Ali acontece a prensagem (pressionam a polpa da uva delicadamente para extrair o sumo). Depois o líquido, chamado mosto,  deve fermentar em tanques de aço inox à temperatura controlada. Ali começa a primeira etapa do processo, que dura cerca de 10 dias e é conhecido como rimontaggio, onde o suco e a casca (que costuma ficar na superfície) são misturados três vezes por dia. Este processo serve para dar cor ao vinho, já que é a casca que dá cor à bebida.  Portanto, saibam que é impossível obter vinho tinto a partir de uvas brancas,  pois suas cascas não apresentam pigmentação necessária para dar cor a um vinho tinto.

wine

Em seguida, acontece o segundo processo de fermentação, que dura cerca de 3 meses e é quando o vinho é é “svinato”: é o momento  de separar o líquido da casca, que são prensadas até que se extraia todo o líquido.   As cascas são prensadas mais uma vez e seguem para a destilaria para se tornar grappa,  uma bebida italiana de alto teor alcoólico, feita por destilação de resíduos de bagaço de uva. Depois desta segunda fermentação,  o vinho pode seguir caminhos diferentes, dependendo do resultado que querem obter. Depois do envelhecimento em barris especiais de madeira  e que podem durar anos (essa etapa é a mais interessante e complexa),  a bebida está pronta para o consumo.

vinho

Alguém ai a fim de uma tacinha direto da fonte? 😉

Depois dessa inesquecível experiência, fomos recebidos na villa, onde nos esperava um almoço especial com delícias da cozinha toscana.  Como é bom confraternizar ao redor da boa mesa!!!

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E não podia faltar a tradicional schiacciata con l’uva, preparada com todo carinho pela senhora Marina Malenchini

A minha amiga Valentina Danielli, que também participou da colheita, conta em seu ótimo blog Too Much Tuscany  sobre a essa experiência, confira aqui o texto dela.

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Pratos típicos da Toscana

A Toscana é uma das regiões italianas mais ricas de pratos típicos.  Se você tem planos de passear por aqui e aproveitar o que de melhor a  cozinha local pode oferecer, confira aqui para ficar por dentro de tudo o que pode pedir nos restaurantes.

 

cozinha-toscana

Muitas receitas da tradição toscana são as que definimos hoje em dia vegetariana. Isso porque a gastronomia local tem sua origem ligada aos camponeses e que nem sempre tinham possibilidade de preparar pratos com carne

 

A Toscana é terra de camponeses e sua cozinha, que tem como base ingredientes frescos e genuínos, além de ser sazonal é muito simples.  Inclusive é conhecida como cucina povera, isso é, cozinha pobre. Mas nem por isso não deliciosa! A gastronomia toscana é repleta de aromas e sabores! Muitos pratos fazem alusão à sua origem rural e e  essa simplicidade que seduz e surpreende.  Muitos pratos são à base de pão e azeite, pois a Toscana é uma rica região produtora de azeite de oliva (veja mais aqui) e isso faz toda a a diferença no preparo de inúmeras receitas.  A gastronomia local baseia-se nos produtos que temos à disposição aqui no território.  Para você saborear um delicioso prato típico da culinária toscana é preciso levar em consideração a estação do ano.  Alguns pratos são encontrados apenas no verão e outros apenas no inverno  (quando os restaurantes utilizam produtos congelados, indicam no menu). Agora explico um pouquinho sobre cada especialidade:

 

Pão sem sal – Difícil falar de gastronomia toscana sem citar o pão, utilizado como base de muitos antepastos e sopas. O pão toscano é sem sal, tem o miolo macio e a crosta crocante. No início eu achava estranho mas atualmente adoro e  chego a sentir falta quando viajo para outras regiões e não consigo encontrá-lo. O pão toscano é oferecido no início da refeição e é uma delicia com uma pitadinha de sal e azeite.

pao-toscano

O pão toscano serve de base para alguns antepastos toscanos e também é usado na preparação de alguns pratos típicos

 

Crostini –  Servidos como antepasto, são fatias de pão tostado com uma variedade de sabores. Tem crostini de fegatini (preparado com fígado de frango), funghi, bruschetta (principalmente no verão), queijo brie e nozes , tomate, apenas azeite ou linguiça e queijo stracchino (este é uma perdição!) . E nos meses frios, a bruschetta de tomate se transforma em fettunta. E não há nada de mais simples para preparar:  depois de tostar o pão, basta passar um pouquinho de alho e caprichar no azeite extra-virgem de oliva.

crostini-toscani

 

Presunto – O Prosciutto Toscano DOP – Denominaçao de Origem  Protegida –  é produzido apenas aqui no território toscano e envelhecido no mínimo 12 meses. Geralmente o presunto é servido como antepasto. Se vier aqui no verão, não deixe de experimentar presunto cru e melão, que formam uma dupla irresistível!

Antipasto-toscano

 

Finocchiona-   é um tipo de salame típico do sul da Toscana preparado com erva-doce (funcho). Quando pedimos affettati misti toscani como antepasto geralmente incluem também a finocchiona.

