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Bate-volta de Firenze a Roma

Dedicar apenas 1 dia para visitar Roma vai te deixar com gostinho de quero mais. Definitivamente não basta só 1 dia na Cidade Eterna! A primeira vez que estive em Roma, há quase 20anos,  passei 1 semana e não conheci tudo o que deveria. Ah, como foi bom poder explorar a cidade com calma!  Mas claro que nem sempre é possível.

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Voltei à Roma outras vezes e continuo me surpreendendo com sua irretocável beleza.  Estive em Roma recentemente para emitir meu passaporte brasileiro, já que não é possível fazê-lo aqui em Firenze, e passei um dia inteiro na cidade. Muita gente que vem aqui pra Toscana me pergunta se vale a pena fazer um bate-volta para Roma. Acho que sim, principalmente se você sair cedo e voltar no final do dia. Opte pelo trem direto:  saindo da estação Santa Maria Novella até Roma Termini, a viagem dura 1h32 minutos. Vou dividir o meu dia com vocês dizendo o que consegui visitar.

Desembarquei em Roma na estação Termini e dali mesmo peguei um ônibus até as proximidades da piazza Navona, num percurso que durou menos de meia hora. O consulado  fica na Piazza di Pasquino.  Peguei a minha senha e como tinha muita gente na minha frente e não queria perder tempo, saí para dar uma volta nas redondezas.

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Nos arredores do prédio onde fica o consulado a gente se depara com cantinhos cheios de charme, muitas lojinhas, bares e cafés tradicionais.

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Depois de um cafezinho, fui fazer hora na Piazza Navona, que fica a uns 5 minutinhos do consulado.  Passei um tempo observando os vendedores de souvenirs, os moradores aposentados  – que pelo que pude perceber, se reunem ali diariamente para jogar conversa fora – e o grande vai-vem de turistas.

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A praça queridinha dos romanos. A piazza Navona é frequentada por intelectuais, artistas, jovens e muito amada pelas famílias romanas. Deixe-se envolver pela atmosfera do local!

A Praça Navona é  decorada com 3 fontes: a fonte do Mouro, fonte dos rios e fonte de Nettuno. Acolhe a ilha de Santa Inês, o Palácio Pamphili e a Embaixada Brasileira.

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A Fontana del Nettuno na Piazza Navona em Roma. A fonte foi realizada por Giacomo della Porta em 1575-76 e as esculturas por Antonio della Bitta e Gregorio Zappalà e foram colocadas em 1878

Adoro a energia dessa praça, circundada de bares e restaurantes com suas cadeiras posicionadas para a magnífica pizza Navona.

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Arredores da Piazza Navona. A praça é rodeada de ótimas cafeterias e sorveterias

 

Depois de me infiltrar entre os turistas locais e perambular por cada cantinho da praça voltei ao consulado, dei entrada nos documentos e me falaram que eu poderia retornar às 14 horas para pegar os passaportes. Come já era  horário de almoço, escolhi um restaurante ali perto para almoçar, voltei para pegar os passaportes e segui em direção ao Pantheon.

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É originalmente politeísta, já que seu arquiteto, Marcus Agrippa, dedicou-o a uma série de deuses. Mas ao longo de seus mais de 2 mil anos de existência teve outras serventias religiosas – desde o século 7 é um templo católico – e passou por diversas transformações, parte delas devido aos incêndios que afetaram a edificação

O Panteão (Pantheon) é o monumento mais bem preservado da Roma Antiga, considerada uma obra da engenharia sem igual, com a maior cúpula de alvenaria jamais construída.  A entrada é gratuita.

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O templo e seu imenso salão circular

Depois do Panteão continuei a pé em direção à  Fontana de Trevi,  que é a maior fonte barroca da cidade.  A fonte passou por alguns restauros e o último foi em novembro do ano passado e está mais bela do que nunca!

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Beleza que impressiona! Construída em 1762, a fonte é feita em mármore travertino e mármore de Carrara e é um dos maiores símbolos da Cidade Eterna

Uma das atrações mais disputadas é a Fontana de Trevi, sempre muito lotada de turistas. Segundo a lenda, jogando uma moedinha na fonte você garante o seu retorno à cidade. E na dúvida todo mundo segue à risca!

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Admirável a grandiosidade e beleza de alguns monumentos, como a Fontana de Trevi, cenário de famosa cena do filme de Fellini, La Dolce Vita

Continuei meu passeio passando pelo imponente Altar da Pátria, construído em honra à Vittorio Emanuele II, o primeiro rei da Itália (que foi unificada em 1861).  De uma imponência quase assustadora, o monumento é controverso desde a sua construção,  pois foi necessário destruir grande parte do monte Capitolino, que guardava vestígios medievais para a sua construção. A atração tem um elevador panorâmico que leva até o terraço do prédio onde é possível apreciar diversas atrações da cidade.

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O Monumento à Vittorio Emanuele foi inaugurado em 1911 mas a conclusão deu-se em 1935. A obra de 70 metros de altura é de mármore branco Botticino e dentre os apelidos que já recebeu estão elefante branco, máquina de escrever e bolo de casamento

A 5 minutos a pé do Vittoriano, estão o Coliseu e Fórum Romano, os  marcos do Império Romano. Apenas passei pelas atrações pois já havia visitado as 2 e o meu tempo começava a ficar mais apertado.

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O Coliseu foi construído entre os anos 70 e 90 d.c. e é uma das 7 maravilhas do mundo moderno

O imponente Coliseu, ou Colosseo, é o maior símbolo de Roma.  Neste enorme anfiteatro eram organizadas lutas entre gladiadores e animais selvagens, como leões e leopardos e também rinocerontes, elefantes e crocodilos. Sua arena é de 85 por 53 metros e as lutas e os combates que aconteciam no local levavam o público ao delírio. Podia acomodar entre 45 e 55 mil espectadores. No começo da Idade Média o edificio deixou de ser usado para entretenimento passando a ser utilizado para habitação, oficina,  sede de ordens religiosas e templo cristão. Visitar o local e relembrar a sua história é emocionante! A entrada é grátis no 1º domingo do mês.

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O Coliseu, maior símbolo da cidade de Roma foi construído no período da Roma Antiga . Atualmente restam 2/3 da sua estrutura original

 

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Pertinho do Coliseu fica o Arco de Constantino, inaugurado no ano de 315

 

Ruínas do fórum  – Este era o mais importante centro comercial da Roma Imperial e onde também funcionam os principais prédios burocráticos da cidade. Foi durante muitos séculos o centro da vida pública de Roma. Este era o local de cerimônias,  eleições,  debates, processos criminais e mercado.

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Depois de passear por esta região que abriga tanta riqueza da Antiguidade Romana,  solicitei o serviço dos rapazes que trabalham com as bicicletas e pedi que me levasse até a Piazza di Spagna. Paguei 10 euros e o percurso durou uns 10 minutos.

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Elegante, com lojas de grifes nas proximidades, a via dei Condotti, é a 5ª avenida de Roma

Piazza di Spagna é outra praça que desperta fascínio. Na primavera e no verão as flores ornam as escadarias e é um verdadeiro espetáculo! Mas devido aos trabalhos de restauração este ano a escadaria não vai ganhar flores.  Mas o cenário é belíssimo de qualquer jeito! A minha visita a esta maagnífica e mágica cidade terminou aqui na piazza di Spagna, de onde peguei um táxi para estação de trem para retornar para Firenze.

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No alto, a igreja Santissima Trindade dos Montes. e a fonte da Barcaccia (Barcaça) devido ao formato , em estilo barroco

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E pra vocês, quais são as atrações imperdíveis na bela Roma?

