Arquivo do Autor: Denya Pandolfi

Sobre Denya Pandolfi

A minha paixão pela comunicação e pelo turismo é herança dos meus pais. Adoro viajar para observar e vivenciar as diversidades culturais. Depois que me formei em Jornalismo, passei longa temporada em Londres, um curto período nos Estados Unidos e atualmente vivo em Florença, com meu marido e nossos dois filhos. Desde 2005 sou retail na Ermenegildo Zegna. Busco sempre ver o lado positivo em todas as coisas e prefiro ter por perto aqueles que, como eu, dão mais valor às pessoas do que às coisas materiais.

O restaurante Cuculia, em Florença

Artistas aqui em Florença se exprimem não apenas com pincéis diante de telas ou moldando esculturas, mas também através da gastronomia. Estudar ingredientes e testar combinações insólitas, cores, sabores e consistências é o que adora fazer, conseguindo resultados surpreendentes, o chef Oliver Betancourt, do restaurante Cuculia, fundado em 2013.

O Cuculia é um restaurante mas pode ser comparado a um ateliê de arte!  As criações do chef Oliver deixam todos admirados!

cuculia

O Cuculia é uma gracinha de lugar e um dos restaurantes que aconselho vivamente no Oltrarno!

Roberta e o chef Oliver demonstram todo o carinho e amor seja através da calorosa receptividade que na preparação dos pratos, resultado de muita dedicação,  pesquisa , criatividade, além de toda experiência internacional de Oliver, que aproximou-se do mundo da gastronomia ainda em família, na Venezuela, para depois seguir para a França e na Espanha.

Roberta e o marido, o chef nascido na Venezuela, Oliver Betancourt

Roberta, que tem formação artística e uma estreita relação com o mundo da enogastronomia, é esposa de Oliver e e gerente do local e se encarrega de selecionar os produtos gastronômicos e vinhos do restaurante que complementarão as propostas do chef.  É graças à ela, que narra com tanta emoção e explica cada criação, que cada prato torna-se ainda mais especial!

Pratos leves, criativos e ecléticos

Oliver cria preparações intrigantes, com nuances especiais e surpreendentes, propondo pratos refinados de cozinha contemporânea com raízes caribenhas, com influências francesa e espanhola, mas também da tradição italiana. O menu proposto é inspirado em produtos sazonais, com sabores especiais e matérias-primas frescas e coloridas e também a utilização de frutas exóticas, como manga e abacate: preparações intrigantes com sabores únicos!
O Cuculia é oendereço imperdível para quem quer vivenciar uma bela experiência gastronômica  e multissensorial!

Beleza deslumbrante em cada prato apresentado com toque artístico

O nome “Cuculia” deriva do antigo nome da via dè Serragli que na epoca d Renascimento era conhecida como Via del Canto alla Cuculia, devido aos numerosos cucos (pássaros) que viviam nos jardins dos mosteiros e palácios nobres da região.

O restaurante funciona apenas para jantar, exceto aos domingos, que servem brunch.

Cuculia

Via dei Serragli, 3 r , Oltrarno

Firenze

O burgo toscano de Barga, na Garfagnana

A Toscana é de fato uma das regiões mais bonitas e requisitadas da Itália, principalmente por suas importantes cidades de arte.  Mas existe também uma Toscana bem menos conhecida,  genuína e pacata, constituída de pequenos burgos que encanta seus visitantes! Visitei recentemente Barga, que está inserido numa área da Toscana que não frequento muito: a Garfagnana.   Amantes  do slow travel,  vai aqui mais uma dica de passeio de uma cidade pouco explorada pelo turismo de massa e que sem dúvidas vai te conquistar por seu ritmo lento e graciosidade. Barga sedia eventos artísticos como  Opera Barga, que surgiu nos anos 60, e o Barga Jazz , importante manifestação musical de jazz que acontece na cidade desde os anos 80.

Barga é uma encantadora vila medieval, cercada por muralhas e portas antigas. Destacam-se os elegantes edifícios históricos, construídos sobre os restos de edifícios medievais

Localizada a cerca de 400 m de altitude, a  pequena Barga tem cerca de 10 mil habitantes e é uma  charmosa cidadezinha que fica no topo de uma colina no Valle del Serchio, na província de Lucca. Circundada por uma paisagem maravilhosa,  Barga  pode ser explorada a pé e em poucas horas.

Com características medievais, Barga é circundada pela esplêndida natureza da região e é famosa por ser um dos “Borghi più Belli d’Italia” graças às suas belezas históricas, arquitetônicas e naturais. Barga  é a cidade adotiva de Giovanni Pascoli, um dos mais renomados poetas italianos de todos os tempos, que foi sepultado na cidade.

Barga também foi agraciada com o reconhecimento de “Città slow”, que a identifica como uma zona turística de grande importância

Barga  é a cidade mais escocesa da Itália.  Essa forte ligação com a Escócia é que no século 19 muitos habitantes emigrantes em busca de uma vida melhor no exterior.  E quando retornaram para o país,  trouxeram esposas, filhos e tradições escocesas com eles.   Inclusive é fácil conseguir experimentar o famoso “fish and chips” em alguns restaurantes.  A Scottish  Week acontece sempre no mês de setembro.

 

Para explorar o centro histórico é preciso subir algumas ladeiras. E vamos caminhando subindo escadas e superando seus estreitos becos

Barga  conserva o típico traçado medieval de avenidas , com as duas ruas principais, Via di Mezzo e via Petrorio. Porta Reale é a principal de acesso ao burgo

 

 

O Teatro dei Differenti, inaugurado em 1795

 

Interior da chiesa di Sant’Elisabetta d’Ungheria

 

O Duomo de San Cristoforo, de origens bem antigas, provavelmente edificado no século 11

A Catedral de San Cristoforo de Barga é uma joia românica no centro da aldeia que por fora quase se assemelha a uma fortaleza. O edifício original data de antes do ano 1000, mas foi modificado nos séculos seguintes, com elementos decorativos que vão do românico ao gótico.

