Arquivo do Autor: Denya Pandolfi

Sobre Denya Pandolfi

A minha paixão pela comunicação e pelo turismo é herança dos meus pais. Adoro viajar para observar e vivenciar as diversidades culturais. Depois que me formei em Jornalismo, passei longa temporada em Londres, um curto período nos Estados Unidos e atualmente vivo em Florença, com meu marido e nossos dois filhos. Desde 2005 sou retail na Ermenegildo Zegna. Busco sempre ver o lado positivo em todas as coisas e prefiro ter por perto aqueles que, como eu, dão mais valor às pessoas do que às coisas materiais.

“A amiga genial” em Florença

A terceira temporada de L’Amica Geniale foi rodado aqui em Florença nas primeiras semanas de fevereiro e o centro histórico da cidade voltou a respirar  a atmosfera dos anos 70!  Figurinos vintage e carros de época  invadiram a Piazza della Signoria e num dia desses, enquanto passava por ali, percebi que estavam gravando as cenas da  famosa série e obviamente parei para observar, filmar e fotografar para compartilhar com vocês nas minhas redes sociais. E olhem que coincidência, acabei filmando sem querer uma brasileira que participou das gravações, a Jessica Hollaender,  que me contatou dizendo que ela havia aparecido nos meus vídeos.  Aí pensei que seria interessante pedir para Jessica dividir com a gente essa experiência!  Neste post trago  pra vocês algumas fotos feitas em Florença dessa terceira temporada da tetralogia A Amiga Genial, de Elena Ferrante, “Storia di chi fugge e di chi resta” e uma entrevista com Jéssica, que conta sobre a sua experiência e compartilha segredos dos bastidores.

A terceira temporada, ainda sem data de estreia,  é baseada no volume 3 da tetralogia de Elena Ferrante “História de  quem Foge e de quem Fica”. A obra narra os altos e baixos de uma amizade que surge na infância e dura até a terceira idade.

Após as filmagens do segundo capítulo da saga em 2019 na cidade de Pisa,  foi a vez de Florença!  As gravações aconteceram entre os dias  1º e 20 de fevereiro. Uma segunda parte das filmagens na Toscana decorrerá em setembro,  na Versília.  A produção cinematográfica é fruto da parceria entre a HBO e a emissora italiana RAI.

Florença voltou no tempo para  redescobrir a magia dos anos 70

Graças a cenários e figurinos de época, o centro histórico de Florença voltou aos anos 70, com calças largas, camisas com motivos geométricos, trenchs, bicicletas e até carrinhos de bebê com grandes rodas.

Durante 20 dias, gravações ao aberto e em locais privados e fechados

 

Os carros voltaram a ocupar, mesmo que apenas para ficção,  praças como a da Signoria,  Repubblica, Santissima Annunziata e  Santa Croce

 

Aqui as gravações na Piazza della Signoria de Florença

 

A Amiga Genial 3 , Historia de Quem Foge  de quem Fica

Baseada na coleção de quatro livros escritos por Elena Ferrante,  a série também virou uma febre em diversos países do mundo. Os episódios da terceira temporada, extraídos do livro História de Quem Foge e de quem Fica, continuarão a acompanhar a história de Lenù e Lila, interpretada por Margherita Mazzucco e Gaia Girace, com direção de Daniele Luchetti. A terceira temporada dá adeus às versões adolescentes das protagonistas, para dar um salto de vários anos, com foco na vida de Lila e Lenù nos anos 70.  E é claro que paro por aqui, nada de spoilers!

 

Apenas um “detalhe”:  cena do casamento de Lenù no Palazzo Vecchio

 

Eu fiz essas fotos sem saber que estava fotografando a Jéssica, olhem que coincidência! Ela aparece com o carrinho de bebê

Agora vamos conferir a entrevista  de Jessica Hollaender, paulistana que  mora na região do Chianti e é idealizadora do projeto Slow Life in Tuscany:

1-  Jéssica, como ficou sabendo da seleção para figurante das filmagens?

Eu vi o chamado em um jornalzinho aqui onde moro (Gazzenttino del Chianti), procurando “comparse” (figurantes em italiano) para a 3ª  temporada da Amiga Genial. Como ADORO fazer coisas novas, eu estava de férias e tinha amado ler todos os livros da Elena Ferrante (autora da tetralogia), pensei na hora: “Por que não?”. Assim, mandei uma foto minha ao email indicado e no dia seguinte me ligaram para marcar o “provino” (prova) das roupas. Fui contatada no dia 18 de janeiro e no dia 21 já estava fazendo a prova das roupas.

Jéssica empurrando seu bebê na Piazza della Signoria

2- Você leu (ou acompanhou os outros episódios ) da tetralogia? O que achou?

Li todos os livros.  Apesar do titulo talvez remeter a uma leitura simples e ligeira, o livro é bastante denso e forte. Mostra uma realidade dura de uma época, que inicia nos anos 50, no sul da Itália. A relação de “amizade” entre a protagonista e a “amiga genial” vai tomando forma e espaço e assim nos conquistando a ler tudo até o final. Mas não é uma leitura tranquila… Eu vi alguns capítulos da 1a temporada e segue exatamente o mesmo estilo. Vale a pena!
3- Quantas vezes, em média, vocês gravam a mesma cena?  Pode revelar alguns segredos dos bastidores?
Eu era curiosa também. Aliás, eu queria mesmo era conhecer estes “bastidores”, algo novo para mim. Pois é, é bastante cansativa a “giornata di lavoro” (dia de trabalho). A mesma cena repetimos no minimo umas 5, 7 vezes. Gravam de diversos ângulos, câmeras diferentes, etc . As palavras mágicas: “Silenzio, motore, movimento, azione!!”)
Os segredos? Ahahaha! O que acontece no “casting” fica no casting, rs. Brincadeiras a parte… Fiquei impressionada com a organização para os figurinos. Um andar inteiro de um hotel foi fechado e cada sala tinha o seu conjunto de figurinos (mulheres, homens, crianças). A figurinista te olhava e “testava” os diferentes “looks”. Eu tinha 3 (vestido de verão, um casaco por cima para a primavera, e um outro mais pesado para o inverno), de acordo com qual cena se gravava. Um outro andar era somente para os cabeleireiros e a maquiagem. No final, te fotografavam para saber exatamente como deve ser no dia da gravação. E no dia da gravação  todos iam para o set de filmagem: figurinistas, cabeleireiros e maquiadores. E ficavam passando o tempo todo para “ajustar” cada um dos figurantes. Apesar do “stress” que deve ser rodar as cenas, todos da organização e da produção eram muito respeitosos e educados mesmo tendo que manter a ordem de mais de 100 figurantes, a cena, os protagonistas, os “curiosos”…
Uma outra surpresa foram as pessoas que conheci! Conheci muita gente! Fiz até amigos (uma delas eu apelidei de “minha amiga genial”!  Foi um prazer conhecer tantas pessoas, a maioria já atores, pessoas do teatro e do mundo artístico em geral. Este mundo do “casting”, todos da classe artística participam.
Se tem contrato e se ganhamos para isso? Sim, sim…fazem um contrato específico para aquele periodo. Descobri que tem vários sites e empresas especializadas que publicam estas demandas de “casting”. Eu na realidade fui para conhecer um pouquinho deste mundo e me divertir!  Missão cumprida! Ah! Último segredo: tirei uma foto abraçada com o Diretor (aliás, simpatissíssimo e super humilde). Não me aguente, ahahah!  Mas isso não posso compartilhar…regras do “contrato”!
4-  Você participou das gravações  em quais locais de Florença?
Gravei na Piazza della Signoria e na Piazza Santissima Annunziata. Lugares históricos no centro de Florença. Foi lindo poder “respirar” a Florença dos anos 70.
5- Quais as precauções adotadas em relação aos cuidados com a pandemia?
A cada dia de gravação, todos faziam o “tampone” (teste) como 1ª  coisa do dia. Usávamos as máscaras enquanto não estavamos gravando e mantinhamos 1m de distância.
  • As gravações que eram previstas para serem realizadas em 2020  atrasaram devido à pandemia. Ainda não se sabe quando será lançada a terceira temporada,  provavelmente  no início de 2022