 

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A street art de Clet

Quanta coragem uma pessoa precisa ter para entrar no museu Uffizi – sem que os seguranças percebam – com o próprio autorretrato debaixo do braço e pendurá-lo na parede de uma de suas salas? Pois o artista contemporâneo Clet Abraham o fez. Ele me contou que há cerca de 5 anos entrou na Galleria Uffizi e colocou a sua pintura na parede, que no momento estava vazia depois que uma obra de Bronzino havia sido retirada para exposição em outro local. Antes de ir embora ele ainda tirou uma foto para registrar a brincadeira, que só foi percebida no dia seguinte. Assim é Clet: um provocador. Ele quis chamar a atenção para os artistas que vivem e trabalham em Firenze.
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O pintor e escultor Clet Abraham é francês e vive na Itália desde 1990.  Depois da graduação em Belas Artes na França,  escolheu Roma para atuar como restaurador de móveis mas descobriu na street art a sua paixão.  Desde 2006 vive em Firenze, onde montou seu studio numa esquina do bairro de San Niccolò, nas redondezas do Piazzale Michelangelo.
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As simpáticas intervenções nos sinais de trânsito

Clet é conhecido em toda a Europa por modificar os cartazes estradais aplicando adesivos cheios de humor nas placas. Mas que fique claro: sempre respeitando o real sentido das placas e sem colocar em risco a segurança das estradas. A placa preferida é a vermelha com um traço branco na parte central, que significa sentido proibido.
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Suas obras estão espalhadas em diversas cidades européias e também nos Estados Unidos, por enquanto em Nova York. Já tem planos de modificar alguns cartazes no Canadá, pois em setembro estará visitando seu irmão em Quebec, e informa que vai levar pra lá também o seu trabalho. Ainda não esteve no Brasil mas disse que tem muita vontade.
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Seu objetivo maior é provocar. Tenta transformar os cartazes em mais humanos em mensagens de liberdade e anti-conformismo

Os adesivos são fixados geralmente nos finais de semana, depois que deixa os restaurantes, lá pelas 11, meia-noite ou 1 da manhã. Num gesto que dura poucos minutos, ele usa a sua bicicleta para conseguir alcançar as placas e voilà… mais um cartaz modificado, sempre sob o olhar cúmplice da namorada, a japonesa Mami Urakawa. Inclusive ela foi presa ano passado em Osaka pois no Japão é crime ter um relacionamento com um artista de rua. Mami também foi acusada de ter ajudado Clet a alterar mais de 80 cartazes no Japão, onde estavam passando temporada. Clet retornou à Italia mas sua namorada passou 4 meses na cadeia.
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Nem mesmo aqui na Itália o trabalho de Clet é completamente aceito e o artista coleciona diversas multas por violação de bens públicos.  Mas há esperança para que as coisas melhorem. Há poucos dias Clet encontrou-se com o prefeito de Firenze Dario Nardella e parece que finalmente fizeram as pazes. Sobre conseguir livrar-se de todas as multas que acumula é ainda um capítulo a parte, mas ao menos o prefeito admitiu que a sua arte não é vandalismo. Curiosamente, 2 prefeituras contrataram seu trabalho e ele tornou mais simpáticas e coloridas as placas das localidades de Calenzano e Dicomano,  que pertencem à província de Firenze.

 

Estive em seu ateliê para saber um pouco mais sobre a sua ousada atividade:

 

1- Desde quando você conseguiu o direito de fazer as intervenções nos cartazes sem problemas? Quero dizer, desde quando seu trabalho foi aceito pelas autoridades?
Na verdade não aceitam totalmente o meu trabalho. A prefeitura sim, mas a polícia não. Mas as pessoas adoram e me dão muito apoio, apesar de existirem algumas forças que são contrarias: a justiça e a polícia. As forças obscuras que estão por trás da SAS (Società alla Strada) não aceitam de jeito nenhum. Eles não apenas tiram os adesivos, mas retiram os cartazes com os adesivos e os substituem. Eu ja pedi o meu trabalho de volta mas eles não devolvem. E isso acaba tendo um custo alto pra eles, pois recolocam um cartaz novo.
2 – Mas os policiais passam diariamente em frente às placas com seu trabalho e não o retiram.
Há 2 semanas enquanto eu estava perto da Ponte Vecchio e estava colocando o adesivo o policial pediu que eu não alterasse o cartaz. Eu não obedeci e continuei meu trabalho. Acabo de passar lá e vi que o cartaz continua no mesmo lugar.

3 – Qual a mensagem que quer transmitir através da sua arte?
É uma mensagem multipla. Primeiro que a lei não é religião, não deve ser uma imposição. Eu sou contra todo tipo de imposição. A lei é sempre atrasada. A lei devia ser um ponto de referência e não uma coisa imposta. A partir do momento que precisamos obedecer perdemos a nossa capacidade intelectual.

4-Como surgiu o convite para fazer uma intervençao em um dos mais importantes predios de Siena, em plena Piazza Maggiore?
Siena estava concorrendo para ser a capital da cultura e me convidaram para fazer um trabalho no Palazzo . Ficou cerca de 1 mês.

5- Eu acho o fiorentino um pouco tradicionalista e imagino que resista um pouco em aceitar a sua arte. É desse jeito? Qual a idade média dos seus maoires admiradores?
O fiorentino é muuuito tradicionalista. A faixa etária que mais aprecia o meu trabalho é de pessoas entre 25 e 35 anos. Mas o que me deixa muito feliz é ver o nonno que traz o netinho aqui para admirar o meu trabalho. É uma grande satisfação quando percebo que a minha arte agrada a gerações diferentes.

 

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Os cartões-postais e os adesivos são vendidos em seu atelier por 1 euro. A loja fica na Via dell’Olmo, 8 r, em San Niccolò no Oltrarno

 

Clet também adquire cartazes estradais diretamente das empresas que os produzem e utiliza os mesmos motivos das intervenções que faz nas placas de rua. Obviamente essa é uma atividade regularizada. Portanto, você também pode ter em sua casa ou studio uma obra assinada pelo artista.

 

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Esta loja que fica na via della Spada vende alguns dos trabalhos do artista. As placas estão em torno de 5 mil reais

 

Alguém já tinha reparado essas intervenções em alguma cidade européia ou em Nova York?

 

O Corredor Vasariano de Florença

65 anos após o descobrimento do Brasil, inaugurava-se em Firenze uma das mais curiosas e interessantes obras arquitetônicas da Itália: o Corredor Vasariano, uma passagem secreta que era utilizada pela poderosa família Medici para se deslocar do Palazzo Pitti ao Palazzo della Signoria, também conhecido como Vecchio. A passagem,  que abrigava a maior coleção de autorretratos do mundo, tem aproximadamente 1 Km.

Fechado em 2016, o Corredor Vasariano tornará a fazer parte integrante da estrutura do Museu Uffizi e reabre dia 21 de dezembro de 2024.  Eu tive o privilégio de visitar o corredor antes do seu fechamento, quando era decorado por mais de 600 obras, entre coleções de pinturas dos séculos 17 e 18 e uma grande coleção de autorretratos, iniciada pelo cardeal Leopoldo Medici, em 1664.

 

O Corredor Vasariano é um dos indicadores do poder e prestígio da família Medici, que construiu sua própria maneira de chegar ao centro administrativo da cidade de forma segura, sem precisar de escolta para se deslocar

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O corredor passa sobre a Ponte Vecchio, a única ponte de Firenze poupada pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial

 

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A Galleria degli Uffizi (Galeria dos Ofícios em português) é o mais importante museu de Firenze. Abriga verdadeiros tesouros das época do Renascimento, o mais rico período cultural da Europa

 

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É possível observar o corredor da rua através de suas minúsculas janelas. Na verdade existem no local 73 janelas que serão “reabertas”, pois muitas foram obscurecidas para proteger as pinturas. Os visitantes poderão admirar a  beleza do centro histórico a partir da famosa passagem secreta

 

A história do Corredor Vasariano  e sua coleção de autorretratos
O corredor foi construído por exigência de Cósimo I, um dos membros da abastada família e então Grão-Duque da Toscana, que buscava uma forma de interligar o Palazzo Vecchio – o centro político e administrativo  da cidade – ao Palazzo Pitti,  que havia sido adquirido por Eleonora di Toledo, esposa de Cosimo,  para ser a residência privada dos Medici. Ele queria mostrar seu prestígio na ocasião do casamento de seu filho Francesco com Giovanna D’Austria.  A incumbência da construção ficou a cargo do arquiteto Giorgio Vasari, que em tempo recorde – em menos de 6 meses – conseguiu concluir a obra, que ficou pronta em dezembro de 1565.
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A Ponte Vecchio era ocupada por bodegas, peixarias e açougues. Em setembro de 1593, o grão-duque Ferdinando I exigiu que esse mercado que acontecia na ponte fosse transferido para outro local para evitar o mau cheiro que causava.  Os açougues foram substituídos por bodegas de ourives, que até hoje caracterizam o local. Para quem não sabe, a Ponte Vecchio possui exclusivamente joalherias.

