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O Museu degli Innocenti de Florença

Bem perto da Catedral Santa Maria del Fiore de Firenze, na praça renascentista de Santissima Annunziata, está o Museo degli Innocenti, que surgiu em 1419  com a designação de hospital: Spedale degli Innocenti.  Foi o primeiro orfanato europeu e a primeira obra arquitetônica do Renascimento, realizada por Brunelleschi.

Eugenio Giani, Presidente do Conselho da Toscana e  Maria Grazia Giuffrida, Presidente da Instituição. A obra Madonna degli Innocenti, de Domenico di Michelino, metade do século 16

Visitei o local  junto à Eugenio Giani, Presidente do Conselho Regional da Toscana e  Maria Grazia Giuffrida, Presidente da instituição.

O Ospedale degli Innocenti foi construído por Brunelleschi no século XV e está localizado na Piazza della Santissima Annunziata com a Loggia del Brunelleschi (1419), repleta de pórticos, arcos e colunas. A construção é considerada a obra mais antiga da arquitetura renascentista

 

História do Ospedale degli Innocenti 

A criação do instituto deu-se graças à doação de 1000 fiorinos por parte de Francesco Datini,  um rico comerciante que havia ficado órfão quando criança que patrocinou a construção de um grande hospital para abrigar crianças órfãs e abandonadas. Uma das corporações mais potentes da época, a Arte da Seda, ajudou a concretizar e gerenciar a construção da instituição confiando o projeto a Filippo Brunelleschi, o melhor arquiteto da época, autor da cúpula da  Catedral Santa Maria del Fiore. O Hospital foi projetado e construído entre 1419 e 1444, permanecendo sob a direção de Brunelleschi até 1427.

 

O Museo degli Innocenti está localizado no complexo monumental que inclui o prédio projetado por Filippo Brunelleschi, o primeiro exemplo da arquitetura renascentista

Desde sua criação a instituição presta  assistência  à crianças  órfãs e filhos ilegítimos. Na época do Renascimento  muitos bebês foram abandonados e deixados no hospital.  Os registros da instituição guardam informações sobre a primeira criança acolhida: Agata Esmeralda,  a primeira criança “inocente”, que foi deixada no local, no dia 5 de fevereiro de 1445. Foi chamada assim porque dia 5 de fevereiro é dia de Santa Agata.

O instituto  surgiu há 6 séculos para acolher crianças abandonadas. Fica na piazza Santissima Annunziata, uma das primeiras praças renascentistas do mundo

Sob os pórticos da fachada da instituição havia um local por onde chegavam os alimentos e onde os bebês eram colocados. Era através dessa espécie de  “janela de ferro”, que as mães  apoiavam seus filhos antes de tocar a campainha para informar a chegada da criança. Em 1660 foi introduzida a  porta giratória.

Local onde os bebês eram  deixados

Ainda é possível ver o local onde ficava a  porta giratória, sob os pórticos do instituto. Ali a mãe colocava o bebê, que era recuperado na parte interna, sem que a mãe fosse identificada. Essa era considerada uma maneira eficaz de garantir o anonimato às mães que deixavam ali seus filhos.

As crianças abandonadas eram cuidadas por enfermeiras e depois confiadas às famílias do interior da Toscana que eram remuneradas para criá-las até a  idade de 5 ou 6 anos.  Depois elas voltavam ao  instituto para serem educadas e orientadas para uma profissão. Entre 1600 e 1700 foi dada a possibilidade de amamentar dentro do instituto.  Desde o início de sua criação o instituto não apenas cuidava e alimentar, mas também educava e preparava as crianças para integrá-las à sociedade. Passaram pela instituição cerca de 500 mil crianças. As últimas crianças que foram deixadas no instituto em 29 de junho de 1875, ano em que terminou o abandono anônimo.  As últimas crianças que chegaram receberam os nomes de Laudata Chiusuri e Ultimo Lasciati.

Essas esculturas representam Maria e José e falta o  Menino Jesus. Toda criança que chegava ao orfanato era colocada entre os dois. Era uma forma de representar que eram acolhidas e que dali em diante poderiam ter uma família

Muitas das crianças que chegavam  registradas como filhos ilegítimos possuíam uma família, mas foram confiadas à assistência pública devido às dificuldades econômicas.

As crianças eram abandonadas anonimamente e não era informado o sobrenome, eram identificadas apenas com o primeiro nome. Um fato curioso é que quando as crianças adquiriam a maioridade e deixavam o instituto recebiam os sobrenomes  Innocenti, degli Innocenti, Nocenti ou Nocentini. O sobrenome Innocenti é o segundo mais difuso na Toscana.

Desde que foi instituído, 500 mil crianças já passaram pelo local. Atualmente  abriga dois núcleos: 2 creches para crianças de 0 a 6 anos e outra ala, constituída de apartamentos que funcionam como casas familiares, que no momento acolhem  14 mães e filhos carentes em dificuldade, além de escritórios da Unicef para Estudos Internacionais relacionados à infância.

 

O pátio do complexo. Obra de Andrea della Robbia sobre a porta no pátio que conduz à igreja

Museu degli Innocenti 

É possível conhecer a história do local e das crianças que já passaram por aqui através do Museu degli Innocenti, um patrimônio artístico, monumental e histórico inaugurado em 2016.  O museu conta a história do hospital e das atividades assistenciais e médicas realizadas ao longo de 6 séculos, através da exibição de obras de arte, documentos fotográficos,  vídeos e objetos.

 

Seção histórica – Existem mais de 38 mil objetos como medalhas, colares e pedaços de tecido. Algumas pessoas deixavam uma sacolinha com sal, pois isso significava que a criança já havia sido batizada

Acredito que o momento mais emocionante do percurso é quando chegamos ao arquivo histórico. Existe uma sala que contém um móvel com 140 gavetas com objetos que eram deixados pelas mães das crianças que eram entregues ao instituto. Os visitantes podem abrir as gavetas, onde consta o nome da criança e a data de nascimento. Todos os objetos foram divididos, como moedas, medalhas, tecidos e cordões: uma parte ficava com a mãe e a outra metade era deixada junto com a criança, muito provavelmente na esperança de poder reencontrá-la.

Uma medalha incompleta. A parte qu falta ficava com a mãe da criança abandonada. Esses objetos eram o único meio de comunicação entre a família e a criança, que era  deixada de forma anônima

 

O museu  preserva milhares de pequenos objetos: medalhas, moedas, clipes de papel, cartões sagrados, botões, pedaços de pano, e alguns deles são exibidos na exposição com o nome do recém-nascido a quem eles pertenciam

No segundo andar fica a seção com obras valiosas do museu de autores como Sandro Botticelli, Domenico Ghirlandaio, Neri di Bicci e Andrea e Luca della Robbia.