Posts que podem interessar:

Como é feito o azeite de oliva

Top 5 de Florença

Enoturismo

O terraço do Duomo de Firenze

O que visitar em 2 dias em Firenze

7 rooftops de Firenze

Pitigliano, na Maremma Toscana

San Galgano

Pratos típicos da Toscana

A Igreja de Santa Trinita de Florença

Fundada pelos monges  valombrosianos  no século 11, a  Igreja de Santa Trinita, localizada na praça homônima, na elegante Via Tornabuoni, abriga obras preciosas como belíssimos ciclos de afrescos  de Ghirlandaio e de Lorenzo Monaco. Ao longo dos séculos, as capelas da igreja foram patrocinadas por ricas famílias florentinas.  A  igreja obteve o título de abadia no século 14  e  passou por algumas reconstruções.  As formas em estilo gótico  datam da segunda metade dos anos 1300 e foram atribuídas  ao artista Neri di Fioravante. A igreja tem 20 capelas, sendo que uma das mais famosas é a Cappella Sassetti, com um precioso ciclo de afrescos de Domenico Ghirlandaio.

 

Reconstruída em estilo gótico entre os séculos 13 e 14 sobre uma anterior igreja românica, a Igreja de Santa Trinita possui uma fachada de pedra construída por Bernardo Buontalenti de formas maneiristas no final do século 16

 

Capela Bartolini Salimbeni com afrescos de Lorenzo Monaco

A Capela Bartolini Salimbeni com os maravilhosos  afrescos de Lorenzo Monaco (1370-1425). Trata-se de um dos maiores exemplos que podemos testemunhar aqui na Itália  de afrescos em estilo gótico internacional.

Adoração dos Pastores   é  o ciclo de afrescos feito  por Domenico Ghirlandaio, mestre de Michelangelo

 

A esplêndida Capela Sassetti é uma verdadeira obra-prima do Renascimento. Ela contém um ciclo de afrescos de Ghirlandaio realizados na metade do século 15

A esplêndida Capela Sassetti, com afrescos de Domenico Ghirlandaio  realizados entre 1482 e 1485  contam  histórias da vida de São Francisco, em cujas cenas estão pintados vários retratos de personagens importantes daquele período histórico, incluindo Lorenzo, o Magnífico, e de integrantes da própria família que patrocinou os trabalhos.  Os túmulos dos  patrocinadores dos afresco, realizados por Luca Della Robbia,  também encontram-se na capela.

Siga o Grazie a te blog no Facebook

 

Igreja de Santa Trinita

Praça Santa Trinita – Firenze

Entrada gratuita

Curiosidades sobre o Davi de Michelangelo

A  monumental obra de mármore  realizada pelo artista  Michelangelo, o Davi,  é um dos  maiores símbolos do Renascimento. Com cerca de 4 metros de altura e pesando mais de 5 toneladas,  o herói bíblico  foi representado pelo gênio renascentista de uma forma diferente das retratadas precedentemente: Michelangelo realizada a escultura de Davi antes de enfrentar seu inimigo.

Accademia

A obra impressiona pela perfeição!  A escultura apresenta Davi nu, contemplativo e concentrado,  com seu olhar desafiador que fixa o inimigo, com seus músculos que exalam tensão, segurando na mão direita uma pedra e do lado esquerdo  uma funda pendurada. Até as veias de seus braços e costelas são evidentes.  Foi realizada entre os anos de 1501 e 1504, e encontra-se na Galleria dell’Accademia de Florença.

 

image

Quem era  Davi – Davi é um personagem bíblico que nasceu em Belém,  na Judeia, provavelmente em 1040  AC. Foi um guerreiro e Rei do povo de Israel,  que reinou durante 40 anos, entre 1006 e 966 a. C. O Davi cortou a cabeça do Golias e liberou Israel dos filisteus

O Davi representado por  Michelangelo é um homem seguro,  contemplativo e  determinado, que segura uma pedra enquanto encara  Golias.  Representa a força intelectual, o personagem usa a mente, a estratégia, para enfrentar um inimigo muito maior e ameaçador.   Apesar de ser bem menor que Golias,  Davi era hábil  e usou uma funda  para derrotá-lo, acertando a cabeça do gigante.

Michelângelo tinha 25 anos quando começou a esculpir a estátua e o trabalho durou cerca de 3 anos.  O Davi é também era chamado de O Gigante

 

 

Medidas:

  • peso: 5,6 toneladas
  • Altura: 4,07 metri (a base mede 1,07 m)

O Davi foi realizado em apenas um bloco de  mármore branco de Carrara,  de cerca  5 metros e a escultura mede 4,10m.  Outros dois artistas já haviam falhado pois tiveram dificuldades técnicas para esculpir o bloco antes de Michelangelo, portanto, havia grande expectativa para ver o trabalho terminado. O mármore usado não era de qualidade, era poroso, com veios.

Davi

O lado direito do Davi é todo ação: é possível ver as veias de seu braço e de sua mão segurando a pedra. Davi nesse momento , antes do ataque, é pura adrenalina, com suas pupilas dilatadas

 

Michelangelo

Colocação da estátua

A obra foi encomendada ao artista em 1501 pela Opera del Duomo de Florença e da Arte della Lana. A encomenda a Michelangelo fazia parte de um programa que incluía 12 esculturas  para serem colocadas nos contrafortes da catedral.

 

A escultura  deveria ficar originalmente em um  dos contrafortes externos do Duomo,  do lado direito

A escultura  deveria ficar em um  dos contrafortes do Duomo, mas foi adquirida pela República de Florença e colocada na Piazza della Signora, em frente ao Palazzo Vecchio, onde permaneceu por mais de 350 anos.  No final do século 19 foi novamente transferida para a Galleria dell’Accademia, que foi construída para abrigar a famosa obra. Quando Michelangelo estava terminando de esculpir o “gigante”, a prefeitura pediu  à Opera de Santa Maria del Fiore que convocasse um encontro com os maiores artistas e intelectuais florentinos da época para avaliar uma nova colocação. A comissão decidiu que a escultura deveria ser colocada na entrada do Palazzo Vecchio, como um emblema da força e independência dos florentinos.

