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O Palazzo Pitti de Florença

O imponente Palazzo Pitti,  o maior palácio de Florença, é a antiga residência dos grão-duques da Toscana e atualmente  abriga um  importante complexo de museus, como a Galleria Palatina, os Apartamentos Reias, o Museu da Prata, Museu Del Tesoro dei Granduchi (ex-museu degli Argenti),  Museu do Traje, a Galeria de Arte Moderna e o magnífico Jardim de Boboli. É um palácio renascentista construído pela família Pitti em 1457 e adquirido em 1549 por Eleonora di Toledo,  esposa do grão-duque Cosimo I de’ Medici.

 

 

O Palazzo Pitti fica no Oltrarno. Originalmente era menor e passou por ampliações com a família Medici

O Palazzo Pitti foi originalmente construído em meados do século 15 para ser a residência do banqueiro Luca Pitti e passou a ser a maior residência privada de Firenze. Sobre o projeto, existem algumas dúvidas.  Muitos registros atribuem a obra ao arquiteto Luca Fancelli, colaborador de Filippo Brunelleschi. A família Pitti competia com os Medici e  queria um palácio maior que o da poderosa família, que habitava no Palazzo della Signoria, e que passa então a ser chamado de Palácio Vecchio. Em 1549, o palácio foi vendido aos Medici, tornando-se a residência da família grão-ducal. A corte se transfere ao palácio no governo de Ferdinando I,  filho de Cosimo e Eleonora di Toledo,  entre os anos de  1587 e 1609.

 

 

O Palazzo Pitti era o símbolo do poder consolidado dos Medici sobre a Toscana

Palazzo-Pitti

A fachada do prédio  é coberta por pedra forte,  típica da cidade. A construção original incluía apenas a parte central do edifício atual, com as 7 janelas centrais no primeiro andar.

 

O patio foi realizado por Bartolomeo Ammannati nos anos 60 dos anos 1500, com trabalho conhecido como “bugnato”, silhar em português, processo de alvenaria caracterizado por blocos de pedras

 

Com a ruína econômica da família Pitti, o palácio foi comprado por Eleonora de Toledo, esposa de Cosimo I de’ Medici em 1549.  Com saúde debilitada devido à tuberculose, Eleonora, que teve 11 filhos, considerou a área do palácio, aos pés de Boboli no Oltrarno, mais saudável tanto para ela quanto para os filhos, com a possibilidade de ter um grande espaço ao ar livre numa residência maior. O palácio passou por ampliações e modificações,  sendo que a mais importante foi realizada por Bartolomeo Ammannati no século 16, que construiu  o suntuoso pátio interno e  realizou também alterações no Giardino di Boboli. Com a extinção dos Medici, o ducado e o palácio passou para a dinastia dos Asburgo- Lorena, sucessores dos Medici a partir de 1737.

 

No pátio aconteceu o casamento de Ferdinando I e Cristina di Lorena  com um espetáculo grandioso de naumachia,  com  a encenação de uma batalha naval, com todo o pátio coberto de água

No pátio do palácio há uma linda gruta, é  a Grotta di Mosè.  Durante o Renascimento,  uma tendência era a construção de  grutas artificiais.

Gruta de Moisés

A Gruta  de Moisés é decorada com esculturas, fontes e afrescos.  Ao centro da caverna, na parede do fundo,  o grande Moisés, que dá nome ao lugar. Originalmente a gruta, ou caverna, era sóbria e não tinha decoração em seu interior, que foram encomendadas por  encomendadas por Cosimo II e Fernando II.

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O palácio passou por algumas ampliações com os sucessores da família  Medici, que foi extinta em 1737

 

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Escadaria monumental neo-classica realizada pelo arquiteto Luigi del Moro, provavelmente com esculturas de Giovanni Duprè

 

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No século 19 foi usado como base militar por Napoleão e  o palácio passou a ser residência de sua irmã Elisa.  Entre 1865 e 1871, época em que Firenze foi capital da Italia, o  palácio foi residência oficial dos reis. No início do século 20 foi doado ao povo italiano por Vittorio Emanuele III.

 

Os Museus 

O  Palácio Pitti, que é o maior de Firenze,  abriga 7 museus públicos com  importantes coleções de esculturas, pinturas, objetos de arte, figurinos e porcelanas, em um complexo monumental:

  • Galleria  Palatina: reúne  grande coleção de pinturas dos séculos 15 a0 17, que inclui a maior concentração de obras de Rafael no mundo, além de pinturas de Tiziano,  Pontormo, Filippo Lippi, Tintoretto, Caravaggio e Rubens.  As pinturas decoram as paredes com ambientes enriquecidos de esculturas, vasos e mesas de pedras semipreciosas, segundo o modelo típico das galerias do século 17.  Enriquecem o museu os belíssimos afrescos barrocos  e o mobiliário original;
  • Apartamentos Reais: eram os aposentados da família Savoia e os ambientes foram utilizados na época em que Florença foi a Capital da Italia, entre 1865 e 1871.
  • Museo del Tesoro dei Granducchi (Museo degli Argenti), funciona na ala do palácio que abrigava os quartos do apartamento de verão da família Medici. Objetos em prata, ouro, âmbar e marfim, vasos em pedras semipreciosas e cristais de rocha
  • Museo della Porcellana: grande coleção de porcelanas das familias Medici e Lorena
  • Giardino di Boboli: uma magnifica área verde em Florença com 45 mil m² de jardim alla italiana, com estátuas, fontes e  grutas
  • Museo della Moda: roupas e acessórios do século 18 a hoje.
  • Museo di Arte Moderna : pinturas e esculturas do século 18 até o inicio do século 20

 

Na Galeria Palatina, um dos primeiros ambientes é a Sala dell’Iliade e ao centro estátua realizada por Lorenzo Bartolini, que representa a caridade educadora

Nesta área do palácio, estão as salas dedicadas à 5 planetas onde os afrescocs se referem aos planetas.  Saturno, Giove,  Marte, Venere e Apolo.

Sala di Saturno.  Aqui encontramos  8 obras de Rafael Sanzio.  No teto, afrescos dedicados à Galileo Galilei

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Sala di Giove

 

Sala di Marte, Deus da Guerra, com obras de  Tintoreto, Rubens

 

Sala di Venere, com a Vênus de Canova

 

 

 

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Decoração – os salões são repletos de quadros e afrescos da Galleria Palatina

 

Obra realizada por Rafael em 1518. Retrato de Leão X

No espaço que abriga os Apartamentos Reais estão os  móveis de época do século 19. São 14 salas usadas pelo segundo Rei da Itália Umberto I e sua esposa Margherita di Savoia, que residiram no palácio entre 1865 e 1871.

 

 

No térreo e no mezanino fica o Museo degli Argenti, que contém uma grande coleção de objetos preciosos que pertenciam à família Medici.

 

A Galleria de Arte Moderna, que fica no último andar,  expõe uma bela coleção de pinturas e esculturas do neoclassicismo até a  década de 30. Reúne os maiores intérpretes da arte italiana no suntuoso ambiente que ja foi residência da família Lorena.

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Na Galleria d’Arte Moderna – Obras do Neoclassicismo e Romantismo

Sala Bianca –  O Salão dos Forestieri da época dos Médici foi transformado, por vontade do Grão-Duque Pietro Leopoldo, em um suntuoso salão de baile.   Este magnifico salão de Dança,  no período do pós-guerra, acabou se tornando um importante local para a moda internacional. Em 1951 aconteceu o primeiro desfile de moda italiano, organizado pelo marquês Giovanni Battista Giorgini na Villa Torrigiani, sua residência na época, com   importantes compradores norte-americanos. E sempre por iniciativa de Giorgini que em junho de 1952 os desfiles foram transferidos para a Sala Bianca do Palazzo Pitti, contribuindo para a internacionalidade da moda, divulgando o nome ‘Pitti’ em todo o mundo. Aliás, o maior evento de moda masculina do mundo acontece em Firenze, na Fortezza da Basso: Pitti Uomo.