Os querubins enfaixados de Andrea della Robbia  (1487), em terracota envidraçada

 

Este representa uma menina. Obra de Andrea della Robbia  (1487)

 

A obra Adoração dos  Magos, de Ghirlandaio

 

Obra de Botticelli, Madonna col bambino

Um dos lindos ambientes do museu é o  Cortile degli Uomini  (Pátio dos Homens), um pátio renascentista

 

Caffè del Verone 

Um espaço maravilhoso do complexo é o Caffè Verone, localizado numa grande varanda com vista para cidade e para as colinas que a circundam. A cafeteria  funciona onde, no século 15, era utilizado para secar as roupas. O  café proporciona aos visitantes uma vista exclusiva de Firenze, com a cúpula de Brunelleschi e a Sinagoga.

 

Grazie Sandra Panerai pela foto!

Grupo de Tuscany bloggers, Gloria, Sandra, Barbara, Erika, Gilli, Ksenia, Yulia, Leonardo e Raoul, com Eugenio Giani e Maria Grazia Giuffrida ( Foto Ksenia)

 

O Caffè Del Verone  é aberto diariamente (exceto às terças) das 10 às 20 horas. É também acessível para quem não possui ingresso para o museu.
Instituto degli Innocenti
Piazza della Santissima Annunziata – Firenze
Horários:
Diariamente (exceto às terças): das 10 às 19 horas – de 1º abril à 31 outubro
Diariamente (exceto às terças): das 11 às 18 horas – de 1º  novembro à 31 de março
Valores:
9 euros – adulto
10 euros- bilhete familia (para 2 adultos e 2 crianças de até 11 anos)

O Museu Novecento de Firenze

Não só de obras renascentistas vive a cidade de Firenze.  O Museu Novecento, uma realidade museológica no coração de Firenze, é dedicado à arte italiana dos século 20. Inaugurado em 24 de junho de 2014, é um museu e galeria de arte, com exposições permanentes e temporárias. A sede é no Antigo Convento Delle Leopoldine, na Piazza Santa Maria Novella.

 

O Museu Novecento apresenta uma seleção de obras de coleções cívicas que ilustram a arte italiana da primeira metade de  1900

Muitas obras foram doadas à cidade de Firenze pelo colecionador Alberto Della Ragione após a enchente de 1966:  fazem parte da coleção obras de Giorgio De Chirico, Filippo De Pisis, Renato Guttuso, Casorati entre outros.

 

O Museo Novecento funciona no antigo Spedale Delle Leopoldine di Piazza Santa Maria Novella 

 

O percurso começa no andar térreo, com salas dedicadas às mostras temporárias e com projetos especiais, que são também expostos no pátio do museu. No primeiro andar ficam a sala de cinema e de conferencias e ambientes reservados à exposição temporárias enquanto que no segundo andar as obras da coleção permanente.

O Museo Novecento tem acervo permanente e exposições temporários e diversos projetos especiais durante todo o ano. Nas noites de verão promovem sessões de cinema no pátio, com o projeto “Cinema nel chiostro”

Exposições permanentes 

Uma importante coleção é de Alberto Della Ragione, que foi doada para cidade de Florença em 1966,  com obras de Giorgio De Chirico, Filippo De Pisis, Gino Severini, Giorgio Morandi, Mario Mafai, Renato Guttuso, Felice Casorati e altri. Outros artistas que enriquecem a coleçao permanente são  Ottone Rosai,  Corrado Cargli, Mirko Basaldella e Aldo Palazzeschi.

Marino Marini

 

Lucio Fontana

 

Ottone Rosai

 

Virgilio Guidi, Donna solitaria  1938

 

Exposições temporárias

Além da coleção permanente, as mostras temporárias e as programações das salas de cinema e conferências enriquecem as atividades do museu com aprofundamentos temáticos e multidisciplinares. Em minha visita ao museu pude apreciar artistas italianos  como Bice Lazzari (até 13 de fevereiro), Mirko Basaldella e Rä di Martino, Lino Mannocci, Rebecca Moccia e Wang Yuang.

 

As obras de Mirko Basaldella, até 16 de janeiro

 

Bice Lazzari

 

Appolinaire Cefaloforo, de  Lino Mannocci, até 16 de setembro de 2020

 

Wang Yuang

 

Museo del Novecento

Piazza Santa Maria Novella, 10 – Firenze

Valor: 9 euros

Horários:

De abril a setembro

De segunda à domingo: 11 às 20h ( às quintas fecha às 14h e às sextas às 23h)

De Outubro a março

De segunda à domingo: 11 – 19 (às quintas fecha às 14h)

 

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As Capelas dos Medici

As Capelas dos Medici, ou Le Cappelle Medicee em italiano, é local que abriga o mausoléu dos Medici,  poderosa dinastia que governou a cidade entre os séculos 15 e 18 e responsável por Firenze  ser conhecida como Berço do Renascimento. O conjunto das capelas compreende, além da cripta onde muitos membros da família Medici estão enterrados, a Capela dos Principes, onde estão os túmulos de seis grão-duques da família Médici, e a Sacristia Nuova, outra capela funerária, onde Michelângelo atuou como arquiteto e escultor.

A imponente Capela dos Príncipes, com piso que é bastante recente, foi finalizado em 1962

O complexo de San Lorenzo inclui a Basílica, a Biblioteca Laurenziana, , considerada uma das primeiras bibliotecas públicas do mundo com cerca de 11 mil manuscritos da coleção dos Médici, as Capelas  dos Medici e o belíssimo claustro interno. Reúne tesouros artísticos realizados por  Donatello, Bronzino, Filippo Lippi, Michelangelo e Brunelleschi. As Capelas Medici abrigam os túmulos de 50 membros da poderosa família.  As capelas estão localizadas no Complexo da Basílica de San Lorenzo mas o acesso é por  trás da Basílica.   E as salas principais do Museo delle Cappelle Medicee são a Nova Sacristia e a Capela dos Príncipes.

 

A capela nasceu como um mausoléu da família Medici, que a queria como um símbolo do poder da dinastia

O pátio do complexo de San Lorenzo, perto da bilheteria e de onde temos acesso à Biblioteca Laurenziana e ao subterrâneo onde está sepultado o artista Donatello

 

A tomba do artista Donatello

A Igreja de San Lorenzo

Por 300 anos, a Basílica de San Lorenzo foi a igreja mais importante de Florença, até ser substituída pela Igreja de Santa Reparata, que mais tarde se tornou a Catedral de Santa Maria del Fiore. Fica ao lado do mercado homônimo de San Lorenzo, a poucos passos do Duomo e do Batistério.