 

Lampredotto – típico de Firenze, você vai encontrar diversas barraquinhas espalhadas pela cidade que servem a iguaria. O lampredotto é servido como sanduíche e bastante comum em toda a Toscana. O panino al lampredotto, que é preparado com  a 4ª parte do estômago do boi, ocupa um dos primeiros lugares quando o assunto é street-food. Visitar Firenze e não experimentar esse clássico não vale!

 

O panino al lampredotto encabeça a preferência do street-food de Firenze

 

Bistecca alla fiorentina –  a bistecca é bem alta, com corte em “T”, preparada na grelha e servida bem mal passada dentro, bastante rosada. É  feita com a carne Chianina,  raça de boi da região toscana do Val di Chiana. Sempre digo e vou repetir: não peça a bistecca bem passada. Se você não curte carne ao sangue, escolha outro prato.

bistecca

A bistecca alla fiorentina é super macia e mal passada

Pepposo dell’Imprunetta– Este prato é preparado com cubos de carne, bastante pimenta do reino em grãos e vinho tinto. Algumas pessoas acrescentam alho e tomate. É preciso cozinhar a fogo baixo por bastante tempo, tipo 2 ou 3 horas,  e quando feito com músculo da carne Chianina é ainda mais gostoso!  O nome do prato deriva da localidade de Imprunetta, nas colinas de Firenze.

 

peposo

 

Pappardelle al ragù di cinghiale–  é um prato típico da Maremma, sul da Toscana. O molho lembra bastante o ragú alla bolognese, mas tem um sabor mais selvagem.  A gente encontra esta massa com molho de javali praticamente o ano todo.

pratos-típicos

 

Pappardelle alla lepre –. Outra receita típica toscana com carne de caça é o pappardelle com carne de lebre. Assim como o  javali, a carne às vezes é marinada por até 48 horas  para eliminar o forte odor.

 

Pratos vegetarianos 

Panzanella– é um prato rústico e típico da cozinha toscana,  servido como primo (no lugar da pasta). É preparada à base de pao dormido molhado na  água. Como é super fácil fazer, deixo inclusive aqui a receita: deixe o pao dormido embebido em agua filtrada por cerca de 1 hora. Depois amasse com as mãos para tirar a agua e esmigalhe os pedaços. Acrescente tomate, pepino, fatias bem  fininhas de cebola vermelha, manjericão,  folhas de rúcula (se quiser)  e bastante azeite.  Uma pitada de sal  e pimenta do reino fresca a gosto. Veja aqui a  receita da panzanella toscana.

 

Ribollita – este é um prato preparado com pão velho e verduras das regiões de Pisa e Firenze que surgiu  para reaproveitar as sobras. Esta é uma sopa de verduras com pão, requentada (bollire significa ferver, cozinhar… ribollita significa cozinhada 2 vezes).  Em muitos locais você encontra o ano todo, mas aqui é bem mais consumida no inverno.

ribolita

 

Minestra di pane – esta é uma sopa de pão com legumes.  É preparada com pedacinhos de batata, cenoura, aipo, cebola, tomate e feijão e encontrada nos restaurantes entre novembro e março, que são os meses mais frios do ano.

 

Crespelle alla fiorentina – é  como um crepe ou panqueca, com a massa fininha, preparado com  recheio de espinafre e ricota

 

Cecina – A cecina é uma torta de grão de bico,  que surgiu de forma  aleatória  através da mistura de farinha de grão de bico, azeite e água. Muitos atribuem  a sua origem à “farinata ligue”. É uma torta bem baixinha, crocante fora e macia por dentro. Pode ser degustada com pão ou schiacciata. Ainda mais saborosa quando feita no fogão a lenha.

Pappa al pomodoro – dentre os chamados pratos pobres, este é o principal deles. A pappa al pomodoro é uma deliciosa sopa de pão, alho, manjericão e tomates. A qualidade dos tomates é primordial para um excelente resultado. E é no verão que o fruto amadurece, portanto,  agosto e setembro são meses excelentes para se saborear este típico prato toscano. Você encontra a pappa al pomodoro durante todo o ano, mas nos meses de inverno ela é feita com a massa de tomate congelada ou então com molho de tomate industrializado.

A pappa al pomodoro é um dos principais pratos da cozinha toscana

Cacciucco –  o cacciucco mais tradicional é o preparado com peixe, pois existem também outras variantes. Esta sopa de peixe preparada com frutos do mar é servida sobre o pão tostado.  Este prato é típico de Livorno e bastante difundida também em Viareggio e surgiu também das sobras, ou seja, dos peixes de qualidade inferior que eram aproveitados sobre um pedaço de pão. Leva polvo, lula, mexilhões, camarões. Uma delícia!!!

cacciucco

Cacciucco alla livornese

 

Pici – Não  é  um prato, mas um tipo de massa, bem parecida com o spaghetti,  só que mais grossa e rugosa. Essa massa é originária do sul da Toscana e dentre os molhos para acompanhá-la estão l’aglione (um tipo de alho),  molho de carne moída, funghi, carbonara ou cacio e pepe (que é uma receita romana mas que combina muitíssimo bem com o picio).

pratos tipicos

Pici all’aglione: prato simples e rústico da região dei Siena (foto divulgação)

 

Fagioli all’uccelletto – é um prato típico da à base de feijão cannellini, molho de tomate, sálvia e pimenta   do reino. Este não um prato, mas um acompanhamento para pratos de carne. 