Transporte do Davi do Duomo até a Piazza della Signoria (internet site Muse Firenze)

O trajeto do Duomo até a Piazza della Signoria é de mais de 600 metros e foi feito em 4 dias. Durante o percurso, pela via Calzaiuoli, algumas pessoas que não eram apoiadores da República chegaram a apedrejar a obra. Sobre a forma de transportar o Davi , colocado em uma estrutura de madeira, Vasari descreveu que fizeram um “castelo de madeira fortíssimo”.  As rodas do carro eram toras de madeira; esse foi um trabalho minucioso e delicado.

 

O documento conservado no arquivo da Opera de Santa Maria Del Fiore (foto divulgação site Nove.Firenze internet)

 

No dia 25 de janeiro de 1504 uma comissão decidiu onde colocar o Davi e  dentre os participantes estavam Leonardo da Vinci, Filippino Lippi, Perugino, Botticelli e Andrea della Robbia. A obra foi apresentada ao público oficialmente em 8 de setembro de 1504 e ficou na praça da Signoria até o ano de 1873.  Alguns anos depois, em 1910, foi colocada uma cópia do Davi.

 

A Tribuna de Davi na Galleria dell’Accademia

A Tribuna  de Davi–  O Davi ganhou posição privilegiada na Galleria dell’Accademia na segunda metade do século 19. O arquiteto Emilio De Fabris foi contratado para construir uma tribuna, posicionada no final de um corredor.  Em 1873 o Davi foi transportado da praça da Signoria até o museu, numa operação que  durou  5 dias. A  obra foi colocada dentro de um enorme engradado e atrelada em uma carroça de madeira construída de forma complexa, que seguia pelas ruas do centro sobre trilhos até o museu.  O Davi, no entanto, ficou 9 anos embalado à espera da conclusão das obras do museu.  O Davi é a mais requisitada obra-prima da Galleria dell’Accademia e abriga o maior número de esculturas realizadas por Michelangelo.

 

Algumas  curiosidades:

    • Proporção –   quem já teve oportunidade de ver de perto certamente reparou uma ligeira desproporção. Na verdade, as mãos e a cabeça são maiores do que as outras partes do corpo.  É que essa escultura foi realizada  para ocupar um dos contrafortes da catedral Santa Maria del Fiore, decorando a área externa do Duomo de Florença, o que significa que o espectador deveria observá-la  de baixo para cima
    • Posição da obra –  O Davi foi colocado na Piazza della Signoria , na entrada do Palazzo Vecchio, até 1873, e quando foi transferido para a Galleria dell’Accademia, construída especialmente para receber a obra. O trajeto da praça até o museu durou 4 dias.
    • A representação –  O Davi de Michelangelo não está com a cabeça de Golias a seus pés. Michelangelo escolheu representá-lo antes do ataque.  A obra  representa a força intelectual: apesar de ser bem menor que Golias,   o  Davi  usa a mente,  concentra a sua energia de forma  estratégica para enfrentar um inimigo muito maior do que ele.
    • Material – Michelangelo aceitou  usar um mármore defeituoso que havia sido recusado por outros 2 artistas, Agostino di Duccio e Antonio Rossellino. Ele encontrou dificuldade técnica porque o mármore  apresentava veios.
    • Blefe – Michelangelo não permitia visitas enquanto trabalhava em sua obra. Quando a obra estava sendo finalizada, ele recebeu visita de  personalidades importantes , dentro os quais os Soderini, o gonfaloniere , ou prefeito de Florença  na época. Soderini comentou que o nariz estava muito grande. Imaginem um comentário desses com Michelangelo, que era melindroso e orgulhoso e  tinha um caráter forte  e nada fácil!  Mas ele não podia responder mal e pra não estragar as relações com o governo florentino. Michelangelo teve uma ideia: sem ser notado,  recolheu fragmentos e um pouco  pó de mármore do chão e voltou para os andaimes – imaginem que a obra tem pouco mais de 4 metros. Ele lá de cima soprou o pó de mármore e fingiu que estava acertando. Quando ele terminou Soderini disse:  Agora está perfeito! E ele respondeu: “pois eu não mexi em nada”!
    • Danos e ataques –  Além de ataques no percurso do transporte até a praça da Signoria o Davi sofreu outros ataques. Em 1527 a escultura sofreu sua primeira agressão violenta quando em um protesto político e perdeu o braço esquerdo.  Giorgio Vasari o recuperou e o braço foi restaurado, mas é possível ver as fraturas por onde partiu. O dedo médio da mão do Davi foi perdido, não se sabe em qual ocasião, e foi restaurado em 1813. Em 1991 um artista italiano de nome Piero Cannata conseguiu entrar com um pequeno martelo e esmagou o segundo dedo do pé esquerdo da escultura.

A Praça da República de Florença

A Praça da República, a Piazza della Repubblica, é uma das principais praças do centro de Florença  desde a época romana. É um ponto de encontro animado, colorido e cheio de vida! A “Praça do carrossel” já abrigou o gueto hebraico  e o Mercado Velho, que funcionaram no local até o século 19. A praça, considerada o miolinho de Florença e circundada por elegantes cafeterias, foi construída sobre as ruínas do fórum romano.

O Arco do Triunfo desenhado pelo aquiteto  Vincenzo Micheli e realizado em 1895. O arco traz a seguinte frase: “L’antico centro della città da secolare squallore a vita nuova restituito”

 

A praça da República foi construída entre 1885 e 1895, após a demolição da antiga Piazza del Mercato Vecchio

 

Considerada o centro da cidade há séculos, a Praça da República passou a sediar o mercado na Idade Média.A praça desde aquela época era ponto de encontro e de comercio e seu aspecto era bem diferente do que vemos hoje, pois existiam as casas-torres, os arranha-céus medievais.  

Na praça existe uma maquete para deficientes visuais

 

Antigo gueto – Construído por vontade de Cosimo I de ‘Medici em 1571, o gueto hebraico passou a ocupar essa área central da cidade, englobando a Piazza della Repubblica , na época o Mercato Vecchio, via Roma, via del Campidoglio e via Brunelleschi.  Era uma espécie de cidade murada, acessível por duas portas, e que continha duas sinagogas. Os judeus permaneceram  no local até meados do século 18, época em que receberam autorização para se mudar para outras áreas da cidade. O gueto foi demolido entre 1885 e 1895.

A praça hoje é animada por artistas de rua e shows improvisados

O aspecto atual de formato retangular com grandes edifícios do século 19 é o resultado da modernização urbana e das intervenções realizadas quando Florença foi proclamada capital da Itália, em 1865.  E nessa mesma época as antigas muralhas  que cercavam a cidade foram  demolidas para dar lugar para as avenidas, pois a cidade devia ter uma aparência mais imponente e majestosa.  Foram demolidas as construções, as torres, igrejas e bodegas.

No século 19 quando Florença foi eleita a capital da Itália aconteceu uma importante reestruturação  na praça (Foto da internet, sem autoria)

A inauguração da praça contou com a presença de Vittorio Emanuele II, que deu então o nome à praça.   Ao centro da praça  havia estátua do rei a cavalo, que foi transferida em 1932 para a Piazza Vittorio Veneto,  onde se encontra.

