A cúpula da Catedral de Santa Maria del Fiore, o Duomo de Firenze, construída pelo grande mestre Filippo Brunelleschi no início do século 15, é um dos maiores símbolos da arquitetura renascentista. É um extraordinário e audacioso projeto, com utilização de uma revolucionária técnica de construção para a época e que até hoje impressiona.

A cúpula do Duomo é um dos mai0res símbolos de Florença que pode ser vista de diversos pontos da cidade. Ela foi realizada entre 1420 e 1436 e é a maior cúpula em alvenaria do mundo.
Contemplar Florença do alto da cúpula de Brunelleschi, tendo todas as suas construções seculares a nossos pés, é um deleite! Principalmente depois de superar 463 degraus numa subida íngreme, onde em alguns pontos a passagem é super estreita e com a pavimentação irregular. Mas a vista que ganhamos ao chegarmos no topo do Duomo é de lavar a alma!
História da cúpula
Em 1418 Filippo Bunelleschi foi o vencedor de um concurso de arquitetura para a construção da cúpula da Catedral Santa Maria del Fiore. Uma curiosidade é que Brunelleschi havia sido escolhido para fazer a cúpula junto ao artista Lorenzo Ghiberti, autor da Porta do Paraíso, e seu rival, visto que em 1401 foi Ghiberti que faturou o primeiro lugar no lugar para a construção das portas Norte do Batistério de San Giovanni.
Brunelleschi, desolado pela derrota, não se sentiu compreendido na época quando apresentou seu projeto para as portas do batistério e decidiu ir para Roma com seu amigo Donatello. Na cidade eterna passa dias inteiros no Panteão e estudando também os fóruns para examinar as técnicas de construção usadas pelos grandes engenheiros romanos.
Mas voltando à cúpula, um fato curioso: no início das obras Brunelleschi faltou ao trabalho dizendo que estava doente e quando retornou disse que a obra estava sendo realizada de forma incorreta. Ele quis humilhar Ghiberti e deixá-lo de fora. Depois disso conseguiu se liberar do seu antigo “rival” e seguir sozinho como arquiteto responsável.
A catedral até então não havia um teto, mas apresentava um grande buraco. Brunelleschi era um ourives e não um arquiteto. Com uma proposta ousada, ele apresentou um projeto com 2 cúpulas, uma interna e outra externa.

A cúpula do Duomo foi construída por Brunelleschi, o primeiro arquiteto renascentista. Esta é a maior cúpula em alvenaria do mundo e anos de pesquisa foram necessários para que se compreendesse como foi feito
O tambor octogonal, a base da cúpula, tem cerca de 55 metros de altura e 116 até no topo dela. Uma estrutura imensa, presumivelmente composta por mais de 4 milhões de tijolos. A cúpula serviu de modelo para outras cúpulas do mundo, como a de San Pietro no Vaticano, desenhada por Michelangelo.

O interior da cúpula, com pinturas realizadas por Vasari e Zuccari
Afrescos no interior – A pintura mural da cúpula retrata o Juízo Final e foi encomendada por Cosimo I à Vasari, que criou os desenhos preparatórios e iniciou as pinturas em 1572. Depois da morte do artista e do Grão-Duque, em 1574, o sucessor dos Medici, Francesco I, solicitou a finalização dos afrescos ao artista Federico Zuccari. É uma das maiores pinturas da história da arte: 3.600 m2 de superfície com mais de 700 figuras, das quais 248 anjos, 235 almas, 21 personificações, 102 personagens religiosos, dentre outras figuras de malvados, monstros e animais.
A complexidade da obra despertou por séculos a curiosidade pois era permeada de segredos que foram revelados depois de quase 40 anos de estudos: como ele conseguiu construir a gigantesca estrutura sem usar um suporte de madeira ou ferro?

