Arquivo do Autor: Denya Pandolfi

Sobre Denya Pandolfi

A minha paixão pela comunicação e pelo turismo é herança dos meus pais. Adoro viajar para observar e vivenciar as diversidades culturais. Depois que me formei em Jornalismo, passei longa temporada em Londres, um curto período nos Estados Unidos e atualmente vivo em Florença, com meu marido e nossos dois filhos. Desde 2005 sou retail na Ermenegildo Zegna. Busco sempre ver o lado positivo em todas as coisas e prefiro ter por perto aqueles que, como eu, dão mais valor às pessoas do que às coisas materiais.

O Museu dos Medici de Florença

O Museo de’ Medici de Florença é o primeiro e único espaço expositivo inteiramente dedicado à história dessa poderosa família que por cerca de 3 séculos governou Florença e a Toscana.  Com  elementos reais e virtuais, o museu conta principalmente a  história da família  a partir dos anos 1500 e dos Grão-duques da dinastia por meio de salas temáticas, retratos, medalhas, documentos, manuscritos e exposições temporárias, de coleções particulares e portanto, inéditos. O museu , localizado no Palazzo Sforza Almeni, foi inaugurado em junho de 2019.

 

Esse é o primeiro museu dedicado exclusivamente à história da família Medici, onde podemos conferir  coleção de pinturas, manuscritos, objetos pessoais e raridades pertencentes a alguns dos mais  ilustres membros da família

Participei de uma visita guiada organizada pela Toscana è,  associação que ajuda a divulgar as belezas do território toscano. Nossa visita foi conduzida pela competente guia Elena Petrioli, autora do blog Guarda Firenze,  e contou com a participação do diretor do museu, Samuele Lastrucci.

Com a guia Elena, Mad e Sandra e os  membros da  Toscana è Leonardo, Gloria, Marco e Erika

Palazzo Sforza Almeni  – o antigo palácio fica a poucos passos da Catedral Santa Maria Del Fiore

O museu está localizado no Palazzo Sforza Almeni, antiga residência do cavaleiro Sforza Almeni,  que foi conselheiro de Cosimo I de ‘Medici. Sforza Almeni foi  secretário de Cosimo por mais de 20 anos, de quem obteve  privilégios e recebeu muitas honras, como o título de Cavaleiro de Santo Stefano e a posse do edifício, confiscado da família Taddei, que havia se oposto ao regime dos Medici.   Almeni convocou os melhores artistas da época  para reestruturar o palácio,  como Vasari e Ammannati. O papel de secretário confidencial do duque era também muito perigoso e arriscado e aproveito para contar pra vocês uma curiosidade envolvendo o Grão-Duque:  Sforza Almeni pagou com a própria vida a revelação à Francesco I, filho de Cosimo,  de sua relação  amorosa com a jovem Leonora degli Albizi. Cosimo I não gostou nada que seu secretário revelasse ao filho sobre sua vida amorosa  e o assassinou com suas próprias mãos.

Brasão original,  do século 16  das familias Medici e Toledo,  no hall de entrada. Na esquina do prédio fica uma cópia

Família Medici
Um breve resumo sobre a poderosa família Medici, que governou Florença por  cerca de 3 séculos e foi uma das mais importantes do Renascimento italiano. Muito provavelmente a família Medici é originária do Mugello, norte de Florença, mas não existem evidências que comprovem a sua origem.  Os Medici não eram nobres, mas comerciantes de tecidos e banqueiros.
A dinastia começou com Giovanni di Bicci que se tornou o financiador do Papa João XXIII, e a partir desse momento os Medici se tornaram a maior e mais eficiente organização econômica e financeira da época. O processo de construção do domínio dos Medici sobre a cidade de Florença, entretanto, começou com Cosimo de’ Medici, conhecido como Cosimo “O Velho”, em 1434. O esplendor florentino  chegou com Lorenzo de’ Medici, conhecido como “O  Magnífico”, em meados do século XV.
O museu conta principalmente a história da família a partir do século 16,  quando Cosimo I tornou-se o primeiro Grão-Duque da Toscana, título que manteve até sua morte.
Os Medici nunca ocuparam cargos públicos, mas exerciam o poder através da criptomonarquia (“cripto” está para oculto), isso é, eles comandavam colocando no poder personalidades manipuláveis e favoráreis às suas ideias e interesses.

O Museo de’ Medici e a Fondazione Anna Maria Luisa apresentam um espaço inteiramente dedicado à família mais importante de Florença

 

 

A “Sala do Tesouro”, com a reconstrução tridimensional fiel da coroa grão-ducal, que foi perdida

No início do percurso uma sala com uma coleção de retratos, começando pelo casal Cosimo I e Eleonora di Toledo

Salas – Nas salas do museu, grande parte da história da família é contada através da exposição de obras de arte originais, documentos e relíquias, testemunhas diretas do domínio secular dos Médici em Florença.

Três grandes salas do museu são divididas por períodos e retratam os séculos 16, 17, até a primeira metade do século 18, quando faleceu a última herdeira da família.
A primeira sala  é dedicada à genealogia, com diversos retratos expostos por casais, sendo o primeiro o de Cosimo I e Eleonora di Toledo, filha do vice-rei de Nápoles.  A seguir encontramos Francesco I e Giovanna da Áustria. E aqui aproveito para contar sobre uma história de amor que marcou a Senhoria Medici: Francesco era amante de Bianca Cappello, ambos casados na época. Depois que ambos ficaram viúvos, finalmente se casaram. Mas o casal de amantes morreu em circunstâncias misteriosas até hoje não esclarecidas, numa das  vilas da família, a Villa de Poggio a Caiano, arredores de Florença. Depois disso, seu irmão Ferdinando I, que era cardeal,  casou-se com Cristina de Lorena.
Os últimos retratos da sala são os de Anna Maria Luisa de’ Medici, filha de Cosimo III. Anna Luisa foi a última herdeira dos Medici e morreu em 1743.

Afrescos da escola de Giorgio Vasari na pequena capela do Palazzo Sforza Almeni

Na Sala del Cinquecento. No século 16, o poder absoluto passou a ser de Cosimo I de’ Medici, do ramo cadete da família, que assumiu quando tinha apenas 18 anos, após o assassinato do Duca Alessandro, em 1537

Cosimo I de ‘Medici, Grão-Duque da Toscana, em retrato realizado por Agnolo Bronzino (1545 aproximadamente)

 

O Diretor do Museu dos Medici, Samuele Lastrucci

 

Ao centro da Sala del Seicento , escultura do busto de Ferdinando II realizada por Giovanni Battista Foggini

 

Modelo de um galeão da frota dos Medici. Vocês sabiam que  Ferdinando I tentou fundar uma colônia do Grao-Ducado no Brasil? A expedição, liderada pelo inglês Robert Thornton, desembarcou na Guiana e posteriormente no Brasil e quando retornou para a Itália, em 1609, Ferdinando I havia falecido e seu filho não teve interesse em dar continuidade à ideia de seu pai

 

A Sala del Settecento com os retratos dos últimos membros da família

 

Algumas reproduções de cartas e documentos da família

Em outubro de 2023 o Museo de’ Medici passou a funcionar na Rotonda del Brunelleschi

 

Museo de’ Medici

Via dei Servi, 12 – Firenze

Horário :  das 10 às 18 horas, diariamente

Valores do bilhete: 9,00 euros com guia de rádio

5, 00 euros com guia habilitada

15, euros  em companhia do diretor do museu (requer agendamento)

Email: museodemedici@gmail.com

 