Cafés – Cafés históricos circundam a praça. Aqui encontramos o  elegante  Paszkowski, inaugurado em 1846, que fica ao lado de outra refinada cafeteira, o  Caffe  Gilli , fundado em 1897.  Do lado oposto encontramos o   Giubbe Rosse, fundado em 1897, que no início do século 20 tornou-se um ponto de encontro de escritores e artistas italianos e estrangeiros.

 

Impossível não associar a praça ao carrossel  retrô, que  pertence à família Picci. Está  presente na praça desde o início do século 20. E não só as  crianças se divertem, os adultos também são admitidos

 

A Colonna della Dovizia ou dell’Abbondanza

A última intervenção da praça é a Coluna da Abundância representa de fato, o centro exato da cidade,  ponto onde se cruzavam  as duas estradas  das principais ruas da antiga cidade romana,  Cardo e  Decumanus. No século 15  havia uma estátua de Donatello representando a Dovizia,  mas a obra foi destruída no século 18. Para substituir a obra de Donatello,  foi colocada a obra de Giovan Battista Foggini em 1721, a Coluna da Abundância.  Antigamente haviam na coluna duas correntes de ferro presas, uma mais no alto com um sino, que tocava na abertura e no fechamento do mercado, e outra para maias baixa , para o pelourinho, onde eram expostos os comerciantes desonestos, golpistas e devedores.

 

20 atrações grátis em Firenze

A arte dos vitrais italianos

Dicas de Firenze

A Igreja de Santa Croce

A Basílica de Santa Maria Novella

Refeições ao ar livre em Firenze

Mercado Central de Firenze

Vida na Itália 

Casamento na Itália

 

 

 

 

civita

O burgo de Civita di Bagnoregio

Tem algo de muito especial em Civita di Bagnoregio. Talvez o fascínio desse burgo, que parece suspenso no Vale do Calanchi,  é porque sabemos que ele pode desaparecer.  Conhecida como  “a cidade que morre”,  uma pequena fração do município de Bagnoregio, na província de Viterbo, é um dos destinos turísticos mais famosos de Tuscia, na Itália.

Civita

Posicionado numa falésia, o acesso à cidade é feito apenas através  de uma ponte de concreto armado de 300 metros de comprimento, que foi construída em 1965. Mas por que o lugar é conhecido  como “a cidade que morre”? Porque o vilarejo  perde cerca de 7 cm por ano devido à erosão.  A cidade,  fundada pelos etruscos há 2500 anos,  atualmente conta com apenas 11 habitantes.

 

Civita di Bagnoregio fica no maravilhoso Vale do Calanchi, a 443 metros de altitude. A cidade,   localizada  sobre uma colina, é um belo exemplo de vilarejo medieval, que surgiam no topo das montanhas por questões defensivas

 

Os gatinhos são famosos aqui no burgo. Vocês vão encontrar centenas deles!!!!

O encantador vilarejo fica ao norte da região do Lazio, província de  Viterbo, quase fronteira com a Úmbria, entre Roma e Firenze. Civita di Bagnoregio é considerado um dos mais belos burgos da Itália e todos os anos é visitada por centenas de milhares de pessoas de todo o mundo para admirar sua aparência atemporal e vivenciar sua atmosfera mágica!   E uma curiosidade para os brasileiros, em Civita foram  gravadas cenas da novela global Esperança, com Reynaldo Gianecchini e Priscila Fantin, além de o filme Pinocchio, dirigido por Alberto Sironi em 2009.

 

Civita di Bagnoregio é ameaçada por deslizamentos de terra e erosão do solo. Esta é a  ponte que nos conduz até a entrada do burgo tem 300 metros de comprimento

 

Porta Santa Maria é hoje o único acesso à vila. Depois da travessia da ponte, é por ali que passamos para começarmos a explorar o burgo. E  para acessar o centro de Civita, os visitantes devem pagar uma pequena taxa de entrada (5 euros), que permite à administração municipal realizar obras de restauração e estabilização e manter a vila aberta aos visitantes.

 

A Porta Santa Maria

 

Você pode perceber a atmosfera de outros tempos caminhando por  seus becos estreitos e admirando a arquiteta  medieval

 

A vila remonta ao final da Idade Média e, desde então, permaneceu quase intacta, dando a este lugar a aura fascinante de um lugar onde o tempo parou

 

Civita di Bagnoregio tem apenas 11 habitantes por causa da precária condição estrutural que acabou esvaziando a cidade. Nos últimos anos várias casas foram reformadas e, na temporada de verão costuma  abrigar artistas e turistas estrangeiros.  Civita está passando por uma nova fase de desenvolvimento, graças ao turismo ,  mas ao mesmo tempo tornou-se necessário controlar o acesso de pessoas para não danificar o equilíbrio frágil das estruturas antigas.

 

A Piazza di San Pietro. Este é o local que nos recebe assim que adentramos o pequeno burgo

 

O coração do burgo  e local mais movimentado do vilarejo é a praça  San Donato que abriga a igreja de San Donato e o Palazzo Alemanni, sede do Museo Geologico  e delle Frane. Interessante é que a praça não é  pavimentada, mas  há uma espécie de terra bem dura no chão, o que nos dá a sensação de uma volta ao passado de uns 300 ou 400 anos.

 

A igreja de San Donato. Segundo a tradição a igreja é do século  V e é de origem romana

 

Entre as atrações principais, podemos citar a Grotta di San Bonaventura que certamente é um símbolo da cidade de Civita di Bagnoregio e o lugar onde, segundo uma história mítica, a cura milagrosa de uma criança – o pequeno São Boaventura – aconteceu pela mão de Sao Francisco, que ficou nesta caverna por alguns dias enquanto ajudava a criança. Segundo a antiga lenda, após a cura, São Francisco dirigiu-se à criança dizendo “Bona Ventura” e, uma vez que a criança chegou à idade adulta, entrou na ordem dos Franciscanos com o nome de Boaventura.  A caverna, na verdade uma antiga tumba etrusca, está aberta aos turistas para uma visita.

 

Antica Civitas  é um pequeno museu em uma caverna etrusca no centro de Civita di Bagnoregio. No interior, estão expostas as ferramentas clássicas da vida camponesa, como as prensas para preparar azeite e vinho, potes antigos,  pás e outras ferramentas antigas de trabalho.  O ingresso custa 1 euro para adultos (grátis para crianças). 

Grutas subterrâneas. Escavações e vestígios que datam de época  etrusca e romana

Nós ficamos hospedados no vilarejo vizinho de Bagnoregio, que é  pequeno e muito gracioso. Fizemos todos os passeios à pé.  Fizemos o percurso da casa onde ficamos hospedados até a entrada do vilarejo de Civita di Bagnoregio numa caminhada de 20 minutos.

A Porta Albana em Bagnoregio

Posts que podem interessar:

10 burgos medievais da Toscana

Passeio a bordo do 500

7 rooftops de Firenze

Festas medievais na Toscana 

Casamento na Itália

Enoturismo, para os apreciadores de vinho

10 burgos medievais da Toscana

A Síndrome de Stendhal

Portas italianas

7 rooftops de Firenze

Agroturismo, uma forma simples e autêntica de hospedagem

O Museu degli Innocenti de Florença

 

 

As Rampas do Poggi de Florença

As Rampas do Poggi de Florença,  Le Rampe Del Poggi,   foram reinauguradas na primavera de 2019  após  quase um século desativadas. Graças a um novo sistema hídrico, as cascatas voltaram a embelezar  o   Oltrarno.