História do Barga
Como muitas outras cidades toscanas, achados arqueológicos do período pré-histórico evidenciam seu antigo passado. Barga era habitada por ligúrios-apuanos e posteriormente pelos romanos. As primeiras notícias documentadas de um núcleo habitado remontam ao século 9,  quando o território era feudo lombardo. Nos séculos 11 e 12   sofreu  diversos assédios de milícias de Lucca e Pisa e em meados do século 14 passou a fazer parte dos domínios florentinos. Seu esplender econômico e cultural foi em época Medicea, quando experimentou um período de grande desenvolvimento econômico, evidenciado pela construção de numerosos edifícios de prestígio.  Foi  de domínio pisano antes da cidade de Lucca.

 

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Taste Firenze – excelência da enogastronomia italiana

Florença se prepara para mais uma edição de Taste, evento dedicado à excelência da enogastronomia italiana e do sabor e à evolução do food lifestyle. Depois de dois anos de intervalo devido à pandemia, Taste volta a acontecer, entre 26 e 28 de março e pela primeira vez em nova location, na Fortezza da Basso e com um calendário rico de eventos.

Pitti Immagine confirma a 15 ª edição de Taste, que acontece entre 26 e 28 de março na Fortezza da Basso

Agostino Poletto, direttore generale di Pitti Immagine.

Participei da conferência para a imprensa, que aconteceu no Orto San Frediano, no Oltrarno, um espaço novo na cidade que surgiu da reconstrução de um viveiro histórico no coração do Oltrarno, no Jardim Torrini. Esse novo espaço privado que se abre para a cidade para oferecer múltiplas experiências de sabor, como jantares, eventos privados e lições de cozinha,  sob o comando de chef Enrica Della Martira.

A chef Enrica Della Martira

Taste 2022 – Foram muitas as novidades anunciadas para a 15ª edição,  a começar pela localização. Taste cresce e de fato se muda para a Fortezza da Basso, com um roteiro expositivo que começa no piso sótão do Pavilhão Central, para descer até o térreo e de lá prosseguir para o Pavilhão Cavaniglia. É um percurso que vai do salgado ao doce,  como biscoitos, mostarda,  café, geleias , bebidas,  chás, azeites, conservas, queijos, presuntos e uma grande variedade de produtos, totalizando 470 expositores, sendo que desse total,  130 novas empresas.  O foco da edição deste ano é  “desperdício zero e meio ambiente”: não desperdicemos comida, não desperdicemos o meio ambiente.

Taste é o mais significativo evento do setor da gastronomia italiana, com participação das mais importantes empresas de enogastronomia nacionais . É uma oportunidade não só aos compradores e profissionais, mas também aos visitantes e foodlovers que circulam pelos stands da feira.

FuoriDiTaste – A cada edição do Taste a cidade de Florença ganha vida com uma série de iniciativas ligadas ao paladar: é  o FuoriDiTaste, um calendario repleto de eventos paralelos, com cerca de 50 degustações temáticas, eventos especiais e palestras. Um programa que une as empresas participantes do evento e alguns dos mais belos locais e clubes da cidade, e que de edição em edição registra crescente interesse e participação dos entusiastas gourmet. Há alguns anos participei do Fuori di Taste, dedicado a degustações  de vinhos , queijos e produtos típicos da culinária toscana.

Para mais informações, acesse a página oficial de Taste.

 

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Campanário de Giotto de Florença

Dentre os maiores símbolos de Florença  está o Campanário de Giotto,  uma das 4 principais construções do complexo da Piazza Duomo, que fica ao lado da majestosa Catedral Santa Maria Del Fiore. A torre dos sinos foi desenhada pelo artista Giotto di Bondone –  por esse motivo recebeu esse nome – e é um maravilhoso exemplo da arquitetura gótica florentina do século 14. O  Campanile di Giotto de Florença é aberto à visitação, mas é preciso superar seus 414 degraus! Mas asseguro que a vista deslumbrante que temos do terraço panorâmico  vale o esforço!

 

O campanário é em total harmonia de cores com a Catedral Santa Maria del Fiore, o Duomo de Florença. Possui revestimento de mármore branco, verde e vermelho semelhante ao da igreja. A subida até o topo da torre dos sinos não é muito fácil e  em nenhuma parte do percurso há elevador. É  preciso superar  seus exatos 414 degraus a pé.  Construída no século 14,  a torre em estilo gótico tem 84,70 metros de altura e 15 m de largura.

 

Durante o percurso de subida existem dois terraços panorâmicos onde é possível fazer uma pausa para descansar e apreciar o panorama.

A escadaria que conduz até o terraço panorâmico é bem estreita e não há elevador em nenhuma parte do trajeto, sã 414 degraus

História da construção do campanário 

Sua construção começou em 1334,  depois que um incêndio no ano de 1333 destruiu a torre do sino de Santa Reparada, igreja  que existia antes do atual Duomo de Santa Maria del Fiore.  Giotto di Bondone, que era um dos principais pintores e arquitetos da época,  foi contratado para completar a obra, cuja primeira pedra foi lançada em 9 de julho de 1334. Giotto conseguiu acompanhar os trabalhos por apenas 3 anos seguintes, até a sua  morte.

A realização da torre   prosseguiu com Andrea Pisano,  que terminou os 2 primeiros andares seguindo os projetos de Giotto.  Devido à peste negra os trabalhos foram interrompidos durante dois anos, de 1348 a 1350,  e a conclusão da obra deu-se com Francesco Talenti, no  ano de 1359.

Quando foi construído,  o campanário era unido à igreja por uma  ponte,  que foi demolida em 1431

O campanário possui um conjunto de 7 sinos. O maior sino é chamado Santa Reparata em homenagem à santa, já que assim era chamada a igreja sobre a qual foi erguida a atual catedral.  Os outros sinos  são chamados Misericordia, Apostolica, Assunta, Mater Dei, Annunziata e Immacolata, todos nomes relacionados à Madonna.