 

A Sala Branca ou Salone dei Forestieri. Foi no elegante salão que aconteceu  um importante desfile de moda, organizado por Giovanni Battista Giorgini, no ano de 1952.

 

Todas as obras que podemos conferir no local é  graças ao legado de Ana Maria Luisa de Médici, a última herdeira da sua dinastia e que evitou que a coleção fosse saqueada, o que geralmente te acontecia às coleções privadas. O museu foi aberto ao público em 1833.

 

 

Num prédio separado, conhecido como Casino del Cavaliere, nos Jardins Boboli, fica o Museu da Porcelana, enquanto a Palazzina della Meridiana abriga o Museo della Moda e del Costume, fundado em 1983, que apresenta roupas, jóias e artefatos da moda contando a história do vestuário dos últimos 400 anos.

 

 

Este é o primeiro museu estadual da história da moda na Itália e um dos mais importantes do mundo, com  coleção que inclui mais de 6000 peças, e com modelos raros  do século 16  usados pelo Grão-Duque Cosimo I de ‘Medici e sua esposa Eleonora.

 

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Lindo esse ângulo dos jardins onde vemos Firenze e a cúpula do Duomo

Jardins de Boboli – Atrás do Palazzo Pitti ficam os maravilhosos Jardins de Boboli.  Essa é a maior área verde monumental de Florença, abrangendo uma área  de mais de  45 mil m2.

 

Do Palazzo Pitti: vista para o anfiteatro e a Fontana del Carciofo

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Palazzo Pitti

Aberto de terça à domingo, 9:15 às 18:50

Valor do bilhete: 10 euros (Palazzo Pitti: Galleria Palatina, Galleria d’Arte Moderna, Tesoro dei Granduchi, Museo della Moda e del Costume, Appartamenti Imperiali e Reali)

Jardim de Boboli : aberto diariamente a partir das 8:15  com horário de fechamento que varia de acordo com a época do ano

  • Os horários sofreram alterações devido à emergência Coronavírus

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A Igreja de San Lorenzo

A  Igreja de San Lorenzo, uma das mais antigas de Florença  e a preferida da família Medici, foi por 300 anos a catedral da cidade. Difícil imaginar que encontramos numa igreja com a simples fachada em pedra um interior tão rico, bonito e simétrico: a Basílica de San Lorenzo abriga muitas obras-primas de grandes nomes da cena artística e arquitetônica de Firenze. Consagrada em 393 por Santo Ambrósio, foi por 3 séculos a igreja mais importante de Florença, até ser substituída pela Igreja de Santa Reparata, que mais tarde se tornou a Catedral de Santa Maria del Fiore, o Duomo da cidade.

 

A Basílica de San Lorenzo, uma das mais antigas igrejas de Firenze, foi consagrada em 393 d.C e reconstruída por Brunelleschi no século 15

A fachada da igreja é inacabada porque na época o encarregado era  Michelangelo, que não conseguiu  terminá-la porque mudou-se para Roma quando foi contratado para pintar o teto da Capela Sistina. Muitos fatores complexos envolvem a fachada: disputa e ciúmes entre artistas, custos altíssimos e até mortes.

 

A Igreja de San Lorenzo e a estátua de Giovanni dalle Bande Nere, pai do granduca Cosimo I de’ Medici

A Igreja de San Lorenzo fica ao lado do mercado de rua homônimo e bem próxima ao Palazzo Medici-Riccardi, a primeira residência da família Medici em Firenze.

A igreja é dividida em três naves com colunas coríntias e arcos arredondados

Em 1059, houve a primeira ampliação da igreja românica, sendo que em 1419, quando os Médici decidiram expandir a estrutura e tansformá-la na igreja da família. Os trabalhos foram atribuídos à Filippo Brunelleschi, arquiteto responsável pela construção da cúpula da igreja Santa Maria del Fiore.   Com isso temos a primeira igreja considerada uma obra-prima do Renascimento.

 

Perto do altar, sob os últimos arcos da nave central, estão os dois púlpitos de bronze realizados por Donatello, o da esquerda dedicado ao tema da Paixão de Cristo e o direito à ressurreição

 

O arquiteto Filippo Brunelleschi transformou a antiga igreja românica em basílica renascentista

 

 

 

Na parte esquerda fica a Capela Martelli, com um sarcófago da família Martelli, realizado por  Donatello ou  por sua oficina, e a obra Anunciação Martelli, de Filippo Lippi ( cerca 1440).

A obra Anunciação Martelli, de Filippo Lippi, datada de 1440

 

Sacristia Velha

Realizada entre 1421 e 1428, a  Sacristia Velha é uma das obras-primas do artista Filippo Brunelleschi e a única concluída. Era a capela fúnebre particular da família Medici construída por Brunelleschi e decorada por Donatello entre 1428 e 1429.   A decoração foi realizada por Donatello após término dos trabalhos de Brunelleschi e a Sacristia Velha, por  incompatibilidade, marca o fim da amizade e colaboração entre os dois gênios do início da Renascença.

O brasão dos Medici na Sacristia Velha

O túmulo de Giovanni Bicci, fundador do banco dei Medici e  morto em 1429, foi colocado sob a grande mesa de mármore na parte central da capela, a sacristia tornou-se o mausoléu dos Medici.

Ao centro da sacristia, os túmulos de Giovanni di Bicci e Piccarda Bueri

A Sacristia Velha de San Lorenzo recebeu esse nome para distingui-la da “nova”, que foi construída um século depois por Michelangelo, e que encontra-se nas Capelas dos Medici.

Donatello realizou as duas portas de bronze

 

Igreja de San Lorenzo

Piazza de San Lorenzo – Firenze

Horário: todos os dias da semana das 10h às 17h
Domingo: das 13h30 às 17h30

Os horários podem sofrer alterações dependendo da época do ano

Preço do bilhete: 4,50 €

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Arte em casa durante a quarentena

Em tempos de lockdown devido ao coronavírus, encontrar alguma atividade inusitada e estimulante para fazer em casa nem sempre é fácil. Alguns museus criaram uma iniciativa divertida: recriar obras de arte utilizando os objetos que temos à disposição em casa. E resolvi propor através do meu perfil Instagram @grazieateblog e muita gente aderiu à brincadeira.  Solicitei que recriassem, preferencialmente, alguma obra que podemos encontrar em Firenze, seja nos museus, nas praças ou igrejas.  Uma forma divertida e instrutiva de se distrair. E aqui está o resultado, com muitas fotos criativas que contou também com a participação de diversas famílias:

 

Por Benedetta Mazzocchi. Benedetta e o filho Adriano e o coelho Nevi

 

Dany Barcellos

 

Lorenzo Pieri,  em cena da obra Primavera de Botticelli

 

Bruno Pieri,  Giovane con Pomo, de Rafael Sanzio, na Galleria degli Uffizi

 

Obra de Rita, autora do blog O Porto Encanta. Participação da tartaruga Nikita

 

Giuditta Tani

 

Olivia Tani

 

Barbara Mingazzini

 

Francesca Azzini

Marco com os sobrinhos Ruggero e Emma. Fotos de Silvia Saluttari

 

Giovanna e a filha Stephanie Greer, interpretando o Duca e a Duquesa de Urbino, obra de Piero della Francesca

 

Cristina Rosa do blog Sol de Barcelona

 