Consagrada em 393 por Santa Ambrósio, a antiga basílica, reconstruída em estilo românico em 1059,  foi reformada por Brunelleschi no século XV, à pedido da família  Médici

Em 1419, época em que os Médici decidiram utilizá-la como paróquia da família, confiaram  à Filippo Brunelleschi, arquiteto que construiu a cúpula da igreja Santa Maria del Fiore.  Os trabalhos de Brunelleschi resultaram na primeira igreja obra-prima do período renascentista, importante obra para a arquitetura religiosa, com elementos clássicos e proporções geométricas.

As obras em bronze O Púlpito da Ressurreição e Paixão, de Donatello

 

Perto do altar, na capela próximo à Sacristia Vecchia, a obra Anunciação Martelli, de Filippo Lippi, datada de 1440

Sacristia Velha

Realizada por Brunelleschi entre 1422 e 1428, a Sacristia Velha, a parte mais antiga da igreja, representa um dos primeiros projetos do célebre  florentino em que sua visão arquitetônica se concretiza através da geometria e precisas proporções, com total harmonia entre espaço arquitetônica e decoração. O artista Donatello é o autor de duas portas de bronze e dos relevos nas paredes que representam a vida de São João Batista.

A Sacristia Velha é uma das criações mais completas do primeiro Renascimento florentino, com o tumlo de Giovanni Bicci ao centro

 

As Capelas dos Medici

As Capelas  dos Medici são um museu estadual desde 1869 e tem sua história ligada à da Igreja de San Lorenzo, à qual pertencem, localizada no mesmo complexo. As capelas foram erguidas como sepulcro da família Medici na Basílica de San Lorenzo, que os Medici consideravam a igreja particular, posicionada em frente à residência de Via Larga , agora Via Cavour, o Palazzo Medici-Riccardi.

 

As Capelas dos Médici foram anexadas à igreja de San Lorenzo, que era a igreja da família Médici enquanto habitavam  no Palazzo Medici-Riccardi

 

Cripta

O primeiro ambiente encontrado é a Cripta,  realizada por Buontalenti. No chão da cripta ficam as lápides de mármore dos túmulos dos Grão-Duques, suas esposas e parentes mais próximos.

Na parte central da cripta existe também um espaço onde estão expostas em  vitrines relíquias dos séculos 17 e 18.

 

Capela  dos Príncipes

No segundo andar fica a lindíssima  Capela dos Príncipes,  que surge da ideia do grão-duque  Cosimo I de realizar um mausoléu para a família. O mausoléu dos grão-duques da Toscana é uma grande capela octogonal com 59 metros de altura e uma imensa cúpula. Entre 1561 e 1568  as obras foram confiadas à Giorgio Vasari, mas os trabalhos começaram apenas com Ferdinando I. Em 1602  foi realizado um concurso e o projeto de Don Giovanni, filho natural de Cosimo I e de Eleonora, que encarregou  a direção dos trabalhos ao arquiteto Matteo Nigetti, que ficou responsável pelas obras até 1650.

Poder e magnificência da família dos Medici. O ambiente é ricamente decorado com pedras preciosas, mostrando a grandeza da dinastia Medici. Nas paredes estão brasões das cidades toscanas governadas pelos grão-duques

 

Os grão-duques queriam cobrir as paredes do mausoléu com os materiais preciosos e incorruptíveis, como mármore , granito, alabastro,   lápis-lázuli , coral e madrepérola

Para mostrar o poder da família, a capela tinha que ser grandiosa e luxuosa e, por esse motivo, foi fundado o Opificio delle Pietre Dure, um instituto que existe até hoje, que surgiu para cuidar do trabalho das pedras semipreciosas, com a utilização de uma técnica conhecida como commesso fiorentino, um tipo de mosaico com utilização de pedras  maiores.

 

Mas as obras foram finalizadas em meados do século 18, com a última representante da casa dos Médici, Anna Maria Luisa,   que queria concluir o imponente mausoléu da família. Foram feitas as janelas e a cobertura da cúpula, enquanto a decoração  interna foi realizada por Piero Benvenuti entre 1828 e 1837, criou um ciclo de afrescos com tema bíblico, retirados das histórias de Gênesis e e tantos outros episódios do Novo Testamento. O pavimento em pedra dura foi concluído em 1962.

O altar é resultado de uma reconstrução de 1937 com diversos painéis  em pedras duras de varias épocas

Na Capela dos Principes estão os túmulos de Cosimo I, Francesco I, Ferdinando I, Cosimo II, Ferdinando II, Cosimo III.  Cada nicho deveria haver uma escultura, mas restam apenas 2, a de Ferdinando I e Cosimo II.

Nos seis nichos nas paredes estão os sarcófagos dos Grão-Duques e também as estátuas de bronze dourado de Cosimo II e Ferdinando I

 

A Capela dos Príncipes é conhecida como um triunfo da fabricação florentina da  pedra dura devido à riqueza e esplendor de seu interior.  Sua  cúpula é enorme, menor apenas da de Santa Maria del Fiore, o Duomo de Firenze

 

Sacristia Nova

A Sacristia  Nova é  outra capela funerária, com obras de Michelangelo, que atuou no local como arquiteto e escultor, a partir de  1520.  Foi o  cardeal Júlio de Médici (Papa Clemente VII), que quis construir as capelas fúnebres para ter um lugar apropriado para enterrar os membros da família. Michelangelo dedicou-se à sua realização até 1534, o ano em que estabeleceu-se em Roma. Depois que deixou as obras, a Sacristia Nova foi terminada por Vasari e Bartolomeu Ammanati, em 1546.

 

Michelangelo realizou  3  grupos de esculturas  entre os anos 1520 e 1534: o  túmulo de Lorenzo, neto de Lorenzo o Magnifico, com estátuas que simbolizam a vida contemplativa, o  túmulo de Giuliano, terceiro filho de Lorenzo o Magnifico, simbolizando a vida ativa e o terceiro grupo de esculturas é a Madonna col Bambino ladeada por São some e Sao Damião, padroeiros da família,  esculturas  realizadas para adornar o túmulo dos irmãos Lorenzo o Magnífico e Giuliano. Michelangelo não  chegou a terminar o projeto com a tomba dos irmãos.

 

Os túmulos dos irmãos Lorenzo e Giuliano. Sobre a sepultura existem 3 esculturas: Maria com o menino Jesus, realizada por Michelangelo, e os Santos Cosme, esculpido por Montorsoli e Damião, feita por Raffaello da Montelupo. As esculturas foram colocadas por Vasari em 1554

Os ossos dos irmãos Giuliano e Lorenzo foram trazidos para a  Sacristia Nova em 1559, pois antes estavam na Sacristia Velha, na Igreja de San Lorenzo.