As Rampas do Poggi em todo  o esplendor original com suas fontes e cascatas. A obra tem uma superfície de 6700 metros quadrados,  distribuídos em 3 níveis

 

O sistema das rampas  é parte integrante do complexo arquitetônico-paisagístico do Viale dei Colli, projetado e construído pelo arquiteto Giuseppe Poggi

As Rampas do Poggi,  nas proximidades da Torre de San Niccolò, ligam o lungarno ao Piazzale Michelangelo.  A obra foi realizada entre 1872 e 1876 pelo arquiteto Giuseppe Poggi, encarregado do novo projeto de revitalização urbana. Ele foi o responsável pelo novo plano urbanístico quando Firenze tornou-se a capital do Reino da Itália, em 1865. O plano previa importantes transformações urbanas graças às quais, pela primeira vez,  criou-se um sistema verde urbano de dimensão europeia, com  jardins públicos destinado e dedicado não apenas às classes privilegiadas mas para toda a comunidade. O arquiteto Poggi projetou os viales, as grandes avenidas de Firenze e é dele também o projeto do Piazzale Michelangelo.

A Torre de San Niccolò, que é aberta à visitação entre os meses de junho e setembro. Proprorciona uma vista linda não apenas de Florença, mas também das Rampas

As grutas e piscinas foram limpas e toda a superfície decorada foi recuperada após a restauração

 

As Rampas ficaram desativadas por quase um século e  voltaram à vida graças à uma grande obra de restauração financiada pela Fundação CR Firenze (Art Bonus), onde foram gastos 2,5 milhões de euros. A arquitetura original foi restaurada e o jogo mágico de fontes e cachoeiras foi reativado.

 

As Rampas do Poggi apresentam um verdadeiro espetáculo de água com cascatas, fontes e plantas

 

Posts que podem interessar:

Museu Uffizi de Firenze

Panzano in Chianti 

Os cafés de Firenze

Madonnari, os artistas que desenham nas calçadas

O artista Michelangelo

Os gondoleiros de Veneza

7  maravilhas da Toscana que são Patrimônio Unesco

Refeições ao ar livre em Firenze

Mercado Central de Firenze

Turistas pagam mais caro para consumir

20 atrações grátis em Firenze

Igreja de Santa Croce

Dormir no Palazzo Vecchio

A elegante via Tornabuoni de Florença

A Via Tornabuoni, que vai da Ponte Santa Trinità até a Piazza Antinori, é uma das ruas mais luxuosas do centro de Florença.   É uma rua muito elegante desde o período do Renascimento, quando passou por um processo de profunda transformação com a construção de inúmeros palácios nobres, que levam o nome das  famílias abastadas que eram suas proprietárias. A rua abriga lojas de grifes renomadas e luxuosas.

A Via Tornabuoni, referência de rua elegante desde o Renascimento

via-tornabuoni
Aqui começa a via Tornabuoni, nas proximidades da Ponte Santa Trinita, no Lungarno Corsini. As boutiques Ferragamo, no Palazzo Spini Ferroni,  à esquerda e a loja Ermenegildo Zegna à direita, com localização privilegiada.

O   imponente Palazzo Spini Ferroni, sede da Salvatore Ferragamo e sede do Museu Ferragamo

 

Praça de Santa Trinita –  Um dos pontos mais charmosos da rua é a  Piazza Santa Trinita,  dominada pela igreja homônima. Ao centro da praça  há um obelisco de mármore proveniente das Termas de Caracalla de Roma,  doado em 1560 pelo papa Pio IV à Cosimo I, que o ergueu para lembrar a vitória de Montemurlo (em 1537), que marcou o início de seu longo governo.

 

Ao centro da praça a Coluna da Justiça, uma imponente coluna em granito, doada pelo Papa Pio IV  em 1560 para Cosimo I, o primeiro grão-duque de Firenze

Em 1555 Cosimo I conseguiu conquistar a cidade de Siena e tornou-se, em 1569, com a nomeação do papa Pio V, grão-duque da Toscana.  Por esse motivo foi escritoa na coluna ainda hoje visível: “COSMUS MED MAGN DUX ETRURIAE”.  Em 1581, a estátua foi  adicionada  ao topo do obelisco,  obra de Tadda, representando a Justiça. A partir  desse momento, o monumento foi renomeado de Coluna da Justiça.

A Coluna da Justiça , obelisco de mármore no centro da praça

 

santa-trinità

Até 1911 a praça recebia a referência de Via Tornabuoni e foi graças ao pedido do Marquês Filippo Corsini que a praça recebeu seu nome atual

 

Igreja de Santa Trinita– A Igreja de Santa Trinità  , com fachada em estilo barroco  do final do século 16,  conserva um verdadeiro tesouro artístico em uma de suas capelas : “Adoração dos Pastores”, na Capella Sassetti, realizado por  Domenico Ghirlandaio.

 

A fachada da igreja de Santa Trinita. A igreja é de 1200, enquanto a fachada é barroca e foi construída por Bernardo Buontalenti no final dos anos 1500

 

Obra de Domenico Ghirlandaio.  Afrescos da Cappella Sassetti, realizados entre 1482 e 1485, no interior da igreja Santa Trinità

 

Antica Torre Tornabuoni, uma residência de época que faz parte da Associação Italiana de Casas Históricas.  Atualmente no local  funciona um hotel e alguns escritórios.  A torre, edificada em 1260,  possui  dois terraços que nos  proporcionam uma vista  deslumbrante!  Do Duomo Terrace localizado a 25 metros de altura,  avistamos  a Catedral, o campanario de Giotto, o Palazzo Strozzi e a igreja de Santa Maria Novella, enquanto do Arno Terrace localizado a 30 metros de altura,  temos uma vista  linda do Oltrarno.

 

Palazzo Bartolini Salimbeni – “Criticar é mais fácil do que imitar”.  Essa frase (Carpere promptius quam imitari) está escrita no palácio realizado pelo arquiteto Baccio d’Agnolo entre 1517 e 1520.  Ele foi muito criticado por ter construído o edifício “alla romana”, um estilo bem diferente do que até então podia ser visto na arquitetura residencial florentina.  Mais tarde, o palácio foi copiado, marcando uma verdadeira reviravolta na edificação maneirista. Atualmente o palácio abriga da coleção particular de Roberto Casamonti dedicada aos grandes mestres que revolucionaram a arte de 1900 e do nosso século. 