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20 atrações grátis em Firenze

Dicas de Firenze

A Igreja de Santa Croce

Nonos da Itália 

A Basílica de Santa Maria Novella

 

Florença menos conhecida – 2

Fico admirada quando escuto  algumas pessoas comentando que em um dia é possível conhecer as principais atrações de Florença! Talvez você consiga passar na frente da maioria delas, mas essa cidade, apesar de ser pequena,  guarda  muitíssimas preciosidades – seja no interior dos majestosos palácios que em suas ruas e praças!   E para quem busca uma Florença menos óbvia,  trago neste post outras 10 atrações. Já havia publicado ano passado Florença menos conhecida indicando 10 atrações. Espero que gostem:

 

O Museu degli Innocenti, o primeiro orfanato da Europa. A obra de arquitetura renascentista é um projeto de Brunelleschi

 

1- Museu degli Innocenti –   O museu surgiu  no ano de 1419  com a designação de hospital: Spedale degli Innocenti  e há seis séculos acolhe crianças abandonadas.  Desde a sua criação a instituição presta  assistência  à crianças  órfãs e filhos ilegítimos. Na época do Renascimento  muitos bebês foram deixados no hospital As crianças eram abandonadas  de forma anônima,   não se sabia o sobrenome da mãe e nem da família. Uma curiosidade ligada ao local é que quando as crianças podiam deixar o instituto elas recebiam os sobrenomes  Innocenti, degli Innocenti, Nocenti ou Nocentini. O museu fica na Praça della Santissima Annunziata

Dentre as obras de arte que podemos admirar no museu, está Madonna col bambino, realizada por Sandro Botticelli

 

2- Capelas Medici – As Capelas dos Medici, no Complexo de San Lorenzo, é o local dflocal que abriga o mausoléu da poderosa família Medici, os mecenas de Florença e da Toscana. Eles governaram a cidade entre os séculos 15 e 18 e são responsáveis por Florença ser mundialmente conhecida como Berço do Renascimento. O conjunto das capelas é constituído pela cripta, pela maravilhosa  Capela dos Principes, onde estão os túmulos de seis grão-duques da família Médici e pela Sacristia Nuova, que é outra capela funerária onde Michelângelo Buonarroti atuou como arquiteto e escultor.

 

 

3- Museu Bargello – o maravilhoso  Museu do Bargello, localizado no antigo Palazzo del Podestà, abriga algumas das mais importantes obras da escultura do Renascimento italiano em seus majestosos salões. Em 1865 tornou-se o primeiro museu nacional italiano dedicado às artes da Idade Média e do Renascimento e é um importante museu com obras de Cellini, Donatello, Luca della Robbia e Michelangelo. Suas coleções incluem esculturas, cerâmicas, medalhas, bronzes, tapeçarias e mobiliário, que pertenceram à família Médici e a colecionadores. Dentre os doadores mais relevantes, o antiquário francês Louis Carrand.

 

 

4- Igreja e Museu de Orsanmichele – Antigo celeiro, a igreja de Orsanmichele representa uma interessante síntese entre a arquitetura religiosa e a civil.  Além de igreja, no local funciona também um museu, na parte superior. Cada corporação fez uma homenagem  ao seu santo padroeiro e sua  fachada  conta com 14 estátuas, do período Gótico até o fim do Renascimento. Fica entre a Praça da Signoria e praça do Duomo.

 

Orsanmichele apresenta  uma das arquiteturas florentinas mais importantes do século XIV

 

5 – Basílica San Lorenzo –  conhecida como “A igreja da família Medici”, a Basilica de San Lorenzo foi por 300 anos a catedral da cidade. A igreja abriga muitas obras-primas de artistas famosos da cena artística e arquitetônica de Firenze.  Foi consagrada em 393 por Santo Ambrósio e  foi por três séculos a igreja mais importante de Florença.  Foi transformada de igreja romanica à basilica renascentista pelo arquiteto Filippo Brunelleschi. Em seu interior podemos admirar obras de Michelangelo, Donatello e Filippo Lippi. Fica perto do Mercado Central de San Lorenzo.

 

 

7- Igreja San Marco- O Museu de San Marco, que fica ao lado igreja da homônima, funciona num ex-convento  fundado em 1299 pelos monges beneditinos Silvestrini e que passou  para a ordem dos Dominicanos Observantes em 1436.  No anos sucessivos, com financiamento de Cosimo dei Medici e sob a direção do arquiteto Michelozzo, foi totalmente restaurado e reformado, além de embelezado com afrescos de Beato Angelico.  A visita a San Marco inclui os esplêndidos espaços arquitetônicos do convento e das celas, o claustro de Sant’Antonino, o Cenacolo del Ghirlandaio, o refeitório e a Sala Capitular. Abriga o maior acervo do mundo de obras de Beato Angelico que também viveu e trabalhou no convento por volta de 1440 para afrescar os espaços renovados por Michelozzo.

 

 

6-  Museu Davanzati –  O Museu Davanzati é um maravilhoso museu no centro de Florença onde  possível admirar e respirar a atmosfera medieval do século XIV. É o Museo della Casa Medioevale Fiorentina,  também conhecido como Palazzo Davanzati. Esta é uma típica residência nobre florentina, que foi preservada quase intacta e representa o momento de transição entre a casa-torre medieval e um prédio renascentista.

 

Como era uma residência em epoca medieval? O palácio Davanzati, construído em meados do século XIV, apresentava aos visitantes o verdadeiro estilo de uma casa medieval florentina

8 – Igreja Santissima Annunziata – A basílica de Santissima Annunziata tem uma história antiga. A igreja é da ordem dos Servitas e foi fundada em 25 de março de 1250. A igreja foi reconstruída entre 1440 e 1481 graças a Michelozzo que construiu o primeiro claustro e algumas modificações foram executadas por Leon Battista Alberti. A igreja é um excelente exemplo de decoração barroca em Florença com maravilhoso trabalho na cúpula realizado pelo artista Volterrano. A igreja fica na praça homônima e o ingresso é gratuito.

 

9 – Igreja de Santi Apostoli – Conhecida como o “Vecchio Duomo” de Florença, a  igreja de Santi Apostoli é uma das igrejas mais antigas da cidade e está localizada na Piazza del Limbo. Algumas curiosidades sobre a igreja. A  praça que abriga a igreja é chamada Limbo porque foi construída na área de um antigo cemitério de crianças que morreram antes de serem batizadas.  Segundo indica uma placa junto à porta,  teria sido fundada por Carlos Magno no ano 800 DC,   mas historiadores acreditam que sua fundação tenha acontecido alguns séculos depois. A igreja apresenta ainda traços estilísticos do início da Idade Média, tendo preservado a planta típica das primeiras igrejas cristãs . A fachada da igreja é simples e em estilo românico e foi realizada  no século 11. A igreja é ligada a uma das mais importantes tradições florentinas,  o Scoppio del Carro, ou “Explosão da Carruagem”, celebração com fogos de artifício que acontece no Domingo de Páscoa em frente ao Duomo de Florença.  Na  igreja estão custodiadas as pedras que,  segundo a tradição, foram trazidas por Pazzino de ‘Pazzi da Terra Santa depois da primeira cruzada, em 1101,  e que  simbolicamente são utilizadas até hoje para dar início à queima de fogos. Dentre as obras da igreja ,o tabernáculo em terracota vitrificada, realizado por Andrea della Robbia por volta de 1512.