Cristina e a filha Martina

 

Carina Costa

 

Zilda Pandolfi reproduziu numa pintura Flora, da obra Primavera, de Botticelli

 

A família Melani: Eleonora e Alessio com os filhos Jacopo e Alice

 

Gaia Bardelli em foto da mãe Francesca

 

Cosimo Bianchi faz o “Putto che suona”, de Rosso Fiorentino, no museu Uffizi de Firenze

 

Lapo Bianchi, Ragazzo morso da un ramarro, Caravaggio

 

Tina Wells, com o gato Mulder

 

Izabel Silvestre em Dama com Arminho

 

Sofia Silvestre

 

Izabel Silvestre e Fabio Oliveira, Duca e Duquesa de Urbino. O quadro pode ser visto na Galleria degli Uffizi

 

Rosa Esposito e a filha Lisa

 

Emma Russo

 

Sophie Visciano em  Moça com o Brinco de Pérola, de Vermeer

 

Palova Valenti

 

Duccio Gori interpreta Raffaello. Esse auto-retrato está exposto no Museu degli Uffizi de Florença

E o meu muito obrigada a todos que aceitaram participar dessa brincadeira!  Não deixem de conferir o excelente feed do Tussen Kunsten apenas com fotos feitas durante a quarentena, aqui vai o perfil Instagram: @tussenkunstenquarantaine.

 

O artista Rafael Sanzio

O grande artista Raffaello Sanzio está entre os mais famosos mestres do Renascimento.  Rafael, o artista de tantas madonas com semblante doce e traços perfeitos,  nasceu em 1483 na cidade de Urbino, na região das Marcas e em 2020 o mundo celebra  50o anos de sua morte. Rafael morreu no dia 6 abril, dia do seu nascimento, quando havia apenas 37 anos.

 

Raffaello Sanzio, um dos maiores intérpretes da beleza,  nasceu na cidade de Urbino em 1483. Este é o mais famoso auto-retrato do artista, realizado entre 1504 e 1506

Rafael ficou órfão de mãe aos 8  anos. Talvez seja por isso que, apesar de jovem, Rafael fosse capaz de transportar para suas telas uma forte carga emocional que muito provavelmente por esse motivo um dos temas favoritos tenha sido as madonas.

 

Obra “Madonna del Cardellino”, ou Madona do Pintassilgo, de 1506, no museu degli Uffizi. Foi realizada quando Rafael vivia em Firenze

Rafael Sanzio possuía uma incrível capacidade para desenho. Era o pintor da técnica, da execução impecável. Iniciou sua formação atuando com  seu pai,  o artista Giovanni Santi, que havia a sua própria bodega artística e era pintor da Corte de Urbino, onde trabalhava para Federico di Montefeltro. Entre os anos de 1491 e 1494 atuou na oficina do pai,  que foi seu grande incentivador. Ali começou a estudar  desenho e perspectiva, manifestando grande talento. Quando Rafael havia apenas 11 anos,   perdeu também o pai e passou a ser cuidado pelo tio.

 

Na Sala di Giove no Palazzo Pitti, a obra La Velata

 

La Velata (1515-1516), em exposição no Palazzo Pitti

Quando Rafael era adolescente mudou-se para Perugia, na Úmbria, uma cidade que foi muito importante para a sua formação como artista. O seu aprendizado aconteceu na bodega di Pietro Vannucci, conhecido como Il Perugino, um dos mais ilustres artistas do século 16.   Rafael demonstrou ser talentoso e antes mesmo de completar 18 anos recebeu encomendas para a realização de obras de importantes senhores da região. Foi nessa época que também conheceu Pinturicchio, outra figura importante no panorama artístico  do período.

Retrato de Maddalena Doni

 

Os retratos de Maddalena e do marido Agnolo Doni

Aos 21 anos resolveu  mudar-se para Florença, onde viviam Leonardo Da Vinci e Michelangelo. Em Florença, ele conheceu muitos artistas contemporâneos e a atmosfera da cidade contribuiu para  definir seu estilo único. Rafael viveu 4 anos na cidade e entre os anos de 1504 e 1508, as três maiores expressões do Renascimento viveram na mesma cidade.  Os anos florentinos foram muito importantes para o artista. Graças ao seu estilo e traços distintivos únicos em suas obras,  Rafael se destaca.

Elisabetta Gonzaga, esposa de Giudubaldo da Montefeltro. A obra foi provavelmente realizada entre 1503 e 1506

 

Em 1508 Rafael mudou-se para Roma com a  incumbência de afrescar os aposentos papais, à convite do papa Giulio II, que havia  iniciado um projeto de reforma do Vaticano e de toda a cidade de Roma, convocando grandes artistas,  dentre os quais  Michelangelo.  Mesmo após a morte do papa Giulio II, em 1513, Rafael continuou em Roma e também atuou para  seu sucessor, o papa Leone X, Giovanni de’ Medici, filho de Lorenzo, O Magnífico.  Ficou na cidade do Vaticano por quase 12 anos e realizou diversos desenhos e afrescos. Rafael foi também um arquiteto inovativo.  Depois da morte de Bramante, em 1514, assumiu as obras  da Basílica de São Pedro e das galerias do  Vaticano.  Além de trabalhos no Vaticano, atuou também  na decoração de Villa Farnesina e como arquiteto na Capela Chigi,  na Basílica de Santa Maria del Popolo em Roma,  sob encomenda do rico banqueiro sienese Agostino Chigi.

 

Desenhada por Rafael, a Capela Chigi, em Roma (foto divulgação)

 

Uma de suas mais famosas obras, a Madonna Sistina ( ou Madonna de San Sisto), realizado entre 1513 e 1514, fica na Pinacoteca dos Mestres Antigos, em Dresden, na Alemanha (foto divulgação)

 

Madonna della Seggiola

A obra Madonna della Seggiola (1514), em exposição na Galleria Palatina no Palazzo Pitti de Firenze

 

La Fornarina (1518-1519), exposta no Palazzo Barberini em Roma. Rafael retrata nessa obra Margherita Luti, amante e musa inspiradora, provavelmente o seu único amor verdadeiro

Além de ser um grande artista, Rafael também  foi um  bom empreendedor, pois conseguiu montar uma verdadeira equipe em sua oficina em Roma que era formada  por jovens aprendizes e também artistas consagrados. Dessa forma conseguiu realizar  vários projetos simultaneamente.

scuole Atene

A Escola de Atenas (1509-1511), nos Museus Vaticanos (foto reprodução)

Rafael morreu no dia 6 de abril em Roma, no auge de sua carreira. Ele foi enterrado no Panteão por sua própria vontade. Seus restos mortais estão próximos à obra Madonna del Sasso, obra encomendada pelo próprio Rafael e executada por seu aluno  Lorenzo Lotti, conhecido como Lorenzetto. “Aqui jaz Rafael;  enquanto viveu, a mãe natureza temia ser por ele vencida; agora que está morto, ela receia morrer também”.   Essa frase é de Pietro Bembo, em homenagem à criatividade divina do grande artista.

 

Obra óleo em madeira Ressureição de Cristo, uma das primeiras pinturas do artistas, no Masp de São Paulo (foto divulgação)

 

As obras de Rafael estão presentes em várias cidades italianas, como Roma e Florença, Perugia, Città di Castello e Milão. Muitos museus internacionais também possuem algumas pinturas do mestre, inclusive encontramos a a obra Ressureição de Cristo no Masp.  A maioria de suas obras encontram-se em Firenze e em Roma. No Museu Uffizi existe uma sala dedicada ao pintor, onde estão  preservadas algumas obras muito significativas, como a Madonna del Cardellino e  muitas importantes obras de Rafael estão expostas também na Galleria Palatina do Palazzo Pitti.