 

O palácio Bartolini Salimbeni, que era uma das mais ricas famílias de Florença. O arquiteto do prédio foi criticado na época da construção, mas depois foi copiado

 

Na Via Tornabuoni encontramos grifes como Prada, Ferragamo, Zegna, Dior, Fendi, Gucci, Céline, Loro Piana, Montblanc, Saint Laurent , Tods e Hermès

O Palazzo Strozzi, um dos mais imponentes da rua, fica na esquina entre as ruas Tornabuoni, Strozzi e praça Strozzi, um santinho descolado e  agradável onde estão a loja Louis Vuitton, o bar Colle Bereto e o Odeon Bistro. O acesso ao pátio, que é aberto ao público, dá-se por 3 divinos portões  e os outros andares são visitados quando acontecem mostras temporárias. É uma das mais significativas construções renascentistas da cidade.

compras-Italia

DSC_0219

O Palazzo Dudley,  cuja denominação oficial é Palazzo del duca di Nortumbria.  Foi construído em 1613.  O andar térreo foi durante muitos anos sede da marca Gianfranco Ferrè e atualmente  abriga uma loja da  Cos.

O Palazzo Dudley

 

O prédio foi construido por Robert Dudley, conde de Warwick e amigo de Ferdinando I de’ Medici

 

A Via Tornabuoni ganha linda decoração durante as festividades de final de ano

No século passado a via Tornabuoni tornou-se uma verdadeira sala de estar da Europa com seus prédios históricos e lindas lojas mobiliadas com móveis de época,  por onde circulavam pessoas de classe e elegância. Esta era uma área da cidade  frequentada por personalidades da arte, política e da  aristocracia  florentina.

 

E para um pitstop, alguns dos locais para comer ou beber alguma coisa na Via Tornabuoni são o Procacci, com o panino trufado, o bistrô Obicà e a Cantinetta Antinori, um restaurante da família do conhecido vinho

 

Entre o Palazzo Strozzi e a igreja dos Santos Michele e Gaetano encontramos esta linda  loggia do Palazzo Corsi-Tornabuoni

 

Chiesa dei Santi Michele e Gaetano – A igreja de Santi Michele e Gaetano é uma das surpresas que Florença reserva para quem, ao se aventurar pelo centro histórico em busca de vestígios renascentistas, também se dispõe a olhar para as outras almas da cidade negligenciada pelo turismo de massa. Na Piazza Antinori, na entrada da via Tornabuoni, destaca-se a fachada barroca em pedraforte, com estátuas em mármore branco e escadaria, em estilo romano. A primeira pedra foi lançada em 1604. Matteo Nigetti acompanhou os anos os trabalhos  e foi sucedido em 1633 pelo arquiteto da corte Gherardo Silvani, auxiliado por seu filho Pierfrancesco. A igreja fica na praça Antinori.

 

chiesa-di-santi-michele-e-gaetano

A Igreja dei Santi Michele e Gaetano, com fachada barroca em pedraforte florentina, projetada por Gherardo Silvani. Um dos maiores exemplos do barroco em Florença

 

A Igreja dei Santi Michele e Gaetano fica na Piazza Antinori. Interior em cruz latina com  nave única

 

Se você gosta deste blog, pode ajudar  a fazê-lo crescer cada vez mais de forma concreta compartilhando posts, acompanhando as mídias sociais e indicando aos amigos:  Facebook e Instagram  @grazieateblog.   Conto com vocês! Grazie tante!

Posts que podem interessar:

A Síndrome de Stendhal

A paradisíaca ilha de Capri 

Portas italianas

Dicas de hotéis em Firenze

20 atrações grátis em Firenze

Dicas de Firenze

A Igreja de Santa Croce

Nonos da Itália 

A Basílica de Santa Maria Novella

Passeio a bordo do 500

7 rooftops de Firenze

 

A Conspiração dos Pazzi

A família Medici enfrentou muita ira, inveja e revolta e foi alvo de algumas conspirações.  Dentre todas, a mais famosa é a Conspiração dos Pazzi,  que resultou na morte de Giuliano, irmão de Lorenzo “O Magnífico”, e aconteceu dentro da Catedral Santa Maria del Fiore no dia 26 de abril de 1478,  no Domingo de Páscoa.  Houveram anteriores tentativas falidas contra a família, como envenenamento,  plano que foi substituído pela Conspiração dos Pazzi,   trágico episódio que marcou a história de Florença e da Itália.

 

A Conspiração foi organizada pelos Pazzi e outras personalidades de destaque. Lorenzo milagrosamente conseguiu escapar da emboscada refugiando-se na Sacristia das Missas

 

Os conspiradores  tentaram eliminar os dois irmãos com espadas e punhais durante a missa pascal, no Duomo de Florença, no coração da cidade

Lorenzo havia 20 anos quando seu pai Piero Il Gotoso morreu, no ano de 1469. Ele passou a ser a figura mais importante nesse período, em pleno Renascimento, e apesar de não ocupar oficialmente nenhum cargo público,   passou a comandar a cidade. Lorenzo, apelidado de “O Magnífico”,  sempre foi precoce, culto e bem educado. Apesar da pouca idade,  demonstrava segurança e determinação.

Lorenzo, O Magnifico, por Giorgio Vasari (Galleria degli Uffizi), fonte internet

 

Interior da Catedral de Santa Maria del Fiore

 

Conspiração  dos Pazzi

No domingo de Páscoa do dia 26 de abril de 1478, os dois irmãos saíram da residência, o Palazzo atualmente conhecido como Palazzo Medici Riccardi e dirigiram-se à catedral. Durante a missa eles não se sentaram  lado a lado, mas a alguns bancos de distância. No momento da Eucaristia, quando os fiéis estavam ajoelhados,  um grupo de conspiradores atacou com  espadas e punhais os irmãos Lorenzo e Giuliano.  A intenção era matá-los contemporaneamente. Giuliano foi atingido  com golpes de espada  e morreu, tendo sido a única vítima do ataque. A  intenção dos conspiradores era que a história tivesse um desfecho muito diferente, mas Lorenzo conseguiu se salvar graças a Francesco Nori, que acabou morrendo para defender o amigo. Depois de ferido, ele se abrigou na sacristia da catedral.

Giuliano de’ Medici (1478 aproximadamente), realizado por Sandro Botticelli, Accademia Carrara de Bergamo. Morreu os 25 anos  (fonte: internet)

 

A conspiração não teve o êxito esperado porque Lorenzo sobreviveu. O encarregado de golpeá-lo era  Giovanni Battista  da Montesecco, porém, desistiu na última hora, pois era um homem ligado à igreja e não pretendia derramar sangue em lugar sagrado. Foram então contratados para a tarefa os padres Stefano Bagnone e Antonio Maffei  para tirar a vida de Lorenzo, mas não tinham maestria com espada.  Mesmo ferido,  Lorenzo saiu da sacristia e foi em direção ao Palazzo della Signoria, hoje Palazzo Vecchio,  com a população à seu lado. Em sinal de apoio à Lorenzo, os florentinos gritavam “Palle, Palle, Palle’” em referência ao brasão dos Medici com as esferas, desencadeando uma verdadeira perseguição aos autores e envolvidos. Após a conspiração, Lorenzo ganhou maior apoio da população e passou a  governar com mais poder e influência política, embora nunca ter ocupado cargos oficiais.

 

Obra de Stefano Ussi, La congiura dei Pazzi (século 19)

 

O final para os conspiradores foi trágico:  foram condenados à morte, alguns enforcados,  esquartejados vivos e queimados em praça pública. Alguns envolvidos foram torturados, enforcados e pendurados nas  janelas do Palazzo della Signoria.  Praticamente todos os membros da família Pazzi foram presos ou exilados,  tiveram seus bens confiscados e o nome proibido de figurar nos documentos oficiais e todos os brasões das famílias foram cancelados da cidade.