A torre surgiu não apenas como um complemento do Duomo, mas como um monumento “independente”. A obra foi erguida  destacada da igreja, mostrando sua importância e autonomia. A torre era tão importante que, segundo narrou Vasari, assim que Giotto assumiu o cargo na direção de todo o trabalho, ele cuidou principalmente da torre sineira e  bem menos  da igreja.

O campanário  apresenta base quadrada e é considerada a mais bonita da Itália e foi provavelmente criada mais como elemento decorativo do que funciona

A rica decoração do campanário  é constituída por 54  relevos e 16 estátuas em tamanho natural nos nichos, obras de mestre florentinos dos  séculos 14 e 15, incluindo Andrea Pisano, que  realizou o primeiro e mais importante núcleo a  partir de 1334,  Donatello e Luca della Robbia. Os ciclos figurativos foram substituídos por cópias,  pois os originais encontram-se no museu da Ópera do Duomo.

As estátuas e os relevos originais do campanário estão custodiados no Museu dell’Opera del Duomo

 

A parte inferior da torre é decorada com 54 baixos-relevos, enquanto na área superior existem várias estátuas de santos e profetas

 

Os mais de 50 relevos da decoração, em formas de  hexágonos e losangos,   celebram o o trabalho humano

 

Informações Campanário de Giotto

Horário: das 8:15 às 19:20 (os horários podem sofrer alterações a qualquer momento devido a eventos extraordinários)

Fechamento: sempre na primeira terça-feira de cada mês

Valor do bilhete: 18 euros. O bilhete unico do Grande Museo del Duomo da acesso ao campanário, batistério, cripta e Museo do Duomo e cripta na catedral e tem validade de 72 horas.

A subida não é recomendada para pessoas que sofrem de coração, tonturas e claustrofobia

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O chef italiano mais carioca no Four Seasons

Emoção é o que move o chef do Il Palagio Paolo Lavezzini. Estive recentemente no elegante hotel Four Seasons de Florença para conversar com o chef emiliano, proveniente de Fidenza, que retornou para a Itália em meados d2 2021 depois de uma experiência no Brasil, onde viveu por  quase 10 anos.  Aliás, Paolo é um italiano com alma brasileira, pois a sua passagem no Fasano de São Paulo e no Four Seasons do Rio,  marcaram sua vida não apenas profissionalmente, mas foram de fundamental importância para seu enriquecimento pessoal.

O restaurante Il Palagio no elegante hotel 5 estrelas Four Seasons de Florença

 

Paolo Lavezzini no restaurante Il Palagio: “primeiro você coloca o pé e  Deus coloca o chão”, eu aprendi isso no Brasil”

Paolo, 43 anos,  guarda recordações marcantes de momentos na cozinha em companhia da avó na época em que era criança. Foi  ela quem despertou a sua paixão, respeito e amor pela gastronomia. A filosofia culinária de Paolo vem de sua região de origem e foi influenciada por suas experiências culinárias na Toscana, bem como por seu período de trabalho no Brasil. Ele se define um “italiano de coração, com alma brasileira”. Sua trajetória profissional começou em restaurantes da Versília, Toscana, de onde seguiu para prestigiosos locais em Paris,  e em Florença antes de mudar-se para o Brasil. Paolo substitui Vito Molica, chef renomado que deixou um importante legado no Four Seasons, onde estive para uma entrevista exclusive com o chef, que dirige o prestigioso  e estrelado restaurante Palagio, um dos endereços mais refinados de Florença. O menu desenvolvido por Paolo inclui  uma grande variedade de receitas que respeitam a estação e representam a alta gastronomia da Itália e da Toscana,  com pratos preparados com ingredientes genuínos de produtores locais.

 

Paolo se define “italiano de coração, com alma brasileira” (foto Four Seasons)

 

Restaurante Il Palagio (fotos site Four Seasons/ Il Palagio)

 

Entrevista com o chef Paolo Lavezzini

1-  O que você  traz e o que você aprendeu no Brasil que te marcou  e que você vai  levar para  a sua vida toda?

Muita coisa, eu sou apaixonado  pelo Brasil,  eu aprendi muito, pra mim é emocionante  falar do Brasil. Eu saí aqui da Itália pra fugir dessa coisa de status symbol das pessoas daqui, de viver  de aparência, de imagem.  No Rio, você vai pra paria de chinelo e encontra as pessoas mais ricas do Brasil e do mundo. Na frente da cerveja qualquer papo  é bom, é isso que é lindo!  Muita gente acha que o Brasil é terceiro mundo.  Quando você entra na cultura das pessoas, isso que è gostoso, então  é o papo,  é o chinelo na praia,  descalço na rua, voce aceita as pessoas. As pessoas saem de casa de sunga e vão pra praia. Lá você não é classificado.  Mas já  em Sao Paulo é diferente,  aliás como São Paulo no mundo tem poucas. Eu na verdade nem gostava de São Paulo.  Mas São Paulo é  uma cidade  cheia de oportunidades, é uma cidade que   dà muito  mais do que muitas cidades americanas, é uma cidade única na America Latina,  que oferece tanto quantos os Estados Unidos, mas tem um feeling, o emocional as pessoas, como os italianos.  É uma cidade  gastronômica,  super cultural. Eu nunca ia pra SP, ai quando comecei a conhecer SP, o lado gastronômico, a noite, tudo o que oferece, eu fiquei muito apaixonado.  Sao Paulo è uma cidade super gastronómica, muito cultural. Eu não gostava de SP ai quando conheci Sao Paulo,  o lado gastronômico, a noite , tudo o que a cidade oferece.  São 2 cidades muito lindas!

2 – E como você começou a entender a cultura?