A sepultura de Lorenzo, Duca de Urbino,  foi realizada por Michelangeo em seus últimos anos de permanência em Firenze, entre 1531 e 1532. Na tomba,  esculturas  com duas figuras alegóricas da Aurora e do Crepúsculo

 

Sobre o altar, 2 candelabros em mármore projetados por Michelangelo

 

Capelas dos Medici

Endereço: Piazza di Madonna degli Aldobrandini, 6.

Horários

Diariamente das 08:15 às 14h

A bilheteria fecha às 13:20

Fechamento: no 2º e no 4º domingo de cada mês, assim como na 1ª, 3ª, e 5ª segunda-feira de cada mês, 1º de maio, Natal e Ano Novo

Os horários e valores sofrem alterações de acordo com o período do ano. Visitar o site para mais informações.

Preços

Adultos: 9 euros
Crianças e adolescentes até 18 anos: grátis

 

Perfume sob medida, por Sileno Cheloni

Quem não gostaria de ter um perfume exclusivo que exprime a própria personalidade? Ter um frasco realizado  com unicidade é um verdadeiro luxo, uma experiência multissensorial que nos possibilita misturar matérias-primas para obter a nossa própria  fragrância, não encontrada em nenhum outro lugar do mundo!

Sileno Cheloni – luxo e requinte na perfumaria que oferece experiências exclusivas com a realização de perfumes sob medida. O atelier é quase um mundo mágico, onde matérias-primas de diversas partes do mundo se unem em harmonia

Participei da criação do meu próprio perfume artesanal à convite de Sileno Cheloni, expert e renomado perfumista. Sileno,  que já colaborou  com marcas como Gucci. Renault e Lamborghini,  abriu este ano a sua ol-fatory, uma elegante maison em San Niccolò, bairro de Firenze que concentra artistas e artesãos.
perfume
Em seu atelier ele oferece, além da fragrância prêt-à-porter Sangue Blu, a possibilidade de criar perfumes sob medida a partir de 2 experiências únicas. Na primeira, que conta com a participação de Sileno, é agendada uma entrevista onde o cliente expressa os seus gostos, compartilha seus hábitos e estilo de vida.  A criação da essência é feita a partir desse bate-papo que pode durar 1, 2 ou  3  horas, enfim, como ele mesmo diz, tempo suficiente para conseguir entender quais ingredientes irá utilizar para que o resultado final possa traduzir a personalidade do cliente. Através de uma seleção e combinação de 2 mil essências, o perfume é desenvolvido. E só depois de completar os processos de envelhecimento e maceração,  num período de 6 semanas, o frasco  é enviado à casa do cliente.
A segunda experiência, da qual participei, é chamada de Profumoir e é realizada com uma consultora especializada, que explica sobre as matérias-primas disponíveis e sobre as possíveis misturas.  A minha experiência com Zoe durou cerca de 1 hora. Ela procurou saber quais os odores e ingredientes me agradavam e  logo em seguido  foi me apresentando  algumas notas do órgao de Sileno para  eu ir experimentando. Ela me explicou sobre os elementos que compõem o perfume: “cabeça”, “coração” e base. E é necessário ao menos 1 nota de cada um desses elementos para a obtenção do perfume, que pode ser realizado com no máximo 5 notas. Eu escolhi 4 matérias-primas e coloquei a mesma quantidade de cada uma delas. E pra minha surpresa, a mistura entre elas me agradou exatamente nessa proporção.

Em minha primeira visita à perfumaria, com o mestre perfumeiro Sileno Cheloni

Sileno utiliza materias-primas raras importadas e óleos essenciais. Atenção em cada detalhe, da concepção até as embalagens , que são feitas à  mão

O mestre perfumista Sileno Chileno, que recebe em seu ateliê para criação de perfumes personalizados. O perfume é criado em harmonia com a personalidade, emoções, gosto e memórias olfativas do cliente

Profumoir – é um recanto da maison onde o cliente obtém o seu perfume personalizado. São Disponibilizados como se fosse um órgão com mais de 99 notas

Sileno Cheloni tem uma coleção de ingredientes obtidos em diversas partes do mundo: da perfumaria florentina  à perfumaria  oriental: matérias-primas exclusivas criadas  e selecionadas  pelo mestre perfumista.

Para a realização do perfume sob medida, Sileno Cheloni identifica as expectativas e a personalidade do cliente. Fragrâncias são realizadas com a utilização de matérias-primas raras e naturais

Alquimia sinfônica – O órgao de Sileno: garrafas e conta-gotas, tem a oportunidade de se sentar nesta mesa surreal, onde um especialista o guiará na criação de seu próprio perfume

A maison Sileno Cheloni, com design elegante e sofisticado, voltada a uma clientela exigente e que busca exclusividade

Perfume Sob medida – é uma experiência que traduz de forma original e única a personalidade do cliente: “não é uma tarefa simples. Preciso deixar de lado a minha criatividade e me concentrar na pessoa que está na minha frente”, revela Sileno

As 2 experiências no atelier precisam ser agendadas com antecedência. Para a criação do perfume personalizado por Sileno, a experiência custa 3 mil euros. São confeccionadas 10 garrafas de 30 ml personalizadas com as iniciais do cliente, realizadas por um artesão florentino. A experiência  Profumoir custa 300 euros e o perfume vem numa embalagem de 100 ml, que o cliente  leva pra casa no mesmo dia, numa luxuosa confecção de veludo.
Em ambos os casos, é possível refazer a mesma fórmula criada, já que as receitas são arquivadas.

Eu e Zoe com a minha essência de 100 ml. Dentre os ingredientes,  âmbra, cacau  e especiarias

Depois de pronto, o cliente escreve o nome da fragrância e escolhe a cor da tampa de mármore que prefere

 

O perfume disponível para venda, Sangue Blu, que pode ser adquirido em 2 tamanhos: 100 ml, por 190 euros e a embalagem para viagem, de 7,5 ml por 25 euros

Sileno assina também um difusor de ambientes, um precioso objeto de decoração, disponível numa embalagem de 200 ml. A garrafa é em vidro soprado a mão e para dar um toque ainda mais especial ao cristal, as letras são escritas em ouro. A confecção custa 250 euros e você tem a possibilidade de adquirir também o refil.

O difusor de ambientes

A mesa de incensos, também criados por Sileno

 

Sileno Cheloni

Via di San Niccolò, 72, r

Oltrarno – Firenze

 

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A Porta de San Frediano de Florença

Como muitos sabem, na Idade Média, o centro histórico de Firenze era todo circundado por muralhas. Uma parte bem conservada dos antigos cercos murados da cidade  é a Porta de San Frediano, no Oltrarno, que foi reaberta à visitação durante o mês de outubro com visitas guiadas organizadas por Mus.e.