Giuliano foi assassinado por Francesco de’ Pazzi e Bernardo Bandini, que fugiu da cidade e conseguiu se refugiar em Constantinopla, mas acabou sendo encontrado.  Ele foi executado em 1479 em Florença e seu corpo pendurado na forca foi retratado por Leonardo da Vinci (fonte internet)

Quem eram os conspiradores?

Rivais políticos da Senhoria Medicea,  a família Pazzi tramou o  atentado  contra  os irmãos  a fim de acabar com a hegemonia da família Medici em Florença.  O ataque aos dois irmãos Medici  foi uma conspiração  internacional que contou inclusive com o apoio do Papa Francisco della Rovere, chamado de Sisto IV, e  de  seu sobrinho Girolamo Riario , Senhor de Ímola.  O Papa havia concordado de participar da conspiração mas  não era favorável ao assassinato. Foi seu próprio sobrinho que o desobedeceu.  Lorenzo e o Papa Sisto haviam tido alguns desentendimentos e o pontífice havia tirado dos Médici a administração de suas finanças, passando-a aos Pazzi. Participaram também da conspiração a família Salviati (Francesco Salviati era arcebispo de Pisa) e o rei de Nápoles Fernando de Aragão.  Recentes estudos comprovam também o envolvimento do duque de Urbino Federico da Montefeltro, que era gonfaloniere da Igreja. Todos os conspiradores nutriam forte ressentimento contra os Medici e além da inimizade, caso a conspiração tivesse bom êxito, eles poderiam obter vantagens políticas.

Sacristia delle Messe

No interior da catedral, perto do altar, fica a Sacristia das Missas, onde se refugiou Lorenzo o Magnifico.  É um ambiente ricamente decorado com obras realizadas por grandes artistas do Renascimento, como Giuliano da Maiano, Antonio del Pollaiolo e Alessio Baldovinetti. A Sacristia das Missas é geralmente fechada ao público mas mostro pra vocês fotos exclusivas que realizei.

Lorenzo se salvou graças à prontidão de seu amigo Agnolo Poliziano, que levou Lorenzo para a sacristia barricando a porta e resistindo com alguns amigos até que os conspiradores escapassem

Entre 1436 e 1468 o ambiente foi decorado e ganhou painéis de madeira com incrustações com figuras de santos e cenas do Evangelho,  realizados com novos princípios de perspectiva. 

Na sacristia estão os primeiros exemplos desta técnica na madeira na Itália

A pia de mármore, obra de Andrea Cavalcanti, conhecido como Buggiano

Posts que podem interessar:

O conceito do slow travel

Hospedagem em apartamento em Firenze

Rafting no Rio Arno em Firenze

Bicicletas em Firenze

Aldravas italianas

Refeições ao ar livre em Firenze

Mercado Central de Firenze

Vida na Itália 

Casamento na Itália

Florença menos conhecida

A Florença que vemos sempre nos cartões-postais e rota obrigatória de turistas em visita à cidade,  já sabemos de cor e  salteado:  Catedral Santa Maria Del Fiore, Basílica Santa Maria Novella,  Basílica de Santa Croce, Museu Uffizi, Palazzo Vecchio, Piazzale Michelangelo, Palazzo e Pitti e Galleria dell’Accademia. Basicamente são essas as atrações que fazem parte da lista dos turistas que visitam Florença. Mas essa extraordinária cidade guarda verdadeiros tesouros não muito conhecidos,  geralmente visitados por quem já esteve na cidade. Aqui uma  relação com 10 atrações que selecionei pra vocês de uma Florença menos conhecida:

 

Florença menos conhecida: atrações lindas e interessantes que irão te surpreender!

 

1- Basílica de San Miniato al Monte – A igreja fica a poucos passos do Piazzale Michelangelo e é uma das obras-primas do estilo românico na cidade. Foi construída entre os séculos 11 e 13 .  Geralmente, para ter uma visão panorâmica da cidade os visitantes escolhem  o Piazzale Michelangelo, mas sugiro também visitar a basílica, que fica a 5 minutos a pé.  Entrada gratuita.

 

Igreja de San Miniato al Monte. Como o nome sugere, esta igreja é dedicada a San Miniato, o primeiro mártir da cidade de Florença

 

A vista das escadarias da igreja de San Miniato, que fica nos arredores do piazzale Michelangelo, em um dos pontos mais altos de Firenze e que nos proporciona um esplêndido panorama

 

2- Giardino delle Rose– Com cerca de 350 espécies de rosas, o  Giardino delle Rose é um dos jardins panorâmicos mais lindos de Firenze. Localizado sobre as colinas de San Miniato e pouco abaixo do Piazzale Michelangelo, foi realizado em 1865 pelo arquiteto Giuseppe Poggi.  O jardim fecha em alguns meses do ano,  sempre aberto na primavera e no verão. Entrada gratuita.

 

giardino-delle-rose

 

3- Cappella Brancacci  Continuando com os locais de Florença menos conhecida, sugiro uma visita à Cappella  Brancacci,  fundada no século 14. A capela fica dentro da igreja de Santa Maria del Carmine e guarda preciosidades da pintura do Renascimento italiano. A pequena capela reúne obras de Filippino Lippi,  Masolino e  Masaccio, um dos primeiros artistas a utilizar a perspectiva em suas pinturas. A Cappella Brancaci fica na piazza Del Carmine, no Oltrarno.

Cappella-Brancacci

A carreira de Masaccio foi breve mas marcante. Ele pintou muitos dos afrescos da Capela Brancacci

 

4- Villa Bardini  Conhecida também como Villa Manadora, a Villa Bardini é um importante espaço verde  na cidade dedicado a exposições temporárias, graças aos seus dois museus internos, o Museu Capucci e o Museu Annigoni.  A vista dos jardins da Villa é um espetáculo e o local  pode ser visitado com o mesmo ingresso que os Jardins de Boboli.

 

 

5- Palazzo Medici Riccardi -Riqueza do patrimônio arquitetônico, histórico e artístico de Firenze, o Palazzo Medici Riccardi foi a primeira residência da poderosa família Medici em Florença.  Concluído em 1460, é um dos mais notáveis modelos de arquitetura Renascentista em Firenze.  Foi projetado por Michelozzo em 1444, sob encomenda de Cosimo Il Vecchio. No ano de 1517  passou pelas primeiras alterações estruturais. Atualmente, além de ser sede da Città Metropolitana,  abriga exposições de arte temporárias e funciona como museu, que oferece aos visitantes a oportunidade de um retorno ao passado de ao menos quatro séculos. No complexo onde fica o prédio você também pode visitar o lindo jardim do palácio. Fica na via Cavour, 1.

medici-ricordi

A Cappella dei Magi fica no primeiro andar do palácio. Era a pequena capela particular da família.  A capela é o único ambiente realizado na época em  que os Médici habitavam no Palácio

 