 

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A abertura das janelas foi realizada em 1938, por ordem de Benito Mussolini. Ele queria possibilitar o ditador Hittler admirar a cidade durante a sua visita

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O acesso ao corredor é por uma das entradas da Galeria Uffizi

O corredor secreto tem cerca de 1 Km. Ladeia o Arno e passa sobre a Ponte Vecchio, quase inobservado. O corredor parece integrado aos prédios e às torres da área e passa inclusive por uma igreja e circunda a Torre de Mannelli, pois ao contrário dos outros proprietários que foram desapropriados para a construção do corredor, a família se recusou a demolir a torre.
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Aqui a nossa guia Giulia, da Florence Town, que nos acompanhou no percurso ao corredor, que durou cerca de 1 hora. Uma guia do museu também segue todos os grupos que visitam o local

 

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A família Medici utilizou o corredor por cerca 200 anos. Com a chegada da   família Lorena e com o Pacto de Família, que sucedeu os Medici, o corredor torna-se um local público, e perde a sua função de passagem particular

É claro que não haviam quadros enfeitando as paredes no local quando foi criado, já que era apenas utilizado como passagem.  A coleção foi iniciada pelo cardeal Leopoldo Medici, em 1664.  No corredor haviam expostas mais de 600 obras, entre autorretratos de artistas italianos e estrangeiros, desde o século XVI.
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A exposição de autorretratos do Corredor Vasariano

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O corredor passa também por dento da igreja de Santa Felicità . A família Medici assistia à missa através de um balcão com vidro, sem ser vista ou incomodada pelos fiéis

 

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Para quem é fã das obras de Dan Brown deve lembrar: Em “Inferno” é pelo corredor que os personagens Robert e Sienna escapam

 

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Todas as obras do corredor foram retiradas do local em 2016

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O Corredor Vasariano passa em volta da Torre dei Mannelli, que foi poupada durante a obra construída por Vasari

 

O Corredor Vasariano faz parte da Galleria degli Uffizi e o acesso é através de uma das entradas do museu. Antes de visitarmos o Corredor Vasariano passamos por algumas salas do museu.

 

Porque o Corredor Vasariano foi fechado

Desde o mês de maio de 2016 o corredor Vasariano tem sido alvo de discussões e polêmica (normal em se tratando de arte envolvendo a cidade de Firenze, seus patrimônios e seus cidadãos) devido à decisão do diretor do museu Eike Schmidt de tornar acessível o ingresso a todos os visitantes do museu Uffizi e a um preço mais acessível. Explico melhor: conhecer o corredor era um verdadeiro privilégio, já que para visitá-lo era necessário agendar com bastante antecedência devido ao número super limitado de dias de abertura.
A visita ao corredor era acessível apenas através de operadores turísticos e agências de viagens, com grupos fechados e guiados, com extrema segurança, a valores mínimos de 45 euros por pessoa (segundo informou o diretor do museu, mas na prática os preços que encontramos são quase o dobro deste valor). Ah, fora que a lista de espera era muito longa.
O diretor do complexo de museus quer oferecer aos visitantes a possibilidade, e não a obrigatoriedade, de passar através do Vasariano para chegar até o Palazzo Pitti com o mesmo bilhete que os visitantes adquirem para visitar o museu Uffizi, o principal  museu renascentista do mundo. Para conseguir esse feito seria necessário deslocar a coleção de autorretratos expostos no local para o interno dos prédios do museu Uffizi. Outra questão que foi levantada que justificaria o deslocamento dos autorretratos é em relação às condições climáticas a que as obras estão sujeitas: frias temperaturas de inverno e altas durante o verão. Mas existem alguns poréns que freiam a decisão do diretor, como a dificuldade em relação às saídas de emergência para um possível fluxo tão intenso de pessoas.  O custo das obras é estimado em 10 milhões de euros.
O novo percurso será acessível a pessoas com deficiência e será equipado com sistema de rampas , plataformas, elevadores e toiletes.   Terá sistema de ar condicionado e aquecimento e iluminação LED a baixo consumo.
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A nova da abertura do corredor está prevista para 2022, só que os quadros que decoravam o local foram retirados e expostos em outros locais e alguns ainda estão no depósito. A previsão é de que no máximo 125 pessoas poderão estar contemporaneamente no local

O Museu Uffizi
A Galleria degli Uffizi foi projetada pelo arquiteto Giorgio Vasari, que iniciou as obras em 1560. O museu, que  abriga a maior acervo renascentista do mundo, abriu suas portas ao público em  1769. Abriga a coleção criada pela família mais influente de Firenze, os Medici, uma família de mecenas que governou a cidade por mais de 3 séculos.

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As novas salas Caravaggio foram re-inauguradas em feveriro de 2018

 

A coleção de autorretratos do Museu Uffizi foi iniciada pelo cardeal Leopoldo de’ Medici em 1664 é a mais antiga existente, totalizando quase 1800 obras. As do Corredor Vasariano também ajudam a engrossar esse número, com suas 527 obras.

 

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O museu Uffizi tem cerca de 50 salas e ambientes, com obras de artistas italianos e estrangeiros dos século 12 ao 18. Reúne obras de artistas como: Rafael, Michelangelo, Botticelli, Da Vinci, Rembrandt, Caravaggio, Tiziano e Piero della Francesca.
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A Tribuna, realizada por Bernardo Buontalenti em 1584, é a sala mais antiga do museu

 

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Um dos quadros mais famosos da Galeria Uffizi: “O Nascimento de Vênus” , de Sandro Botticelli

 

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“A Primavera”, de Botticelli

 

A visita ao Corredor Vasariano termina nos jardins do Palazzo Pitti, no Oltrarno.

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O acesso ao Corredor Vasariano é através dessa portinha cinza, à esquerda, ao lado da Grotta del Buontalenti

 

Participei do tour organizado pela Florence Town.

 

Museu Uffizi – para informações sobre horários e valores, consulte o site oficial

 

Este post faz parte da blogagem coletiva #MuseumWeek de blogueiros da RBBV. Confira aqui outros blogs que estão também participando:

 

Europa

Alemanha

Tá indo pra onde? – Berlim- Ilha dos museus

Viajoteca – 5 museus inusitados em Berlin

Pelo Mundo Com Vc – Museu do Holocausto ou Memorial aos Judeus Mortos da Europa

Já Fomos – Visitando o Campo de Concentração em Dachau

Pequenos pelo Mundo – Museus de  Automóveis na Alemanha

A Li na Alemanha – Museu Mercedes-Benz

Bulgária

Escolho Viajar – Museu Nacional de História Militar

Croácia

Rodinhas nos Pés – Museu Croata de Arte Primitiva

Espanha

Virando Gringa- Museo Atlantico

Comendo Chucrute e Salsicha – Museo de Artes y Costumbres Populares de Sevilla

Esto Es Madrid, Madrid – Museo de Altamira

Sol de Barcelona- Barcelona

França

Viagem Lado B –  Museè D’Orsay

A Path to Somewhere – Centre Pompidou

Destinos por onde andei… – Louvre

Direto de Paris – Musée Rodin

SOSViagem – Museu do Louvre X Museu d’Orsay

Apure Guria – Antigo Egito no Museu do Louvre

Grécia

Viaje Sim! – Museu Arqueológico de Delo

Fourtrip – Museus de Atenas

Holanda

Novo Caroneiro – Sexmuseum

Hungria

Juntando Mochilas –  Museu do Terror

Irlanda

The Life of isa – 4 museus gratuitos em Dublin

Itália

Roma Pra você – Galleria Borghese

Passeios na Toscana –Palazzo Pitti

Vou pra Roma –Museus do Vaticano

Malta

Viagens Invisíveis – Palácio dos Grandes Mestres e Armaria

Reino Unido

No Mundo da Paula –Museum of London

Vamos Viajar – British Museum

Segredos de Londres – Victoria and Albert Museum

Mochilão Barato – Madame Tussauds

República Tcheca

Trilhas e Cantos –Museu do Comunismo

Rússia

Love and Travel- Hermitage Museum

Viajei Bonito – Museu da Vodka

Suécia

Viajar pela Europa – Museu Vasa de Estocolmo

Suíça

Carta sem Portador – Martigny 

Turquia

Travel with Pedro –  Istambul

 

Geral

A Fragata Surprise: Casas-museus. A vida cotidiana de gente muito especial 

Despachadas: 5 museus interativos ao redor do mundo

D&D Mundo Afora – Museu do Mazzaropi, Museu do Forró Luiz Gonzaga, Museu do Barro, Dreamland – Museu de Cera, Mundo a Vapor, Museu Regional, Museu de Artes e Ofício, Museu da Vale e Museu Histórico do Exército

 

América do Sul

Argentina

Sonhando em Viajar – Buenos Aires 

Brasil

Coisos on the go –Inhotim

E aí, Férias! – Museu Imperial

Outro blog –Museu do Amanhã

KariDesbrava – Museu Nacional de Belas Artes

O Melhor Mês do Ano – Museu do Futebol

Cantinho de Ná –Museu do Frevo

De Cá Pra Lá –Museu Palácio dos Bandeirantes

Viagens que Sonhamos – Fundação Iberê Camargo

Orientando-se pelo Mundo – Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil

Nativos do Mundo – Museu da República

Atravessar Fronteiras –CCBB – DF

Embarque neste blog –Museu Casa Guilherme de Almeida

Vida de Turista- Museu de Ciências e Tecnologia da PUC-RS

Mel a Mil pelo Mundo –Museu Julio de Castilhos

Rodando pelo Ceará – 5 Museus Incríveis para Conhecer no Ceará

Devaneios de Biela – Museu Oscar Niemeyer (Museu do Olho)

Tirando Férias –Museu de Zoologia da USP

Viagem em Detalhes – Museu Catavento – Espaço Cultural da Ciência

EstrangeiraCidade: Alcântara –  Museu Histórico de Alcântara (MA)

Viajar hei- Os melhores museus para levar as crianças entre Rio e São Paulo.