Com a visita guiada, é possível subir até o terraço da porta

O Oltrarno é o bairro que melhor testemunha o passado medieval, já que as antigas portas da parte norte do Arno foram abatidas para dar lugar  às avenidas,  deixando apenas as principais portas de acesso. A construção dos cercos murados na cidade  iniciaram em 1284, sob projeto do arquiteto Arnolfo di Cambio e completadas no ano de 1333.
A Porta de San Frediano foi construída por Andrea Pisano entre 1331 2 1334 e  era um ponto importante para Firenze, devido à sua localização que levava à Pisa, atualmente chamada de Via Pisana, que tem origem no portão. Originalmente a porta era muito mais alta,  mas para evitar ataques,  sofreu reduções no ano de 1529 durante o cerco de Florença por parte de das tropas de Carlos V.
A linda e imponente Porta de San Frediano dá as boas-vindas ao boêmio Oltrarno, o meu local  predileto da cidade. Inclusive Borgo San Frediano foi eleito pela Lonely Planet como o  bairro mais cool do mundo. Adoro passear por suas ruelas, visitar as bodegas dos artesãos em ação e experimentar as delicias dos restaurantes e barzinhos com atmosfera hypster.
Visitas
A abertura da Porta San Frediano para a parte da proposta do “Museu Difuso”,  um plano de valorização das torres,   portas e do antigo sistema defensivo da cidade.  A iniciativa surgiu em 2011 com a abertura da Torre de San Niccolo, também aberta ao publico durante um determinado período do ano.

Próximas visitas guiadas com Mus.e:
Datas: 19 e 26 de outubro
Horário:  das 9.30 às 12.30, com visitas a cada meia-hora
Valor: 6 euros
Reservas obrigatórias através dos telefones 055/2768224 – 055/2768558 ou e-mail info@muse.comune.fi.it

A Galleria dell’Accademia de Firenze

A Galleria dell’Accademia é um museu de Firenze que conserva a mais famosa escultura do mundo: o Davi. A Accademia é o segundo museu mais visitado da cidade e vale a pena inclui-lo em seu passeio não apenas porque abriga a escultura realizada pelo grande artista Michelangelo,  mas é importante destacar que a Accademia abriga diversas outras obras do ramo da pintura e  escultura de inestimável valor, como por exemplo, os Prisioneiros (ou Escravos), 4 figuras masculinas em mármore inacabadas.
Michelangelo
Foi fundado em 1784, quando o grão-Duque da Toscana Pietro Leopoldo di Lorena  decidiu que os quartos do hospital e do convento de São Nicolau se transformassem num espaço onde os estudantes da Academia de Belas Artes pudessem estudar. O museu também abriga instrumentos musicais e artefatos das coleções do Conservatório Luigi Cherubini. O museu é dividido em várias salas, que são caracterizadas por temas.
accademia

A Galleria dell’Accademia é o segundo museu mais popular de Firenze

 

Sala del Colosso – esta é a primeira sala da Galleria dell’Accademia, que abriga no centro  o esboço original de gesso da escultura de Giambologna, o Rapto das Sabinas, que enfeita a Loggia dei Lanzi na Piazza della Signoria. Nas paredes, obras da pintura fiorentina dos séculos 15 e 16, de Paolo Uccello, Ghilandaio, Andrea del Sarto,  Perugino, Botticelli e Filippino Lippi, provenientes principalente de igrejas e conventos de Firenze.
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A Sala del Colosso e a principal obra ao centro da sala: o Rapto das Sabinas, de Giambolonha

Giambologna

Modelo original em gesso com 4,10 metros, de 1582

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A obra Annunciazione, de Maestro della Natività Johnson e Filippino Lippi . O trabalho é um dos primeiros atribuídos a Filippino, que em 1472, então com quinze anos, começou a trabalhar na oficina de Sandro Botticelli

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A Galleria dei Prigioni– Esta galeria recebe o nome de uma série de esculturas de Michelangelo: os prisioneiros.  É um corredor com  4 grandes esculturas conhecidas como “inacabadas” que retratam nus masculinos. Essas  obras são chamadas de “os prisioneiros” (I Prigioni o Schiavi), encomendadas pelo Papa Julio II para o seu monumento sepulcral. As obras são datadas entre 1519 e 1534.
accademia

A Galleria dei Prigioni. É uma grande emoção admirar essas obras e observar do corredor a tão disputada obra do museu, o Davi

As quatro estátuas estão na galeria desde 1909. Antes, enfeitavam a Gruta de Buontalenti nos Jardins de Boboli. As esculturas dos prisioneiros são obras inacabadas.  Com essa forma de esculpir,  o artista mostrava a dificuldade em extrair a figura humana de um bloco de mármore, significando o esforço da humanidade em libertar o espírito da matéria.

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O Atlante. Cada uma dessas obras é um exemplo da prática de Michelangelo conhecida como “inacabada”

 

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“Lo Schiavo che si desta” obra em mármore, com 2,67 m

Pietà da Palestrina, a obra teve uma história crítica complexa e diferente  de todas as esculturas conservadas neste espaço. Foi colocada no corredor em 1939 proveniente da capaelade Santa Rosalia no Palazzo Barberini , em Palestrina.  Existem dúvidas sobre a autoria da obra, atribuída à Michelangelo.

 

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Pietà da Palestrina

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A Tribuna  de Davi–  O Davi,  estátua feita em mármore branco de Carrara,  foi executada por Michelangelo entre 1501 e 1504 e representa o herói bíblico Davi,  quando está prestes a enfrentar o gigante Golias. A obra é considerada a maior obra-prima da escultura mundial e foi realizada quando Michelangelo  havia apenas 26 anos. O Davi passou 9 anos numa caixa de madeira antes de ser exposta em 1873 na Tribuna onde encontra-se. É a mais requisitada obra-prima da Galleria dell’Accademia.

 

Davi

Criada para ficar na catedral Santa Maria del Firenze, o Duomo, a obra foi colocada na Piazza della Signora, em frente ao Palazzo Vecchio, onde permaneceu por mais de 350 anos

 

Davi foi encomendado para decorar uma das fachadas do Duomo. Outros dois artistas já haviam falhado antes dele, portanto, os florentinos estavam ansiosos aguardando o resultado do trabalho. A obra foi revelada ao público oficialmente em 8 de setembro de 1504,  surpreendendo a todos com tamanha beleza! Devido ao momento político, decidiram colocar a obra em frente ao Palazzo della Signoria,  sede do Governo de Florença.

 

Davi

A escultura do Davi tem 5,17 metros de altura e foi realizada a partir de um único bloco de mármore

 

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O dedo médio da mão do Davi foi perdido, não se sabe em qual ocasião, e foi restaurado em 1813

 

accademia

 

Muitas obras enfeitam as alas direita e esquerda da Tribuna. À direita, obras de de Francesco Salviati. Salviati, aluno de Andrea del Sarto, desenvolveu uma longa e intensa carreira em Florença, Roma e França. E  à esquerda da Tribuna , pinturas dos anos 500 de autores como Santi di Tito, Bronzino e Alessandro Allori.