6- Museu  Arqueológico de Firenze – O MAF briga verdadeiros tesouros únicos, pouco conhecido em comparação com outros museus do circuito da cidade, também inclui uma seção de bronzes da antiguidade e renascentistas e seção egípcia que é segunda mais importante da Itália, depois a de Turim. O museu abriga a importante obra Quimera de Arezzo, em bronze,  um dos maiores exemplares de arte etrusca antiga, provavelmente do do século IV A.C..  Foi encontrada em Arezzo em 1553.  Você vai poder ver múmias do período egípcio, sarcófagos etruscos e esculturas romanas em um dos museus mais antigos da Italia.   O museu fica na  Praça della Santissima Annunziata, 9,r

Arte etrusca. A obra em bronze, Quimera de Arezzo, que na mitologia grega representa um animal monstruoso com corpo de leão, cabeça de cabra e cauda de serpente

 

7- Museu Opera del Duomo– Aqui encontramos a maior concentração de esculturas monumentais florentinas do mundo: estátuas medievais e renascentistas e relevos em mármore, bronze e prata pelos maiores artistas da época. Obras-primas que, na maioria dos casos, foram feitas para o exterior e o interior das estruturas eclesiásticas que encontramos em frente ao museu: a Catedral de Santa Maria del Fiore, o Batistério de San Giovanni e o Campanário de Giotto.  O museu apresenta  obras feitas para esses edifícios, que juntos constituem o que hoje é chamado de “Museo Opera Del Duomo”.

 

 

 

8- Igreja de Santa Trinita  – A igreja de Santa Trinità fica na praça homônima, na elegante Via Tornabuoni. Foi fundada pelos monges  valombrosianos  no século 11. Obteve o título de abadia no século 14  e  passou por algumas reconstruções. Ao longo dos séculos, as capelas da igreja foram colocadas sob o patrocínio de ricas famílias florentinas.  As formas em estilo gótico  datam da segunda metade dos anos 1300 e foram atribuídas  ao artista Neri di Fioravante A igreja tem 20 capelas, sendo que uma das mas preciosas é a Cappella Sassetti, preciosa obra de Domenico Ghirlandaio, realizados entre 1482 e 1485.  Entrada gratuita

 

A igreja de Santa Trinita

 

Afrescos de Domenico Ghirlandaio no interior da igreja, entre as obras-primas do século XV , na Cappella Sassetti

 

9 -Le Rampe del Poggi  – As rampas do Poggi foram construídas pelo arquiteto Giuseppe  Poggi entre 1872 e 1876. Durante cerca de cem anos ficaram desligadas e desde 2019 voltaram a embelezar a região do Oltrarno, próximo à Torre de San Niccolò. A obra tem uma superfície de 6700 metros quadrados e apresenta um moderno sistema hídrico, composto por grutas, cascatas e planta e Liga o lungarno ao Piazzale Michelangelo.

 

As obras de restauro e valorização devolveram o esplendor original às fontes. A reinauguração foi em maior de 2019

 

 

10- Igreja de Ognissanti –  A igreja de Todos os Santo guarda preciosos tesouros artísticos em seu interior, que  é ricamente decorado, com obras de arte realizadas por  Giotto, Taddeo Gaddi, Botticelli e Ghirlandaio.  A igreja franciscana tem sua origem ligada à família do navegador Américo Vespúcio, que a patrocinou.  Em seu interior os túmulos de nomes prestigiosos como  Américo Vespúcio e Simonetta Vespúcio, a musa de Sandro Botticelli, que também foi enterrado no local.

 

A igreja franciscana, dificada em 1251 , fica na luminosa praça homônima

 

O que acharam das opções deste post Florença menos conhecida? Alguma outra atração que não faz parte das mais visitadas que gostaria de dividir com a gente? Em breve vou publicar mais 10 atrações “Florença menos conhecida”.

A ilha de Giudecca, em Veneza

Giudecca é a maior ilha de Veneza cidade e estava em duvida se gastaria as minhas ultimas horas na cidade em um passeio nessa parte mais tranquila da cidade ou se iria à um museu.  Era verão, a cidade estava super lotada e pra ser muito sincera, precisava de um pouco de tranquilidade.  Então, resolvi desfrutar de uma atmosfera mais simples e silenciosa, além do canal, que contrasta com essa Veneza que conhecemos. A Giudecca  era  anteriormente chamado Spinalonga, devido à sua forma alongada que lembra uma espinha de peixe.  É maior ilha e ao mesmo tempo a mais próxima de Veneza, separada do amplo e profundo Canal Giudecca, anteriormente chamado de Canale Vigano. No entanto, não há pontes que  conectem a Giudecca até  o centro histórico,  é preciso tomar um vaporetto.

Giudecca é uma das ilhas da lagoa onde o turismo de massa não existe. Dá pra apreciar a vista da lagoa em paz.

 

Durante séculos, a Giudecca era a ilha onde os ricos e burgueses possuíam vilas, hortas e jardins para períodos de férias e descanso, na época de verão e outono

Sobre a origem do nome Giudecca, alguns sustentam  que é devido à presença antiga de uma comunidade judaica, evidenciada pela existência de duas sinagogas, que foram  destruídas, e pela descoberta , na área próxima ao Zitelle, de uma pedra com inscrições em hebraico. Segundo outros, no entanto, o nome deriva do termo “zudegà”, julgado, que se refere a uma sentença proferida no século 9 com a qual terras foram concedidas a algumas famílias banidas de Veneza e depois retiradas do exílio.

 

Um dos edifícios mais bonitos da ilha de Giudecca é a Igreja do Redentor, construída no século 16 em um projeto de Palladio: um monumento religioso criado como agradecimento pelo fim da terrível praga que devastou Veneza em 1576, causando a morte de um terço da população.

A Igreja do Redendor, construída no século 16  para comemorar a libertação da cidade por ter vencido a peste.  Em seu interior, obras de Jacopo Tintoretto, Vivarini e Paolo Veronese

 

 

A Igreja de  Santa Maria Maria della Presentazione ” Le Zitelle” e  a Casa dei Tre Oci (dos 3 Olhos), em estilo neo-gotico, é um espaço expositvo

 

Outros pontos de interesse são a Igreja e Convento delle Zitelle (Solteironas), projetada por Andrea Palladio e fundada em meados dos anos 1500. O nome curioso  é que o local abrigava meninas carentes que moravam e trabalhavam ali.  Elas eram jovens pobres, mas muito bonitas, e para evitar que entrassem no mundo da perdição e início da prostituição, elas ficavam hospedadas no convento e eram educadas até atingir a idade de casar.

 

Depois de atravessar a ponte San Cosmo, chega-se à prisão feminina.  O complexo penal consistia na igreja e no convento de Santa Maria Maddalena. Os prédios são famosos porque receberam prostitutas que queriam deixar essa vida e se “livrar” dos pecados. Por isso que o convento é mais conhecido como das “Convertidas”.

 

Na ilha de Giudecca, há também o Molino Stucky , projetado por  um arquiteto alemão. É uma construção em estilo neogótico no qual, em 1884, o industrial Giovanni Stucky transferiu a sede de sua fábrica, que funcionou  até 1954. Atualmente abriga um luxuoso hotel , com terraço bar.

 

A ilha da Giudecca está localizada em frente ao sestiere de Dorsoduro