Chile

Gastando Sola Mundo Afora-  Museo Chileno de Arte Precolombino

Peru

De Mochila e Caneca- Museu da Inquisição

 

América do Norte

Estados Unidos

Família Viagem – Museu: Fernbank Museum of Natural History

Janela para o Mundo – Museu: Graceland

RenataPereira.tv- Bibliotecas e Museus presidenciais nos EUA, com foco para o Lyndon Johnson Presidential Library and Museum

Aquele Lugar-Museu do Ar e Espaço

Fica Dica Viagens –  Vizcaya Museum

Casal Califórnia – Museus no Balboa Park

Malas e Panelas – The Broad Museum

Felipe, o pequeno viajante- Museu de Anchorage, Alaska

Ideias na mala – Melhores Museus de San Francisco

México

Viagem de Fuga –  Museu Frida Kahlo

Viviendo en el México Mágico!- Museo Nacional de Antropologia

Uzi Por Aí – Museu Soumaya

Eu sou à toa- Casa-museu de Frida Kahlo e Casa-estúdio de Diego Rivera

 

Asia

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Like Wanderlust – Museu Qin e os Guerreiros de Terracota

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Blog: Coordenadas do mundo –Museu de Arte Contemporânea

 

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  • P0st atualizado em dezembro de 2024

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7 maravilhas da Toscana que são Patrimônio Unesco

A Toscana é uma das regiões mais amadas e fascinantes da Itália. É um pedacinho da Itália que reúne riquezas históricas, artísticas, culturais e arquitetônicas únicas no mundo. Vamos descobrir os Patrimônios Unesco da Toscana?

 

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A Itália possui o maior número de locais Patrimônio UNESCO do mundo!  Dos 55 lugares, 7 encontram-se aqui  na Toscana. Apresento pra vocês esses 7 lugares da Toscana que foram declarados pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) Patrimônio Mundial da Humanidade.  São locais que possuem importância artística, cultural, religiosa, documental ou estética para a sociedade. Desde cidades de arte como tranquilos burgos medievais que preservam tradições seculares, tive o privilégio de conhecer todos agora apresento pra vocês:

 

1 – Centro histórico de Firenze – 1982

O centro histórico de Firenze, capital e maior cidade da Toscana, foi o primeiro local da Toscana a ser considerado Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco, há quase 35 anos . Berço do Renascimento,  Firenze é historia, arte, tradição e cultura. O centro abriga a maioria das principais metas turísticas, como museus, igrejas, edifícios e jardins, com destaque para a Catedral Santa Maria del Fiori,  Palazzo Pitti,  Palazzo Vecchio e a Galleria deli Uffizi, apenas para citar alguns.

 

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A Ponte Vecchio, um dos símbolos de Firenze, uma das pontes que atravessam o rio Arno, no centro histórico

 

2- Piazza dei Miracoli de Pisa – 1987 

A Piazza dei Miracoli, ou praça do Duomo, com a Torre Pendente domina o cenário da pequena cidade de Pisa, famosa em todo o mundo graças à sua excêntrica torre inclinada, localizada ao lado da magnífica catedral. É uma área grande, com os extraordinários monumentos  como a Catedral, a Torre Pendente, o Bastitério e o Camposanto. A catedral é considerada uma ópera de arte do estilo românico.

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A torre, que tem mais de 55 metros, começou a inclinar-se logo no início de sua construção, em 1173. A construção, de 8 andares, terminou em 1350. Ela começou a se inclinar durante a construção do 3º andar devido ao afundamento do terreno

 

3- Centro histórico de San Gimignano – 1990

Essa gracinha de cidade, na província de Siena,  tem menos de 8 mil habitantes e exerce grande fascínio sobre seus visitantes!  Devido ao seu ritmo pacato e à sua beleza arquitetônica constituída por suas torres medievais, San Gimignano é um dos destinos preferidos dos turistas que visitam a Toscana. Conhecida como a Manhattan da Idade Média, o burgo está praticamente intacto desde o século 13.  Atualmente existem 13 torres na cidade. Dizem que em 1300 já existiram 72, que era número equivalente ao número de famílias abastadas, que mostravam poder através das construções. É um lugar autêntico e que conta com uma grande vantagem: fica na metade do caminho entre Firenze e Siena.

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San Gimignano e suas torres, o fascínio de épocas passadas

4- Centro histórico de  Siena – 1995

Siena é uma cidade medieval que soube conservar através dos séculos muito de suas características passadas. A cidade exerceu forte poder no campo das artes e arquitetura no período medieval. Seu centro histórico é circundado de um muro de 7 Km (dos século 14 e 15), cujo percurso segue a forma das colinas sobre as quais surge a cidade. No centro histórico de Siena está a esplêndida piazza del Camp, uma da praças mais lindas do mundo. Com sua forma de concha, abriga ao seu redor a Torre del Mangia e o Palazzo Pubblico. Não deixe de visitar também o Duomo de Siena, com obras de arte de artistas como Michelangelo e Donatelllo.

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5- Centro histórico de Pienza – 1996

Pienza, com suas ruelas estreitas ornamentadas por casas de pedra enfeitadas com vasinhos de flores, é um charme. A impressão é de que nada ali seja real. Mas é! Impossivel não cair de amores pelo lugar! O centro guarda obras renascentistas do arquiteto Bernardo Rossellino, que idealizou e transformou o burgo medieval em modelo de cidade ideal do Renascimento, graças à vontade do Papa Pio II, que em 1462 encomendou o projeto.  Pienza é a terra do famoso queijo pecorino e um dos burgos mais encantadores da Toscana. Pienza fica ao sul da Toscana, na região do Val D’orcia.

Pienza

A vontade do Papa Pio II era transformar Pienza na cidade ideal do Renascimento, como símbolo ideal de perfeição arquitetônica e renascentista

 

6 – A região de Val D’orcia – 2004

A natureza nessa região, que fica entre Firenze e Siena, mais parece uma pintura!  É exatamente aqui que você vai poder apreciar aquela paisagem das verdes colinas, com ciprestes, oliveiras, videiras e aquelas casinhas isoladas que te vêm em mente quando se escuta falar da Toscana. Graças ao excelente estado de conservação da paisagem natural, o Val D’orcia recebeu o título de Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 2004.  O território,  que fica próximo à região da Umbria,  influenciou pintores da Scuola Senese durante o Renascimento,  (séculos 13 a 15).  Num passeio pela região, que engloba cidades como Pienza, Montalcino, Montepulciano, Bagno Vignoni e Montecchiello, que é um minúsculo burgo proximo à Pienza:

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Montalcino, terra do famoso vinho Brunello. Lugar de perfeita harmonia entre o homem e a natureza

 

Pienza

A pitoresca Pienza

 

San Quirico D'Orcia

San Quirico D’orcia mais parece uma pintura… um colírio para os olhos!

 

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As termas do burgo de Bagno Vignoni, cidade que fica bem pertinho de Pienza. Em breve no blog um post inteirinho dedicado ao local

 

7 – As villas e os jardins dos Medici, como Boboli, Pratolino e Vaglia – 2013

Há apenas 3 anos, 12 villas (casas residenciais) e 2 jardins que pertenciam à influente e prestigiosa família Medici, foram declarados pela Unesco Patrimônio da Humanidade.  Essas vilas e jardins, que eram locais dedicados ao lazer, à arte e ao conhecimento, foram construídos entre os séculos 15 e a primeira metade do 18 e representam um sistema de construção rural em total harmonia com a natureza.  Aqui vai a relação de todos locais, espalhados por diferentes pontos não apenas da cidade de Firenze como em outros locais da Toscana, onde cada tem a sua própria historia:  Castello del Trebbio, Villa di Cafaggiolo, Villa di Careggi, Villa Medici di Fiesole, Villa di Castello, Villa di Poggio a Caiano, Villa della Petraia, Giardino di Boboli, Villa di Cerreto Guidi, Palazzo di Seravezza, Giardino di Pratolino, Villa la Magia, Villa di Martimino e Villa del Poggio Imperiale.