Gnudi toscani –  este prato é basicamente o recheio do ravioli, isto é,  ricota e espinafre.  Os gnudi (nudi, nus)  são preparados com a receita do recheio do ravioli e depois servidos geralmente com molho de tomate, o que confere mais sabor ao prato! Algumas receitas são preparadas com manteiga e sálvia.

 

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Doces

 

Schiacciata con l’uva – é muito parecido a um bolo e é feito com ingredientes simples, como massa de pão, azeite, açúcar e uva vermelha, a canaiola, sempre no período da colheita, isto é, setembro. Portanto, a gente só encontra essa delicia no mês de setembro e início de outubro.

schiacciata

O doce típico da época das vindimas, a schiacciata con l’uva. Esta foi preparada por Emiko Davies, autora do livre Florentine, cheinho de receitas maravilhosas!

Cavalucci –  é um biscoito típico de Siena, preparado com mel, nozes e frutas cristalizadas. Apesar de serem típicos das festas de final de ano,  podem ser encontrados durante todo o ano.

Pan ramerino – é um pão feito com uva e alecrim e servido na Quarta-feira Santa.

Schiacciata alla fiorentina – típico para ser saboreada no período de carnaval, é um  bolo branco, macio e delicado com o topo de açúcar fino.

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Ricciarelli – este doce é originário de Siena e feito com amêndoas, ovos e açúcar, e geralmente servido nas festas de final de ano.

Panforte –  este é um doce clássico italiano e foi criado em 1200, em Siena. É feito com frutas, casca de laranja e nozes. Apesar de ser um doce de Natal a gente encontra durante todo o ano

Castagnaccio – doce à base de farinha de castanha, pinoli, passas, nozes e alecrim e castanhas, típico dos meses de outubro e novembro.

castagnaccio

Torta della nonna –  de origem aretina, a torta della nonna ,   ou a “torta da vovó”, é um dos mais tradicionais doces toscanos. A receita é bem simples e o doce é bem leve e delicado, com recheio cremoso e com pinoli e açúcar no topo.

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A torta della nonna é irresistivel! No topo, açucar e pinoli. E a maravilha é que a gente encontra essa gostosura durante todo o ano (foto divulgação)

Cenci – doce de carnaval, seria o equivalente à nossa mentira. A gente encontra nas confeitarias, restaurantes e supermercados apenas durante o período de carnaval.

Cantucci e vin santo – muito comum aqui na Toscana, esta dupla é inseparável!  Servida após as refeições, o cantucci,  também conhecido como “biscoito de Prato”, é crocante e feito com amêndoas.

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O comum aqui é mergulhar o cantucci no copinho de vin santo, assim ele amolece um pouco. Mas cada um come preferir. Eu como os biscoitos e depois tomo o vinho 😉

E aqui alguns dos produtos da horta e do pomar de cada estação :

Primavera – alho, aspargos, acelga,  rabanete, alcachofra , aspargos, couve-flor, cenoura, chicória, feijão, folhas verdes, repolho roxo, rabanete, espinafre, abobrinha. Frutas: laranja, morango, kiwi, pera, cereja, melão, maçã

Verão –   alho,  cenoura, cebola branca, pimenta, milho, tomate, aspargos, abobrinha, beringela, cavalo, radicchio, rúcula, pimentão, rabanete, radicchio, folhas verdes,  feijão, flor de abobrinha. Frutas: abricó, melancia, melão, pêssego, ameixa, figo, mirtilo e uva

Outono – Alho, aspargos, tartufo, espinafre,  castanha, limão, batata doce, rabanete, era-doce, funghi porcini, aipo, abóbora, cavolini de bruxelas e espinafre. Frutas: caqui, pera, uva, mixirica

Típico do outono, a castanha é um alimento saudável e digerível de alto valor nutritivo e calórico. Graças às suas propriedades energéticas, a castanha foi o pão da população até o final da Segunda Guerra Mundial

Inverno – bietola, brocolis, chicória, abóbora , couve-flor, erva-doce, espinafre, abóbora, alcachofras, espinafre, erva-doce. Frutas: laranja, mixirica, pera, maça, kiwi

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Turistas pagam mais caro para consumir?

Pagar para sentar. É assim mesmo que funciona aqui na Itália?  Sim, consumir sentado custa mais caro e vou explicar pra vocês  podem economizar. Quando meu primo veio passear aqui em Firenze eu marquei um encontro com ele em frente ao hotel Savoy, na Piazza della Repubblica. Na época a minha mãe estava aqui me visitando e nós fomos juntas ao local, pois dali sairíamos para dar uma voltinha pela cidade. Chegamos no horário marcado, esperamos um pouco, mas nada dele aparecer… até que minha mãe o viu  sentado no bar Gilli, que fica na frente do hotel e é um dos históricos locais em volta da famosa praça (pensei : coitado!). Meu primo estava aqui na Itália fazendo um master com outro amigo brasileiro e eles haviam pedido 2 cappuccinos e uma água. Assim que chegamos eles pediram a conta e eis a surpresinha:  17 euros! Isso mesmo, 10 minutos sentados e 17 euros por 2 cappuccinos, que podiam ter ser consumidos no balcão por um terço do valor.  Mas afinal,  esses locais turísticos exploram os turistas? Bem, o que acontece é que o turista não procura saber o valor antes de se sentar em determinados locais.  Explico neste post como você pode fazer se quiser economizar.