 

Ritratto  di giovane con pomo, do acervo da Galleria Palatina, no Palazzo Pitti

 

 

500 anos da morte de Rafael Sanzio – Devido aos 500 anos de sua morte, foi anunciada em Roma a  mostra “Raffaello 1520-1483” na Scuderie Del Quirinale,  com mais de 100  obras ligadas à carreira do artista , provenientes do Uffizi, Louvre, e do Vaticano. A exposição, organizada por 3 anos, foi interrompida devido à emergência do coronavírus. A data de encerramento está prevista para 2 de junho, mas muito provavelmente será prorrogada.

A Galleria degli Uffizi de Firenze e o Mibac – Ministério dos Bens e Atividades  Culturais da Itália –  organizaram tours virtuais  para apresentar as obras de Rafael através de suas redes sociais.

 

Leone X  entre os cardinais Giulio de’ Medici e Luigi de’ Rossi Firenze, realizado em 1518

 

Transfiguração de Cristo, último trabalho realizado por Rafael antes de sua morte. trabalho pode ser admirado na Pinacoteca do Vaticano

 

Por ocasião do 500º aniversário da morte do artista, 10 tapeçarias feitas com desenhos de Rafael, representando os Atos dos Apóstolos,  ficaram expostos por uma semana  em fevereiro deste ano, na Capela Sistina de Roma (foto reprodução)

 

Rafael está enterrado no Panteão, em Roma

Urbino, a cidade de Rafael

Rafael nasceu em Urbino, na região das Marcas,  em 1483, uma cidade onde se respirava a atmosfera artística do Renascimento e onde atuavam  grandes artistas. Hoje, a casa onde nasceu transformou-se  num museu dedicado a ele, um lugar onde o artista é contado a 360 ° e onde você pode contemplar algumas de suas primeiras obras.

Urbino é um dos centros artísticos e turísticos mais importantes da Itália e foi construída para ser a cidade ideal do Renascimento

 

Urbino tem uma atmosfera descontraída e um ritmo envolvente. A cidade é bem pequena e tranquila, tem pouco mais de 15 mil habitantes. Cheia de ladeiras, com lojinhas de artesanato, barzinhos e restaurantes, seu fascínio está, principalmente, em seu cenário renascentista preservado por séculos. Urbino é um dos centros artísticos e turísticos mais importantes da Itália e foi construída para ser a cidade ideal do Renascimento.

 

Palazzo Ducale de Urbino

 

Obra Santa Caterina d’Alessandria, de Raffaello Sanzio. Santa Caterina é a padroeira dos universitários. A obra faz parte da mostra permanente da Galleria  Nazionale delle Marche, dentro do Palazzo Ducale

 

 

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Por que o Ano Novo florentino é comemorado dia 25 de março?

Em Florença, o Capodanno, isso é, o Ano Novo,  é também comemorado no dia 25 de março, data da  Anunciação da Virgem Maria. Essa é uma  tradição secular que surpreende a todos com desfile do cortejo histórico pelas ruas do centro para celebrar a data, que vigorou na cidade até 1750.

Ano Novo florentino: até 1750, a data de 25 de março era considerada como o início do calendário civil e é celebrada até os dias de hoje. Essa tradição antiga existe há mais de 250 anos

 

Para os florentinos, a Anunciação era um feriado civil, religioso e primaveril, tanto que um velho provérbio   diz: “Para a Anunciação, a andorinha chegou; e se não  chegou, ela está  pelas ruas ou está doente”.

Anunciação de Cestello, de Botticelli, obra em exposição na Galleria degli Uffizi

Em outras cidades italianas e européias, desde 1582, no entanto, o calendário gregoriano já havia sido adotado, estabelecendo o início do ano em 1º de janeiro.  Mas Florença, fortemente ligada à doutrina mariana, decidiu não abandonar o hábito de celebrar o primeiro de ano em 25 de março. Foi apenas através de um decreto emitido pelo Grão-Duque Francesco III  no ano de 1749,  que definiu para 1º  de janeiro o início do ano civil também para  Florença.

 

A piazza della Santissima Annunziata que a abriga a homônima igreja

 

Basílica della Santissima Annunziata

Para as celebrações do ano novo os florentinos costumavam ir até a Basílica della Santissima Annunziata, onde existe um afresco muito venerado que segundo a tradição foi terminado por um anjo. Segundo a lenda, o pintor Fra Bartolomeo, que estava trabalhando na obra, não conseguia realizar o rosto da Virgem e pela exaustão, acabou adormecendo. Ao acordar, descobriu que a mão de um anjo havia finalizado a pintura e por esse motivo passaram a chamar a obra “Anunciação Milagrosa”, considerada até por Michelangelo como uma obra de arte “divina”.

Firenze ainda celebra a data de 25 de março com um cortejo histórico que vai até a igreja della Santissima Annunziata, o principal santuário mariano de Florença , centro das celebrações, onde está o afresco com a imagem milagrosa  da Virgem da Anunciação .

 

 

 

Procissão – a procissão do cortejo histórico começa no Palagio di Parte Guelfa e segue até a Basílica de SS. Annunziata, seguindo uma tradição antiga camponeses peregrinavam para homenagear Maria. A procissão leva um bouquet de lírios brancos à capela da Santíssima Annunziata. A celebração entrou para o calendário oficial de festividades da cidade desde o ano 2000.

 

 

A Loggia dei Lanzi em Firenze

Disponível para visitantes a qualquer hora do dia e da noite, a Loggia della Signoria, também chamada Loggia dei Lanzi, é um extraordinário museu a céu aberto bem no coração pulsante de Firenze! O espaço abriga  esculturas realizadas por Cellini e Giambologna e integra a Piazza della Signoria, a praça mais famosa e importante da cidade.

 

A Loggia dei Lanzi é uma galeria de esculturas ao ar livre com obras originais que podem ser apreciadas a qualquer hora do dia ou da noite

A elegante loggia foi construída entre 1376 e 1382 com o objetivo de sediar assembléias e  cerimônias públicas da República de Firenze.  Depois de 2 séculos, por vontade de Cosimo I de’ Medici, tornou-se  um espaço expositivo, onde as pessoas podiam admirar as obras de arte.

 

A Loggia dei Lanzi fica na Piazza della Signoria,  nas proximidades do pátio da Galleria degli Uffizi

Durante o século 16  a loggia perdeu sua função original e tornou-se um  museu à céu aberto.

Entre os arcos, no interior de painéis, destacam-se as esculturas das Virtudes teológicas e cardeais, criadas a partir de um desenho de Agnolo Gaddi, sobre um fundo de esmalte azul

loggia dei lanzi

É chamada de Loggia dei Lanzi  porque os Lanzichenecchi, antes de se dirigirem à Roma, acamparam sob seus arcos no ano  de 1527.   É também conhecida como Loggia  dell’Orcagna,  a quem foi erroneamente atribuída a autoria do projeto, que foi executado pelos arquitetos Benci di Cione e Simone Talenti.

Dois leões em pedra como vigias sentinela na entrada da loggia

Quase todas as obras representam um tema mitológico e fazem associações ao período vivido  na cidade de Florença. Era uma  forma de enviar mensagens ao povo de poder e triunfo.

Na loggia podemos admirar  estátuas do período romano e obras-primas do século 16

Uma das obras mais extraordinárias do espaço é Perseus com a cabeça da Medusa, realizada pelo ourives Benvenuto Cellini.  Perseus, triunfante, mostra a cabeça do monstro decapitada e segura a espada  com a outra mão. A obra  maneirista representa um manifestação política: afirmação do poder de Cosimo I’ de Medici. A escultura de bronze é rica em detalhes que a tornam única e o artista trabalhou 9 anos para poder realizá-la. Uma curiosidade: atrás da obra, no cabelo de Perseus, tem esculpido  o rosto de Cellini.