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Giardino di Boboli, em Firenze

 

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O Giardino di Pratolino, que fica a poucos quilômetros de Firenze

 

A Toscana é ou não é uma terra surpreendente? Vocês já estiveram em algum desses lugares que são Patrimônio Unesco?

 

 

A Basílica de Santa Maria Novella

Uma das atrações mais visitadas em Firenze é a Basílica de Santa Maria Novella, localizada na praça homônima, no centro histórico de Firenze, que reúne obras de arte e objetos históricos do setor da pintura,  escultura e arquitetura. A igreja foi consagrada em 1420, com a fachada ainda incompleta, que foi finalizada apenas em 1470 pelo arquiteto Leon Batista Alberti.

 

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Complexo de Santa Maria Novella: da arquitetura gotica à renascentista

 

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A entrada do convento

 

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No pátio do convento, o chiostro Verde, lugar de paz e serenidade

Visitei o local com um grupo de instagrammers de toda a Toscana. Começamos a nossa visita no convento, anexo à igreja, onde funciona o museu.  No pátio de entrada fica o grandioso claustro verde, todo arborizado, que colega os outros ambientes, como o Claustro dos Mortos, a Capela dos Espanhóis, o Refeitório e a Capela degli Ubriachi .

 

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O Chiostro Verde, com afrescos de Paolo Uccello

 

Uma das salas mais bonitas é a Sala Capitular ou Cappellone degli Spagnoli, com afrescos realizados por Andrea di Bonaiuto entre 1367 e 1369

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Sequência de fotos: Cappellone degli Spagnoli , buraco da fechadura do portão que dà acesso ao jardim onde funciona em anexo a perfumaria Santa Maria Novella e na última foto afresco do antigo refeitório dos frades

Depois da visita ao convento foi hora de explorarmos a magnífica igreja,  com suas diversas capelas, que guardam tesouros artísticos realizados por Giotto, Masaccio, Filippino Lippi, Brunelleschi e Ghirlandaio.

 

A Catedral de Santa Maria Novella

Essa catedral é a principal igreja dominicana de Firenze. O assentamento dos dominicanos em Santa Maria Novella remonta a 1219, quando San Domenico enviou doze monges de Bolonha, que em 1221 obtiveram a sede.   Foi construída no local onde funcionava a pequena igreja Santa Maria Delle Vigne, assim chamada pois  ficava num terreno com plantações de uvas,   daí o nome Vigne (vinhedos). Os dominicanos decidiram constuir uma nova igreja e um convento em anexo.  Em 1279 a primeira pedra foi solenemente colocada. A construção, que começou no século 13 , terminou por volta de 1360, quase 100 anos depois. Mas a fachada só foi completada em 1470. Para completá-la, Giovanni Rucellai, comerciante e humanista, encomendou os trabalhos à Leon Battista Alberti. A igreja, até então construída em estilo gótico, foi transformada em um esplêndido exemplo de românico toscano graças ao uso de mármore branco, verde e preto e uma escolha cuidadosa das proporções dos elementos. Feita em mármore,  é uma das mais importantes obras do Renascimento fiorentino, mesmo tendo sido iniciada precedentemente.

 

 

Na fachada elementos que simbolizam a união das famílias Medici e Rucellai

 

Entre 1572 e 1575, o cosmógrafo Ignácio  Danti (1536-1586) instalou três instrumentos astronômicos na fachada da Basílica de Santa Maria Novella para realizar  novos cálculos astronômicos destinados ao projeto de reforma do calendário juliano. Danti estava convencido de que o calendário  exigia uma revisão completa. Na foto, a  base de mármore do quadrante astronômico que possuía relógios solares

 

 

Bem ao centro da igreja a obra Crucificação, realizada provavelmente entre 1288 e  e 1289 por Giotto, considerado o precursor do Renascimento e o primeiro pintor moderno. É impressionante a quantidade de tesouros artísticos e obras de arte que o local abriga. São afrescos ainda do período gótico como também do início do Renascimento.

 

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Ao centro da igreja, a magnífica obra do artista Giotto, Crocifisso

 

A beleza da obra consiste no realismo do modelo  do Cristo que não é idealizado, como vemos na arte bizantina, mas fiel à realidade.  O crucifixo de Giotto é considerado uma obra fundamental para a história da arte italiana, pois o artista explora e inova a iconografia de Cristo, com seu corpo abandonado.

 

 

  Passeios em Firenze em português, saiba mais clicando aqui

 

A Cappella Filippo Strozzi, entre as Capelas Bardi e Tornabuoni, com afrescos realizados por Filippino Lippi, iniciados no final dos anos 1480 e concluída por volta de 1502. Esta foi a última série de pinturas realizadas do artista

 

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No interior da igreja está a última obra conhecida de Masaccio, o afresco la Trinità, produzida possivelmente entre 1426 e 1428 e considerado por muitos a sua obra-prima. Masaccio foi um dos primeiros pintores a usar a perspectiva linear

 

A Cappella Maggiore, ou Cappella Tornabuoni, que fica atrás do altar,  é a maior capela e repleta de afrescos de Ghirlandio e Bottega (realizados entre 1495  e 1490).

 

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A Cappella Maggiore, a que mais chama a atenção devido aos seus vitrais coloridos, fica na parte central da igreja, atrás do altar

 

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Ghirlandaio pintou sobre as paredes a história dedicada à vida da virgem Maria e passagens do evangelho e de San Giovanni Batista (São João), padroeiro de Firenze

 

Os vitrais da Cappella Maggiore

 

A Sacristia

Na Sacristia, o lavabo realizado por Giovanni della Robbia, 1499

Horários e valores:

Os bilhetes custam € 7.50 e a visitação pode ser feita de segunda à quinta, de 9 às 19 e  às sextas entre 11 e 19, aos sábados entre 9 e 17h e aos domingos entre 13 e 17:30.  Os horários podem sofrer alterações de acordo com o período do ano. Para evitar contratempos, confira  no site os horários.

 

Cenário encantador! A praça Santa Maria Novella em foto que fiz ano passado, na primavera. Quem visita Firenze entre abril e setembro provavelmente poderá testemunhar esse espetáculo

 

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Na porta da igreja Santa Maria Novella, erguida entre os séculos 13 e 14, o grupo que participou do evento (foto Tuscanybuzz)

 

Existem dois obeliscos na praça, realizados provavelmente por Giambolonha na segunda metade do século 16, sob encomenda de Cosimo I de’ Medici. Os obeliscos serviam para delimitar a área onde  acontecia o “Palio dei Cocchi”, uma corrida com charretes que eram puxadas por dois cavalos e que começou a ser realizada na praça em 1563

 

Visitei o local num evento organizado pela Tuscanybuzz, numa iniciativa da Opera per Santa Maria Novella, em companhia de quase 50 pessoas, entre bloggers e apaixonados por fotografia.

 

Dica: reserve um tempinho para conhecer também a Perfumaria Santa Maria Novella que fica bem próxima à igreja, na via della Scala, que tem sua história relacionada ao plantio de ervas pelos frades dominicanos.

 

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Um passeio por Borgo Ognissanti, em Firenze

Em minha opinião a Borgo Ognissanti é uma das ruas mais características de Firenze. É uma rua curta, paralela ao rio Arno e repleta de lojinhas de artesanato, boutiques, padarias, barzinhos e restaurantes legais

Borgo Ognissanti conjuga uma parte antiga da cidade com uma Firenze que se apresenta mais contemporânea e inovadora graças a alguns locais bacaninhas que estão aterrissando por ali. Quem estiver visitando Firenze e quiser um cantinho bacana e cheio de vida, pode apostar nessa rua, que geralmente não faz parte do circuito turístico principal de quem visita Firenze.

