3- Vocês consideraram outros países ou a Itália era a única opção?
Primeiro pensamos em Portugal, mas depois de analisarmos as melhores condições preferimos vir pra Itália, porque eu já tinha a cidadania portuguesa, mas meu marido ainda deveria requerer a cidadania italiana.
4- Algum fator negativo os motivou a querer deixar o Brasil?
Comportamentos de radicalismo e intolerância que vem sendo manifestado nos últimos anos, associados à uma profunda desigualdade material e suas consequências, foram os gatilhos que estimularam essa mudança. Não nos identificávamos na sociedade brasileira.
5- Quanto tempo se passou desde o momento em que realmente se decidiram da mudança até o dia da viagem?
1 ano e meio
6- Como a família no Brasil recebeu a notícia?
Ficaram assustados e não acreditaram, no início, que este projeto fosse realizado. Mas depois nos apoiaram e plantamos essa semente neles também.
7 – O que mais pesou na decisão de mudar?
O desejo de viver numa sociedade mais igualitária, com mais história e bagagem que nos promovessem um aprendizado sócio cultural nos proporcionando uma vida mais coerente e construtiva, principalmente para nossa filha de 9 anos.
8- Agora sobre a Itália, como têm sido esses primeiros meses aqui?
Estamos adorando, cada dia uma nova conquista e aprendemos diariamente a superar os obstáculos que nos são propostos cotidianamente. Nos 3 primeiros meses, mesmo empolgados e anestesiados com o fato de termos mudado pra uma cidade tão linda, eu considero a fase mais difícil, pois neste período a adaptação à língua, à educação e aos costumes locais, ao funcionamento das coisas e principalmente à burocracia é a parte mais penosa. Neste período você percebe sentimentos e sensações que dificilmente existem em pessoas que se encontram em zona de conforto, dentro de uma bolha. Medo, insegurança em adaptar-se e o isolamento social do início fazem parte desta fase.
9- A maior dificuldade que encontraram?
Pelo meu alto grau de exigência em morar confortavelmente e numa casa aconchegante e bonita, tornou a nossa busca por residência uma saga. Desde a dificuldade em encontrar um imóvel adaptado ao que gostaríamos por um preço justo, até a ausência de opções de imóveis disponíveis a estrangeiros (família) por tempo superior há 1 ano. A maioria dos imóveis para locação são disponíveis para turistas e estudantes.
10- Até quando pensam em ficar aqui?
Essa é uma experiencia que nos propomos e não temos nada como definitivo, tudo dependerá de como nos estabeleceremos por aqui.
11- Sobre o estilo de vida, o que mais estranharam em relação à vida no Brasil?
Ainda não temos bagagem para fazer uma analise conclusiva, mas pelo pouco tempo que estamos, percebemos alguns detalhes: italianos são diretos e retos, o que pode dar um ar honesto e prático, mas para nós brasileiros pode parecer pouco educado. Falam alto e parecem sempre estar discutindo com você ou com alguém. O trânsito é desorganizado. Pedestres, bicicletas, motos e carros disputam espaço nas ruas. Particularmente gosto da forma como levam a vida, com muito mais simplicidade e qualidade. O lazer depende de pouca produção, vão a parques, praticam esporte, participam de eventos culturais, comem e bebem produtos de extrema qualidade e estão cercados de cidades incríveis de fácil acesso que tornam os finais de semana sempre inusitados.

Fernanda Rocco em Firenze