Eu demorei uns seis meses pra começar a compreender a cultura porque tinha dificuldade também com a língua. No inicio eu viajei bastante; fui pra Bahia,  viajei um pouco pelo  Nordeste, fui pra Belém, conheci muita coisa, me dei essa oportunidade.   Um dia eu cheguei no trabalho e chegou um rapaz que tinha ficado uns dias em casa porque havia perdido a esposa.  Eu cheguei perto dele e  dei um abraço.  Ele falou comigo algo que eu não havia entendido muito bem mas foi algo assim: “chef tranquilo, nada nos aborrece, tudo paz”, é emocionante demais, quando eu lembro eu me arrepio. Aí eu entendi de verdade que eu precisava compreender de onde eles vêm pra poder falar com eles (me emocionei de novo). Aí eu comecei a visitar as favelas com os meninos (como chama os colaboradores), eles  me levaram para a casa deles. Eu fui na Favela da Rocinha e vi meninos com fuzis na mão. Eu pedia para a minha equipe para podermos fazer churrasquinho junto com eles. Pra ser entendido eu precisava ter humildade,  eu tinha que me colocar no nível deles.  Eu comecei a visitar os morros junto com eles, eu visitei vários lugares. Eu entendi que não é preciso ser  um comandante, mas sim ser um líder, ser parte do grupo.  Ali eu entendi o que significa, quando  essas pessoas, que ganham tão pouco, acordam todo dia e agradecem a Deus a oportunidade de estar vivo e de poder trabalhar.  Isso é muito emocionante, te faz enxergar a vida de um jeito diferente!

3- O que vai trazer do Brasil para a cozinha ?

Praticamente nada. Eu não quero ser egocêntrico e nem prepotente, eu não sou chef de restaurante,  eu sou chef de hotel,  isso foi uma escolha pra mim. O hóspede vem primeiro. Quando eu cheguei aqui eu precisava entender qual era o conceito de tudo isso, não posso trazer o Brasil pra cá. Não posso trazer mandioca pra cá.  Quando eu estava no Brasil, era a Italia lá, com produtos italianos, pratos revisitados. Aqui eu estou vivenciando tudo como se eu fosse gringo, pois são quase 10 anos fora.  Eu até pensei de talvez propor uma moqueca, mas aí me perguntei, será que isso mesmo que precisa ser feito, é isso que as pessoas que visitam esse lugar querem? Um dia eu saí daqui filha e fui visitar uma fazenda com minha filha e vi vários ciprestes. Ai eu pensei, é isso que as pessoas querem! Eu percebi que tinha que fazer alguma coisa que fosse a Toscana. Eu sentei aqui no restaurante, comecei a estudar o que é esse ambiente. Nós somos a nossa história, não podemos nos desconectar disso. Eu queria trazer um pouco do Brasil pra cá e pensei numa forma. E pra esse ambiente renascimental  eu trago um pouco do Brasil através da  acidez,  da pimentinha,  do limão Tahiti e das frutas nos pratos. Comecei a me desconectar um pouco do que o Vito fez aqui.

4-  E o que vai continuar do legado de Vito Molica?

Eu conheço bem o Vito, nós somos amigos,  mas somos duas pessoas diferentes.  Ele tinha trazido um pouco da história dele pra cá, da Basilicata.  Eu queria ser um pouco mais contemporâneo, alegrar um pouco mais esse ambiente renascimental. Aí eu comecei a pensar na região da Toscana e também com algo do Brasil. Eu pensei em trazer uma filosofia diferente, entregar um pouco de Toscana, mas uma Toscana um pouco diferente.   A gente tem que traduzir a gastronomia do Palagio, que é uma gastronomia contemporânea, sazonal com um olhar para os produtos típicos toscanos.  Eu pesquisei e estudei bastante. Comecei a buscar  fornecedores éticos, que mesmo com a ajuda da tecnologia consigam produzir de forma eticamente correta.

Obrigada Paolo pela sua disponibilidade!
Ristorante Il Palagio
Four Seasons
Borgo Pinti,  99 – Firenze

1 dia em Orvieto

A  Úmbria, conhecida como o coração verde da Itália, é uma região repleta de maravilhosos burgos medievais. Dentre os mais visitados está Orvieto, onde é possível passar 1 dia de  visita e conhecer suas principais atrações, que ficam próximas uma das outras e o percurso pela cidade é quase intuitivo. Com cerca de 20 mil habitantes, Orvieto tem atrativos turísticos, naturais e culturais, sendo que os mais importantes são o  espetacular  Duomo com sua fachada em estilo gótico e o famoso poço de San Patrizio.  Além dos museus e monumentos de Orvieto, também existem áreas verdes e parques para os amantes da natureza e passeios ao ar livre.

Orvieto está localizada na província de Terni, mas fica a cerca de 80 quilômetros desta cidade

Orvieto é uma cidade “museu” que viveu diferentes épocas históricas,  como etrusca e medieval, representando um centro de grande importância histórica e cultural em toda a Itália. Nós estávamos viajando de carro pela região e buscamos  estacionamento , que  é a pagamento, perto da linha da funicular e dali atingimos o centro histórico, que fica na parte alta.

 

Orvieto é chamada de “Alta e estranha” e não é difícil entender por quê. Situada numa bonita falésia de tufo, Orvieto domina todo o panorama!

Assim que chegamos pela funicular  seguimos pela via Cavour, que praticamente divide a cidade em duas partes. É  uma área pedonal com lojinhas, bares e ateliês, com produtos realizados a mão pelos artesãos locais. Mostro aqui as principais atrações de Orvieto:

Orvieto é um charmoso burgo na Úmbria com cerca de 20 mil habitantes

Jardim Albatroz – A Fortaleza Rocca ou Albornoz é acessível a partir da Piazza Cahen e hoje abriga os principais jardins públicos da cidade. A fortificação original  remonta a 1364,  com fosso e pontes levadiças, mas hoje apenas uma parte permanece com a bela torre, ainda em perfeito estado.

 

Duomo de Orvieto – A catedral de Santa Maria Assunta de Orvieto é uma das maiores obras arquitetônicas do final da Idade Média. A pedra fundamental foi lançada em 13 de novembro de 1290 pelo papa Nicolau IV. Na bela fachada em estilo gótico, podemos admirar as decorações arquitetônicas que vão do século 14 ao 20, como mosaicos dourados e três majestosas portas de bronze.  O interior é decorado com duas capelas com afrescos de grandes pintores italianos,  sendo que merece destaque o famoso Julgamento Universal de Luca Signorelli.