 

Está localizada nas proximidades do local onde ficavam as antigas termas romanas em Borgo Santi Apostoli

 

10- Forte Belvedere –  Outro ponto panorâmico da cidade de Florença é o Forte de San Giorgio, no Oltrarno,  mais conhecido como Forte di Belvedere. Esta é uma das fortalezas de Florença e foi construído no topo dos Jardins Boboli para proteger a residência dos Medici do Palazzo Pitti.  Maravilhoso exemplo de arquiteta militar  do século 16, foi realizado por vontade  do Grão-Duque Ferdinando I entre 1590 e 1600.

Agora me conte, você já esteve nesses locais ou ja havia falar sobre eles?

Pennabilli, para apreciadores do slow travel

Conhecer a serena Pennabilli  foi uma grata surpresa! A cidade do alto Val Marecchia está localizada nas encostas ocidentais do Monte Carpegna e faz parte da província de Rimini e fica na divisa entre duas regiões. Atualmente pertence à Emília Romagna mas até o ano de 2009 fazia parte da região Le Marche. É um destino que encanta seus visitantes, principalmente os adeptos ao slow travel,  que consiste num estilo de viagem  mais tranquilo e consciente, que nos permite aproveitar cada faceta da viagem e mergulhar na realidade local. Pennabilli é a cidade de Tonino Guerra, conhecido escritor e poeta que  faleceu em 2012.

 

Pennabilli

Com suas esplêndidas paisagens naturais, singelas casinhas medievais e fortalezas históricas, Pennabili, no vale superior do rio Marecchia sem dúvidas surpreende seus visitantes

Pennabilli  foi edificada sobre as rochas de Rupe e Roccione. Seu aspecto urbano deve-se à união de dois antigos castelos, o de Penna sobre o Roccione e o de Billi, sobre a Rupe.

Pennabilli 1

Pennabilli está situada na Alta Valmarecchia , a 630 metros de altitude, e é de origem etrusco-romana

Imaginem que Pennabilli é um burgo com menos de 3 mil habitantes e que tem uma vida cultural de fazer inveja a muita cidade grande. Nos meses de maio e junho o evento Artisti in  Piazza reúne na pracinha da cidade os amantes do teatro, música performances circenses, leitura e dança.  E em julho acontece a Mostra Nacional de Antiguidades , uma das mais relevantes da Itália  e famosa para quem é do setor que existe há 45 anos. Dentre os museus da cidade estão o Museo Diocesano, Museo Diffuso i luoghi dell’anima, Museo Naturalistico, Mateureka, que conta a história do cálculo e da matemática através de objetos originais e Associazione Fondazione Tonino Guerra.

nonni

A praça Vittorio Emanuelle concentra a sorveteria e alguns restaurantes. Olhem que fofas: as amigas se encontraram ali para tomarem um gelato juntos… O papo tava era bom…

Pennabilli

 

Pennabilli 4

Explorar suas pequenas vielas e se deixar levar pela tranquilidade do burgo é uma maneira muito agradável  de absorver um pouco da beleza e do ritmo do lugar

 

slow travel

O Duomo, edificado no século XVI, conhecido como Catedral de San Leone

 

Pennabilli

“E’ bello se puoi arrivare in un posto dove trovi te stesso”, Tonino Guerra

 

Pennabilli

Pennabilli é um desses lugares que te fazem refletir sobre o ritmo de vida que levamos hoje em dia…. A sensação que tive ao visitar o vilarejo é a de estar num bairro residencial de uma cidade do interior, onde todas as pessoas se conhecem.
Pennabilli

O lago Andreuccio é uma das atrações da cidade. A natureza local é outro ponte forte. São parques bem cuidados excelentes para uma caminhada ou piquenique

 

Pennabilli blog

O dia terminou com um lindo pôr do sol… Energias recarregadas e recordações inesquecíveis!

 

Como chegar

Para essas cidades menores sugiro fazer o passeio de carro. Infelizmente não existe estação ferroviária em Pennabilli. A mais próxima fica em Rimini. Dali, as linhas 160 e 161 da Tram Rimini, saindo da estação, fazem o percurso até Pennabilli. Os bilhetes são adquiridos nos bares e  nas “edicolas”. Para informações clique aqui.

Pennabilli fica na costa leste da Itália, a apenas 22 Km de San Leo, 33 Km de San Marino, 45 Km de Rimini e a  60 Km de Anghiari (Arezzo, Toscana).

E’ bello se puoi arrivare in un posto dove trovi te stesso. (Tonino Guerra)

“É lindo poder chegar a um lugar e encontrar com você mesmo.”  Esta frase é do poeta e artista Tonino Guerra (1920- 2012), um dos célebres cidadãos de Pennabilli.

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O Museu do Impossível em Bagni di Lucca

O que você imagina encontrar no Museo dell’Impossibile?Eu não tinha a menor ideia mas acatei a sugestão de uma amiga que me disse que seria interessante para as crianças. A sede do Museu do Impossível  é na Villa Webb, uma antiga residência na cidade de Bagni di Lucca, originalmente chamada de “Villa Buonvisi”,  família que encomendou sua  construção em 1570. Em 1812 a villa  foi vendida a John Webb e herdou o seu nome. O político e poeta Lord Byron e Mary Shelley,  autora de Frankenstein, figuram entre ilustres que já se hospedaram no local.

Villa Web,  onde a realidade se confunde com a fantasia.  cheio de misterio, raros e  bizarro, imaginaçao

Essa  típica villa renascentista já teve várias funções públicas ao longo do tempo e é um lugar que preserva achados verdadeiramente incríveis  e inimagináveis. No  andar térreo, logo quando adentramos o prédio, podemos admirar elementos decorativos típicos do Renascença, como arcabuzes, rifles, espadas e equipamento militar e bandeiras antigas.  Fiquei encantada com a reconstrução de uma cozinha do século 16, com antigos utensílios originais.

No andar térreo do Museu disciplinar encontramos o arsenal com balestras, arcabuzes, rifles, espadas e material militar, além das antigas bandeiras

 

Quem nos acompanhou por todos os ambientes da Villa Webb foi Virgilio Contrucci, transmitindo muita paixão e conhecimento, que tornaram nossa visita ainda mais especial

 

A cozinha do século 16 foi reconstruída com utensílios antigos

 

No primeiro andar encontra-se uma exposição mesas de jogos lembrando que foi nessa cidade que surgiu o primeiro cassino da Europa. No grande salão é  possível visualizar os jogos em uso desde o século 16  até aos dias de hoje e até jogar.

Entendemos o nome do museu só quando chegamos ao segundo andar, que é uma espécie Wunderkammer , isso é o Quarto das Maravilhas. O local abriga uma  grande coleção de objetos estranhos e bizarros, resultado de uma longa e meticulosa pesquisa do colecionador Christian Alpini.  Os objetos da coleção são muito especiais, únicos, de origem e natureza diferentes: é uma coleção bastante peculiar, onde a realidade se confundem com  fantasia,   mistério, raridade e bizarrismo que envolvem desde lobisomens até bonecos possuídos, livros de bruxarias e lendas.

Doenças raras, que dão origens à lendas, lendas, fantasias e segredos para descobrir um lugar único e raro

O espaço Wunderkammer é um dos mais fascinantes e incríveis: bonecos possuídos e livros de bruxas, máscaras de canibal e também fotos de pessoas com doenças raras que suscitaram lendas. São mais de 2 mil peças, entre  artefatos mitológicos, objetos místicos e dotados de habilidades estranhas e descontroladas. Outros objetos são mumificados ou restos embalsamados de criaturas extintas há milhões de anos.  O espirito do museu é “não pergunte o que é real e o que não é, continue sonhando…”.