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Cobrar preços exorbitantes é (infelizmente) um hábito que acontece em diversas cidades européias e aqui não é diferente:  estabelecimentos que ficam próximos às atrações, lojas elegantes e praças importantes elevam os preços às alturas. E atenção: nem sempre significa que come-se bem nesses locais, apesar de serem tão caros.  Eu particularmente prefiro evitar fazer refeições em volta das praças, passo mesmo apenas para um cafezinho. E no balcão, claro.

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Imaginem que eu mesma já paguei 7,50 por um chocolate quente no histórico Caffè Giubbe Rosse (e isso há uns 10 anos), na Piazza della Repubblica. Eu fui com meu marido e alguns amigos aqui de Firenze.  E quando a conta salgadíssima chegou, meu marido brincando disse à garçonete que era fiorentino, e não turista. Mas ela garantiu que não cobram mais de turistas e que o preço é o do cardápio, para qualquer pessoa. Portanto pessoal, para evitar surpresas desagradáveis, não custa pedir o menu para verificar os valores (não precisa ficar com vergonha, é super normal consultar valores) antes de se jogar naquela mesinha estrategicamente posicionada nas belas praças da cidade de onde a gente observa o movimento.

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Pagar para sentar, e pode custar caro se você optar por mesinhas perto das atrações mais famosas da cidade

Dicas para economizar

Se você não dispõe de muito tempo e quer apenas tomar um cafezinho, melhor pedir direto no balcão. Aconselho pagar antes e informar ao caixa o que deseja e acrescentar “al banco“, que significa que você vai tomar ali mesmo no balcão e não vai utilizar a mesa. Para um café expresso você deverá desembolsar cerca de 1 euro nos bares de Firenze.

pagar para sentar

O valor para quem utiliza as mesas é bem alto. Um simples cafezinho custa 4 euros no Gilli

Para vocês terem uma ideia, no Gilli, o café expresso no balcão custa 1,10. Esse mesmo cafezinho sai por 4 caso você decida sentar-se numa mesinha na varanda, independente se você fica 5 ou 50 minutos. Fora que além de preços exorbitantes, tem também a gorjeta, que não é obrigatória mas é bom ser gentil e acrescentar os 10% para os garçons.

cappuccino

O mesmo acontece no Paszkowski, outro bar histórico que fica na Piazza della Repubblica. Paguei 1,40 pelo cappuccino no balcão. Seria 5,50 na varanda com vista para a praça. O croissant custa 1,10 no balcão e 3 euros sentado

Aqui vai uma dica de quem mora na cidade e descobre como se sentar nos cafés elegantes e turísticos e não pagar preços absurdos. Aqui no Paszkowski, por exemplo, existem 2 mesinhas disponíveis onde você solicita no balcão o que quer consumir e não paga absolutamente para nada para se sentar. Essas mesinhas ficam na parte interna, pertinho das portas.  Outros locais na cidade também disponibilizam mesas e não cobram  mais  para quem quer usá-las.

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Aqui você utiliza as mesas e não paga mais por isso. Você faz o pedido direto no balcão e pode consumir sentado, num local elegante e turístico. Depois que terminar, leve os pratinhos e xícara no balcão 😉

Entenderam porque é tao comum quando se diz   pagar para sentar?

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Pagar para sentir: consumir sentado perto das principais atrações custa caro. Aqui na piazza della Signoria um spritz custa 13 euros e os pratos de massa cerca de 14. A comida é tambem um pouco mais cara, mas não na mesma proporção que bebidas e sorvetes

Mas se você quer relaxar com um drink sentado numa mesinha posicionada de frente para famosas atrações nas praças mais disputadas da cidade, ao menos programe-se para passar um tempo ali, sem pressa para ir embora. Afinal, você está pagando caro por um lugarzinho privilegiado. Mas que é bom, ah, isso é!

 

Dicas de hospedagem em Firenze? Veja aqui algumas sugestões. 

 

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Fotografia e gastronomia na Toscana

Compartilhar momentos em torno da boa mesa é um forte costume da cultura italiana. E o tema do 14º Instammet mundial  #wwim14 que aconteceu neste final de semana era comida.  Organizado pela Tuscany Buzz e Too much Tuscany, vários usuários do Instagram -se ainda não segue o do blog, aqui vai: @grazieateblog  😉  – estiveram neste domingo no agroturismo Il Poggio alle Ville,  no Mugello, a cerca de 30 minutos de Firenze.

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Eu e minha família passamos um dia maravilhoso! Apaixonados por fotografia de todos os cantos do Planeta para compartilhar seus clicks e celebrar o tema “comida”.

