1- Motivo que te trouxe para Firenze e desde quando vive aqui
Havia estudado por um mês em Londres e cismei que iria me mudar do Brasil. Fiquei encantada com a organização da cidade em todos os sentidos mas o visto pro Reino Unido era muito mais difícil do que pra vir pra Itália então decidi vir pra cá justamente por poder trabalhar.
2- Quem entra com vista de estudo pode trabalhar? Explique como vc fez.
Sim, pode trabalhar até 20 horas semanais. No meu quarto mês aqui entreguei alguns curriculuns e no mesmo dia fui chamada pra ser hostess em um restaurante na Piazza della Repubblica, bem tradicional e com uma pizza de dar água na boca.
3- Como brasileira é possível trabalhar aqui?
Eu vim com visto de estudos e podia trabalhar 20 horas semanais, com esse contrato o trabalhador ganha aproximadamente 200 euros por semana. Quando este visto estava por vencer, um outro empregador fez a “proposta de trabalho” junto à prefettura e além de renovar por mais um ano, mudei a tipologia para visto de trabalho podendo assim trabalhar por mais de 20 horas. Foi um grande avanço!
4- Com qual periodicidade precisa renovar o permesso di soggiorno?
Depende do tipo de permesso, se estivermos falando do permesso “per motivo de lavoro” ou seja, trabalho, depende também do contrato que deu origem à renovação/pedido de visto. Em linhas gerais seria de 2 em 2 anos para quem tiver um contrato por tempo indeterminado e para os demais casos, a renovação se baseia no contrato, 6 meses dura 6 meses, 1 ano dura 1 ano.
5- Você está satisfeita com seu trabalho?
Agora sim, mas já enfrentei várias situações complicadas. A legislação trabalhista no Brasil é mais paternalista e é mais difícil de o empregador permitir que o funcionário trabalhe sem ser registrado. Já aqui, chamamos de trabalho “in nero” e acontece muito. Com exceção das grandes marcas, os pequenos restaurantes, lojas, registram de uma forma, pagam de outra e quem não quiser que reclame pro Papa! Hoje tenho um emprego com contrato registrado, 1 folga por semana e não passo de 8 horas diárias. Ja cheguei a fazer 11 horas num dia em uma enoteca sem ser paga por isso!
6- Fale um pouco sobre salário…
Uma pessoa que trabalhe 40 horas semanais recebe cerca de 1.200 euros, sem contar horas extras e benefícios. Com a desculpa da crise, muitos empregadores consideram “salário” os benefícios e declaram ter pago, por exemplo, seu décimo terceiro no holerite para não serem executados mais pra frente em juízo mas na realidade você não recebe. Existem também os que te contratam por 20 horas semanais e te pagam por fora as 20 horas mas vale lembrar que é ilegal e se forem pegos tomam multa. É super comum, diga-se de passagem. Raros são os que recebem as horas contratuais, direitos trabalhistas e horas extras.
7- É mais fácil juntar dinheiro aqui ou no Brasil?
Olha, no Brasil eu não arrumava nem emprego! Isso é sério! Rs
8- Dica para brasileiros que querem deixar o Brasil para virem trabalhar aqui.
Façam um planejamento coerente. Tenho um canal no youtube onde ajudo a brasileiros que pretendem deixar o Brasil e às vezes recebo algumas perguntas que “mamma mia”, fico pensando como uma pessoa pode cogitar ir embora do próprio país sem o mínimo de cautela ou organização.
9 – Qual a média mensal dos seus gastos?
Como despesas, posso dizer que o aluguel de um apartamento com 1 quarto, mobiliado mais condomínio fica em torno de 700 euros, sem contar contas de água, luz e internet que tudo giraria aí por volta de 150€ mês.
Por semana uma pessoa sozinha, gasta 100€ de supermercado se cozinhar em casa, 20€ para recarregar o celular e 30€ de transporte público mensal, ilimitado. Esses seriam os gastos básicos, sem considerar lazer, higiene pessoal e emergencias. Eu moro com a minha filha de 13 anos então tirando o gasto com o aluguel, todo o resto pago dobrado. Obviamente numa familia onde dois adultos trabalham o conforto é maior.

Nemuel – Nemuel de Souza Viana mora há 11 anos na Itália e há 5 veio para Firenze, onde trabalha na Mercado do Porcellino, geralmente das 8.30 às 19h. A decisão de sair do Brasil não foi dele: “meu pai é pastor da igreja e como ele e minha mae estavam aqui eu também vim, na época eu tinha 16 anos. Eu não queria vim de jeito nenhum, todos os meus amigos estavam no Brasil, mas agora me acostumei”. Depois de alguns anos conheceu a atual esposa, também brasileira, e acabou se habituando com o ritmo de vida daqui. Segundo Nemuel eles vivem bem aqui na Itália, apesar de trabalharem bastante.
1- Por que você saiu do Brasil?
No início não queria ter vindo, eu tinha 16 anos, era jovem. Não foi uma escolha minha. Vim porque meus pais vieram devido à igreja.
2- Como conseguiu permanecer regularmente na Italia?
Como meus pais já estavam aqui, o meu tipo de visto foi ricongiungimento familiare. Quem tem parente aqui pode pedir esse tipo de visto. Foi a partir daí que regularizei a minha situação e depois pude trabalhar. Meu primeiro emprego foi aos 18 anos, quando ainda morava em Viareggio. Antes de vim pra Firenze morei um tempo em Certaldo.
3- Qual tipo de contrato você tem?
Atualmente meu contrato é por prazo determinado. Deixei o emprego em outra banca com contrato a tempo indeterminado porque recebi uma proposta melhor e resolvi arriscar. Agora tenho contrato a tempo determinado mas com grande possibilidade de ser renovado.
4- Quantas horas por dia trabalha?
Trabalho cerca de 11 horas por dia e tenho apenas um dia de folga, sempre no domingo.
5- Consegue juntar dinheiro aqui?
Consigo. A minha esposa Edilaine também trabalha (na casa de uma senhora ajudando nos afazeres domésticos)
6- Quanto ja conseguiu receber por mes trabalhando no mercado?
No verão, fazendo hora extra, já cheguei a receber 2.200 euros
7- Você encorajaria outros brasileiros em busca de trabalho e oportunidade a virem pra cá?
Se a pessoa tiver garra, sim. Nem todos que chegam aqui dão sorte de conseguir logo trabalho.
8- Está satisfeito com seu trabalho ou busca algo diferente?
Eu gosto muito de música. Estou estudando e tenho projetos. Espero conseguir atuar nesse setor.