  
Villa Webb– Museu do Impossível
Piazza Webb, 5
Bagni di Lucca – Toscana
Tel: +39 338 2015232

Monterosola, vinícola contemporânea nas colinas de Volterra

Numa Toscana menos conhecida pela produção de vinhos,  numa paisagem silenciosa onde predominam tons de verde e castanho,  a 430 m de altitude,  encontramos a elegante vinícola Monterosola, no município de Volterra. É grande o impacto que a contemporânea construção, perfeitamente integrada na paisagem, nos provoca.   A empresa pertence à  família sueca Thomaeus, que adquiriu a propriedade em 2013 e dedica-se à produção de vinho com muito amor e respeito à terra, pautado na sustentabilidade.  Visitei o local e participei de uma visita guiada precedida de degustação de vinhos com light lunch  e tive a oportunidade de conhecer alguns membros da família, que divide-se entre a Suécia e Itália. Impossível não se encantar por esse pedacinho do paraíso,  com sua contemporânea e elegante cantina, pela calorosa receptividade!  Aqui imperam paixão pelo território, tecnologia, tradição e respeito pelo ambiente.

A Obra “Primi Passi” de Mauro Staccioli, na estrada que nos conduz à vinícola

A nova cantina foi inaugurada e aberta para visitação em 2019. O projeto é assinado pelo arquiteto Paolo Prati.  Monterosola é hoje uma das propriedades mais notáveis ​​do gênero ao longo das rotas do vinho da Toscana: uma estrutura de cinco andares com uma torre imponente com  terraço privado, pátios elegantes,  adegas, salão ao ar livre e jardim

Na propriedade são produzidos excelentes vinhos desde 2003  e  há nove anos  o terreno foi comprado pela família Thomaeus que reconheceu o verdadeiro potencial do terroir. Ewa e Bengt  administram a empresa ao lado dos filhos Åsa, Pär e Erik, todos sommeliers. Monterosola representa uma nova geração de vinicultores inovadores, onde a filosofia de vinificação é apoiar e promover com delicadeza a saúde da terra e a vida das vinhas. Desde que assumiu o vinhedo, a família amorosamente transformou a propriedade em uma das vinícolas de destino mais inspiradoras e atraentes da Toscana. Atuam na empresa profissionais como  o agrônomo Michele Senesi e o enólogo Alberto Antonini.

Monterosola tem um microclima complexo mas  que proporciona condições ideais de cultivo, agraciada por  brisa constante

A área total é de 125 hectares, dos quais quase 25 com vinhedos onde são cultivadas organicamente  Sangiovese,  Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc, Syrah e Merlot, enquanto entre as brancas, Manzoni Bianco, Grechetto, Viognier e Vermentino. A escolha foi feita imediatamente por não usar química nas vinhas, mas apenas produtos orgânicos. Desde o início Thomaeus apostaram na viticultura orgânica, obtendo a certificação em 2018. As vinhas estão localizadas a cerca de 430 metros acima do nível do mar, em solo é composto por argila fértil e minerais provenientes de depósitos de alabastro,  que torna o terroir verdadeiramente único, conhecido na área como Volterroir. Adorei essa expressão!

Tanques de concreto em formato de tulipa. A uva desce pela gravidade para evitar que se estressem com a queda

A inovadora vinícola Monterosola foi projetada e construída para incorporar os mais altos níveis de sustentabilidade e autossuficiência . Monterosola utiliza energia geotérmica e além da geração de energia sustentável,  também tem um sistema de coleta de água da chuva.

A sala de degustação também é inovadora, composta por quatro diferentes áreas  que podem acomodar quatorze pessoas cada e também podem ser utilizados por pessoas com deficiência

 

A sala VIP de degustação

O brasão da família Matheaus Per Mare per Terras

Nossa degustação foi na enoteca, com vista para os vinhedos

Vinhos elegantes, potentes e vibrantes! Os vinhos tinto são Mastio, Crescendo,  Corpo Notte,  Canto della Civetta, Indomito,  Per Terras e os brancos Cassero, Primo Passo e Per Mare

 

A Monterosola produz também azeite extra-virgem de oliva e grappa e uma linha de sabonetes super perfumados, à base partir do azeite de oliva ( limão e gengibre, vinho tinto , lavanda e neutro)

A vinícola Monterosola produz aproximadamente 70 mil garrafas por ano. Ainda não é possível encontrar o vinho no Brasil, mas espero vocês aqui na Toscana e podemos organizar uma visita com degustação nessa maravilhosa e elegante cantina!

A vinícola  de Monterosola está localizada entre as famosas regiões vinícolas do Chianti e Bolgheri, onde o terroir oferece o ambiente ideal para o cultivo de vinhos de primeira classe. Experiência prazerosa nessa região da Toscana rica de história, onde há mais de 3 mil anos os vinhos eram apreciados pelos etruscos.

Florença romana

Quando a gente caminha e admira toda a beleza de Florença costuma associar tudo o que vê principalmente ao Renascimento.  Embora poucos saibam, Florença nasceu bem antes da Idade Média e do Renascimento, períodos pelos quais é mundialmente famosa.   Apesar de testemunhos muito antigos, ainda de época etrusca, Florença foi fundada no século I antes de Cristo.  A data exata é uma dúvida, alguns historiadores atribuem à Julio Cesar no ano de 59 AC e outros à Augusto, o primeiro Imperador Romano, que a teria fundado entre os anos 30 e 15 AC.  A cidade foi chamada de Florentia, em homenagem à deusa Flora e ao período de sua fundação, em plena primavera, mês das flores.

Florentia foi fundada na margem direita do Rio Arno e havia uma ponte que ficava próxima ao local onde hoje encontramos a Ponte Vecchio

A cidade de Florentia tinha um traçado urbano típico romano, baseado no acampamento militar, chamado castrum. No acampamento fortificado  havia o fórum,  bem  ao centro da cidade,  o Capitólio, uma   fullonica, as termas e um anfiteatro,  que era sempre construído mais afastado, fora do centro.  Infelizmente  não ficou quase nada de época romana na cidade, é preciso saber exatamente onde ir para poder testemunhar o passado romano em Florença.  Muito acabou sendo  destruído  durante as obras de “Florença-Capital”, no século 19.

O traçado da colônia  seguia o  modelo clássico de urbanismo romano, desenvolvendo-se numa área retangular, orientada pelos pontos cardeais e rodeada por muralhas defensivas (imagem internet por Rachel Valle)

 

A delimitação das muralhas  na parte norte da cidade romana ficava na correspondência onde hoje encontramos o Duomo e o Batistério.  Existem dúvidas sobre a estrutura do Batistério e sua fundação, segundo uma tradição florentina,  em época romana, aqui ficava um Templo dedicado à Marte

Teatro romano
Parte do Palazzo della Signoria, ou Palazzo Vecchio, foi construído sobre o grandioso teatro de época romana.  O teatro romano era muito grande, provavelmente com capacidade para abrigar cerca de 15 mil pessoas e abrangia a  área que fica à esquerda de onde hoje fica o Palazzo Vecchio, parte da área do  Palazzo Gondi  até a praça San Firenze. O antigo teatro foi realizado aproveitando a inclinação  natural do terreno. Um dos poucos pontos da cidade onde podemos testemunhar os restos do teatro é no subsolo do Palazzo Vecchio. As escavações arqueológicas permitiram trazer à luz os restos de algumas partes do teatro romano, conservados  aqui no subterrâneo. Numerosas evidências arqueológicas emergiram das escavações realizada nos anos 80 para repavimentação da praça.