A fachada da igreja é decorada com grandes e baixos relevos e estátuas com os símbolos dos evangelistas, provavelmente projetados por Arnolfo di Cambio e seguido por Lorenzo Maitani na  primeira metade do século 14. Os trabalhos prosseguiram por mais 3 séculos

O plano da catedral de Orvieto é uma cruz latina com três naves

Capela della Madonna di San Brizio – Famosa por seus maravilhosos afrescos, a capela foi adicionada à catedral no século XIV. Na realização dos afrescos atuaram inicialmente Beato Angélico e Benozzo Gozzoli, substituídos por Luca Signorelli quando transferiram-se à Roma. As paredes e as abóbadas  foram afrescadas por Luca Signorelli, que começou os trabalhos em 1499.  Rica em expressividade e drama, é  uma verdadeira  obra-prima do pintor originário de Cortona que representa o tema do Juízo Final.  E uma curiosidade: o tema e as representações criadas por Signorelli serviram de inspiração para Michelangelo na realização dos afrescos da famosa Capela Sistina.

Torre del Moro – Inicialmente foi chamada Torre del Papa, depois foi renomeada Torre del Moro. A  torre fica no coração da cidade, localizada no cruzamento dos bairros e das ruas mais importantes e centrais: Corso Cavour, Via della Costituente e Via del Duomo. A torre é visitável diariamente e metade do percurso  pode ser feita de elevador . O ingresso custa 2, 80 euros e é gratuito para crianças de até 10 anos (os horários variam de acordo com a época do ano).

 

Igreja de Sant’Andrea – Localizada ao lado do Palazzo Comunale e na bela Piazza della Repubblica, a igreja de Sant’Andrea e Bartolomeo sofreu alterações arquitetônicas significativas ao longo do tempo.  Curiosidade: evidências dos períodos etrusco e romano foram encontrados no “porão da igreja”.

A possui uma bela fachada e é ladeada por uma torre dodecagonal

Poço de San Patrizio  – O poço de Sao Patrício é uma obra-prima da engenharia renascentista. Foi construído  no século 16 à mando de Clemente VII, que se refugiou em Orvieto durante o Sacco di Roma em 1527.  A obra,  realizada  por Antonio da Sangallo ,  foi concluída em 1537. O poço foi construído para garantir abastecimento de água à cidade, mesmo em caso de cerco e calamidade. A construção impressiona tanto pelas 72 grandes janelas simetricamente colocadas dentro de toda a cavidade, como pela estrutura em dupla escada espiral, que permitia  descida fácil  também para animais de carga.  O poço, construído em forma cilíndrica,  tem  54 metros de profundidade.

O Pozzo di San Patrizio, construído em forma cilíndrica,  tem  54 metros de profundidade

Como devem ter percebido através das fotos e do texto, Orvieto é um verdadeiro museu a céu aberto,  que mescla arte,  história e belezas naturais.  E como a cidade é pequena, recomendo andar sem destino para descobrir os encantos desse pequeno burgo medieval.

As agradáveis surpresas quando passeamos por suas ruelas laterais e mais tranquilas

Orvieto fica a apenas 23 Km de outro lindo burgo medieval , Civita di Bagnoregio, conhecida como “a cidade que morre”.

 

6 de janeiro, Dia de Reis, Epifania e Festa da Befana

Dia 6 de janeiro é feriado nacional na Itália, Dia da Epifania, e dos Reis Magos, e também da Befana, que presenteia as crianças que se comportam bem com balas e doces.  Pode-se dizer que a data praticamente marca o início do ano aqui, pois só depois deste feriado é que as crianças voltam à escola, depois de um curto período das férias invernais.

Para festejar a data, acontece anualmente em Firenze a Cavalcata dei Magi, organizada pelo Museu dell’Opera del Duomo, um cortejo histórico que remonta ao século XV  com  figurantes que desfilam em lindos trajes de época.

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Os trajes usados foram inspirados no ciclo de afrescos realizado por Benozzo Gozzoli,  na Cappella dei Magi, no Palazzo Medici Riccardi, a primeira residência da família Medici em Firenze

O percurso começa no Palazzo Pitti e conta com os 3 reis magos  que levam os presentes ao Menino Jesus,  ouro, incenso e mirra, até a Piazza do Duomo, onde termina o cortejo.

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Na religião cristã, o dia 6 de janeiro, a Epifania é celebrado  no 12º dia após o Natal,  com a Adoração dos Magos confirmando e testemunhando Jesus Cristo como  a encarnação do filho de Deus

cavalcata-dei-magi

O cortejo histórico conta com cerca de 700 figurantes que desfilam em lindos trajes  renascentistas  e conta com a participação dos lançadores de bandeiras. A indumentária foi inspirada no ciclo de afrescos realizado por Benozzo Gozzoli,  na Cappella dei Magi, no Palazzo Medici Riccardi, a primeira residência da família Medici em Firenze.

epifania

cavalcata-dei-magi

cortejo-historico

cavalcata-dei-magi

A celebração nos leva de volta ao tempo, mais precisamente ao ano de 1417, quando o desfile  se repetia a cada 3 ou 5 anos.  O desfile contava também com a participação de alguns membros masculinos da família Medici.  Provavelmente por este motivo a celebração foi suspensa em 1494, quando os Medici foram expulsos da cidade de Florença. Em 1997, durante as comemorações do sétimo centenário da catedral, a Opera Santa Maria Del Fiore resolveu retomar esta tradição, organizando anualmente uma solene procissão que representa os Reis Magos, em vestimenta de seda, que atravessam o centro de Firenze.

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O percurso – Palazzo Pitti até a Piazza Duomo

O inicio do percurso é da Piazza Pitti.  A  procissão passa pelas ruas do centro da cidade (via Guicciardini, Ponte Vecchio, Via Por Santa Maria, Via Lambertesca,  Piazza della Signoria, Via Calzaiuoli), até chegar na Piazza Duomo.

cavalcata-dei-magi

 

feriado-6-janeiro

Após a chegada da procissão na Piazza Duomo, acontece a oferta dos presentes dos Magos ao Menino Jesus. No final da cerimônia, como de costume, a liberação de muitos balões coloridos no céu, que representam nossos pensamentos,  orações e esperanças.