 

Cellini, um dos maiores ourives renascentistas, criou este trabalho sob encomenda de Cosimo I de ‘Medici em 1545. A escultura foi exposta apenas em 1554

 

O Rapto das Sabinas, obra-prima de Giambolonha, finalizada em 1583

 

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A estátua tem 4,10 m e foi esculpida em um único bloco de mármore, o que exigiu grande precisão técnica para o êxito de equilibrar  todo o peso da obra, que representa o conceito da  estilo de uma figura serpentina , isto é, uma figura  em forma de serpente.

O Rapto das Sabinas mostra um homem jovem  pegando à força uma mulher sob o olhar desesperado de um senhor. Esse é um dos episódios lendários ligados às origens de Roma,  que após  sua fundação precisava ser povoada e contava com poucos habitantes,  que eram em sua maioria  homens. Rômulo, o primeiro rei de Roma, organizou uma festa e convidou os sabinos, que viviam num povoado próximo.  Durante o evento, em um momento combinado,  os jovens romanos atacaram e raptaram as mulheres solteiras presentes.

 

A primeira estátua realizada em 360 graus,  isto é, que pode ser admirada de qualquer ângulo, oferecendo pontos de vista diferentes ao espectador

 

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Outra escultura do artista flamingo Giambolonha, Hércules e o Centauro. A obra  de mármore mostra o corpo do centauro dobrado pela força de Hércules

 

Em mármore :  Menelau que segura o corpo de Patroclos,  cópia  de uma obra original grega, presente do Papa Pio V à Cosimo de’ Medici

 

Hércules e o Centauro

 

O Rapto de Polissena é uma escultura em mármore realizada por  Pio Fedi. Foi esculpida entre 1855 e 1865 e é a única obra moderna entre as obras renascentistas

Depois da construção do museu degli Uffizi, que fica na parte de trás da Loggia, Bernardo Buontalenti, em 1583,  reestruturou o terraço criando um espécie de jardim suspenso, de onde era possível ver a praça e assistir às cerimônias e espetáculos.

 

Foto feita do Palazzo Vecchio

 

As tradicionais molduras de madeira de Firenze

Florença nos olhos e a arte nas mãos. Este é o slogan do nosso grupo de blogueiros Tuscany Bloggers,  com quem estive recentemente para mais uma visita à uma atividade histórica da cidade.  Dessa vez visitamos a Cornici Maselli, atividade histórica que realiza molduras em madeira desde os anos 50.

Tenho muita admiração pelos artesãos e adoro visitar as bodegas do centro de Florença, ricas de história, beleza, arte e tradição. Na Cornici Maselli verdadeiras esculturas artísticas realizadas em madeira

Essa é um antiga tradição florentina do artesanato artístico, com apreciadores do mundo inteiro, que se encantam com a habilidade dos escultores que trabalham a madeira, criando verdadeiras obras de arte.  O pequeno ateliê oferece serviços de qualidade impecável na realização de molduras feitas à mão, de todos os tipos e formatos, desde a produção de molduras artísticas personalizadas,  reproduções e restaurações. Na bodega é possível também encontrar molduras coloridas e modernas, sempre realizadas à mão, com design contemporâneo. Depois de pronta, a moldura pode ganhar o tom dourado. A técnica de douramento já era conhecida pelas civilizações antigas e a criada pelo Maselli é realizada  com os mesmos, ferramentas e  método do passado. As molduras dourada criadas na loja são inspiradas nos trabalhos  artísticos italianos e europeus desde o século 16.

Gabriele Maselli é o Presidente da Associação das Atividades de Firenze e filho do fundador Paolo Maselli, que inaugurou em 1955 sua loja de gravuras antigas e molduras artesanais

Gabriele Maselli, especializado em douramento e restauração de molduras, adquiriu do pai a paixão e iniciou nessa atividade em 1979. E essa tradição continua em família, pois Tommaso, filho de Gabriele, atua junto ao pai na bodega. Ele está estudando restauração e aprimorando a técnica.

 

Tommaso, 19 anos, nasceu nesse ambiente e desde criança  começou a criar  suas obras trabalhando a madeira. Lindo de ver a atividade de família que prossegue com a nova geração

 

O douramento ou douração é um processo de decoração de superfícies que utiliza uma camada bem fina de ouro, a “folha de ouro”, muito utilizado nas tradicionais molduras de madeira

 

E Firenze é uma cidade rica de lugares cheios de magia, que reune mestres com muita habilidade, realizando molduras feitas à mão de todos os tipos e formatos (foto Michela Ricciarelli)

 

Gabriele com suas criações. Os Pinoquios são realizados em cipreste

Gabriele cria Pinóquios de diversos tamanhos em madeira de cipreste. Ele quis homenagear o “pai” do simpático bonequinho, Carlo Coloddi, que nasceu  bem pertinho da bodega, na Via Taddea. A Bodega D’Arte Maselli participou da restauração de obras do Duomo de Firenze e no Museu Uffizi.

 

Por que tem tanta obra de arte em Firenze?

Florença é conhecida em todo o mundo como uma cidade de arte e cultura com um rico patrimônio histórico,  artístico e arquitetônico.  Berço do   Renascimento, a cidade revelou grandes gênios e artistas e recebe anualmente milhões de pessoas que podem admirar suas maravilhosas pinturas, esculturas, tapeçarias e porcelanas. E é graças à Anna Maria Luisa de’ Medici, a Elettrice Palatina, que encontramos todas essas obras e monumentos na cidade. Percebendo que o patrimônio da família poderia ser saqueado ou disperso, já que a questão da sucessão da Toscana não estava decidida, Anna Maria Luisa solicitou um inventário com uma relação de todas as obras da família e decretou que todo os bens da família fossem conservados em Firenze. E em 31 de outubro de 1737 ela elaborou um ato legal conhecido como Pacto Familiar. Explico tudo pra vocês neste post:
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Anna Luisa Maria de’ Medici estabeleceu o Pacto Familiar para tutelar as obras de arte: com o acordo, as obras deveriam permanecer em Firenze (pintura realizada por Antonio Franchi,  exposta no Palazzo Pitti)

 

O Pacto de Família, exposto no Museu dos Medicis de Florença

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Florença é a cidade onde o movimento artístico chamado Renascimento consolidou-se no  século 15.  Por esse motivo, a cidade é considerada o berço mundial da arte e da arquitetura

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O Pacto Familiar trazia uma relação de todos os bens da família, como pinturas, estátuas,  joias e livros que passaram a pertencer à cidade de Firenze

A árvore genealógica da família Medici

A família Medici – De forma resumida, vou falar um pouco sobre os Medici, célebre família que governou Firenze entre 1413 e 1743, com alguns momentos de interrupção do poder. A família Medici,  originária do Mugello (norte de Firenze), foi mecenas das artes não apenas em Firenze mas em toda a Toscana e conseguiu construir uma dinastia mesmo não havendo origens nobres. Entre os séculos 13 e 14, alguns membros da família começaram a prosperar com a  fabricação de lã. Os Medici começaram a se revelar  protagonistas ativos da vida pública e econômica florentina: no século 14 já tinham 2 gonfalonieres da Justiça, que era o mais alto cargo da Republica Fiorentina e participavam ativamente da oligarquia que dominava a cidade. A família conquistou cargos altos na sociedade, como políticos, papas e  rainhas.  O esplendor florentino deu-se com  Lorenzo  “O Magnífico”,  em  meados do século  15. Por volta do ano de 1700 a dinastia estava se extinguindo pois os últimos herdeiros eram Ferdinando e João Gastão (Gian Gastone), que foi o último grão-duque da dinastia dos Medici, e Anna Maria Luisa, que também não deixou herdeiros.