O tema do evento era piquenique mas como ameaçava chover, resolvemos preparar a mesa no refeitório que o agroturismo disponibilizou, uma área grande decorada com peças antigas e com duas mesas longas ao centro. Sabe aquela imagem que a gente tem de uma enorme família italiana na hora da refeição? Pois é, foi nesse clima que transcorreu nosso almoço. Foi um momento de confraternização, troca de informações, bate-papo agradável e muitas risadas. O bacana desses eventos é que você não apenas revê amigos, mas tem a oportunidade de desvirtualizar, pois muitos usuários se conheciam apenas através das redes sociais. Estão vendo, as redes sociais também podem conectar as pessoas.

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comida

Momentos agradáveis, junto à família e amigos. É lindo de se ver como aqui na Itália as pessoas valorizam o momento da refeição. O tema comida não podia ter sido mais apropriado para o evento

Cada um compartilhou a sua bebida e comida. Alguns produtores do Mugello ofereceram degustação de produtos regionais, como frutas, queijos, geleias, salames, pão e azeite.

criancas

Criança sendo criança

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Como sou apaixonada por carros vintage, não resisti em fazer uma foto dessa gracinha!

italian-lifestyle

Mirco, Valentina, Georgette, Nicolas, eu e Barbara. É tanta conversa boa que apenas um dia não basta… O Instammmet é uma oportunidade que temos de rever velhos amigos e conhecer novos. Não podia ter sido melhor!

Fotografias postadas por alguns dos participantes do evento:

mugello

@cristinaromeo

habitos-italianos

@toomuchtuscany

piquenique

@brasilnaitalia

toscana

@tuscanybuzz

cibo

@justilago

food

@discovertuscany

mugello

@girlinflorence

finestra

@val_ina

Vem chegando o outono

Hoje trago imagens que fiz neste mês de setembro, conhecido como o período do “rientro” (retorno). É a despedida do verão e o anúncio do outono, que já chega nesta semana.  O mês de setembro aqui na Itália  (período de volta às aulas e início do ano letivo) é bem parecido com o nosso janeiro no Brasil e é inelutável aquele sentimento de bons propósitos, esperanças renovadas e novos planos. São essas as sensações  que nos permeiam nesse período do ano. É a renovação,  uma  verdadeira metáfora do que o  outono significa. Neste post algumas imagens que fiz para celebrar a chegada do outono, uma das minhas estações prediletas. Porque a estação que mais gosto é a primavera!
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Na semana passada ainda estava bem quente por aqui. Muita gente ainda usando short e camiseta. Nos últimos dias tempo instável, com pancadas de chuva e logo depois, sol novamente…

 

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Turistas de todo o mundo invadam a cidade. Em setembro muitos grupos de cruzeiros. Aqui um grupo próximo à Loggia dei Lanzi, na piazza della Signoria

 

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E nos dias ensolarados a cidade se enche de alegria!!!!

 

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Setembro é a transição das estações. Ainda dá tempo de fazer um aperitivo ao aberto. Aqui na beira do rio Arno, no Lungarno Corsini

 

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Em setembro o sol começa a ser menos constante e se põe por volta das 19 horas. Aqui o final do dia na via della Spada

 

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O dia começando na Piazza della Signoria, coração pulsante da cidade

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Arte contemporânea – No Palazzo Strozzi instalação do artista chinês Ai Weiwei, que estará expondo de 23/9 até em 22/1, com o tema Libero. Nas janelas , os botes salva-vidas chamam a atenção para a questão da imigração

 

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Centro histórico de Firenze

 

outono

E as folhas começam a cair discretamente… ares de outono, que chega oficialmente daqui a 5 dias

 

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A cidade começa a ganhar outros tons…. e de manhã é necessário uma jaquetinha porque começa a ficar fresquinho

 

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Fiz esta foto hoje no Mugello, antes do temporal que caiu por volta das 17 horas. Mesmos secos, os girassóis ainda colorem as estradinhas da Toscana. Para conferir as flores em todo o seu esplendor, só no próximo verão!

 

Para quem vem passear em Firenze, aqui um post sobre o que fazer na cidade. E como muita gente me pergunta o que usar nessa época do ano, aqui vai um post com dicas sobre como preparar a mala de outono (veja aqui).

Menu do dia – dicas para não gastar muito na Itália

Uma forma de economizar nos restaurantes aqui na Itália – e nem por isso deixar de comer bem-  é buscar as opções propostas no menu do dia. Conhecido como menu executivo ou menu business no Brasil, o menu del giorno daqui também propõe pratos mais econômicos no horário de almoço, de segunda a sábado. Custam entre 8 e 12 euros, e o preço depende do nível do  estabelecimento e da quantidade de pratos servidos. Tem menu do dia com apenas primo, água e vinho e já outros incluem também o secondo.

 

menu-do-dia

 

Aqui na Itália são as trattorias e osterias  (para saber a diferença clique aqui)  que costumam oferecer essa opção. O menu do dia facilita bastante para nós, que trabalhamos no centro, e não dispomos de muito tempo e nem queremos desembolsar muito na hora do almoço.