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A Piazza Ognissanti

 

Todo 2º sábado do mês acontece o mercadinho na piazza Ognissanti

 

Igreja Ognissanti

Um dos maiores atrativos nesta região para os turistas é sem duvida a Igreja Ognissanti, isto é, de Todos os Santos, que fica na praça homônima (e que deram o nome à rua). Na igreja estão sepultados o artista Botticelli e Simonetta Vespucci.  A igreja,  com entrada gratuita, tem decoração linda e em seu interior estão obras de Ghirlandaio, Giotto e de Botticelli

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A igreja apresenta fachada barroca mesmo tendo origens bem mais antigas. A sua edificação é da metade dos anos 1200. Possui verdadeiros tesouros artísticos em seu interior, como afrescos de Ghirlandaio e Botticelli. A entrada é gratuita

 

O altar da Igreja de Ognissanti

Via Borgo Ognissanti

 

A via Borgo Ognissanti começa na piazza Goldoni, passa pela praça Ognissanti, e vai praticamente até a Porta al Prato, uma das antigas entradas de Firenze, quando a cidade  ainda era murada. Passeando pela rua você vai poder admirar prédios residenciais e lindas construções seculares.  Vou deixar aqui alguns dos lugares que curto ao longo dessa rua para que vocês anotem e confiram também em sua próxima visita à Firenze:

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Arquitetura deslumbrante. Este é dos mais importantes prédios em estilo Liberty da cidade , onde funciona a Galleria Vichi

 

flores

Para quem quer uma parte da cidade autêntica e repleta de opções para compras com barzinhos para aperitivo e restaurantes, sugiro fazer um passeio pelas redondezas. Este cantinho é o mais residencial da rua

 

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Uma mercearia, aqui chamada de bottega, com frutas expostas na calçada. Ah, aviso importante: não toque nas frutas. Você pode apontar indicando o que quer, mas quem manuseia os produtos são os atendentes. Eles ficam bravos quando as pessoas pegam nas frutas e verduras

Fica na Borgo Ognissanti a padaria e confeitaria Ballerini e também o supermercado Conad City.

Locais bacanas para happy-hour

Aqui na Italia é bem comum que lá pelas 18 horas as pessoas busquem os barzinhos para um aperitivo. E nessa parte da cidade tá cheio de endereços legais para quem tomar aquele drink! E claro, querendo esticar basta escolher as opções gastronômicas do cardápio dos locais: Sei Divino, Enoteca Uva NeraIndustria (inaugurado recentemente, ainda não conheço mas me inspira muito!) Bianco è e mais no final da rua tem o Curtatone e o Il Trip per Te, que é mais alternativo e costuma reunir motociclistas.

 

Sei-divino

 

Uva-Nera

O pequeno e aconchegante Uva Nera. O espaço é decorado com algumas peças vintage e tudo exposto no local está a venda: lâmpadas, poltronas e cadeiras. Um local decisivamente interessante para quem curte ambiente cool e intimista. O aperitivo no local custa 8 euros

 

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O Caffè San Carlo é um lounge bistrot. Servem café da manha, almoço e promovem “apericena”, que funciona assim: durante o happy-hour você paga a bebida, que pode ser um cocktail e daí pode comer à vontade… o buffet é farto e pode tranquilamente substituir o seu jantar

Claro que na primavera e no verão as mesinhas ficam todas ocupadas. É que fiz quase todas essas fotos agora no inverno e devido ao frio o pessoal prefere as mesinhas na parte interna.

Parte do charme da rua Ognissanti deve-se às dezenas de bodegas e lojas de antiguidades e artesanato.

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Esta loja de quadros e molduras é maravilhosa, com afrescos no teto e suntuosa decoração. Como falei, a rua abriga diversas lojas de charme com produtos únicos, como cerâmicas e bordados

 

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A loja MG, de Mari e Giuliano Foglia: joias em formato de massas

 

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Na praça Ognissanti estão 2 importantes hotéis 5 estrelas de Firenze: o Excelsior e o St Regis, que proporcionam uma vista espetacular da cidade

A Borgo Ognissanti fica a apenas 10 minutos a pé da estação ferroviária Santa Maria Novella e ao longo da rua ficam a Hertz (aluguel de carros),  um posto de polícia “Carabinieri” , além de uma garagem para quem precisa estacionar o carro no centro. Nas proximidades, na via Curtatone, fica a seda da escola Polimoda.

 

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Souvenirs de Firenze

Firenze é uma beleza para compras e tem muitas opções de souvenirs tradicionais! Quem visita a cidade se encanta com a quantidade de produtos que encontra pelas ruas e lojas da cidade. A tradição do artesanato florentino é famosa e reconhecida graças principalmente às peças em madeira e couro.
Para quem busca souvenirs mais simples poderá escolher pelas inúmeras bancas distribuídas pelas ruas e praças da cidade artigos em couro, de papelaria e vestuário. E se você  prefere algo um pouco mais original  deixo neste post algumas sugestões para te ajudar a escolher uma lembrancinha que é “a cara da cidade”!
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O artigo mais comum que encontramos nas barraquinhas espalhadas pela cidade é a camiseta com o símbolo de Firenze , que é a flor-de-lis, ou com o nome da cidade. Mas além das camisetas tem uma variedade de artigos em couro e em madeira típicos daqui que podem ser uma boa pedida para presentear

Para quem não quer gastar muito, as bancas espalhadas pelas ruas do centro podem atender.  São artigos como chaveiros, bandejas, aventais, camisetas, imas de geladeira e pequenos objetos de decoração, como peso para papel ou estátuas com elementos que representam a cidade, como o Duomo ou o Davi.
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Este é o Mercado do Porcellino que tem muitos artigos de couro, como bolsas, carteiras e jaquetas

Existem muitas feiras e mercados em diversos pontos da cidade. No Mercado de rua de San Lorenzo existe uma vasta gama de produtos ideias para quer comprar em um só lugar as lembrancinhas para toda a família.

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Ali pertinho funciona o Mercado Central  onde com certeza voce poderá fazer as compras da area de gastronomia para surpreender os chefs da família. Inclusive muitos dos produtos  que encontrar ali você vai poder levar para o Brasil sem problemas – desde que muito bem embalados.
Dá pra levar também artigos de enogastronomia. Perto do Duomo temos uma loja da Eataly.  A loja, que nasceu em Torino em 2007,  oferece uma série de alimentos e produtos artesanais de alta qualidade provenientes de toda a Itália.
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O sucesso da Eataly deve-se principalmente à qualidade e excelência de seus produtos oferecidos a um preço acessível

O artesanato de Firenze é reconhecido e famoso em todo o mundo. Pelas lojinhas do centro histórico você vai conferir a excelência em objetos de madeira, couro e pedra. Existem trabalhos maravilhosos em mosaicos com pedras semipreciosas feitos com a técnica do “Commesso Fiorentino”.
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Para crianças, tem a loja Bartolucci com produtos de madeira. São portalápis, chaveiros, relógios de parede e objetos de decoração. Atualizaçao: a Bartolucci encerrou suas atividades em 2022

 

E para quem busca artigos em couro, a Scuola Del Cuoio de Santa Croce é o endereço ideal! Desde 1950, a escola produz peças artesanais de couro de alta qualidade, como bolsas, mochilas, carteiras, malas, cintos, pastas, álbuns e caixas.

 

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A Tharros em Borgo Santissimi Apostoli: brincos, colares e pulseiras feitos de forma artesanal e que lembravam joias de época

 

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Outra rua com uma grande quantidade de lojas com produtos para casa e decoração é Borgo Ognissanti. Esta loja é de estampas, gravuras e molduras

Para molduras tem também a loja Castorina, que fica na via Santo Spirito.  Levar souvenirs da histórica loja é uma boa pedida que agrada a todas as idades!   A   loja fica numa área da cidade que adoro, inclusive recomendo um passeio por essa região da cidade, que fica na Oltrano. É ali que você vai conhecer a Firenze artesã, com artistas em seus minúsculos studios e bodegas, em plena atividade, produzindo e criando bem diante de seus olhos.

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As molduras da Castorina, são divinas!

 

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Essa loja fica na piazza Santa Croce. As peças são lindíssimas!

Preste muita atenção na qualidade dos produtos. Muita gente tem preconceito de comprar nas barracas achando que as peças não são bem-feitas e acabam pagando mais e escolhendo algo de qualidade inferior nas lojas. Fiquem atentos ao acabamento e detalhes.

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Acho as bandejas de madeira florentinas uma excelente lembrança. Elas ficam lindas em diversos ambientes da casa: no quarto para apoiar perfumes ou na sala sob copos e bebidas. Algumas são tão delicadas que podem ser usadas inclusive no quarto de recém-nascidos. Que tal? As pequenas custam cerca de 25 euros

 

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A cara da Itália! Para quem busca utensílios, a Bialetti é uma boa opção. Tem uma loja da marca na praça da Republica

Para uma lembrança original e elegante, os produtos da papelaria Il Papiro, tradicional por confeccionar artigos de papel e couro, como marcadores de livro, cartões personalizados, envelopes, cadernetas, tudo feito com manualmente com muito carinho e paixão utilizando técnicas toscanas.