A cúpula do Duomo foi construída por Brunelleschi, o primeiro arquiteto renascentista
Curiosidade
Peposo all’Impruneta o alla fornacina – Uma curiosidade que envolve a construção dessa magnífica obra é que uma típica receita toscana está intimamente ligada à história da cúpula. Diz-se que durante a construção da cúpula da catedral, Brunelleschi ia à Impruneta, cidade próxima à Florença e famosa pela produção da terracota, material que foi utilizado na obra, e ali ele viu a preparação do peposo all’Impruenta, prato feito com músculo, vinho e pimenta do reino, preparado nas tigelas de barro. O cozimento da carne era muito lento. O músculo era cortado em cubinhos, colocado na panela de barro junto com vinho tinto e muita pimenta, que ajudava a encobrir a baixa qualidade da carne, que cozinhava por horas até amolecer e ficar mais saborosa. O prato era preparado na boca dos fornos que eram utilizados para assar a terracota. Brunelleschi ficou impressionado com este prato pobre, mas muito saboroso, e decidiu levá-lo também para os canteiros de obras do Duomo. Segundo uma tradição, os operários que trabalhavam na construção da cúpula saíam para almoçar e se atrasavam para iniciar o turno vespertino. Muitos voltavam embriagados depois de almoços prolongados e regado à muito vinho, imaginem que precisavam superar 463 degraus até o topo da cúpula!. Uma solução encontrada por Brunelleschi foi a de preparar um prato no próprio local de trabalho, aproveitando os fornos acesos para o cozimento da terracota, que é muito utilizada para a realização cerâmicas e também para construções. Terracota significa “terra cozida” e apresenta coloração avermelhada. Esse material, que é um tipo de cerâmica, é sólido e ao mesmo tempo leve. É trabalhado manualmente e depois assado nos fornos. Ainda é utilizado em esculturas, na confecção de tijolos, vasos e telhas.
Já escrevi um post sobre os pratos típicos da cozinha toscana.

O almoço dos operários envolvidos na construção da cúpula era preparado no próprio local de trabalho. Alguns dizem que Brunelleschi se inspirou numa receita que havia visto em Impruneta, cidade nas colinas toscanas famosa pela produção da terracota, material utilizado na cúpula
A conclusão de muitas décadas de estudos pelo arquiteto Massimo Ricci é a seguinte: ele utilizou um sistema de cordas que permitia calcular a posição e o ângulo em que cada tijolo deveria ser colocado. Os tijolos foram colocados na diagonal, como a espinha de um peixe, com o auxílio de cordas que permitia calcular a posição e o angulo esta em que cada tipojo precisaria ser posicionado. Um sistema jamais visto e repetido na história.

Alguns trechos são bem estreitos com pontos de difícil acesso. Algumas pessoas se sentem mal e precisam ser acudidas, e até mesmo o acesso para os socorristas é complicado. Não é recomendável para quem sofre de claustrofobia
Horários e valores: O acesso à igreja é gratuito. O ingresso para visitar a cúpula de Brunelescchi custa 15 euros e você tem direito a visitar também o Campanário de Giotto, a cripta e o Batistério e o Museu. Veja aqui no site oficial sobre os horários, que sofrem alterações de acordo com a época do ano.

Na piazza Duomo a fila com as pessoas que aguardam para subir até a cúpula. Em determinado ponto existe uma placa informando que o tempo de espera é de aproximadamente 1 hora. A entrada é pela Porta della Mandorla
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Olã
Estarei em Firenze de 1 a 25 novembro oara estudar Italiano, e vou aproveitar para conhecer esta cidade e sua arte. Como terei alguns finais de semana, pretendi fazer pequenas incursôes pelo interior da Toscana.
Quais seriam suas recomendaçôes e como chegar aos locais? Talvez eu vá num sabado e retorne no domingo.
Seu blog a respeito de Firenze me é muito valioso, e lhe agradeço por compartilhar conosco suas impressões.
Oi Pedro, como vai? No blog falo sobre muitas cidades da Toscana. Gaste um tempinho explorando pra ver o que te agrada. Caso tenha qualquer duvida, favor me enviar email. Bom passeio e bons estudos! Abraço e obrigada pela mensagem, Denya 😉
Parece ainda pior do que a subida à cúpula de São Pedro, porque é bem mais baixa. Mas vou querer provar essa emoção. Beijocas, Denya.
Lu, não é fácil não… mas essa vista, ah, compensa todo o sacrifício! Quando vc vai aparecer por aqui? Beijos e um maravilhoso final de semana! Denya 😉
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