O legado da família, que fomentou e inspirou o Renascimento, começou nos anos 1400 e durou mais de 3 séculos. Os  Medici eram comerciantes de tecidos e  banqueiros que fizeram fortuna e expandiram seu poder e influência não apenas em Firenze mas também na Itália e em outros países da Europa.

 

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Se hoje Firenze é uma das maiores capitais da arte do mundo é graças à Anna Maria Luisa de’ Medici, que salvou o patrimônio artístico de Florença

 

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Arte em Firenze – Com o testamento, Anna Maria garantiu que todo o vasto patrimônio que pertencia à família fosse mantido e preservado na cidade

A vida de Anna Maria Luisa –   Filha de  Cosimo III, grão-duque da Toscana, e da francesa Margherite Louise d’Orleans, Anna  Maria Luisa de’ Medici nasceu em 11 de agosto de 1667,  em Firenze. O casamento dos pais foi um dos piores da história da dinastia, e a mãe acabou  retornando à França depois de obter a separação e depois de concordar em se aposentar no mosteiro de São Pedro em Montmatre.  Quando a mãe retornou para a França Anna Maria tinha apenas 9 anos e nunca mais a viu. Anna Maria era uma mulher culta e inteligente e passou a ser criada pela avó paterna Vittoria della Rovere.

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Anna Maria salvaguardou todo o patrimônio artístico após a morte de seu irmão,  ao estabelecer o Pacto da Família, em 31 de outubro de 1737, deixando ao Estado todos os tesouros culturais das coleções da família Medici

Depois de tratativas mal sucedidas de matrimônio (ela não foi aceita pelos reinos da França , Portugal, Savoia e Inglaterra), aos 23 anos Anna casou-se por procuração com o alemão Giovanni Carlo Guglielmo I, príncipe Elettore del Palatinato e obteve o título de Elettrice Palatina.  O casamento oficial aconteceu em Innsbruck. Eles moravam em Dusseldorf e tiveram um casamento feliz, que durou 25 anos, até a morte do marido, que em 1716, morreu de sífilis (e a tornou estéril). Anna Maria retornou para Firenze em 1717 e encontrou uma situação dramática na cidade. Ela viveu no Palazzo Pitti e posteriormente na Villa la Quiete.

Anna Maria chegou a engravidar provavelmente mais de uma vez, mas não conseguiu levar adiante a gravidez. Presume-se que o marido era estéril, pois ele já havia sido casado e não havia filhos

Anna Luisa teve outros  irmãos: Ferdinando, o mais velho, que morreu  aos 50 anos e  o caçula Giangastone, o último grão-duque  da dinastia Medici, que  sofria de depressão, era alcoólatra e homossexual. Em 1723 Giangastone assumiu o trono e ficou até 1737.  Sua morte despertou interesse por parte de potências estrangeiras em querer assumir o controle do território da Toscana.  Nessa época a família estava em declínio e seu pai, Cosimo III,  tentou em vão fazer com que os outros estados europeus reconhecessem  Anna Luisa como herdeira, o que não era possível por se tratar de uma mulher. Já que ela não podia assumir,  o governo  foi entregue à  família Asburgo-Lorena.

Florença possui uma herança artística surpreendente! Suas obras estão espalhadas pelos principais museus da cidade. Esse aqui é o Palazzo Pitti, onde Anna Maria viveu

Mas antes de entregar o poder Anna Luisa resolveu formular um documento, o chamado Patto di Famiglia, evitando que os quadros, esculturas, livros, móveis e jóias fossem saqueados, o que aconteceu em diversas cidades italianas. O pacto com os Lorena foi estabelecido em 1737 “para o ornamento do Estado, para o benefício do público e para atrair a curiosidade dos estrangeiros”.

 

Galleria Palatina, Palazzo Pitti

A arte florentina gera grande interesse por suas obras monumentais e espetaculares, não apenas nos museus, mas também nas ruas e praças da cidade

Anna Maria Luisa passou os últimos anos de sua vida envolvida com a finalização do mausoléu da família, as Capelas dos Medici, para manter viva a glória e a memória da família. Anna Maria morreu no dia 18 de fevereiro de 1743, data que os florentinos relembram com um cortejo histórico e com ingresso gratuito em alguns museus de Firenze.  Seu túmulo encontra-se nas Cappelle Medicee, no complexo da Basílica de San  Lorenzo.

 

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O espetáculo teatral  The Medici Dynasty é em língua inglesa e conta em 1 hora a vida dos últimos descentes da família Medici.

 

O brasão da família Medici, com 6 bolas, que decoram muitos palácios florentinos

Os museus cívicos de Firenze oferecem ingresso gratuito no dia 18 de fevereiro:

  • Palazzo Vecchio  9 – 19 (Torre di Arnolfo das 10 às  17h )
  • Museo Novecento  11-19
  • Santa Maria Novella  9-17.30
  • Cappella Brancacci  10-17.
  • Fondazione Salvatore Romano  10-17
  • Museo Stefano Bardini  11-17
  • Palazzo Medici Riccardi 9-19

Dia 18/2, No Palazzo Pitti,  na Sala del Fiorino, acontece um monólogo (Incontro com l’Elettrice Palatina) promovido pela Muse, às 15, 16 e 17  horas (o ingresso ao museu  não é gratuito) e no Palazzo Medici Riccardi, no dia 22 de fevereiro , às 10h30 e 11h30.

Anna Maria Luisa de’ Medici – promovido pela Muse, o encontro com o personagem é seguido de um debate com o público: oportunidade para entender melhor as características dessa grande personalidade e mergulhar no contexto da Florença do século 18

 

Cortejo histórico começa no Palagio di Parte Guelfa e passa pelas ruas do centro e praças de Florença

 

O cortejo histórico termina nas Capelas dos Medici, onde Anna Maria foi enterrada

E para comemorar o seu aniversário e homenagear Anna Maria Luisa,  no dia 31 de outubro a Galeria Uffizi, o Palazzo Pitti e o Jardim Boboli são abertos gratuitamente.

 

A Igreja de Ognissanti de Firenze

Uma das minhas igrejas prediletas de Firenze é a de San Salvatore in Ognissanti, localizada na praça homônima, no centro histórico da cidade e a poucos minutos da piazza de Santa Maria Novella. A Igreja de Ognissanti, isto é, de Todos os Santos, é pouco conhecida  mas reúne verdadeiros tesouros artísticos. Seu interior é ricamente decorado, com obras de  Giotto, Taddeo Gaddi, Botticelli e Ghirlandaio.  A igreja franciscana tem sua história ligada à família de Américo Vespucio, que a patrocinou.  Veio daí o nome de Baía de todos os Santos (Bahia), por onde Vespúcio passou em 1501.

A igreja franciscana foi edificada em 1251 e fazia parte do complexo do convento dos “Umiliati”. No ano de 1571 os Umiliati foram substituídos pelos franciscanos, que expandiram o complexo com dois claustros, novos altares e reconstruíram a fachada

 

Na fachada,  terracota vitrificada,  atribuída a Benedetto Buglioni

A igreja fazia parte do complexo do convento fundado em 1251 pelos Humilhados, ordem que se dedicava à pobreza e ao trabalho. Vindos da Lombardia, chegaram em Firenze no ano de 1239 e se estabeleceram  incialmente fora da cidade e depois estenderam as propriedades ao burgo, onde construíram a igreja e o convento. O complexo foi terminado em 1260.