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A papelaria Il Papiro é uma boutique de papéis e tem 5 lojas espalhadas pela cidade

 

Quer uma sugestão bem gostosa? Os doces da Migone (com suas embalagens em papel retratando o Duomo de Firenze) ou da Pasticceria Gilli! Falei sobre esses locais neste post aqui, dedicado ao chocolate.

 

Para quem busca artigos de uso pessoal mais luxuosos e exclusivos, marcas como Ortigia, Officina del Profumo Santa Maria Novella e Dr Vranjes certamente vão impressionar.  Envoltos em embalagens de muito bom gosto são fáceis para carregar pois não pesam e nem fazem muito volume na mala.

 

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As elegantes e criativas embalagens da Ortigia

 

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Na histórica perfumaria Santa Maria Novella tem muitas opções de perfumes e cremes artigos para recém-nascidos que são objetos de desejo. Quem não gostaria de receber algo assim?

 

Prepare-se para se surpreender com a beleza e excelência de peças exclusivas e feitas a mão que você vai encontrar por todos os lugares onde passar. Pelas ruazinhas estreitas de Firenze são diversas bodegas de artesãos que produzem sapatos, bijuterias e outros artigos de decoração. Não é tarefa simples selecionar o que levar pra casa. Neste post aqui falo sobre compras na cidade, dê uma olhada também. E boas compras!!!

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Nonos da Itália – 2

Com a proximidade do Natal,  um comercial alemão tornou-se viral e causou comoção nas redes sociais: a de um senhor idoso que informa aos filhos sobre a sua morte. Sentindo-se abandonado, queria  somente conseguir reunir a família para a ceia de Natal. A mensagem nos faz refletir e alerta sobre o descaso em relação aos nossos queridos noninhos.
E como adoro fotografá-los, achei o momento adequado para mostrar mais um pouquinho o cotidiano dos nonos aqui na Itália.
Os idosos aqui da Itália são ativos, independentes  e cheios de vitalidade. Muitos ainda estão no mercado de trabalho. Vamos agora às fotos:
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E para quem ainda não assistiu ao vídeo, aqui vai:

 

20 atrações grátis em Firenze

Firenze não é uma cidade barata e o momento delicado da economia brasileira altera os ânimos dos turistas de viagem marcada e preocupados com a diferença cambial. Mas nem tudo está perdido: é possível fazer programas super bacanas e interessantes por aqui sem gastar muito. Inclusive existem muitas atrações na cidade completamente grátis. Antes de enumerá-las é imprescindível frisar que Firenze é um museu a céu aberto. Difícil de acreditar, mas você pode, sim, conhecer inúmeros pontos turísticos na capital do Renascimento sem precisar botar a mão na carteira. Preparei um post com um roteiro bem interessante com 20 atrações grátis em Firenze. Vamos lá:

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1- Admirar obras a céu aberto – Caminhar pelas ruas do centro pode parecer um programa banal. Mas quando se fala em Firenze, caminhar significa mergulhar na história e poder apreciar toda sua riqueza artística e cultural que enfeitam suas ruas, esquinas e praças. São afrescos, esculturas, prédios renascentistas e construções de época bem diante de nossos olhos!
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O Duomo de Firenze, em estilo gótico-renascentista. Sua fachada é mármore branco, rosa e verde

 

2- Visitar o Duomo – Você não precisa pagar para conhecer a Catedral Santa Maria del Fiore, um dos símbolos de Firenze. A construção do Duomo iniciou-se em  1296  e foi concluída em 1887.  Sua cupula, um trabalho excepcional,  foi construída em 1436 por Filippo Bruneleschi, um dos mais famosos arquitetos e engenheiros do Renascimento.
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3- Passear na Ponte Vecchio – Esta é uma das pontes mais lindas do mundo. Foi a única poupada dos bombardeios alemães durante a II Guerra Mundial. A ponte é repleta de joalherias.
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4- Passear na Piazza della Signoria : É o centro político da cidade desde o século 13 e uma das mais lindas atrações de Firenze. Na praça está o Palazzo Vecchio, que é a sede do governo de Firenze. A praça abriga a Loggia dei Lanzi,  uma galeria a céu aberto com várias estátuas famosas. É ali que está obra de Cellini:  Perseus segurando a cabeça da Medusa. Passeando pelo pátio do museu Uffizi, que fica ali à direita do Palazzo Vecchio, você vai poder admirar outras tantas esculturas.
5 – Flanar pelo Mercato del Porcellino  –  este  mercadinho fica na Loggia del Mercato Nuovo, conhecido como Porcellino, bem perto da piazza della Repubblica.  Nas bancas você vai encontrar principalmente artigos em couro, como bolsas, jaquetas, carteiras e cintos. Muitos dos vendedores são brasileiros. Diariamente, das 9 às 18h30
6-  Visitar o Mercado das Pulgas :O Mercato delle  Pulci acontece na piazza dei Ciompi, todos os dias das 9h às 19h30, sendo que no último domingo do mês as barracas se estendem até as ruas. Aqui você encontra móveis, antiguidades, roupas e acessórios vintage, objetos para a casa e peças de designers emergentes.
Atualizaçao: o mercado foi transferido para o Largo Annigoni.
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7 – Visitar o Mercado Central de San Lorenzo –  este é um enorme mercado com bancas de legumes, frutas, temperos, carne, pão e queijo, onde na parte superior funciona um moderno espaço enogastronômico com o melhor e mais tradicional da culinária toscana. Em minha opinião, um passeio imperdível! Já falei deste mercado neste post aqui.

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8- Visitar o Mercado Santo Ambrogio: Um mercado muito interessante, próximo à igreja de mesmo nome e bem próximo à  Sinagoga. O mercado é frequentado basicamente por moradores daquela região. Ali você pode degustar produtos como queijos e salames e delícias da culinária local . Funciona diariamente das 7 às 14 horas
9-  Mercado das Flores: Poder conferir diversas espécies de flores e plantas em pleno centro de Firenze é uma beleza! O mercado acontece todas as quintas na piazza della Repubblica, das 9 às 14 horas .
10- Visitar o Jardim dell’Orticultura – O Giardino dell’Orticultura fica a 5 minutos do  centro, nas proximidades da piazza Libertà. E aqui vai uma dica para os amantes das flores e da natureza que visitam a cidade em maio: a Mostra das Flores, para celebrar a primavera. O evento acontece uma vez por ano e dura uma semana coincidindo sempre com o dia primeiro de maio. Veja aqui mais detalhes.
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11- Feira de antiguidades– existem muitas feiras espalhadas pela cidade. A que acontece na Fortezza da Basso no quarto domingo do mês é uma das minhas preferidas. Saiba mais aqui.

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12- Conferir o artesanato no Oltrano – Sugiro explorar as ruelas do bairro de Santo Spirito,  região que reúne muitos artistas e artesãos.  Passe também na pracinha de Santo Spirito para vivenciar a gostosa atmosfera do lugar. São bem legais os restaurantes e barzinhos das redondezas.
13- Visitar o Piazzale Michelangelo – É aqui que fica outra reprodução do David de Michelangelo e de onde você vai ter uma vista deslumbrante da cidade. E se deixar a sua visita para o final do dia vai poder contemplar um pôr-do-sol espetacular ali do alto!
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14 – Passear pelos jardins Delle Rose – O Jardim das Rosas é um jardim panorâmico que fica bem perto do Piazzale Michelangelo. O jardim abriga uma enorme coleção de rosas, um jardim em estilo japonês e diversas esculturas.  O melhor período para visitar é de 1º de maio a meados de junho, na floração das rosas.
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15 – Conhecer a Porta San Niccolo – Faz parte das antigas muralhas de Firenze e se encontra na piazza Poggi, no Oltrarno, onde uma escadaria te levará até o Piazzale Michelangelo. É uma área da cidade com bons restaurantes e barzinhos e muitos ateliês de artesãos.
16- Passear no parque delle Cascine – onde os florentinos praticam esportes e levam as crianças para brincar ao aberto. Durante todo o ano existem diversas manifestações esportivas e culturais no local. Às terças acontece o mercadinho de roupas onde é possível adquirir peças a precinhos módicos.
17- Passear na Praça Santa Maria Novella – A praça sedia a igreja homônima, a primeira basilica dominicana da cidade. Infelizmente é preciso pagar para entrar na igreja e ja que o objetivo é apenas passear sem  desembolsar nada, contente-se em admirar a sua fachada e os antigos prédios que a circurdam a pracinha. Esticando um pouquinho pela via della Scala você vai chegar até a farmácia, que é a mais antiga da Europa. Falei sobre a Officina do Profumo neste post aqui.
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18- Passear na Piazza Santa Croce – é na praça que fica a catedral homônima onde foram sepultados Michelangelo, Galileu e Maquiavel. A Piazza Santa Croce é uma das praças principais do centro histórico de Florence mas não sofre grande assédio de turistas – se comparada à piazza Duomo e Signoria – por ser em uma área um pouco mais afastada do miolinho. Ela é repleta de lojinhas de souvernirs, restaurantes, vendedores ambulantes,  cafés e artistas de rua.
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19- Conferir streetart– A streetart em Firenze revela-se em todos os cantos da cidade. Os visitantes ficam fascinados por poderem conferir artistas que fazem os desenhos nas calçadas, pintores emergentes que  colorem os muros e os que se aventuram a retratar em telas a arquitetura e cenas da cidade. Para saber mais sobre a arte de rua na cidade clique aqui.