 

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Obra de Alessandro Allori, Annunciazione

 

O gótico fiorentino–   A última seção do andar térreo do museu é composta por 3 salas: uma dedicada às pinturas de têmpera e ouro sobre madeira,  outra aos seguidores de Giotto, ativos em Florença, em meados do século 14, e a última, aos irmãos Orcagna, que viveram em Firenze no século 14. É o núcleo das obras mais antigas do museu,  derivadas de igrejas e conventos florentinos e toscanos.

 

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Obras do gótico fiorentino dos séculos 13 e 14, com artistas anteriores ou contemporâneos de Giotto

 

Gipsoteca Bartollini ou Salone dell’Ottocento
Na ala antiga do hospital, onde funcionava a enfermaria das mulheres, hoje é a Gipsoteca, dedicada aos modelos cridos pelo artigo de século 19 e professor  da Academia, Lorenzo Bartolini (1777- 1850), hábil retratista a quem muitas famílias nobres confiavam para a realização de retratos e medalhas.  O núcleo possui importantes obras em gesso, modelos e copias de suas obras em mármore.  A coleção conta também com obras do escultor Luigi Pampaloni (1791 – 1847).
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A obra Narciso, de Bartolini, 1817 – 1820 aproximadamente

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Subindo até o primeiro andar,  4 salas abrigam  pinturas da escola fiorentina dos anos 1370 – 1430.
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Lorenzo Monaco

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A Accademia abriga também um pequeno museu de instrumentos musicais, um espaço que encanta os amantes de ópera, teatro e música clássica.   Inaugurado em 2001, o Museu de Instrumentos Musicais exibe cerca de 50 instrumentos musicais das coleções particulares  das famílias Medici e dos seus sucessores, os Lorena.  Os instrumentos  foram coletados entre a segunda metade do século 17 e a primeira metade do século 19.  No museu encontramos também instrumentos realizados  por  Bartolomeo Cristofori (1655-1732) , inventor do piano,  que foi chamado à corte florentina pelo Príncipe Ferdinando.

Uma das pinturas expostas no museu (divulgação )

 

Galleria dell’Accademia
Via Ricasoli, 58/60
De 3ª a domingo, das 8:15 às 18:50
Fechamento às segundas, dia 1 de janeiro e 25 de dezembro
Ingresso:  12 euros
Entrada grátis no primeiro domingo do mês

Carrara, a cidade do mármore

A gente costuma admirar a perfeição de esculturas como o Davi, realizado por Michelangelo, e de construções famosas como o Duomo de Firenze ou o Panteão de Roma sem nem mesmo questionar como o precioso material utilizado nessas obras, o mármore de Carrara, foi parar ali.  Recentemente tive a oportunidade de conhecer técnicas de escavação do mármore mais raro e requisitado do mundo. Visitei uma pedreira de mármore em evento organizado pela Carrara Marble Way com os sócios da Anepla, a Associação da Confindustria. Fizemos o tour em jeep até a pedreira Bettogli e encerramos o dia na sede da empresa, onde foi realizada uma conferencia para jornalistas reunindo empresários do setor de pedras. O principal assunto tratado foi a delicada questão da extração e o respeito ao meio ambiente.

A cidade tem cerca de 62 mil  habitantes e está a 100 m acima do nível do mar

 

As pedreiras de mármore são utilizadas desde época romana e o mármore branco, encontrado em Carrara,  denota sofisticação e elegância e é muito requisitado também em projetos contemporâneos.

Atualmente existem cerca de 100 pedreiras ativas em Carrara

 

Parte da história da arte italiana deve sua fama secular ao mármore extraído nos Alpes Apuanos,  como o Duomo e o Batistério de Firenze, embelezados com detalhes arquitetônicos de mármore branco de Cararra

 

Da matéria-prima bruta à perfeição de contornos de obras magníficas, como o Davi, realizado por Michelangelo entre 1501 e 1504

 

O centro de Carrara (foto Il Tirreno)

Ao longo de dois milênios, a produção de mármore passou por inúmeras mudanças em todas as fases: da mineração, técnicas de transporte até o processamento. Observando nos dias de hoje as modernas e potentes máquinas que cortam, tombam e transportam toneladas de pedras, é difícil imaginar  todo o sacrifício feito no  passado para conseguir extrair cada bloco e fazer chegar à destinação  final.  O passado dos cavadores foi duro, de muito suor, dor, sacrifício e vidas humanas ceifadas.

 

O território dos Alpes Apuanos é uma cadeia montanhosa caracterizada pela presença do precioso mármore, famoso em todo o mundo e requisitado nas construções

 

Pudemos conferir de perto alguns processos, como escavação e tombamento

 

O chefe da pedreira orientando os tratores no momento do tombamento. Trabalho que exige muita precisão e técnica

 

No final do dia visitamos a Carrara Marble Way, empresa cicerone do evento,  que tem  como objetivo a reutilização do material descartado proveniente da escavação de pedreiras de materiais para uso ornamental.  A sociedade, presidida por Giuseppe Baccioli foi estabelecida em 2017 e conta com 39 empresas do setor de pedras,  que são proprietários de 50 pedreiras na província de Massa Carrara. Depois da visita ao pátio,  conferencia com empresários do setor onde o principal foco foi sobre economia circular, com proposta de combater a erosão e  reaproveitar os derivados do mármore para que possam ser reutilizados em obras públicas e dessa forma reduzir custos, tanto econômicos como ambientais.

Na Carrara Marble Way

A Ponte di Vara

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Leonardo Da Vinci e os estudos de botânica

Leonardo Da Vinci é muito conhecido em todo o mundo principalmente como pintor.  Mas foi um gênio visionário não apenas nas artes, mas em áreas como matemática, anatomia, mecânica, arquitetura, ciências e botânica. A exposição La Botanica di Leonardo. Per una nuova scienza tra arte e natura, ilustra e aprofunda as descobertas e intuições  botânicas de Leonardo com uma extraordinária sequência de desenhos, folhas originais, plantas e instalações interativas.  A exposição montada dentro dos espaços do complexo monumental de Santa Maria Novella foi inaugurada no dia 13 de setembro e vai até o dia 15 de dezembro. À convite de Mus.e, participei da apresentação do evento para a imprensa na véspera da abertura ao publico e pude fotografar alguns espaços da exposição vazios.