Epifania

A Epifania é uma celebração cristã que acontece em quase todo o mundo (calendário gregoriano) 12 dias depois do Natal e marca o encerramento das férias de inverno. Na tradição cristã a Epifania é a festa da revelação de Jesus como Deus. O termo  Epifania deriva do grego antigo que  significa “manifestação”, “aparição divina” e refere-se à apresentação do Menino Jesus à humanidade, representada pela visita do 3 Reis Magos. 

Festa da Befana

Como em outras situações, como Halloween, a fusão entre festividades cristãs e tradições de origens antigas, a Befana,  representada por uma velha voando na vassoura, é uma figura  popular típica da Itália e não muito conhecida no resto do mundo, que tem origem antiga  associada  a ritos pagãos que se fundem com  elementos folclóricos e cristãos. A  Befana traz presentes em memória daqueles oferecidos ao Menino Jesus pelos Reis Magos.

A Befana é representada, no imaginário coletivo, por uma velha de nariz comprido e queixo pontudo, que viajando  com uma vassoura leva doces e presentes para  as crianças.  Ela usa saia larga, um avental com bolsos, um xale, um lenço ou um chapéu na cabeça

Não se sabe quando nasceu a tradição folclórica da Befana. Há muitos séculos a festa entrou permanentemente nos ritos  pagãos. Durante as doze noites que seguiam ao solstício de inverno, período dedicado às celebrações do renascimento da natureza, os romanos acreditavam que figuras femininas guiadas pela deusa Diana  voavam sobre os campos recém-semeados garantindo dessa forma boa colheita.  Dessa forma surgiu o mito da “mulher voadora”.

No dia Da Befana acontecem manifestações em diversas cidades italianas. Aqui na loja La Rinascente de Florença

Existe uma lenda que relaciona a figura da Befana aos Reis Magos: quando os 3 Reis Magos estavam viajando para Belém encontraram uma senhora e a convidaram para que ela fosse junto com eles, mas ela se recusou.  Arrependida por ter negado de acompanhar os reis, ela  decidiu sair  à procura dos Reis Magos. Na noite do dia 5 para o dia 6 de janeiro, a velhinha pegou a sua vassoura e saiu voando, levando consigo um cesto com doces para presentear o menino Jesus. Como ela não sabia quem era, decidiu presentear as crianças que encontrava pelo caminho. Desde então, a velhinha foi destinada a girar o mundo presenteando crianças com doces para que ela fosse perdoada.

 

As meias temáticas vendidas nessa época do ano na Itália. Essa é uma tradição que  as crianças pendure em casa  uma meia para esperar a visita da  Befana, que deposita balas, doces, chocolates e às vezes  brinquedos. As crianças que se comportaram bem durante o ano recebem  doces e chocolates e as que não foram obedientes, recebem carvão, que na verdade é uma bala ou um doce preto

 

A Befana visita as casas do dia 5 para o dia 6 de janeiro. A data marca também o momento de desmontar a árvore e guardar os enfeites de Natal. L’Epifania tutte le feste porta via!

 

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Dimora Palanca e o restaurante Mimesi, em Florença

Florença acaba de ganhar um novo endereço de hospedagem de luxo, o Dimora Palanca, inaugurado em meados de agosto, que abriga também o Mimesi,  um excelente restaurante gourmet.  Com um novo conceito de confort, o boutique art hotel ocupa um elegante casarão da segunda metade do século 19, próximos às muralhas medievais da cidade e que faz parte da história da capital toscana.  O local é um clássico da arquitetura fiorentina, com espaços funcionais e requintados, com móveis de design ultramodernos em ambientes elegantes e refinados.  A estrutura dispõe de 18 quartos,  que conjugam o luxo florentino ao design contemporâneo. Vivenciei recentemente uma maravilhosa experiência no local, onde me hospedei por uma noite e também pude conhecer o restaurante Mimesi, capitaneado pelo chef Giovanni Cerroni. A atmosfera no Dimora Palanca é de uma elegância atemporal de um hotel cinco estrelas propondo uma nova forma de hospitalidade, onde charme,  luxo e sofisticação encontram  com facilidade uma dimensão de vivência extremamente pessoal,  onde é muito fácil nos sentirmos em casa!

O Dimora Palanca ocupa uma linda villa em estilo Liberty, a poucos minutos da estação ferroviária de Santa Maria Novella

 

Luxo fiorentino e design contemporâneo . Baseada em uma paleta de cores neutras que valoriza os objetos de decoração , a repaginação do espaço ficou por conta do arquiteto e designer Stefano Viviani, que optou em não mexer nos elementos arquitetônicos originais

História
Construída em Via della Scala no século 19, a villa era de propriedade da família Palanca e por isso mantem o mesmo nome.  A villa ficou abandonada por cerca de 30 anos e sua reestruturação é um projeto que leva a assinatura do arquiteto Stefano Viviani, responsável por uma repaginação contemporânea e elegante, dando  nova interpretação aos ambientes, com destaque para a nova  iluminação de afrescos, estuques, colunas, mármore e ferro forjado, sem descaracterizar  os traços que dão identidade ao local. A intenção é trazer de volta a mesma atmosfera de quando a estrutura era um ponto de encontro de viajantes cosmopolitas e amantes da arte que visitavam Florença.
O Hotel 
Chegando ao hotel temos a impressão de entrar numa grande mansão,  bastante  iluminada,  elegante e acolhedora,  mas nada ali conota  ostentação e nem intimida.  O hotel dispõe de 18 quartos, divididos em dois edifícios.  Todas as acomodações são arejadas e bem iluminadas, com tetos altos e pisos de madeira natural, cada um lindamente mobiliado e decorado no mais alto nível com peças únicas de design, sendo que alguns quartos  oferecem vista para as torres e cúpulas de Florença. Alguns dos espaços comuns são a Sala da Arte e da Música, Sala de Relax, para leitura, filme e TV.