 

menu-do-dia

Geralmente os restaurantes oferecem o menu do dia de segunda a sábado

As casas geralmente informam na porta do estabelecimento as opções do dia e os respectivos valores, que podem variar de acordo com o dia da semana e com o restaurante. Geralmente oferecem uns 2 ou 3 tipos de primo e secondo, com água e vinho. O couvert, que aqui é chamado de “coperto”,   na maioria das vezes já está incluso no valor e vem especificado “coperto incluso“.

 

menu-do-dia

O menu del giorno nasce, na maioria das vezes, da oferta que o chef tem quando vai adquirir a matéria-prima para a preparação dos pratos. Se por acaso vai ao mercado e encontra lindas flores de abobrinha, podem saber que será oferecida no menu

 

Quase sempre as bebidas que acompanham o menu do dia são água e vinho da casa, que são os mais em conta (saiba mais aqui). Lembre-se que aqui na Itália cerveja e refrigerante encarecem consideravelmente a conta.   Vale lembra que mesmo optando pelo menu do dia você pode pedir a bebida que quiser e logicamente será cobrado o valor à parte. A gorjeta (aqui costuma deixar cerca  de 10%),  não está incluída na conta.

Quanto se gasta no supermercado na Itália?

Já postei aqui no blog achados de supermercado indicando produtos interessantes para levar na mala (veja aqui) e sugeri alguns produtos econômicos e de qualidade. A repercussão foi muito boa, principalmente de pessoas que já moraram aqui e que sentem saudade de poder encontrar tantos bons produtos a preços mais econômicos do que no Brasil.  Mostrei também no meu snapchat alguns artigos de supermercado e muita gente se surpreendeu com os preços e me escreveu pedindo informações sobre como é  fazer compras nos supermercados aqui da Itália e como são os preços. Vocês podem imaginar que não dá para listar aqui os valores de todos os ítens, mas neste post vou informar os valores de alguns produtos para vocês terem uma noção.

formaggio

Apenas uma explicação rápida para informar que os hábitos alimentares italianos são diferentes dos nossos. Enquanto o trivial da dieta brasileira fica por conta da dupla arroz e feijão, aqui a base é a massa, em suas diferentes variações. E quem não viu o post sobre hábitos alimentares dos italianos, clique aqui pois é complementar a este artigo.

barilla

spesa

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Uma família com 4 pessoas (2 adultos e 2 crianças) gasta, em média, 600 euros por mês de supermercado. Já os gastos de quem mora sozinho é de cerca 180 euros

Costumo freqüentar 2 supermercados, o Esselunga e a Coop, mas existem outros como o Conad, Simply e Carrefour, entre outros. Os supermercados aqui costumam dar descontos reais que variam de 20 a 50 % para os sócios (basta se cadastrar para receber o cartão que é utilizado no momento de pagar as despesas). Além disso, a cada compra você acumula pontos que podem ser trocados por diversos tipos de produtos, como roupa de cama, utensílios de cozinha ou eletrônicos, dependendo do período da promoção. Alguns supermercados promovem também 1 + 1, que significa que você paga apenas 1 produto e o segundo é grátis.

 

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Aqui alguns dos produtos em desconto. Essas promoções são anunciadas em folders que ficam na entrada do supermercado e geralmente duram 15 dias. Depois desse período outros produtos e marcas oferecem reduções

 

Adquira os seus bilhetes sem impressão e sem fila. É pratico e simples, clique aqui.

 

Os carrinhos ficam todos presos uns aos outros, geralmente na entrada do supermercado. E para utiliza-lo é preciso inserir uma moedinha de 1 ou 2 euros para poder liberá-lo. E depois que você termina as compras devolve-o e recupera seu dinheiro. Dessa forma você não encontra carrinhos espalhados pelos estacionamentos e nem pelo supermercado.

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Geralmente na entrada do supermercado é a seção de frutas e verduras.

asparagi

Para escolher frutas e verduras é preciso usar as luvas descartáveis que ficam à disposição perto das sacolas. Depois de escolher o que quiser, é o próprio consumidor que deve pesar. Cada artigo tem um código e depois que você coloca sobre a balança basta apertar o número correspondente, onde aparece também uma foto para ajudar na identificação.

fruta

É necessario usar luvas descartáveis para pegar frutas e verduras. Na balança um número e a figura correspondente aos produtos vendidos a peso

 

presunto

É muito comum nos supermercados grandes encontrar stands com produtos para degustação

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peixe

Aqui os valores em euros de produtos triviais, sem desconto e a respectiva quantidade:

água mineral natural – 1,42/ 6 confecções de 1,5 l

frango –  9,80/ 1 quilo

peito de frango –  10,98 / 1 quilo

bistecca (carne com osso) – 10,80/ 1 quilo

bistequinha  de vitela com osso – 17,14 /1 quilo

linguiça suína – 7,14 / 1 quilo

carne moída bovino – 12,70 / 1 quilo

peixe Branzino – 16,44/ 1 quilo

spaghetti De Cecco – 1,37 7/ 500 g

tomate grappolo – 1,59 /1 quilo

laranja- 2,20 / 1 quilo

batata – 1,10/ 1 quilo

banana – 1,80/ 1 quilo

maçã Gala- 1,78/ 1 quilo

pêssego – 1,88/ quilo

uva Italia – 2,38/ 1 quilo

uva Rede Globo – 2,15/ 1 quilo

pera William’s- 2,14/ 1 quilo

trigo – 0,45 / 1 quilo

óleo -1,79 /1 litro

nutella – 4,49/ 630 g

pó de café Lavazza-Qualità oro – 6,59/2 x 250 g

pão de forma – 0,85/ 400 g

cereais Kellogg’s Coco Pops – 1,80/ 375 g

azeite Monini – 4,49/ 1 litro

pão toscano – 1,69/ 1 quilo

yogurt Yomo – 1,38/ 2 x 125 g

leite –  0,90/1 litro

molho de tomate Mutti -2,10 / 400 g

arroz – Basmati (nao precisa lavar e nem fritar, super pratico, apenas adicione agua) – 2,19 / 800 g

pizza Margherita congelada-  2,79/ 370 g

suco de laranja – 0,99/1 litro

ovos – 1,59 / meia-duzia

barra chocolate amargo – 0,75/ 100 g

chocolate em pó Nesquik – 4,25 / 1 quilo

presunto cru- 1,69/ 100 g

presunto cozido – 1,90/ 150 g

queijo Brie – 1,85/ 1 quilo

óleo para fritar Friol – 1,69/ litro

sabonete líquido Dove – 2,59/ 500 ml

sabonete em barras Dove – 1,33/ 2 x 100 g

shampoo Sunsilk – 2,09 / 400 ml

detergente Fabuloso para limpeza – 2,27/ litro

sabão em pó Dash – 8,35/ 65 lavagens

pasta de dente Mentadent- 2,25/ 125 g

desodorante Dove  spray – 2,89 / 200 ml

fralda Pampers Sole e Luna (Maxi – 4) – 10,89 /  40 unidades + 2 grátis

fralda Pampers Baby-dry   (Midi 3) – 7,49 / 28 unidades

amaciante de roupas Coccolino  –  3,97/ 60 lavagens

coca-cola-  1,55 / 1,5 litro

champagne Veuve Clicquot – 25, 00/ 1 litro

cerveja Heineken-  0,98/66 ml

 

* valores consultados entre maio e setembro de 2016

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Produtos de higiene e beleza em promoção

 

vino

Cervejas e vinhos a variedade é enorme. Os vinhos que adquiro no supermercado custam entre 4 e 9 euros. E posso garantir que são muito bons!

 

compras

Hora de pagar – Aqui na Itália, idoso não há prioridade nas filas. Precedência nos caixas é para portadores de deficiência e gestantes. Quem tem apenas cestinha pode passar nos caixas com serviço self-service.  Os supermercados maiores possuem a maquininha onde você mesmo vai bipando os produtos escolhidos e depois no caixa efetua apenas o pagamento sem a necessidade de tirar os produtos do carrinho para passá-los um a um. Agora uma coisa que me chamou a atenção quando vim morar aqui era a eficiência e rapidez do pessoal que trabalha nos caixas. Mesmo com filas grandes voce não espera muito tempo, pois a fila se dilui rapidamente. As sacolinhas descartáveis são pagas e é comum que cada um leve de casa a sua própria bolsa. Os supermercados também vendem sacolas grandes de plástico e de estofa.

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Como transportar vinhos na mala

Quanto se gasta de supermercado na Itália 

 

O Chianti Clássico

Você sabia que a região do Chianti Classico tem mais de 300 anos? Foi em 24 de setembro de 1716 que o grão-duque Cosimo III de’ Medici decidiu delimitar alguns territórios da Toscana com vocação para a produção de vinhos de alta qualidade.  Vamos explorar comigo esse magnífico território?

 

O “gallo nero”, símbolo do Chianti Classico

 

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Plantação da uva sangiovese nas colinas do Chianti Classico

 

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A região do Chianti Classico

O  Chianti Classico é  uma região que se estende entre Siena e Firenze, num total de 70 mil hectares. Circundada por oliveiras e vinhedos, num cenário  muito retratado por pintores e que impressiona pelos seus castelos, burgos fortificados e construções medievais, é nesse esplêndido território que é produzido um dos vinhos mais famosos e apreciados do mundo, o Chianti Classico.

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As garrafas do vinho produzidos na região entre Firenze e Siena levam o emblema que garantem a qualidade e proveniência dos vinhos conhecidos como Chianti Classico e são controlados pelo Consorzio Vino Chianti Classico, fundado em 1924 para proteger o vinho e sua denominação. O  gallo nero (galo preto) é o símbolo que qualifica os vinhos do território  do Chianti, que são produzidos em 9 sub-regiões, que são as seguintes: Castellina in Chianti, Gaiole in Chianti, Greve in Chianti, Radda in Chianti, parte de Barberino Tavarnelle, Castelnuovo Berardenga, Poggibonsi, San Casciano in Val di Pesa e Tavarnelle Val di Pesa.