Os estudos de Leonardo da Vinci sobre as formas e estruturas do mundo das plantas são o tema da uma exposição no Complexo Santa Maria Novella, no coração de FlorençaMuitos estudiosos consideram que  a grande genialidade de Leonardo  tenha sido sobretudo a sua grande curiosidade infinita sobre o mundo. Leonardo era curioso e sempre quis entender a natureza da vida, observando seus processos de transformação e buscando compreender a força e os processos das plantas

No grande claustro 5 poliedros monumentais regulares, projetados por Leonardo, símbolos não apenas de harmonia e perfeição formal, mas também da complexidade e mistério do mundo

 

A Exposição

A exposição investiga as reflexões de Leonardo sobre as formas e estruturas do mundo das plantas, sublinhando sua síntese original entre arte e natureza e as características de seu pensamento científico, que podemos definir como “universal” no amplo e orgânico estudo dos diferentes campos do conhecimento.

Instalações interativas e plantas reais criam um emocionante percurso,  que combinam arte e ciência, onde tudo está conectado e em movimento

 

Leonardo admirava e estudava a natureza criar e transformar a matéria. A interconexão entre três dos mundos constituintes do universo – planta, animal e mineral – foi para Leonardo um mistério para desvendar, mas não para violar.

Os escritos e desenhos de Leonardo registram idéias importantes na história da botânica, apresentando uma visão dinâmica da ciência inclusive com referências também nos tempos contemporâneos

A exposição descreve os estudos de Leonardo sobre as formas e processos do mundo das plantas, através de seu olhar como um pensador “sistêmico”, destacando as conexões entre arte, ciência e natureza e as relações entre as diferentes áreas do conhecimento.

Fazem parte da exposição 3 documentos provenientes do Codice Atlantico conservados na Biblioteca Ambrosiana de Milão, que oferecem preciosas representações vegetais

 

A exposição proporciona aos visitantes a oportunidade de reflexão sobre evolução científica e sobre a sustentabilidade ambiental

Uma das invenções mais curiosas e também pouco conhecidas de Leonardo da Vinci é a garrafa florentina, com  desenho renascentista, feita para destilação. A serpentina esfria o vapor e dentro ficam só os óleos essenciais. Leonardo era tão genial que até hoje a invenção é usada.

A garrafa florentina

 

Com uma mente perspicaz , Leonardo observava  a natureza  buscando compreender os processos de crescimento e comportamento das formas vivas, para poder representá-las da forma mais verossímil em  suas pinturas

 

 

“La Botanica di Leonardo. Per una nuova scienza tra arte e natura” é uma exposição concebida e produzida pela Aboca, em colaboração com o Município de Florença, com organização de Muse. Os curadores da exposição são Stefano Mancuso, uma das principais autoridades mundiais no campo da neurobiologia vegetal, Fritjof Capra, físico e teórico de sistemas e estudioso de Leonardo e Valentino Mercati, fundador e presidente da Aboca. A coordenação científica é de Valentina Zucchi.

No final do percurso, a instalação “Árvore Vitruviana”, do seu famoso desenho, que nos faz refletir sobre o equilíbrio entre o homem e a natureza

A exposição, programada para até o dia 15 de dezembro, também oferece outras maneiras de conhecer Leonardo e envolve famílias e crianças: será possível participar de percursos em jardins nos arredores de Florença em companhia de botânicos da Aboca, em busca de plantas  “leonardianas”, além de oficinas educacionais para ajudar as crianças a descobrir sua alma como um grande experimentador. As observações e intuições de Leonardo o colocam muito acima dos naturalistas de sua época, a ponto de poder ser considerado o iniciador da biologia moderna.

 

Horários e valores:

13 de setembro a 15 de dezembro de 2019

Setembro

De segunda à quinta: 9 às 19 h

Sexta: 11 às 19h

Sabato:  9 às 17:30

Domingo: 13 às 17:30

De outubro à dezembro:

De segunda à quinta: 9 às 17:30

Sexta: 11 às 17:30h

Sabato:  9 às 17:30

Domingo: 13 às 17:30

 

Exposição Cumulativa + Complexo de Santa Maria Novella

Preço total 10,00 €

Reduzido 7,50 € (11-18 anos)
Gratuito para residentes no município de Florença (obrigados a apresentar carteira de identidade), e crianças até 11 anos.

Visitas guiadas disponíveis em italiano e inglês (necessário fazer  reserva):

Inteiro € 5,00
Reduzido € 2,50 (residentes da Cidade Metropolitana)

Entradas: Piazza della Stazione 4 / Piazza Santa Maria Novella (Basílica)

E para quem quiser sobre sua cidade natal na Toscana e sobre sua trajetória,  clique no post  Vinci, a cidade do gênio Leonardo.

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Onde comer bistecca em Florença

A bistecca é um dos pratos típicos da Toscana e Firenze é o destino ideal para os amantes da carne. O bife florentino pode ser encontrado em praticamente todas as trattorias da cidade mas não deixe de levar em conta que em alguns  locais a boa qualidade deixa a desejar. A bistecca alla fiorentina é um corte especial da carne, o característico T-bone, que contém o contra filé e o filé mignon bovino, geralmente de um animal da raça de gado Chianina, proveniente da região da Valdichiana, na Toscana.  A bistecca  é bem espessa e contém osso, é cozida na grelha e servida ao sangue, inclusive, não tente pedir carne bem passada, pois os restaurantes não vão acatar esse pedido, pois consideram uma verdadeira afronta alterar as características do prato, que combina muito bem com batata assada e um vinho tinto bem encorpado. E caso voce não coma carne, te convido a  dar uma olhada na relação que preparei de restaurantes vegetarianos e veganos em Firenze.

No açougue. A verdadeira bistecca alla fiorentina tem o osso no meio em forma de “T”

A história da bistecca está relacionada à seu nome. Dizem que surgiu por volta de 1500, nos tempos da família Medici.  Durante as festividades de  San Lorenzo, comemorado em 10 de agosto, cavaleiros ingleses que viram a carne grelhar pediam pelo “beaf-steak”, e daí esse tipo de carne passou a ser chamado de bistecca.  O  bife florentino tornou-se parte integrante da cidade, dos cidadãos e dos muitos turistas que fazem questão de degustar  esse prato típico.

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A carne da bistecca é bastante alta, com cerca de 5 a 6 cm de espessura e é exposta à brasa por cerca 5 minutos de cada lado, sem nenhum tempero. Depois de pronta, um fio de azeite extra-virgem de oliva e pimenta-do-reino

 

Regina Bistecca –  Para quem busca um local um pouco mais refinado, sugiro o Regina Bistecca, a poucos minutos do Duomo. No menu de carnes Marchigiana IGP, Scottish Angus,  Chianina IGP ou Regina Selection de 48 a 78 euros o quilo.  Seu ambiente mais refinado não significa preços nas alturas. Pra vocês terem uma ideia,  pratos que vão do filé com pimenta verde  ao  frango à milanesa ou almôndegas, custam entre 14 e 26 euros. Saladas e hambúrgueres também compõem o menu. Fica na via Ricasoli, 14r

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No Regina Bistecca, ambiente moderno e de muito bom gosto, decoração que leva assinatura de Betty Soldi.