Recepção do Dimora Palanca,  um clássico da arquitetura fiorentina do século 19, com ambientes funcionais e requintados,  com peças arrojadas de arte moderna e  móveis de design

 

Elegância atemporal . Essa é a Sala de Relax e Leitura

O Dimora Palanca  tem uma decoração tradicional, moderna e luxuosa. Além da recepção,  no piso térreo funcionam também um bar, a sala de café da manhã com acesso ao jardim com mesinhas, cadeiras e confortáveis  chaises distribuídas por todo o espaço.  Quando o tempo permite,  é possível  tomar o café da manha na área externa.  No prédio anexo à estrutura principal fica a antiga serra,  uma área do hotel com 4 quartos, ideal para hospedar pessoas da mesma família ou grupo de amigos.

Todas as comodidades dos quartos da estrutura contam com Wifi, café da manha a la carte, presente de boas-vindas, frigobar com drinks e refrigerantes , roupões e chinelos, secador de cabelo, ar condicionado,   amenities  Lorenzo Villoresi e em algumas categorias,  os plaids são em cashemire, um luxo!!!

Drinque e bilhete de boas-vindas, com chocolates artesanais e muito carinho

Esse foi o quarto onde me hospedei, com banheira hidromassagem no quarto

Fiz uma site inspection para conhecer outras categorias de hospedagem

Alguns apartamentos apresentam tetos com  afrescos

Bar do hotel e o  restaurante Mimesi
O hotel conta com um sofisticado bar e dois restaurantes.  No subsolo fica o restaurante Mimesi, originalmente a cozinha da antiga villa, com pratos sofisticados.   Como toda a estrutura, o ambiente do restaurante também é muito elegante e acolhedor, com  apenas 20 lugares,  onde o chef propõe  suas criações inspiradas em suas viagens e experiências de trabalho, tendo  já passado pela Espanha, China e Japão.

O bar é outro ambiente requintado do hotel, com mesas e bancada de mármore e maravilhoso ciclo de afrescos. O bar e o restaurante são abertos ao público , não apenas aos hóspedes

 

O café da manhã do Dimora Palanca é praticamente uma experiência gastronômica! Fiquei admirada com a quantidade de opções, entre doces e salgados, de tortas, bolos, pães, geleias, omeletes, sucos frescos e detox e uma grande variedade de chás e cafés, com notável atenção a uma variedade de propostas saudáveis e deliciosas!

Na sequência abaixo mostro um pouco da minha experiência de jantar no restaurante Mimesi, que é aberto ao público, cujo menu sugere a quintessência de sabores mediterrâneos, com pratos realizados com  ingredientes locais e sazonais sabiamente combinados com sabores e técnicas desenvolvidas pelo chef.

A abordagem pessoal do chef Giovanni Cerroni redefine uma viagem à cozinha contemporânea

 

Jantar harmonizado onde é possível optar pelo menu degustação de 5, 7 ou 9 courses

Festa de inauguração 
Participei também da  festa de inauguração  do Dimora Palanca que aconteceu no belíssimo jardim da hotel. Roaring Twenties, com buffet do restaurante Mimes. O evento contou com a presença da família Ugliano, proprietária do local, que recebeu os convidados ao lado da  gerente geral  Laura Stopani. Estiveram presentes mais de 150 convidados, dentre empresários, expoentes da indústria da moda, representantes de instituições  culturais, jornalistas e socialites.

Música ao vivo, atmosfera e sabores inspirados nas glórias dos anos 20. Foi uma festa divertida, com buffet do Mimesi, com drinks deliciosos, ostras e champanhe

“Esperamos esta data com muito entusiasmo e estamos muito felizes por iniciar oficialmente a nova vida de Dimora Palanca. Florença redescobriu um pedaço da sua história e a nossa vocação é fazer com que os hóspedes do nosso hotel tenham uma experiência capaz de os fazer respirar a essência de uma cidade única como Florença “, comentou Michele Ugliano

  • Grazie mille Dimora Palanca per l’invito e l’accoglienza impeccabile.

O brasão da família Medici

Difícil não reparar no brasão constituído por esferas em diversos pontos de algumas cidades italianas, principalmente em Florença.  Podemos encontrá-lo nas fachadas de elegantes prédios, nas esquinas, afrescos, pavimentos de palácios,  museus e até mesmo nas igrejas.  A partir do século 15 os Medici passaram a  ser a família mais poderosa da cidade e  adotaram um brasão com bolas vermelhas, que são esferas dentro de um escudo. Mas o que ele representa? Essa é uma pergunta difícil de ser respondida, pois não há nenhum documento que comprove a sua origem. O brasão é composto por bolas  cuja quantidade  varia de acordo com o período histórico,   de 3 a 11 .

 

Em diversos pontos de Florença podemos ver os brasões heráldicos da família Medici, que governou a cidade por cerca de três séculos

 

A princípio, o número de bolas no brasão  era de onze e com o passar do tempo foi diminuindo. Giovanni di Bicci diminuiu para nove e  seu filho Cosimo Il Vecchio, no século 15,  reduziu-o a oito. Seu filho Piero “Il Gottoso”, reduziu-o a sete e foi em 1465, quando o primeiro reconhecimento heráldico chegou aos Médici, que  o rei Luís XI concedeu a Piero de ‘Medici e seus herdeiros o uso de uma bola azul  francesa, com flores de lírio douradas. Foi Lorenzo “O Magnífico” que excluiu uma bola e  passou a usar seis, sendo 5  bolas vermelhas e uma azul.  Posteriormente Cosimo I  passou a utilizar o formato oval ao qual  acrescentou a coroa ducal.

 

Teto das escadarias do Palazzo Vecchio. A origem do brasão desperta tanta curiosidade e segredos que envolvem a família Medici, famosos por terem promovido a arte e a inovação em diversos campos

Esquina do Palazzo Medici Riccardi, a primeira residência da família Medici em Florença

Lendas e histórias envolvem a origem do brasão e as versões são conflitantes e um tanto duvidosas. Apresento pra vocês algumas prováveis versões:

Uma primeira versão é uma tentativa fazer uma conexão das bolas ao sobrenome da família. Talvez as bolas  sejam na verdade pílulas medicinais, sendo uma alusão à  profissão originalmente exercida pelo fundador da família.   Na Idade Média algumas pílulas e comprimidos eram redondos e de cor vermelha.