Marcella– A cariocaMarcella Cardoso Vieira Gomes veio estudar em Firenze há 4 anos e se encantou com a cidade. Formada em Publicidade, ela trabalha na Aquaflor, uma butique artesanal de perfumes mas seu salário não basta, já seus gastos giram em torno dos 3 mil euros por mês, portanto ela conta com o suporte da família.
1- Motivo que te trouxe para Firenze e desde quando vive aqui.
Eu vim para Firenze em 2012 para estudar. Fiz curso de italiano, História da arte e Fotografia no primeiro ano. Eu já conhecia Firenze mas me apaixonei pelo estilo de vida e decidi me mudar. Como tenho dupla cidadania não foi um problema. Já era formada em Publicidade quando cheguei e então decidi continuar os estudos, fiz pós em Hotelaria, Marketing Digital e curso de sommelier.
2- Com o que trabalha?
Eu trabalho em uma boutique artesanal de perfumes, faço a mídia social, vendas e de tudo um pouco. Tenho contrato por tempo determinado e espero que seja renovado. Senão, vou continuar procurando um trabalho na minha área, que é marketing digital.
3- Você está satisfeita com seu trabalho?
Acredito que na Itália em geral poderia ter mais oportunidades para os jovens
4- Qual a mèdia de seus gastos aqui em Firenze?
Em torno dos 3 mil euros por mês mas claro com a ajuda da minha família.
5- Acha que è um momento dificil para conseguir emprego aqui em Firenze?
Sim, passei quase um ano procurando sem receber respostas.
6- Quais as principais diferenças entre o setor de trabalho italiano e brasileiro
Sao tantas que ate difícil explicar, eu diria tudo, do bom humor ate a garra, Brasileiro que é Brasileiro não para enquanto não termina, os Italianos param para o cafe, a comida, o repouso….
7- Pretende voltar para o Brasil?
Não pretendo voltar, mas se com o passar dos anos perceber que não tenho oportunidade de crescer na minha carreira posso considerar.
8- O que almeja profissinalmente aqui em Firenze?
Trabalhar com o que eu adoro, que é o marketing digital.
9- O que faz aqui que não faria no Brasil?
Trabalhar como vendedora.

Roberto – O carioca Roberto Ferreira Gomesvive em Firenze desde 98. Veio pra cá incentivado pela família, já que 6 das suas irmãs estavam morando aqui (atualmente 5 estão aqui). Ele trabalha como barman desde 2006 no Caffè La Posta, no centro da cidade. Roberto vive com a esposa Tatiana (gaúcha que veio pra cá para fugir da violência no Brasil) e com a filha de 4 anos. “Não existe dinheiro no mundo que pague a liberdade e a sensação de segurança, de poder sair a qualquer hora e não se preocupar se alguém vai te assaltar”.
1- Por que você veio?
Na época que cheguei eu tinha 24 anos e no Brasil trabalhava ganhando um salário mínimo. Como as minhas irmãs estavam aqui eu resolvi experimentar, até porque o Rio estava muito violento. A situação no Brasil piorou demais nos últimos 10 anos. Nem sonho em voltar.
2- Como conseguiu regularizar a sua situação para poder trabalhar?
No início entrei no país com a autorização que é concedida aos familiares (ricongiungimento familiare). Depois consegui emprego e me casei com uma brasileira que é cidadã italiana e devido também à nossa filha que nasceu aqui, consegui a cidadania.
3- Quantas horas trabalha por semana?
Cerca de 40 horas mas sempre faço extraordinário. Tenho apenas 1 dia livre por semana. Mas nem todo dia trabalho 8 horas, às vezes faço meio expediente, depende da semana.
4- Quais são seus maiores gastos?
Meus gastos maiores são com aluguel e depois comida, carro.
5- Pode dizer a média do seu salário por mês? Consegue juntar dinheiro?
Ganho cerca de 1.200 euros por mês, mais extraordinário que varia a cada mês. Consigo juntar. Pouco, mas consigo (rs). E mando pro Brasil, diretamente na conta.
6- Qual o melhor aspecto de viver aqui em relação ao Brasil?
Em primeiro lugar está a segurança. Não existe dinheiro no mundo que pague isso.
Antes de se aventurar é bom estudar a lingua italiana, pois alem de sua capacitado e força de vontade, esse é um dos aspectos que podem te ajudar. Deixo aqui alguns sites de empregos na Itália e agências especializadas na seleção de candidatos:
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