 

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Chianti Classico – São 580 sócios, dos quais 376 que engarrafam seus produtos, com uma produçao média anual é de 35 milhões de garrafas

De acordo com os regulamentos de produção desta Denominação de Origem Controlada e Garantida, DOCG, um Chianti Clássico deve ter um percentual mínimo de 80% da composição  Sangiovese,  e os 20 %  restantes devem ser de uvas tintas, podendo chegar a 100% (varietal).

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Existem 3 tipologias de Chianti Classico: Annata, Riserva (envecelhecido mínimo 24 meses) e Gran Selezione (envelhecido mínimo 30 meses). O Chianti Classico pode ser comercializado a partir de 1º de outubro do ano posterior ao ano da vindima. Já os vinhos engarrafados como Chianti são feitos a partir de uvas provenientes de áreas diversas do Chianti e devem levar ao menos 70% de Sangiovese no blend.

 

O galo preto, símbolo do Chianti Clássico 

A origem deste símbolo provém de uma lenda do século 12, período das sangrentas guerras medievais. Na época, Firenze e Siena viviam em conflito para expandir suas fronteiras.  Foram muitas as batalhas sanguinárias pelo apoderamento da fascinante região do Chianti, até que as 2 cidades decidiram resolver o impasse de uma forma bastante inusitada: cada uma escolheria um galo, que assim que cantasse pela manhã,  um guerreiro de cada cidade sairia em direção à cidade rival.  E a fronteira seria no ponto de encontro dos dois cavaleiros. Cada cavaleiro partiria do portão de sua cidade e o  que mais corresse teria condições de garantir um território maior para a sua cidade.

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Siena escolheu um galo branco e o preparou  dando bastante comida. E por outro lado, o  governo de Firenze escolheu um galo preto e o deixou sem comer, para que logo cedo sentisse fome e cantasse.

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No dia seguinte, o galo preto, faminto, cantou cedinho e o cavaleiro de Firenze saiu ainda de madrugada. Enquanto que o galo branco de Siena, muito bem  alimentado, continuou dormindo. Os 2 cavaleiros se encontraram no município de Castellina, a 12 Km de Siena, o que garantiu à cidade de Firenze uma grande parte das terras do Chianti de forma pacífica.  Quase toda a área do Chianti ficou sob o domínio da Republica Fiorentina.

 

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Setembro é o mês da vindima, a colheita da uva

E como setembro é mês de vindima, a Toscana apresenta muitos eventos em diversas cidadezinhas de seu território para celebrar a colheita da uva. Uma festa  bacana na região é a Expo Chianti Classico, uma feira enograstronômica pelas ruas de Greve,  com intensa programação cultural.  E em Panzano acontece a Vino al Vino. Para mais detalhes, clique aqui.

 

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Aperitivo no Il Salviatino

Sempre suspirei ao ver as fotos do maravilhoso jardim do hotel Il Salviatino. E para minha surpresa, recebi um convite para conhecer o local, que fica nas colinas toscanas de Fiesole,  numa área verde circundada pela natureza, a apenas 10 minutos do centro histórico de Firenze.

 

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Fim de tarde excelente! A convite do hotel Il Salviatino, participei recentemente de um aperitivo organizado pelos colegas do @igersfirenze.

 

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Nosso aperitivo foi na pérgola do jardim, onde plantas e trepadeiras adornavam o cenário encantador

Os jardins são no estilo italiano,  que é caracterizado pela utilização de plantas frutíferas, flores, estatuas e fontes, que confere ao espaço um ar romântico e clássico.

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Sempre às quartas e aos sábados  o happy-hour é embalado por música ao vivo, o que torna o momento ainda mais especial. Mesmo quem não está hospedado no hotel pode optar por um aperitivo no local. Uma maneira de terminar bem o dia num espetacular jardim, circundado pela natureza do local e gozando de uma vista de tirar o fôlego.  Os drinks custam de 16 a 20 euros e alguns petiscos acompanham a bebida.

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Quer um cantinho sossegado e cheio de romantismo a poucos minutos de Firenze? Considere terminar o seu dia com um brinde nos jardins do hotel Il Salviatino

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O jardim orgânico, com frutas, ervas aromáticas e vegetais abastecem a cozinha do restaurante

 

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Na parte superior ao jardim funciona o restaurante do hotel

O hotel funciona numa villa do século 15, com vista panorâmica para toda a cidade de Firenze e para as belezas toscanas. Foi inaugurado em 201o e é uma gostosa opção de hospedagem para quem busca relax, conforto  mas não abre mão de estar próximo à cidade.  Se você busca um lugar romântico e tranquilo para um brinde no final do dia, o Il Salviatino é a opção ideal.

Quem organizou o happy-hour foram os colegas de Instagram do @igers_firenze. Inclusive no feed deles vocês poderão se deliciar com fotos deslumbrantes do berço do Renascimento italiano ;).

Come chegar:

Taxi ou ônibus Ataf número 11 (o percurso dura 20 minutos. Pegue o ônibus na praça San Marco e desça no ponto final, em Fiesole, e caminhar 5 minutos a pé)

Hotel Il Salviatino – via del Salviatino, 21 – Fiesole

 

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