Outra versão é que as bolas representam laranjas, visto que a família cultivava frutas cítricas. Em todos os jardins das vilas  toscanas é possível ver os grandes vasos com uma grande variedade de frutas cítricas.

Como eram banqueiros, uma das explicações sustenta  que as esferas representam moedas,  também  presentes no brasão da Arte del Cambio ( que era uma corporação),  onde os Médici fizeram sua fortuna.  Mas no caso da poderosa família, com a inversão das cores, pois o brasão desta Arte era um escudo vermelho com flores douradas.

Uma outra versão é que  as bolas  representam as pegadas deixadas por um bastão do gigante do Mugello de um homem que se chamava Averardo, ancestral dos Medici que chegou na Toscana  como comandante do exército de  Carlos Magno.

Outra hipótese muito provável é relacionada às batalhas. Na heráldica, as  figuras  de um brasão podem representar o número de inimigos mortos em batalha. Os Medici teriam então iniciado seu número de esferas graças a algum soldado que, no decorrer de uma batalha ou de uma guerra ainda mais importante como uma cruzada, teria matado onze inimigos de uma vez.

 

 

Giulio d’argento di Cosimo I de’ Medici granduca di Toscana (foto internet, reprodução sem fonte)

 

Brasão de Cosimo I de’ Medici, “Insigna Florentinorum”, 1550-1555

 

Capela dos Príncipes, mausoléo da família Medici

 

O brasão nas tombas de integrantes da família Medici nas Capelas Medicee

 

No Duomo de Pietrasanta o brasão fica no alto, no meio da igreja

 

medici-firenze

Esquinas decoradas – Nessa esquina, nas proximidades da piazza Duomo, o Brasão da poderosa família Medici, os mecenas de Firenze que governaram a cidade por mais de 3 séculos . Podemos observar em diversas construções na cidade o brasão que contém 6 bolas

 

A Tribuna, no Museu Uffizi

 

A igreja de San Martino de Florença

Nas proximidades da área onde nasceu e viveu Dante Alighieri encontra-se a pequena igreja de San Martino, conhecida também como “Buonomini” (Bons Homens), que como  o  próprio nome sugere, cuida dos necessitados em Florença há muitos séculos. A  Compagnia dei Buonomi di San Martino foi fundada em 1441 pelo frei Antonino Pierozzi, Sant’Antonino, que era priore do convento de San Marco e sucessivamente arcebispo de Florença. Ele pediu ajuda a 12 homens que pudessem colaborar com as famílias florentinas que haviam caído em desgraça econômica e por orgulho ou vergonha não pediam ajuda, eram os poveri vergognosi. E pouca gente imagina que no interior dessa pequena igreja encontramos pinturas maravilhosas, um ciclo de afrescos atribuídos à bodega de Ghirlandaio,  que foi maestro de Michelangelo.

A porta da Igreja de San Martino, que foi fundada em 1º de fevereiro de 1442, mas em Florença era ainda 1441 pois o ano novo caía em 25 de março

 

Afrescos atribuídos à escola de Ghirlandaio no interior da igreja

 

Frei Antonino escolheu como sede da Confraria a igreja de San Martino, o santo dos pobres, aquele que compartilhou seu manto com um mendigo encontrado quase completamente nu.

A congregação paroquial conhecida como Buonuomini está localizada  perto da casa de Dante Alighieri, em frente à Torre della Castagna

Um pouquinho de história – Nos séculos 14 e 15, os mercantes  representavam uma grande força  econômica para a cidade. Portanto, grandes ganhos e  obviamente também ruínas fizeram parte desse novo sistema econômico que influenciou fortemente a economia na época.  Um fator que influenciava sobre a fortuna era a política: em Florença usava-se para derrotar o partido oposto, o exílio e o confisco de bens e, com isso,  muitas famílias ricas e poderosas podiam perder todo o capital.  Imaginem que na Idade Média os comerciantes que faliam recebiam uma punição pública: eram acorrentados , ridicularizados e condenados!

O edifício foi construído no século XV e consagrado por Frei Antonino. A igreja foi renovada em estilo renascentista em 1479. Fiz essa foto do Museu Casa di Dante

A congregação  ainda segue as mesmas regras que vigoram desde meados do século 16: recolhe a contribuição de florentinos caridosos e doa anonimamente aos necessitados, protegendo a sua dignidade. A ajuda  sempre foi prestada com a máxima discrição.

O ciclo de afrescos que representam As sete obras da Misericórdia. À esquerda Madonna con Bambino, de Della Robbia

A expressão “essere ridotti al lumicino” na Toscana significa que a situação econômica está muito grave, o que em português seria algo como “ser reduzido à luzinha”. A origem dessa forma de falar surgiu aqui nesta igreja. Quando necessitavam de ajuda financeira, a Fraternidade dos Buonomini acendia uma pequena luz sobre a porta de entrada, enviando dessa forma uma mensagem aos florentinos de que a congregação estava sem recursos para ajudar os pobres e esse método de pedir ajuda funcionou dessa forma até 1949.

Na esquina da igreja  fica o tabernáculo com San Martino  que faz o pedido para os  pobres (século 17), de Cosimo Ulivelli.  Abaixo do tabernáculo, o local para as doações

 

E na fachada da igreja o buraco das instâncias, por onde chegam os pedidos de ajuda

Aqui vale a máxima: faça o bem sem olhar a quem!
Curiosidade:  no dia 11 de novembro celebra-se  São Martinho, um santo que é considerado o padroeiro dos anfitriões, enólogos, sommeliers, vindimadores e até dos bebados!

 

Igreja de San Martino/ Congregação dos Buonomini
Piazza San Martino
Horário de funcionamento: das 10:00 às 12:00 e das 15:00 às 17:00
Domingo e sexta-feira à tarde está fechado
Ingresso gratuito