Um dos poucos locais onde podemos testemunhar os restos do teatro romano é no subsolo do Palazzo Vecchio. O teatro tinha capacidade para até 10.000 pessoas

Na área que atualmente corresponde à Praça da Signoria haviam um spa e uma fullonica, para lavagem e tingimento de tecidos

O antigo fórum romano

Em época romana, na praça da República existia o fórum, com o Templo dedicado à Tríade Capitolina. O fórum era  a praça mais importante de todas, era o centro político, administrativo, religioso e comercial das cidades romanas.  Exatamente onde fica a Coluna da Abundância delimitava o centro exato da cidade,  o ponto de união das duas estradas principais, o Cardo e o Decumano.

No local onde encontramos a Coluna da Abundância  marcava o ponto central da cidade. A coluna marca o cruzamento dos 2 eixos,  o ponto de união das duas estradas principais, o Cardo e o Decumano

 

Termas

Os romanos adoravam frequentar os  banhos públicos ou as termas. Esses edifícios eram locais que proporcionavam todo  tipo de entretenimento, com jardins adornados com estátuas onde se podia caminhar,  fazer ginástica, massagem e praticar esporte.   Alguns locais aqui em Florença, além dos banhos termais Capitolinos (perto do Campidoglio, na praça da Republica), haviam os banhos termais onde atualmente encontramos a Torre della Pagliazza, na Praça Santa Elisabetta,  e nas proximidades da piazza del Limbo, nas ruas delle Terme e Borgo Santi Apostoli.

Paralela à essa rua, temos a via delle Terme, que lembra os antigos banhos romanos, que aqui se localizavam. O edifício restaurado lembra com suas escritas o passado de época romana

 

Outro local onde ficavam os banhos termais é onde encontramos atualmente a Torre della Pagliazza , na piazza Santa Elisabetta

 

Anfiteatro

Outra área  muito interessante da Florença romana é, sem dúvida, a de Santa Croce, em particular a modo a  pequena Piazza dei Peruzzi, que tem a particularidade de ter palácios assentados sobre as ruínas do anfiteatro romano, o que lhes confere um traçado típico elíptico. E a poucos passos da praça Peruzzi fica a  Via Torta, que marca o perímetro do antigo anfiteatro.  Como acontecia nas cidades romanas, o anfiteatro fora construído mais afastado do centro, fora das muralhas e tinha capacidade para ate 20 mil pessoas.  As estruturas medievais  dessa área da cidade, que inclui a Piazza Peruzzi, via Bentaccordi e via Torta, seguem perfeitamente a curvatura elíptica do antigo anfiteatro.

O anfiteatro romano – A escolha do local foi nos limites da área urbana,  nas proximidades da atual Praça de Santa Croce

 

Quando foi feita a reestruturação  em Florença no século 19, algumas ruas foram nomeadas  conforme o que foi encontrado na época da renovação da cidade, como via Del Campidoglio, via delle Terme e Via del Capaccio, onde terminava o aqueduto que abastecia a cidade,  através de um sofisticado sistema de água que começava no Monte Morello

O aqueduto
O aqueduto romano de  Florentia partia das nascentes do Monte Morello e terminava o percurso na Via di Capaccio,  nas proximidades do atual Mercato del Porcellino.
Cemitério

As áreas do cemitério de Florentia eram ao longo das estradas principais. Uma das maiores necrópoles localizava-se ao longo do trecho da Via Cassia e os vestígios  vieram à tona no século 16 , durante as escavações da construção da Fortezza da Basso, nas proximidades da estação ferroviaria de Santa Maria Novella, e alguns séculos depois  com a construção da ponte ferroviária al Romito.

 

 

Florença no tempo das casas-torres

Havia uma grande quantidade de casas-torres no cenário da Florença do século 13. A torre era não apenas a habitação, mas também símbolo da força das famílias nobres e indicador da posição econômica. Na Idade Média a vida política era conturbada e existiam muitos conflitos violentos, onde famílias nobres e suas facções se desafiavam pelo poder, como os guelfos e ghibelinos, e a casa-torre garantia  segurança para as famílias, que podiam se refugiar durante os ataques dos inimigos. Eram as casas de nobres ou mercantes  ricos, já que esse tipo de construção era muito cara e acessível apenas à uma parte  da população.

Na Idade Média  haviam cerca de 150 casas-torres em Florença.  Era a habitação principalmente de ricos mercadores florentinos, uma espécie de forte defensivo

Algumas torres, sobretudo aquelas pertencentes à mesma família ou à famílias aliadas,  estavam ligadas por uma passagens de madeira, uma espécie de ponte,  oferecendo dessa forma uma melhor comunicação em caso de confronto.

Em época medieval o cenário era bem diferente do que encontramos hoje em dia

Em Florença existiam cerca de 150 casas-torres, com altura entre 50 e 70 metros, e atualmente poucas ainda estão de pé.  Algumas dessas torres foram destruídas ao longo dos anos durante as guerras internas.  No século 19, quando  foi criado o novo plano urbanístico da cidade, muitas foram demolidas ou incorporadas em construções de um período posterior.

Atualmente restam cerca de 50 torres, que estão camufladas no tecido urbano moderno

No centro de Florença encontramos ainda inúmeras torres que sobreviveram a guerras civis, demolições e renovações, sendo que algumas foram incorporadas em palácios e em edifícios, e nem todas são reconhecíveis imediatamente. Quando começaram a surgir os municípios, no século 13,  as torres foram cortadas, como forma de mostrar que o poder das famílias nobres havia acabado e o palácio começou a  simbolizar o poder de uma família, e não mais a torre.

Come eram as casas-torres?
As casas-torres serviam como abrigo e ao mesmo tempo eram instrumento de controle e  vigilância territorial.  As torres apresentavam uma estrutura  compacta e eram geralmente   desprovidas de aberturas, com exceção de algumas lacunas, que em italiano é chamada de “feritoia”,  que significa uma pequena abertura feita na  estrutura fortificada.

A Torre de Manelli, na Ponte Vecchio

As aberturas para o exterior eram limitadas não apenas  por uma questão de defesa contra ataques inimigos mas também devido ao clima,  já que  naquela época, o único tipo de aquecimento era o fogo e evitava-se ao máximo  contato com o exterior para não diminuir a temperatura interna. Por esse motivo as casas eram muito  escuras.  E por segurança, as entradas localizavam-se não no nível da estrada, mas no topo, no primeiro ou no segundo andar, acessíveis por escadas móveis de madeira ou por meio de passagens acessíveis  pelo interior dos outros edifícios.  Para maior segurança,  haviam as escadas de madeira nessas min-fortalezas que eram removidas à noite.

A Torre dei Belfredelli, no Oltrarno. As casas-torres levavam o nome das famílias as quais pertenciam

As construções eram adequadas para a defesa em um período anterior ao desenvolvimento da artilharia, quando a defesa era realizada principalmente com arremessos

Em caso de ataque, eram colocadas tábuas nos pisos superiores que ligavam as casas-torres mais próximas entre si para facilitar a fuga dos habitantes em caso de necessidade

As construções eram adequadas para a defesa em um período anterior ao desenvolvimento da artilharia, quando a defesa era realizada principalmente com arremesso, portanto, a ação de cima era necessária. Eram construídas em tijolo ou em pedra e  apresentavam janelas estreitas. Dependendo da atividade do proprietário, o porão da torre podia servir de depósito de materiais utilizados para o trabalho e no térreo eles desenvolviam suas atividades. No andar superior, chamado nobre, ficavam os dormitórios e, devido ao risco de incêndio, a cozinha ficava no andar mais alto.