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A igreja inicialmente fazia parte dos “Umiliati”, congregação religiosa que se dedicou ao trabalho com a lã, entre os séculos 13 e 15, que foi a principal atividade comercial de Firenze

 

O interior da igreja. A ordem dos Humilhados,  dedicava-se  não apenas à prática religiosa mas também ao comércio e negócios

A região era apropriada ao trabalho com a lã devido à proximidade do Rio Arno e  a formação do canal, que garantia energia hidráulica para os moinhos. Foram os freis que impulsionaram o setor com sua experiência no manuseio e tingimento da lã e contribuíram para o crescimento urbano na região, que começou a girar em torno das atividades da igreja, especialmente no que diz respeito aos artesãos. Devido ao prestígio que alcançaram , os Humilhados foram convidados para ocupar importantes cargos públicos. A igreja passou a receber obras importantes, graças sobretudo à contribuição das famílias de prestígio do bairro.

 

Logo depois da chegada à Firenze, os freis adquiriram um terreno próximo ao Rio Arno, favorável ao processo de fabricação. A igreja fica próxima ao Lungarno

Durante o século sucessivo os Humilhados  reduziram de número e começaram a perder prestígio, tanto que em 1571, por vontade de Cosimo I de’ Medici, cederam o mosteiro aos franciscanos. O complexo foi restaurado, foram construídos dois claustros e a igreja foi consagrada em 1582 recebendo o nome de San Salvatore ad Ognissanti . 

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A igreja é pequena e lindamente decorada, com obras de Giotto, Ghirlandaio, Taddeu Gaddi e Sandro Botticelli

 

San Girolamo, realizado por Domenico Ghirlandaio  provavelmente em 1480

 

Madonna della Misericordia (1474-1477), de Ghirlandaio

 

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Obra de Sandro Botticelli, Sant’Agostino nello studio, realizada por volta de 1480

 

No século 15, Sandro Botticelli (que está enterrado na igreja) e Domenico Ghirlandaio, nomes de grande expressão do Renascimento italiano,  trabalharam em Ognissanti. Ghirlandaio havia sido contratado pela família Vespucci, que eram aliados dos Médici e da qual fazia parte o famoso Américo,  navegador que deu seu nome à América. Sob encomenda da família,  Ghirlandaio afrescou uma Pietà e uma Madonna della Misericordi, San Girolamo  e também a Última Ceia,  no refeitório do convento.

 

 

Na igreja está a capela da família Vespucci, localizada ao longo da parede direita da nave da igreja e que contém  afrescos realizados por Ghirlandaio  (1448-1494) por volta do ano 1470 e a obra  La Pietà e la Madonna della Misericordia,  que acolhe sob o seu manto os membros da família Vespucci, como Simonetta Vespucci, a musa de Sandro Botticelli (1445- 1510) e diva do Renascimento. Foi casada com o banqueiro Marco Vespucci, primo de Américo, cuja família era ligada aos Medici, poderosa família de mecenas.

 

Túmulo Simone Vespucci, filho de Piero, morto em 1400 e fundador do Hospital de Santa Maria da Humildade, chamado depois de San Giovanni di Dio (conhecido como Torregalli)

 

Capela do Santissimo Sacramento, com obras de artistas como Giuseppe Pinzani, Matteo Rosselli e Ranieri Del Pace

 

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Dessa porta à direita temos acesso ao claustro, com visitas apenas às segundas e sábados pela manhã

Uma das obras mais importantes da igreja é o Crucifixo realizado por Giotto di Bondone por volta de 1315. Até poucos anos atrás, o Crucifixo foi considerado um trabalho realizado por algum parente de Giotto. Depois de uma cuidadosa restauração foi possível atribuir ao artista a autoria do trabalho, colocado em destaque, do lado esquerdo do altar.

 

Perto do altar, o crucifixo de Giotto

O túmulo do artista florentino Sandro Botticelli (1445-1510) fica na capela di San Pietro de Alcantara, nas capelas posicionadas do lado direito do altar. Botticelli é autor das obras Primavera e O Nascimento de Venus, expostas no Museu Uffizi.

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Local onde fica o túmulo de Sandro Botticelli

 

Convento

A construção do convento, assim como da igreja, iniciaram em 1250 pelos Humilhados, que  obtiveram obras de altíssima qualidade. Do claustro do convento, repleto de  afrescos de Jacopo Ligozzi e outros pintores que contam a histórias da vida de São Francisco, é  possível ter acesso ao refeitório, que abriga a obra-prima o Cenacolo, realizado por  Ghirlandaio em 1480.  A obra  não é mais de propriedade dos freis e da igreja, mas sim do Ministério dos Bens Culturais.

A obra Madonna col Bambino, Nanni di Bartolo, realizada entre 1420 e 1423

 

A Última Ceia, obra de Ghirlandaio realizada em 1480, visitável apenas às segundas e sábados pela manhã.

O convento foi eliminado em 1866 e 2m 1923 passa a sediar o quartel  dos Carabinieri. Em 1885 os franciscanos retomaram parte da antiga sede.

É possível visitar o claustro e a obra de Ghirlandaio às segundas e aos sábados, das 9 às 13 horas.

 

Igreja de Ognissanti

Piazza Ognissanti, 42 – Firenze

Entrada gratuita

Horários

Manhã: 9:30 às 12:30 (fechada às quartas pela manhã)

Tarde: 16 às 19:30

 

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Museo do Bargello, em Firenze

O Museu do Bargello, localizado no antigo Palazzo del Podestà de Florença, abriga algumas das mais importantes obras da escultura do Renascimento italiano em seus majestosos salões, distribuídos em 3 andares. O museu foi construído em época medieval, no ano de 1255.  É um dos mais importantes museus de Florença, com obras de Cellini, Donatello, Luca della Robbia e Michelangelo. Suas coleções incluem esculturas, cerâmicas, medalhas, bronzes, tapeçarias, baixos-relevos medievais e mobiliário, que pertenceram à família Médici e a colecionadores. Dentre os doadores mais relevantes, o antiquário francês Louis Carrand, com sua coleção de mais de 3 mil obras, incluindo artes decorativas e pinturas. Com o decreto de 1865 tornou-se o primeiro museu nacional italiano dedicado às artes da Idade Média e do Renascimento.

 

O Museu do Bargello é o mais importante museu do mundo de escultura renascentista, com sede em um dos mais importantes palácios  medievais de Florença.

 

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O  prédio que abriga o museu é um magnífico exemplo de arquitetura medieval.  A construção, que parece um castelo, é  um dos edifícios mais antigos de Firenze.  Já foi sede de algumas instituições importantes e palco de importantes acontecimentos históricos.

 

O museu é localizado no antigo Palazzo del Podestà, que serviu como prisão até 1857

O sino chamado de Montalina ou Montanina, toca em raríssimas ocasiões, como por exemplo, na virada do milênio, como ocorrido em 2000. A última vez que tocou foi em 22 de junho de 2015, para comemorar os 150 anos do Bargello, o primeiro Museu Nacional da Itália.  Outras ocasiões em que o sino tocou  foram em  1918 para anunciar o fim da Primeira Guerra, em 1921 para anunciar as celebrações de Dante, em 11 de agosto de 1944 para anunciar a liberação da cidade e em 1945 , ao final do último conflito mundial.