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20 -Dependendo da época que vier, você poderá visitar museus gratuitamente– os museus cívicos de Firenze oferecem entrada gratuita . São eles Museu Di Palazzo Vecchio, museu Novecento, museu Stefano Bardini, Fondazione Salvatore Romano e museu de Santa Maria Novella. E os museus estatais são grátis todo primeiro domingo do mês ” Domenica al Museo”, como Uffizi, Accademia, Bargello, Cappelle Medicee, Palazzo Pitti, Galeria D’arte Moderna. O próprio site dos museus estatais aconselha telefonar para saber horários, que podem variar de acordo com a época do ano. Aqui no site você tem a lista completa e os telefones.
Florence for free– existem 2 tours que saem da estação Santa Maria Novella  às 11 e as 14horas , em inglês. Duração : cerca de 2 horas o renassance. Tour grátis pela cidade. Clique aqui para mais informações.

 

Este post faz parte da blogagem coletiva da RBBV (Rede Brasileira de Blogueiros de Viagem).  Confira nest post aqui dicas de programas grátis não apenas em outras cidades italianas mas também no exterior.

 

 Venha passear comigo em Florença. Envie um email para grazieateblog@gmail.com para mais detalhes

Urbino, joia do Renascimento

Assim como a maioria das cidades universitárias, Urbino, na região Le Marche (Marcas, em português),  tem uma atmosfera descontraída e um ritmo envolvente. A cidade é bem pequena e tranquila, tem pouco mais de 15 mil habitantes. Cheia de ladeiras, com lojinhas de artesanato, barzinhos e restaurantes bacaninhas, seu fascínio está, principalmente, em seu cenário renascentista preservado por séculos. Urbino é um dos centros artísticos e turísticos mais importantes da Itália e foi construída para ser a cidade ideal do Renascimento.  O pequeno burgo fica na região de Montefeltro, província de Pesaro-Urbino. Foi ali que nasceu o artista Raffaello Sanzio, um dos mais célebres pintores e arquitetos do Renascimento.

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Urbino ainda conserva as muralhas que defenderam a cidade de invasores durante séculos. Urbino foi declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1998

 

Urbino

Ainda nos dias de hoje Urbino conserva intacto grande parte de seu patrimônio arquitetônico da época do Renascimento

A natureza que a circunda faz contraste com suas construções seculares em pedra.  A cidade é bem organizada, sossegada e os moradores são simpáticos e gentis. E mais uma forte razão para você visitá-la: não faz parte das principais rotas turísticas italianas.

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A cidade é repleta de palácios e obras medievais. Fiz esta foto da Fortaleza Albornoz, conhecida como La Fortezza, que foi construída no século 14. Este é o ponto mais alto de Urbino de onde é possível admirar toda a cidade

 

História – A cidade deve muito do que é a Federico di Montefeltro. Ele assumiu o governo de Urbino com apenas 22 anos e durante o seu reinado, de 1444 a 1482,  fez com que a sua cidade se tornasse um importante centro econômico e cultural do Renascimento. Nobre culto e de bom gosto, o duque queria que a sua cidade superasse em beleza tantas outras residências senhoris da época e  queria transformá-la na cidade ideal do Renascimento.  Ele incentivou muitos artistas plásticos e patrocinou a formação do pintor Rafael Sânzio.

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Tudo em torno ao Palácio Ducale, a maior atração da cidade. Na foto maior parte da igreja, depois a praça Duca Federico que possui em seu redor alguns bares e restaurantes e Oratório Di San Giovanni visto da janela do Palazzo Ducale

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O Pátio do Palácio Ducale, que é um dos mais interessantes exemplos arquitetônicos e artísticos do Renascimento. O duque Federico di Montefeltro era amante das artes e da literatura e investiu no mecenato cultural hospedando aqui no palácio os artistas e dando-lhes possibilidade para trabalhar.

 

Por sua exigência foi construído o monumental Palazzo Ducale, que é na verdade uma pequena cidade fortificada, com uma área de 20 mil metros quadrados. Foram mais de 30 anos de construção, que começou em 1444, e por onde passaram diversos arquitetos. A obra é a expressão máxima da sua vontade de transformar Urbino na cidade ideal do Renascimento.
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Acima, a notável obra a Cidade Ideal, depois A Flagelação de Piero della Francesco e por último a obra Santa Caterina, de Raffaello Sanzio

 

O Palazzo Ducale abriga a Galleria Nazionale delle Marche, com cerca de 80 salas, onde podemos admirar obras de Raffaello, Tiziano e Piero della Francesca. São afrescos,  esculturas, pinturas, medalhas e desenhos. Para os amantes de obras de arte renascentistas um verdadeiro deleite! O ingresso custa 5 euros.
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Como Urbino é cidade universitária os jovens estudantes estão por todos os lados

 

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Perto do Palazzo Ducale fica a imponente Catedral de Urbino

 

A Catedral Santa Maria Assunta, vista da piazza do Rinascimento

 

A Piazza della Repubblica, repleta de bares e cafés, é outro ponto movimentado da cidade

 

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Registro em família do nosso passeio pelas ruelas do centro histórico, que é um charme!

 

Crescia Urbino

Dentre os produtos típicos locais estão o funghi, tartufo, passatelli. Eu experimentei a crescia, que parece um panino e você pode escolher o recheio. A minha era com salsicha e espinafre. E um copinho de vinho tinto para acompanhar

 

Raffaello Sanzio  nasceu em Urbino no dia  6 de abril de 1483

Casa de Raffaello – na foto abaixo está a casa onde nasceu o pintor, em 1483. Fica no centro numa rua que concentra muitos artesãos. O artista viveu ali os primeiros anos de seu treinamento artístico na escola de seu pai, Giovanni Santi, também pintor reconhecido, que  atuava na corte de Federico de Montefeltro.

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Uma das atrações da cidade é visitar a casa de Raffaello, que fica na via Raffaello, 57. O ingresso custa 3,50 euros

Depois da morte de Rafael, a casa passou aos herdeiros Ciarla e Vagnini, que as dividiu entre eles.  Em 1635,  o  arquiteto de Urbino Muzio Oddi, que morava ao lado,  comprou uma parte da antiga residência e restaurou o edifício, anexando-o à sua casa. Em 1873  o prédio foi adquirido pela Academia Raffaello que ganhou vida graças ao patrocínio do nobre  londrino John Morris Moore.

 

Graças ao interesse da Academia, ao longo dos anos a casa foi enriquecida com inúmeras obras de arte, resultado da generosa colaboração de cidadãos e instituições públicas. Em seu interior são exibidas pinturas, esculturas, cerâmicas e móveis de madeira.

 

Afresco realizado por Rafael provavelmente em 1497 e conservado na Casa Raffaello, Madonna con il Bambino

 

Raffaello Sanzio – Raffaello (1483 – 1520),  está entre os artistas italianos mais famosos do mundo. Raffaello passou sua infância nessas redondezas e formou-se na bodega de seu pai, artista que trabalhava para Federico di Montefeltro. Suas obras estão presentes em várias cidades italianas, como Roma e Florença. Muitos museus internacionais também possuem algumas pinturas do mestre.  Rafael retratou a estetica renascentista e fez diversas pinturas de madonas, com toque de sofisticação e notável expressão da anatomia humana.

No Museu Uffizi existe uma sala dedicada ao pintor, onde estão  preservadas algumas obras muito significativas. As obras de Rafael estão expostas também na Galleria Palatina do Palazzo Pitti.  Rafael viveu 4 anos na cidade, entre 1504 e 1508. Rafael morreu em Roma, no auge de sua carreira,  no dia 6 de abril de 1520, dia em que completaria 37 anos. Ele foi enterrado no Panteão.

Agnolo Doni e Maddalena Strozzi (1504 e 1506), também no acervo do Museu Uffizi