Uma curiosidade, a cozinha ficava sempre  na parte mais alta da casa devido ao cheiro e ao risco de incêndio

 

No Davanzati tinha até banheiro, algo muito raro. Sim, é verdade que em época medieval as “necessidades” eram despejadas nas ruas

Museu Davanzati

E para quem quiser saber como é uma casa-torre,  pode visitar o Museo della Casa Medioevale Fiorentina, conhecido também como Palazzo Davanzati,  uma típica residência nobre florentina de época medieval, preservada quase intacta. Adoro esse museu e o recomendo, principalmente para quem viaja com crianças.

Um poço numa antiga casa-torre, no Palazzo Davanzati

 

Casa-torre

O edifício que abriga o Museu Casa de Dante não é uma construção de época medieval, mas uma reprodução do início do século 20

Gostou de saber sobre as casas-torres de Florença? Nao deixe de conferir o post sobre San Gimignano,  a Manhattan da Idade Média.

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Acessibilidade na Itália

Uma viagem  de férias pode apresentar obstáculos para pessoas portadoras de deficiência,  mas isso não significa abrir mão de passear. De jeito nenhum!  É possível viver experiências inesquecíveis quando se viaja bem informado e prestando atenção a alguns detalhes.  O turismo acessível é uma definição recente, usada para delinear o turismo dirigido a viajantes com necessidades especiais, que podem ser caracterizadas por alguma deficiência motora, sensorial, intelectual ou relacional. Andrea Pires é leitora do blog e mãe da pequena Beatriz, que tem deficiência visual. A família passou  temporada na Itália  no verão de 2019 e compartilha com a gente um pouco da viagem, que foi uma experiência inesquecível e muito enriquecedora:

Andréa e o marido Florêncio com as filhas Giovanna e Beatriz. Andrea trabalha como cake designer em Balneário Camboriú. Eles passearam por Roma, Milão e Vercelli, no  Piemonte

Oi, meu nome é  Andrea Pires, moro em Balneário Camboriú, Santa Catarina. Sou casada com Florêncio  e mãe da Giovana, 19 anos,  e da Beatriz, de 8 anos. Somos apaixonados pela cultura e  pela gastronomia  da Itália e resolvemos viajar com nossa família,  mas a nossa preocupação  era com a minha filha Beatriz  que é deficiente visual. Viajar com criança não é nada fácil! Sempre que programamos algum passeio ou alguma  atividade   em família sempre a incluímos e fazemos de tudo para que ela aproveite da melhor  maneira possível. E nossas dúvidas e preocupações eram com relação à acessibilidade e como ela iria se comportar diante do desconhecido.

 

Fomos para Roma e lá  passeamos  por vários  lugares incríveis  e em cada um deles  íamos descrevendo o que víamos para a Beatriz.  Ficamos encantados com o carinho e a atenção  que recebemos das pessoas  por onde passávamos.
Fomos para Milão e ao chegar  na Estação  Central  tivemos uma experiência incrível!!! Lá pude perceber que  em cada escada rolante  havia  as descrições em braille  para orientar as pessoas  com deficiência visual  e ao lado da estação  existe uma  placa de metal descrevendo  todo aquele  lugar .
Eu confesso  que fiquei  emocionada  em ver aquele  lugar lindo e maravilhoso,  mas foi indescritível  ver minha filha  tendo  a possibilidade de  conhecer  com mais detalhes.

A questão da acessibilidade foi o que mais nos emocionou,  ficamos  felizes em ver nossa filha sendo incluída, participando  e sendo respeitada. E  mais ainda em ver que a Itália  valoriza e respeita as pessoas  com deficiência, seja ela qual for.  E posso dizer que a Beatriz  foi quem mais gostou e aproveitou a viagem!

Quero ressaltar  o carinho que recebemos  das pessoas por onde íamos.  E  a frase que mais nos diziam era “in bocca al  lupo”, que significa boa sorte (fotos arquivo de família)

Lembranças- É  incrível , mas ela comenta muitas coisas, como por exemplo: de como eram as casas que ficamos hospedados, uma delas escada para a cama  e outra o banheiro  era enorme e tinha banheira  onde ela tomou banho  nela todos os dias. Comenta também  dos sorvetes   e das cerejas que comeu  e diz que amou o sabor. Também lembra do som das fontes e da água  gelada  e saborosa. Ela se recorda de lugares e de coisas que compramos que nem eu mesma lembro. Acredito que  uma viagem vai além  do que vemos. Envolve  sons, aromas e sabores.

Na Piazza della Repubblica de Florença existe uma maquet realizada em bronze para os portadores de deficiência visual poderem tocar a cidade e conhecer sua arquitetura e seus principais monumentos

  • Muito obrigada Andrea e família pela participação na Seção Amici Miei.

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Dante Alighieri, o “pai” da língua italiana

Dante Alighieri nasceu em 1265 em Firenze. Poeta, escritor,  político e também guerreiro, é considerado o “pai” da língua italiana. O “sumo poeta” é autor da Divina Comedia, uma das maiores obras de arte da literatura mundial escrita  na Idade Média. Sua trajetória como escritor foi marcada pelo amor platônico por sua musa Beatriz, símbolo de sua inspiração poética. Dante  passou os primeiros 30 anos de sua vida em Florença, foi exilado de sua cidade natal e  passou a viajar por diversas cidades, sendo que a última foi  Ravenna, onde morreu e foi sepultado, no ano de 1321. Dante  foi a primeira pessoa a escrever um poema épico em primeira pessoa. Ele é o narrador e também o personagem principal, explanando sua visão de relacionamentos pessoais, abordando fé, pecado, morte, redenção, razão, esperança, religião, ciência, amor e paixão . 

Durante Alighiero, esse era seu verdadeiro nome

 

A obra A Divina Comedia 

A obra de Dante, originalmente chamado de “Comedia”, ganhou o adjetivo de “Divina” graças  ao poeta toscano Giovanni Boccaccio (1313- 1375).  A Divina Commedia é um poema épico, escrito em dialeto toscano e  publicado no século 14 que descreve a trajetória da  alma de Dante Alighieri.  É  uma viagem imaginária com teor histórico, filosófico, político, mitológico  e religioso. A obra  é  composta de 100 cantos, com 33 cantos para cada  parte: Paraíso, Purgatório e Inferno, que tem um canto a mais,  que é o canto de  introdução. Os versos foram escritos em tercetos de decassílabos, isto é 10 sílabas,  em rimas alternadas e encadeadas.

Provavelmente no ano de 1306 começou a escrever a Divina Comedia

Dante iniciou a escrever a Commedia, uma das obras mais representativas da cultura italiana, provavelmente  em 1306 ou 1307, tendo escrito até 1321, ano de sua morte. Dante foi um dos primeiros poetas italianos a abandonar o latim. Ele começou a escrever em italiano vulgar, possibilitando  que o povo também compreendesse, pois era a língua falada pela maioria da população, não apenas na Toscana mas em toda a península. A obra teve sucesso desde o início e contribuiu significativamente para o processo de consolidação do dialeto toscano e por  este motivo Dante é considerado o pai da língua italiana.

Em sua obra, Dante começa a sua viagem no Inferno, que é local dos pecadores, passando pelo limbo do Purgatório, local dos pecadores que  aguardavam o julgamento, com visitas guiadas por Virgílio, autor de Eneida, o poeta conhece vítimas e pecadores, assiste a terríveis tormentos, escuta arrependimentos, confronta-se com a maldade dos homens e ganha outra consciência de si e das multidões que o acompanham. A terceira e última paragem é o Paraíso, local de purificação,  aonde Dante é conduzido por sua amada Beatrice.