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O pátio do museu é repleto de lindíssimas obras. Joia da história e da arquitetura, o Museu de Bargello abriga 16 salas

História do museu

A história do museu começou com o nascimento da figura do Capitano Del Popolo, momento em que a classe média começou a emergir e sentir a necessidade de uma personalidade que a representasse. Portanto, a partir de 1255 inicia-se a construção do palácio para hospedar o capitano del popolo, que era também chamado de bargello.  O palácio foi a sede do Bargello por 3 séculos.  A torre Volognana do palácio, que tem quase 60 metros, por séculos abrigou uma prisão. E seu nome deriva de um dos primeiros prisioneiros da torre, Geri da Volognano.

Com o estabelecimento da hegemonia Medici na segunda metade do século 15, o palácio tornou-se a sede do Conselho de Justiça e dos Juízes de Ruota.  E, a partir de 1574, sob o duque Cosimo I de ‘Medici, sede do Bargello, ou o chefe das Guardas, que tinham autoridade para prender, julgar e cumprir sentenças de morte. Depois que a sede da prisão foi transferida para Le Murate as obras de restauração no palácio começaram.  Esta prisão possuía  equipamento sofisticado e eficaz para torturar os condenados. Do lado de fora do prédio, até o final do século  17, eram expostas as cabeças dos executados, a título de advertência pública. Em 30 de novembro de 1786, com decreto de Pietro Leopoldo di Lorena, Florença foi o primeiro estado do mundo a abolir a tortura e a pena de morte.

Bargello

Niccolò Machiavelli foi preso e torturado no Bargello em 1513 com a acusação de ter participado de uma conspiração anti-medicea

 

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O antigo cárcere da cidade e local onde as pessoas condenadas à morte aguardavam a execução. Com  Pietro Leopoldo, o Grão-ducado da Toscana foi o primeiro na Europa a abolir a pena de morte, em 30 de novembro de 1786

 

Quando Firenze foi eleita capital da Itália, em 1865, o palácio passou a abrigar o primeiro museu nacional após a unificação.

 

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O poço octogonal ao centro do pátio do museu

Quando adentramos o museu chegamos ao belíssimo pátio com um poço ao centro e circundado de pórticos.  A estrutura medieval acolhe maravilhosas obras renascentistas que deixam os visitantes encantados. Dentre as obras, a esplêndida  Fontana di Sala Grande (1556- 1561), em mármore.  As estátuas  foram encomendadas em 1555 à Ammannati por Cosimo I de Medici para o Salão dos 500 do  Palazzo Vecchio mas nunca foram instaladas no local. Depois de pronta a obra esteve nos Jardins de Pratolini e Boboli.

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Niccolò Ammannati, Fontana del Granduca

O pátio do palácio traz os brasões  dos Podestá, da época em que o edifício tinha função administrativa.

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A obra Oceano, de Giambologna

No térreo temos acesso ao Salão de Michelangelo,  sem dúvidas o espaço mais disputado do museu. Ali encontramos  esculturas de Buonarroti, Giambologna e Ammannati.

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Bacco (o Deus romano do vinho), de 1497, esculpido por Michelangelo quando o artista havia apenas 22 anos

 

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Mercurio Volante, em bronze, a obra mais célebre de Giambologna, realizada provavelmente em 1580

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Primeiro andar

Quando subimos as escadas para começar a explorar o primeiro andar do prédio nos deparamos com uma magnífica loggia, repleta de estátuas. No primeiro andar fica a Sala de Donatello com as obras mais famosas do artista fiorentino, as esculturas de Luca Della Robbia, as coleções de arte islâmica, as doações de Louis Carrand e a Capela com a efígie mais antiga da  Dante Alighieri, a Sala degli Avori e a Sala del Trecento. Outras peças que merecem atenção são os paineis de portas realizados por Filippo Brunelleschi e Lorenzo Ghiberti, chamados de Sacrifício de Isaac, fundidos em bronze. Ambos foram realizados no ano de 1401, quando participaram  da competição  para a decoração das portas do Batistério de São João em Firenze.

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A Loggia que fica no primeiro andar do museu

 

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Esta é a espetacular Sala de Donatello e das escultura dos anos 1400

 

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A família Della Robbia foi uma das mais importantes no cenário fiorentino dos séculos 15 e 16, especializados na técnica da terracota vitrificada. Ao centro, algumas das obras Luca Della Robbia

 

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Lucca della Robbia, Madonna con Bambino, 1441 – 1445, em terracota vetrificada

 

Donato di Niccolò di Betto Bardi, Donatello, nasceu em Firenze em 1386, considerado um dos pais do Renascimento, bem como um dos escultores mais célebres de todos os tempos.

 

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Davi em mármore, realizada por Donatello entre 1408 e 1410

 

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O Davi de Donatello em mármore é a primeira obra do artista

 

O Davi em bronze do artista Donatello, realizado  entre 1440/44

 

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Ao centro da sala a obra San Giorgio, a primeira obra-prima de Donatello, um maravilhoso exemplo de sua habilidade como escultor. A estátua havia sido colocada em um dos nichos da igreja de Orsanmichele, onde atualmente existe uma cópia

 

San Giorgio, de Donatello, considerada uma das obras-primas das esculturas do Renascimento dos anos 1400

Os outros espaços do primeiro andar são a Capella del Podestà, Sala degli Avori, Sala del Trecento e Sala delle Maioliche, Sala de Arte islâmica, com as doações de Louis Carrand,  um antiquário de Lyon, que em 1888 presenteou o Bargello com sua coleção de cerca 3 mil peças da Idade Média e do Renascimento, incluindo artes decorativas, joias, armas,  cerâmicas, tecidos e pinturas.

 

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Cappella del Podestà ou  Capela de Santa Maria Madalena,  com afrescos da oficina de Giotto, realizados provavelmente entre 1330 e 1337. A capela foi construída em 1280. Era local de oração para o  podestà (ou prefeito) e  posteriormente  a capela passou a ser usada como quarto onde os condenados à morte passaram sua última noite.

A Cappella del Podestà ou  Capela de Santa Maria Madalena. A  capela hospedava os condenados à morte que esperavam o suplício na época em que  o prédio transformou-se em prisão, em 1574.

Dante e Giotto  –  Na Capela do Podestà  está o mais antigo  retrato de Dante Alighieri, realizado por Giotto. Dentro do afresco do “Julgamento Final”,  o artista  e seus colaboradores realizaram os afrescos retratando  Dante Alighieri entre os abençoados.

 

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Bargello

 

Segundo andar

No segundo andar estão as principais coleções de obras-primas de Andrea, Luca e Giovanni della Robbia, com a famosa majorai envidraçada, as Sala dei Bronzetti, Sala di Verrocchio,  com esculturas de Verrocchio, Mino da Fiesole, Rossellino, Da Maiano  e Sala das Armas com peças do arsenal bélico com armas de origem medieval.

 

Da bodega de Giovanni della Robbia, terracota vitrificada (1515-1520)

 

Sala de Andrea Della Robbia, com 4 vãos, é dedicada às peças de terracota verificada realizada por Andrea Della Robbia. A família Della Robbia é muito conhecida pela arte da terracota esmaltada

 

A Sala das Armas. Esta seção do museu possui cerca de 2 mil peças, em sua maioria proveniente de arsenais dos Grãos-Duques Médici

 

A Sala dos Bronzes

Museo del Bargello

Via del Proconsolo, 4. – Firenze

Horários:

Diariamente , das 8h15 às 14 h (aos sábados abertura prolongada com fechamento às 18 ou 20 horas, dependendo do mês)

Dias de fechamento:

2º e 4º domingo de cada mês e  1ª, 3ª e 5ª segunda-feria de cada mês

Valor do bilhete:

Inteiro: 8 euros

Reduzido: 4 euros para jovens entre 18 e 25 anos com cidadania de um país da União Européia

Gratuidade:  para menores de 18 e maiores de 65 anos que tiverem cidadania de um país da União Européia

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