Perseus –  O Perseus foi por muito tempo eleito como o melhor restaurante de bistecca de Firenze. Atualmente alguns torcem o nariz, mas fato é que  o  local, bastante rústico, continua figurando como os preferidos dos locais em busca de uma carne feita como se deve! Ah, e tem num cartaz que diz: “a carne aqui nao pode ser bem cozida”. Fica perto da piazza della Libertà – Viale don Minzoni,  10 r

Perseus

Osteria Caffè Italiano – eu adoro a atmosfera do Caffè Italiano, que fica perto da piazza Santa Croce. Além de servir uma pizza excelente, propõe carnes de qualidade elevada, que são expostas no frigorífero com o tempo de maturação e procedência.  Via Isola delle Stinche, 11r

 

Osteria dell’Enoteca–  Esta é uma super válida proposta para os amantes  da bistecca, num ambiente elegante, com paredes de tijolinho e mesas arrumadas com o maior capricho.  A equipe da Enoteca Pitti Gola agora pode extravazar em receitas toscanas com o novo espaço que acaba de ser inaugurado na via Romana, perto da entrada do Jardim de Boboli. Participei do almoço de lançametno da Osteria dell’Enoteca, que tem como sócios Edoardo Fioravanti, Manuele Giovanelli, Lorenzo Ricci e Zeno Fioravanti.  O chef Nicola Chiappi está à frente da cozinha e a protagonista da casa é a carne e oferecem uma divina bistecca, que pode ser a Chianina ou a dell’Osteria. Experimentei as duas e garanto que está entre as melhores que já provei na vida! E o tiramissu com cantuccini? Algo imperdível!  Fica na via Romana, 70/r

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Angiolino –  Atmosfera típica das antigas trattorias fiorentinas, com decoração simples mas bem bonitinha! O Angiolino oferece pratos tradicionais da culinária local e é um ótimo endereço para os que querem experimentar a suculenta bistecca alla fiorentina. Fica no Oltrarno, na Via Santo Spirito, 36 r

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Trattoria dall’Oste – existem varios restaurantes em diferentes pontos  centrais da cidade, como nas proximidades da estação ferroviária SMN ou  perto do Duomo e o Palazzo Vecchio.  Dentre as opções do menu, tagliata com batata e rucula por € 11,50, hamburguer a € 7,50, antipastos de € 5 a 7,50 e as massas saem por 5 euros. Oferecem também 4 tipo de pizza por 6 euros. Via dei Cerchi, 40 r

 

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A Trattoria dell’Oste é um verdadeiro templo da bistecca alla fiorentina, um dos pratos mais tradicionais da cozinha toscana. Servem 12 tipos diferentes de carne em vários cortes, todas certificadas. Toda a carne vem de animais criados com critérios naturais

 

Steak Home –  Perto da piazza Santa Croce, o Steak home,  inaugurado em julho de 2019, oferece carne maturata a seco, no processo conhecido como dry-aged, que consiste em deixar a carne “envelhecer” por um certo tempo em condições controladas de umidade, temperatura e ventilação, obtendo dessa forma carne mais macia e saborosa. No Stek Home, que apresenta ambiente moderno e descontraído,  podemos degustar carne com maturação de 2, 4 e 8. semana. E no final da refeição,  não deixe de pedir a sobremesa, que vem numa charmosa caixinha onde você mesmo compõe o seu doce. O Steak Home fica em Corso dei Tintori, 10 r.

I Latini – um símbolo de Firenze quando o assunto é bistecca, esse restaurante, com atmosfera dos anos 50,  é praticamente uma instituição na cidade. É um dos mais tradicionais locais para a bistecca em Firenze e é necessário reservar mesa, principalmente na hora do jantar, pois costuma receber grupos de turistas. Via dei Palchetti, 6

 

Outros locais famosos onde encontrar uma boa bistecca:

Buca Lapi –  via del Trebbio, 1

Marione – via della Spada, 27

Da Giovanni- via del Moro, 22  (ainda não experimentei)

Trattoria da Burde – via Pistoiese, 154  (ainda não experimentei)

I’Brindellone – Piazza Piattellina, 10

Trattoria da Sergio Gozzi – Piazza San Lorenzo, 8r  (ainda não experimentei)

Da Mario – via Rosina, 2r

Coco Lezzone  – Piazza Rucelai

Trattoria Sostanza – Via del Porcellana, 25 r

 

Adquira os seus bilhetes sem impressão e sem fila. É pratico e simples, clique aqui.

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As joias do artista Alessandro Dari

Florença é uma cidade efervescente e berço de artistas contemporâneos. No bairro de San Niccolò, no Oltrarno, fica o ateliê do artista  Alessandro Dari, ourives, escultor e músico.  Mas é de suas joias que vou falar aqui no post.  Impossível não se encantar ao adentrar em seu museu-bodega, um lugar mágico, num prédio histórico do século 15, onde estão expostas mais de 1200 criações, peças únicas, “resultado de estudos que fundem o mundo físico e o especial numa alquimia de formas e pensamentos, que ele vive constantemente e que o inspiram em seu trabalho”.

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Alessandro Dari é um mestre florentino em ourivesaria e escultor. Ele é o fundador do movimento artístico Dinamismo Perceptivo. Alessandro é um artista versátil: formado em Farmacia, é também guitarrista clássico

Alessandro Dari  realiza suas criações num  prédio histórico do bairro de San Niccolò, no Oltrarno, onde é também a sua residência. Documentos comprovam que desde o século XVII,  sua família, que é de origem fiorentina, era constituída de artistas habilidosos em pedra, bronze e joalheria.

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Sua técnica de realização refere-se ao estilo etrusco, gótico e renascentista. Arquitetura e anatomia são elementos sempre presentes em suas criações. Dari estudou química para se tornar farmacêutico.

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Suas joias escultóricas dão forma a arquiteturas em miniatura retratando castelos medievais, igrejas góticas, instrumentos astronômicos e figuras mitológicas

Toda a produção é realizada no ateliê de Alessandro Dari: fundição, esmaltado, cravação das pedras. E todas as fases tratadas com paixão e total dedicação.

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Alessandro Dari em sua bodega. Desde 2014 realiza cursos de ourivesaria escultural

 

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Suas peças refletem sua inspiração criativa através de igrejas, castelos e monumentos. Um dos temas de suas criações são igrejas e ele reproduziu diversas catedrais de Firenze

 

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Alessandro Dari

Via San Niccolò, 115 r

Firenze