A vida de Dante

Filho de Alighiero Di Bellincion e Bella degli Abati,  Durante Alighiero,  nasceu em Florença no bairro de San  Pier Maggiore, próximo à praça da República, no ano de 1265,  sendo que  a data precisa de seu nascimento não podemos saber pois jamais foi encontrado em nenhum documento. Era do signo de gêmeos, segundo suas próprias citações do canto XXII do Paraíso. Em 26 de março de 1266 foi batizado no Batistério de San Giovanni, como se usava, com todos os bebês do ano precedente.  Ficou órfão de mãe muito cedo e o pai era agiota, uma atividade na época permitida.  Era de família de classe média da facção guelfa que pode lhe proporcionar acesso aos estudos. Dante foi educado como um nobre, estudou arte da retórica,  literatura latina e francesa.

Ainda criança, aos 9 anos conheceu, sua musa Beatrice Portinari, que tinha quase a sua idade, e a viu novamente depois de 9 anos, quando ela já estava casada com Simone Bardi.  Apesar de nunca ter existido nenhuma relação entre eles,   Beatriz foi o grande amor da sua vida.

A musa Beatriz Portinari – Dante viu Bice, Beatrice Portinari, em  1274 quando ele havia apenas 9 anos e ela quase a sua idade, pois era alguns meses mais nova. Abro aqui uma parentese para dizer que Dante considerava 9 o número do milagre: a  santíssima Trindade, 3 vezes 3. Algumas associações que fazia era por exemplo é que a gestação de um filho dura 9 meses , 9 cenas do paraíso, número sempre presente. A segunda vez que Dante viu Beatriz ele tinha 18 anos (1 + 8 = 9) .

Quadro realizado por Raffaello Sorbi em 1863

Beatriz, , filha de um banqueiro,  casou-se com Simone de’ Barbi, um rico banqueiro.  Beatriz morre em  junho de 1290. E para elaborar o luto, Dante começou a estudar e a escrever.   Apaixonou-se pela   filosofia e começou a  imaginar a filosofia  como uma dona gentil, como uma senhora que o ajudava a se consolar da perda de Beatriz. Beatriz nasceu na via del Corso, onde hoje se ergue o Palazzo Salviati Da Cepparello (atualmente sede de um banco), em cuja fachada há uma placa com versos de Dante.

Em 1285 Dante casou-se com Gemma di Manetto Donati na igreja de Santa Margherita dei Cerchi, a mesma onde também havia se casado Beatriz. Foi um casamento que havia sido combinado desde que ele tinha 12 anos. Na Idade Média era muito comum que as famílias combinassem casamentos, por questões políticas e econômicas.  Dante não amava Gemma e não a cita em nenhuma de suas obras.  Não se sabe com certeza quantos filhos tiveram,  talvez quatro,  sendo que é possível saber os nomes de três deles: Jacopo, Pietro e Antônia.

Quando Dante viveu em Florença, a cidade era dividida em duas facções  políticas,  em guelfos e  em guibelinos. Os guelfos eram a favor do poder do Papa enquanto os guibelinos  eram à favor do poder do Imperador, mas nunca tiveram grande espaço na cidade. Os guelfos eram bastante numerosos e acabaram se dividindo: os guelfos brancos, que eram pela autonomia de Firenze e defendiam os interesses da população e os guelfos negros, que defendiam as famílias mais ricas e contavam com o apoio do Papa. Em 1289 Dante participou de algumas  operações militares, como a Batalha de Campaldino, quando os guelfos venceram definitivamente os guibelinos e os expulsaram de Florença.

O ano de 1290 é muito significativo para Dante pois é o ano da morte de Beatriz. Ela  morreu aos 24 anos. Dante amou por toda a sua vida Beatriz. Beatriz, por quem nutria um amor platônico. Após sua morte caiu em depressão e resolveu abandonar a poesia e passou  a dedicar-se  à nova “dona” , como ele mesmo dizia, referindo-se  à filosofia.  Dante buscou conforto nos estudos filosóficos.

 

Dante nutria um amor platônico por Beatriz. Dante  a  viu quando ela era criança, havia apenas 9 anos.  Depois a viu novamente quando os dois tinham acabado de fazer dezoito anos e durante aquele segundo encontro tudo em sua vida mudou. Embora ele nunca tenha falado com ela, seu amor por ela nasceu daquele olhar.  Um quadro famoso  inglês do século 19,  Henry Holiday, marca este encontro no Lungarno, perto da Ponte Santa Trinita, divulgação Wikipedia)

 

Para se aprofundar nos estudos frequentava as escolas dos dominicanos e franciscanos nas igrejas de Santa Maria Novella, Santo Spirito e Santa Croce, que na época estavam em construção. Nessa época, nas últimas décadas do século 13, a cidade era um verdadeiro canteiro de obras.  Dante tinha sede de aprender, queria entender como è feito o mundo, pois sabendo como é, seria mais fácil viver nele. Dante dedicou-se à leitura de autores clássicos, Virgilio, Ovidio, Lucano e Estacio. Foi aluno de Brunetto Latini, famoso professor em toda Europa, e aprendeu a arte da oratória.

Entre 1292 e 1295, Dante dedicou-se à obra “La Vita Nuova”, uma coletânea de poemas dedicados a Beatrice,  com a descrição de seu amor de forma profundamente espiritual.

Para iniciar na carreira política, em 1295,   entrou para a corporação da Arte dei Medici e Speziali.  Em 1300 vira um priore (era um tipo de prefeito e eram nomeados em 6) em Firenze,  com mandato de 2 meses, entre junho e agosto.

Na época, a vida política em Florença estava dilacerada  entre guelfos negros e guelfos brancos, ambas facçoes que apoiavam o Papado, mas os brancos desejavam a autonomia enquanto os guelfos negros aceitavam o controle  do Papa na vida política.  Em 1301 Dante faz parte de uma expedição e vai até Roma como embaixador para se encontrar com o Papa era Bonifácio VIII.  Aproveitando-se do desinteresse do imperador pela situação italiana, o  papa,  odiado por Dante, enviou um legado para fazer paz entre guelfos brancos e negros. Mas o legado favorece os guelfos neros, que eram rivais de Dante,  e eles acabam tomando o poder. Todos os guelfos brancos são condenados ao exílio.  Injustamente acusado de peculato, em 27 Janeiro de 1302 foi condenado ao exílio e nunca mais voltou para Firenze.

 

Castelo di Poppi.  Dante foi recebido pelo conde Guido di Simone da Battifolle em 1310, por um ano durante seu exílio de Florença

O Castelo Poppi faz parte de uma série de castelos medievais construídos no Casentino pela família Guidi. Este é, de todos, o mais bem preservado e o castelo mais fiel ao traçado original.

Começa assim o seu exílio de Florença. Dante era um político e intelectual famoso e recebeu asilo em diversas cortes. Dentre os locais que esteve estão em Forli, Verona, Arezzo, Treviso, Poppi, Lucca e provavelmente até em Paris. Foi para Verona e em  1318 foi pra Ravenna, para onde foram também seus  3 filhos. Entre as noites de 13 e 14 de setembro Dante morre em Ravenna.

 

Museu Casa di Dante

Em Florença existe o  Museu Casa de Dante, numa área de Firenze onde ele nasceu e viveu, que conta sua trajetória. A Casa de Dante foi reconstruída na primeira década do século 20 no local onde ficavam as casas da família Alighieri,    nas proximidades da Torre della Castagna.

O guia de turismo Riccardo Starnotti organiza muitos passeios guiados vestido de Dante , passando pelos lugares que marcaram a vida do poeta em Florença. E por que o vermelho? “Na Idade Média, os que eram considerados os grandes escritores usavam vermelho, que representava uma cor importante,  era usada por escritores ou juristas. Era uma  cor que conferia status. Mas não é que Dante andasse assim sempre, é que na iconografia sucessiva o vermelho era considerado a cor dos grandes escritores, eles foram representados dessa forma”.

A casa é um museu histórico, cujo percurso se divide em diferentes áreas temáticas que ilustram a vida privada do Poeta Supremo, sua atividade política e seu exílio. Eles também fornecem informações interessantes sobre a vida em Florença durante o período em que o poeta viveu na cidade.  

O museu aborda temas da vida política e civil, com a reprodução do quarto e vestimentas da época

Dante e Florença
Dante nutria um sentimento de imenso amor pela cidade que foi forçado a abandonar e pelo ressentimento das pessoas que o obrigaram ao exílio.   Na época,  a cidade que era corrompida pela ganância de poder e dinheiro, traiu o amor que Dante sentia por ela.
Em Florença existe o quartiere dantesco, o coração da Florença medieval com suas casas-torres. Essa parte da cidade é constituída por várias ruelas  entre a Piazza della Signoria, a igreja de Orsanmichele e a Badia Fiorentina.

A Torre della Castagna nas proximidades do local onde muito provavelmente  Dante viveu

A Torre della Castagna tornou-se, a partir de 1282, sede das reuniões dos priores de Florença e, portanto, foi certamente um local frequentado por Dante,  que  teve uma  vida política muito ativa.   Algumas décadas depois  foi construído em  Florença o suntuoso Palazzo Vecchio, que passou a abrigar os representantes políticos.

Florença medieval- Dante foi batizado no batistério de Florença, única construção da Piazza Del Duomo que já existia na época em que ele viveu na cidade

Lápides – Em Florença, as 33 lápides de Dante, com citações  da Divina Comédia  espalhadas pela cidade.

Nas proximidades do Duomo fica o “Sasso di Dante”

O chamado Sasso di Dante,  fica ao lado sul da Catedral, na Piazza delle Pallottole. Esse era o lugar onde  Dante  costumava sentar para descansar, contemplar, pensar e observar as obras da construção da nova catedral da cidade, o Duomo de Santa Maria del Fiore.

Interior do Museo dell’Opera del Duomo

No Palazzo Vecchio está custodida a máscara mortuária  de Dante foi doada por Lorenzo Bartolini ao inglês Seymour Kirkup,  florentino por adoção.   Passou a ser conhecida como  a “Máscara de Kirkup”, que foi doada à cidade de Florença pela esposa do inglês  em  1911. A máscara de Dante foi provavelmente realizada em 1483  por Pietro e Tullio Lombardo.  Bartolini teria encontrado a máscara em Ravenna por volta de 1830 e seria o molde de gesso do rosto do poeta esculpido por Tullio Lombardo quando seu pai, Pietro Lombardo, restaurou em 1481 o túmulo de Dante em Ravenna.

A máscara mortuária em gesso, na ala Apartamentos de Eleonora, no Palazzo Vecchio

A Igreja de Santa Margherita de ‘Cerchi, onde foi celebrado o casamento entre Dante e Gemma Donati.  Na igreja estão os túmulos de membros das famílias Donati e Portinari,  parentes da musa de Dante Beatriz. 
A Società  Dantesca di Firenze surgiu no final do século 19, no Palazzo Vecchio. A partir de 1904  adquiriu o Palagio dell’Arte della Lana  próximo ao  edifício estatal de Orsanmichele. E neste belo edifício  desenvolvem a atividades da associação.

Sede da Sociedade Dantesca de Florença

 

Morte de Dante

Dante passou os últimos anos de sua vida em Ravenna, onde esta enterrado. Morreu  entre 13 e 14 de setembro de 1321. Seus restos mortais encontram-se num mausoléu construído em 1780. Em seu interior, uma placa e uma chama que queima continuamente, uma lâmpada a óleo, oferecido pela prefeitura de Firenze, como uma forma de pedir desculpas ao poeta.

tumulo-dante

Local onde estão os restos mortais do poeta Dante. A visitação é aberta ao público e gratuita.

Existe no interior da Basílica de Santa Croce um cenotáfio realizado pelo artista Stefano Ricci no século 19.  Ricci trabalhou por mais de 10 anos nessa obra.   Em 1520 o artista Michelangelo pediu ao Papa Leao X que trouxesse o túmulo de Dante para Florença, mas  os franciscanos esconderam por mais de 200 anos seus restos mortais.

O  túmulo de Dante que vemos na Igreja de Santa Croce é na verdade somente um monumento em sua homenagem

 

Na fachada da igreja Santa Croce, uma estátua em mármore do ilustre poeta,  realizada por Enrico Pazzi em  1865

O dia 25 de março é  uma data comemorativa dedicada  à Dante Alighieri, o Dantedí.  Esta é a data que os estudiosos reconhecem como o início da viagem ao submundo “Nel mezzo del cammin di nostra vita…”,  foi quando Dante iniciou a escrever a Divina Comedia, em 1300.

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Arte contemporânea no Oltrarno, em Florença

Florença ganha um novo espaço para a arte contemporânea, o Spazio FAF – Female  Artisans in Florence – uma iniciativa idealizada por quatro  mulheres artesãs provenientes de diversas partes do mundo. E a internacionalidade é um ponto crucial desse projeto, que é de cooperação entre culturas, com promoção de  atividades sociais e culturais, uma vitrine onde as mulheres poderão divulgar seus trabalhos e projetos, apresentar ideias e discutir assuntos ligados à vida profissional e pessoal, com workshops, laboratórios, reuniões e também realizar atividades físicas e praticas como yoga e meditação.

 

Spazio FAF,  um ateliê localizado no Oltrarno que surgiu graças à ideia de 4 artesãs: Jane, Giulia, Jacqueline e Ayako.  Espaço de compartilhamento e multidisciplinaridade

As quatro  mulheres idealizadoras do projeto desempenham uma multiplicidade  papéis,  conciliando tarefas de casa, com  os afazeres de mãe, artesã e  empreendedora.

 

O Spazio FAF  é um ateliê dedicado à arte, onde existe cooperação,  respeito, troca de ideias,  apoio e motivação entre a idealizadoras, compartilhando experiência e ampliando a rede de contatos

 

O Spazio FAF é um projeto que já nasce com um calendário repleto de eventos , que vai desde lições de canto à worshop de serigrafia. Com um fio condutor sustentável ao longo de suas obras, as artesãs compartilham valores éticos em relação à reciclagem e ao reaproveitamento de materiais.  Todas as peças são únicas, realizadas manualmente e são orgulhosamente “made in Italy”.

As idealizadoras do projeto. Ayako Nakamori, pintura em tecido com produção de bolsas e acessórios , Giulia Castagnoli, estampas gráficas aplicadas à mão em roupas e acessórios   Jacqueline Harberink, porcelana e Jane Harman, madeira e restauração

 

No momento o espaço abriga as exposições da artista contemporânea ucraina Olga Ermol e da fotógrafa Arianna Signorini, com retratos maravilhosos!

Spazio FAF

Borgo San Frediano 131, r – Firenze